terça-feira, 31 de maio de 2011

O Barão e o caso do Blue Lagoon Drink

Hello folks!
Bem vindos de volta a mais um post desta Confraria. E seguindo a linha “Bons Drinks” – e não querendo lhes deixar com ressaca, hoje vou tratar de mais uma delícia de beber.
Depois de uma aula de campo realizada no começo deste mês, em um dos restaurantes mais badalados de Fortaleza – o qual não terá o nome citado para não comprometer a imagem do local – eu me incomodei muitíssimo com algumas coisas que encontrei de errado por lá (meu lado de profissional perfeccionista falando mais alto). E este post é quase um desabafo... Vou contar o ocorrido.

Como alguns já sabem, estou  fazendo outra graduação (pois é, mais uma rsrsrs) e numa das aulas de A&B (Alimentos e Bebidas, para os íntimos) deveríamos realizar aula de campo em empreendimentos de restauração desta capital Alencarina. E o fizemos.
Eu, como sempre, me apegando aos detalhes – porque acredito que eles fazem as diferenças – fiquei vasculhando tudo no local que fomos visitar. O lugar estava com seus 4 ambientes (Chopp, Grill, Sushi e Pizza) pouco movimentados naquele dia.
Daí vocês imaginem, quase 50 alunos se movimentando de lá pra cá, querendo  ver tudo, saber de tudo, tentando ouvir e anotar toda informação que era solta pela moça que se fazia de Hostess e tentava esclarecer o que era o restaurante na prática. Alunos perguntando, garçons se movimentando, eu tentando me desculpar com os clientes que percebi incomodados com nossa presença...
De repente, fomos direcionados para o lado de fora do ambiente onde se encontra a chopperia do lugar. Escutei a professora me dizendo:
-Olha lá, o drink ta ficando verde!
Com isso corri imediatamente pro balcão do bar e lá, já encontrei os alunos do terceiro semestre, que faziam a cadeira de coquetelaria, anotando tudo, maravilhados com o feito do bartender. Mas eu, cheguei pra me decepcionar...
Perguntei pro bartender qual o nome daquele drink que ele tinha entregue aos alunos pra experimentar, e ele prontamente me respondeu, orgulhoso:
 – Se chama Lagoa Azul, foi eu que inventei. Com esta resposta eu tentei controlar meu riso, me virei pros alunos da coquetelaria e os indaguei se eles ainda não tinham visto aquilo na sala de aula. E eles me responderam que não. Eu sai  dali me acabando de rir. Fui ao encontro da professora e lhe disse, quando a encontrei: - Professora, o cara o bar disse que aquele drink é o  Blue Lagoon, e que foi ele que inventou.
- Mas Reubens, o Blue Lagoon não é verde.  – a profa me respondeu.
- Eu sei disso professora. Mas os seus alunos pelo visto não sabem. Pois estão lá, anotando informação errada e achando que o cara criou o  blue lagoon. E que ele é verde. Kkkkkkkkkkkkkkk – eu disse e sai.
Agora vejam vocês se eu me agüentaria sem falar isso depois na sala de aula. No dia do relatório, alem das outras “cositas” que encontrei de falhas neste episodio de visitação, o caso do drink voltou a tona pra explicitar que quando o cliente sabe do que ele consome, ele reclama e exige retratação. E só para engavetar este episódio no passado eu tenho que deixar a receite original do Lagoa Azul drink (Blue Lagoon) e as variações mais conhecidas. Nates, porém, algumas considerações:

o lugar visitado acabou no meu conceito e se tornou ONE HIT WONDERS – graças ao seu sushi. Pra quem não entendeu: One Hit Wonder é a denominação dada para aquele banda ou cantor (a) que conseguiu emplacar apenas um sucesso (alguém aí lembrou do Los Del Rio, com seu hit Macarena?). ou seja, no caso do lugar visitado, pra mim apenas o sushi se salvou.
O Blue Lagoon Drink foi o cocktail que imortalizou os anos 80, ficou super popular no Brasil e virou sinônimo da coquetelaria  Brasileira durante "a década perdida". Mas pelo que se sabe a história do surgimento dele é a mais simples de todas:
Teria o nome baseado na sua coloração (vinda do Blue Curaçao) e em homenagem àquele filme da sessão da tarde que consagrou a belíssima Brooke Shields como a musa de uma geração, e ao ser “remakeado”, apresentou pro mundo a não menos linda Mila Jovovich Musas com olhos tão azuis quanto a bebida ou a lagoa do filme.

Supostamente o  Blue lagoon foi  criado em  1960 por Andy MacElhone.
Andy MacElhone não era outro senão o filho de Harry, fundador do Harry's New York Bar, em Paris, e o inventor do Side Car e de Senhora White, para citar apenas as suas criações mais famosas em cocktail. O Blue Lagoon Drink teria sido inventado nos anos 60, quando o Curaçau Blue começou a ser distribuído em garrafas. No começo, ele servia o drinque com limão espremido na hora em vez de utilizar sodo limonada. 
Curaçao é um licor aromatizado com a casca seca da fruta laraha citros, uma planta não-nativa similar a laranja cultivada na ilha de Curaçao. Na realidade o aparecimento da fruta denominada laraha, foi resultado de uma experiência mal sucedida por parte de exploradores espanhóis que ao tentar cultivar mudas de laranjeiras tipo Valência, depararam-se com o clima árido e o solo pobre em nutrientes de Curaçao, revelando-se inadequado ao cultivo da laranja, pois os frutos resultantes eram pequenos e muito amargos.
Após descobrir que a casca da laraha mantinha grande parte da essência e aroma originais encontrados no varietal Valência e se deixada ao sol, acabava por liberar óleos aromáticos bastante perfumados, as cascas foram então imersas em tanques com álcool e água por vários dias. O tempo de permanência dentro dos tanques, é determinante para se obter um sabor mais ou menos amargo.
Após serem removidas da mistura e outros condimentos adicionados, a bebida foi então desenvolvida e comercializada pela família Senior (uma antiga família de ascendência judaica estabelecida no Caribe espanhol) durante o século XIX.

O licor é originalmente incolor, mas em algumas versões são adicionados corantes artificiais, geralmente nas cores azul ou laranja, conferindo uma aparência exótica aos coquetéis e outras bebidas mistas.
Outros fabricantes oferecem licores também denominados “Curaçaos” com diferentes sabores adicionados, tais como: café, chocolate, rum e passas, mas apenas o Curaçao of Curaçao fabricado por Senior&Co é considerado realmente o legítimo Curaçao!

Lagoa Azul

2/4 de vodca
1/4 de Blue Curaçau
1/4 de suco de limão
Soda limonada
Gelo
Ramo de hortelã - Opcional
Copo long drink
Coqueteleira

Modo de Preparo Coloque algumas pedras de gelo na coqueteleira e acrescente todos os ingredientes, menos a soda. Encha o copo de gelo e coe o conteúdo da coqueteleira no copo. Complete até a borda com a soda. Pegue um ramo de hortelã na palma da mão, dê um tapa para soltar o aroma e mergulhe-o no copo.Sirva-o.

Mar em Chamas

Pegue um copo e coloque uma dose de Curaçau Blue. Com um isqueiro, coloque fogo na bebida e deixe por alguns segundos até que pegue na bebida. tampe rapidamente com a mão. Chacoalhe e beba rapidamente toda a bebida, tampando o copo novamente com a mão. Chacoalhe novamente (o copo deve estar sem bebida nenhuma mesmo) e tire a mão rapidamente, puxando com a boca o ar (vulgo Baforar) de dentro do copo.



Blue Velvet (veludo azul)
Drink simples, intenso e com a origem obscura como só os clássicos sabem ter. Hit em ocasiões sociais, chama atenção pela cor e não fracassa nem um pouco na avaliação do sabor.

Champagne
Curaçau Blue
Cereja
Passo a passo: Sirva a champagne bem gelado até faltar aproximadamente um dedo para encher a taça. Se sua taça não estiver gelada, ele vai espumar, então sirva menos da metade da taça e espere que o líquido diminua a temperatura da taça, depois disso complete a dose. Adicione um splash de Curaçau Blue para colorir e acrescentar um leve aroma cítrico ao drink. Mergulhe uma cereja e seja pago com sorrisos de admiração.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Para "bons drinks": O elegante, nobre e polêmico Bloody Mary

No post anterior iniciei comentandando sobre Elvira – A rainha das trevas, e inclui uma frase que acho  muito legal, a qual cita uma das bebidas mais elegantes no mundo da coquetelaria: o Bloody Mary.
Versão Clássica

Minha versão - mais aperitiva (receita no final)
Ontem, passei um pedaço da noite conversando sobre os “bons drinks” com a Ana Luisa (enquanto esperavamos o professor de frances – que, segundo informaçoes made in coordenação, se acabava na comilança e beberagens, na sala-bar). Pensando neste contexto, resolvi  postar hoje, nesta confraria algo relacionado com os acontecimentos anteriores. E por que não falar do próprio Bloody Mary?
Antes, porém dedico o post a Ana Luisa que me propôs da gente fazer uns ‘bons drinks” qualquer dia destes...
Como todo  boa receita é sempre cheia de lendas ao seu respeito (já estou  me cansando de escrever isso sempre rsrssrsrsr), existem mais de uma versão acerca do  nome e da origem do coquetel Bloody Mary. Contudo  abaixo conto a mais plausivel – para, em seguida, citar duas outras possiveis versoes para a genesis desta bebida.
Elegante, sua origem não poderia ser outra senão a Paris dos anos 20. O autor da bebida foi o barman Fernand Petiot, que comandava o balcão do Harry’s New York Bar, que até hoje funciona no número 5 da Rue Doneau, bar freqüentador celebridades como Ernest Hemingway, Sinclair Lewis, Coco Chanel and Humphrey Bogart.
Fernand Petiot
Harry's New York Bar - Paris
No Harry’s New York Bar  de paris os primeiros teriam sido criados misturando partes iguais de suco de tomate e vodka. Ele não tinha idéia de que sua mistura se tornaria mundialmente famosa quando ele concordou com  o dono do bar que sugeriu que ele chame a bebida "Bloody Mary". O patrão disse que lembrava o Bucket of Blood Club  (Balde de Sangue Club), em Chicago, e uma garota que ele conheceu lá chamada Maria.
Harry's New York Bar - Paris
Vele lembrar que entre 1920 e 1933 vigorou nos Estados Unidos o que ficou conhecida como “Lei Seca” que estabeleceu que nenhuma bebida poderia ser vendida contendo mais do 0,5% de álcool em sua composição. Neste período muitas fortunas foram construídas através do contrabando e produção ilegal de bebidas alcoólicas sem origem controlada, que tinham qualidade e gosto tão ruins que a única maneira de consumi-las era misturando com sucos, refrigerantes e outros ingredientes.
Neste período o hábito de preparar cocktails tornou-se muito popular e misturar bebidas uma prática comum para qualquer Barman americano. Com esta composição Petiot atendeu ao pedido de seus compatriotas que freqüentavam seu bar em Paris. e que buscavam por receitas cujas misturas tivessem uma aparência e aroma que pudessem ter mascarados seu teor alcoólico e que fosse ao mesmo tempo fácil de ser preparadas, conseguindo assim burlar a proibição de consumir bebidas alcoólicas quando retornassem ao território americano.
Hotel St.Regis - Em New York
 Petiot mudou-se para os EUA em 1925 e, após uma estada em Canton, Ohio (onde conheceu sua esposa), ele se tornou bartender cabeça do King Cole Bar do St. Regis Hotel, em New York,1934, onde tinha o  gângster Frank Costello como um dos mais famosos e regulares clientes.
Frank Costello
Contudo, somente em 1934, com o fim da lei seca e a produção em larga escala do coquetel nos bares americanos a gerência do hotel na tentativa de conquistar mais fama tentou mudar o nome para Red Snapper, mas não colou. Os Nova-iorquinos sofisticados acharam a bebida muito branda e pediram mais tempero.
King Cole Bar & Lounge - St.Regis Hotel NY
É neste exato momento em que aparece a revista The New Yorker, de 18 de Julho de 1964, apresenta uma citação de Petiot que diz: "Eu iniciei o Bloody Mary hoje", ele nos disse. "George Jessel disse que o criou, mas não era nada mais que vodka e suco de tomate quando eu levei-o. Eu cobrir o fundo da coqueteleira com quatro grandes traços de sal, duas pitadas de pimenta do reino, dois traços de pimenta caiena, e uma camada de molho inglês, eu em seguida, adicione uma pitada de suco de limão e algum gelo picado, coloque duas onças de vodka e duas onças de suco de tomate espesso, agitei bem e servi. Nós servimos cerca de 150 Bloody Marys um dia aqui no King Cole".
Assim Petiot fez a receita em seguida, evoluiu para incluir a pimenta preta (do reino), pimenta caiena, o molho inglês, sal, limão e um toque generoso de tabasco e os clientes gostaram mais ainda – diz-se alguns historiadores que a inclusão do tabasco na recita foi feita para atender ao príncipe russo Serge Obolensky. Ambos locais reivindicam o posto de local da criação da bebida.

OUTRAS VERSOES PARA A ORIGEM
No final dos anos 30, o ator e produtor George Jessel teria sido o criador, também em Nova Iorque conforme o New York Herald Tribune, sendo que Jessel aparecia em propagandas da Vodca Smirnoff.
Uma terceira versão, essa com menos defensores, atribui a Bertin Azimont, do Hôtel Ritz Pariz, a criação especial para o escritor Ernest Hemingway que queria uma bebida que não deixasse odor, para que a esposa dele não percebesse.

Quanto ao nome Bloody Mary refere-se à cor vermelha provida pelo suco de tomate, e ainda existem três versões para a sua inspiração:
Maria Tudor, por suas sangrentas perseguições ao protestantismo na Inglaterra e Escócia no século XVI;
Mary Pickford, atriz americana do cinema mudo;
Maria, uma garçonete do bar Bucket of Blood de Chicago.

Para deixar mais traços históricos neste tratado sobre bloody Mary, agora, vou contar porque os críticos e historiadores aceitam mais a idéia da inspiração para o nome da bebida ter vindo da realeza britânica.

Maria I, a Sanguinária (ou Bloody Mary)
Rainha de Inglaterra e da Irlanda entre 1553 e 1558
Maria I, a sanguinária (Bloody Mary)
O reinado de Maria I, filha de Henrique VIII e Catarina de Aragão, durou apenas cinco anos. Mas foi um dos que mais renderam fofocas na história da Inglaterra. A rainha tentou, em vão, restaurar o catolicismo inglês e perseguiu a igreja que seu próprio pai havia fundado, mandando queimar 300 anglicanos vivos..
Maria I foi Rainha da Inglaterra e da Irlanda. Descendente da casa dos Tudor, filha de Henrique VIII e Catarina de Aragão, ela governou por um período que compreemdeu entre 1553 até à sua morte em 1558 (ou seja, apenas 5 anos) . Mas foi um dos que mais renderam fofocas na história da Inglaterra, ficando conhecido seu reinado como “Bucket of blood”. Isto porque a rainha tentou, em vão, restaurar o catolicismo como religião oficial do Reino Unido, e perseguiu a igreja protestante que seu próprio pai havia fundado. Foi um período de perseguição implacável aos Protestantes com execuções sumárias, uma delas a rainha mandou  queimara 300 anglicanos Vivos, alegados heréticos, o que lhe valeu o apelido de Bloody Mary (Maria Sanguinária). Até sua meia-irmã, que se tornaria a célebre rainha Elizabeth I (aquela dos filmes), ficou dois meses presa na Torre de Londres.
Felizmente após sua morte, a perseguição religiosa imposta durante seu governo foi abandonada por sua sucessora e meia-irmã, estabelecendo novamente a paz religiosa e aos poucos, o protestantismo foi tornando-se a principal religião da Inglaterra, permanecendo até os dias de hoje.

Agora chegou a melhor parte, degustar. A baixo segue receitas básicas, a partir do original de petiot, desta bebida versátil e que pode ao mesmo tempo servida como aperitivo devido a sua alta acidez proveniente do suco de tomate ou mesmo como refrescante em um longo copo com muito gelo reduzindo-se a picância de seus temperos e colocando quantidades menores de tabasco, molho inglês e pimenta do reino.
Agora vou tomar meus “bons drinks” e como dizem os Ingleses: GOD SAVE THE QUEEN!

BLOODY MARY

60ml Vodka
120ml Suco de Tomate
15ml Suco de Limão
Sal, tabasco, Molho de Pimenta e Molho Inglês a gosto
Talo de salsão para decorar
Modo de preparo:
Bata todos os ingredientes em uma coqueteleira com gelo.
Servir em seguida como o talod e salsão.

BLOODY MARY 2 -versão do Barão
1 dose de vodca
2 doses de suco de tomate
1 lance de suco de limão
Sal, pimenta-do-reino, Tabasco e molho inglês
Camaroes grandes refogados e azeitona para decorar
Modo de fazer Coloque a vodca e os sucos em um copo grande, com quatro pedras de gelo. Mexa bem e tempere a gosto. Sirva em um copo baixo, de boca larga, com palitinhos espetados de camarão e azeitona.

Fonte: 
·         Unless otherwise stated, all information in this article derives from Al Thompson, "Bloody Mary Inventor Likes Sipping Scotch," The Cleveland Press, 1 January 1972.
·         Thompson, "Bloody Mary Inventor Likes Sipping Scotch."
·         The New Yorker, 18 July 1964.

domingo, 22 de maio de 2011

VEUVE CLICQUOT PONSARDIN: MINHA VIÚVA PREFERIDA – INOVANDO COM LUXO DESDE 1772

Hoje acordei meio Elvira... Tem dias que a gente acorda meio Elvira. Lembram dela?

Elvira è um exemplo de discrição e castidade; com uma simpatia genial e frases cheias de pérolas, como esta:
-Bloodmary!
-Não servimos bebidas alcoólicas depois das 8h! Quer uma virgem?!?!
-hummmm.. Talvez... Mas eu quero tomar alguma coisa primeiro...
Bem, vou deixar vocês com ela um minutinho enquanto “estouro a viúva” pra em seguida bebê-la...
De certo que um Bloodmary não é nada ruim, Mas quando acordo meio Elvira, eu preciso de uma tulipa transbordando da minha “viúva” preferida. Não se espantem, não estou bebendo sangue de viúva, ou coisas do gênero. Viúva é o nome da minha champanhe preferida: VEUVE CLICQUOT.

De fato o frei Dom Pérignon criou a champanhe, mas a viúva Clicquot a reinventou, transformando a bebida borbulhante em um ícone do consumo de luxo.
A marca VEUVE CLICQUOT, um mito entre os amantes da bebida de Baco, se transformou em uma instituição francesa. Um produto para os paladares mais luxuosos do mundo. Sempre procurou assegurar, mais que preço, um compromisso com a qualidade e o buquê inconfundível, isto é, aquele aroma e sabor borbulhante que fizeram desse um precioso líquido, apreciado por reis, rainhas e até seus súditos, quando o dinheiro abunda na carteira e na conta bancária.
A história da vinícola começou em 1772 quando Philippe Clicquot-Muiron fundou um comércio de vinhos com o nome Clicquot na região de Reims na França. Três anos mais tarde seria a primeira a introduzir a champanhe rosé. Um fato que mudaria os rumos da empresa e tornaria a marca uma das mais luxuosas do mundo ocorreu em 1798 quando seu filho, François Clicquot, casou-se com Nicole-Barbe Ponsardin.
Madame Clicquot
 Em 23 de outubro de 1805 o marido de Madame Clicquot morreu, deixando-a viúva (veuve em Frances) aos 27 anos de idade e assim teve que assumir o controle da companhia – que até aquele momento dividia suas atividades entre a produção do champanhe, serviços bancários e comercialização de lã. Sob comando de Madame Clicquot, a companhia concentrou seu foco inteiramente na produção de champanhe.
A Casa Clicquot passou então a denominar-se Veuve Clicquot-Ponsardin. Surgia assim a marca VEUVE CLICQUOT. Dedicada e exigente, ela se tornou uma das primeiras mulheres de negócios dos tempos modernos.
A viúva apresentou seu champanhe em todas as cortes da Europa, primando sempre pela alta qualidade da bebida. Nesta época, representantes da produtora de champanhe foram enviados para Rússia, resultando na importação de 25 mil garrafas do produto. Uma década depois, o champanhe VEUVE CLICQUOT conquistava a Rússia com grande sucesso.

A corte russa dos czares foi uma das principais compradoras, bem como o imperador Frederico-Guilherme IV da Prússia. Em 1816, ela desenvolveu, com a ajuda de Antoine de Müller, o “remuage”, processo pelo qual retira-se o sedimento do champanhe, tornando-o mais cristalino. Com o tempo outros produtores acabaram introduzindo a criação de Madame Clicquot em seus processos. Neste mesmo ano as primeiras garrafas do champanhe chegaram ao Brasil para atender uma encomenda feita por carta escrita de próprio punho pelo imperador D. Pedro II.
A Madame Clicquot morreu em 1866 aos 89 anos, deixando um legado no segmento de champanhe. Em 1970 uma remessa de reserva especial do champanhe foi mandada para Inglaterra em comemoração ao jubileu da Rainha.
No ano de 1972, para comemorar o bicentenário da empresa, é lançado o champanhe La Grande Dame, uma homenagem a Madame Clicquot. Seu rosto também passou a figurar na tampa de metal das garrafas, uma segurança para os compradores de que se tratava do legítimo produto da Maison Clicquot-Ponsardin.
Veuve Clicquot
Em 1987, a empresa foi adquirida pelo grupo LVMH (LVMH Moët Hennessy • Louis Vuitton S.A. ou simplesmente LVMH). E, assim, conquistou novos mercados e ganhou campanhas de marketing ainda mais agressivas, que as de relacionamento que a viúva comandou quando viva. A segunda versão do champanhe La Grande Dame seria lançada em 1995, feita com 62.5% de uvas Pinot Noir e 37.5% com uvas Chardonnay. Neste mesmo ano foi pioneira ao introduzir a Rich Reserve, primeiro champanhe para ser servido exclusivamente com comida. O champanhe VEUVE CLICQUOT pode ser encontrado nas seguintes versões: Demi Sec, La Grande Dame, La Grande Dame 1995, La Grande Dame Rose 1990, Yellow Label Brut, Vintage Reserve, Rose Reserve 1995 e 1996.
As embalagens da champanhe VEUVE CLICQUOT são um dos produtos mais cobiçados e luxuosos do mundo. Para atingir este patamar contou com a excepcional qualidade do líquido de suas cobiçadas garrafas. Porém, outro fator ajudou, e muito, a escalada rumo ao sucesso: cor amarela + embalagens especiais exclusivas.
Famosa pelo seu rótulo amarelo, a VEUVE CLICQUOT abusa das formas e consegue inovar fortalecendo sua marca através do design das embalagens. Comprar uma garrafa de VEUVE CLICQUOT é uma experiência fantástica em virtude da variedade e modernidade de suas embalagens, e ganhá-la deve ter a mesma emoção do que comprá-la.

As variedades de embalagens criativas são muitas: Clicquot Ice Box (embalagem surpresa que se transforma em balde impermeável);
Clicquot Ice Box
City Traveller (embalagem especial com duas taças, uma garrafa de 375ml ou 750ml e uma pequena mala, feita de neoprene e cujas alças foram feitas pela Louis Vuitton, para manter a temperatura ideal do champanhe por duas horas, acolhendo a garrafa e as taças sem perigo de quebrar);
Clicquot City Travaller
Ice Cube (embalagem que mais gosto, em foma de cubo de gelo, vem com tacinhas lindas)

PaintBox (embalagem composta por uma lata moderna e 4 garrafinhas de 200ml do champanhe com biqueiras, especialmente para beber no gargalo sem deixar cair uma gota);
 Ice Jacket (embalagem térmica “roupa” de neoprene com costuras pespontadas, acabamentos de couro e zíper, que conserva sua temperatura por duas horas, substituindo o tradicional balde de gelo);
Tw’ice Bucket (balde de gelo, feito de borracha, alumínio escovado e plástico, que gira 180 graus podendo ser acoplado no canto do balcão ou funcionar como balde tradicional);

 Cellar Box (caixa extremamente moderna criada por Pablo Reinoso, para o champanhe, Rare Vintage Rosé 1985 e Rare Vintage 1988, protegendo a bebida das variações de luz e temperatura);
Além das embalagens exclusivas da linha VEUVE CLICQUOT La Grande Dame, como a edição especial da safra 1996 (apenas 9.000 garrafas produzidas), criada pela Maison Pucci, com um forte contraste de cores que estampam o rótulo e o interior da criativa caixa.

Eu sei que uma champanheira de prata cheia de Veuve Clicquot faz toda diferença em qualquer ambiente. Mas, vamos combinar que carregar uma champanheira para todo canto fica meio estranho. E Veuve Clicquot não é um espumante pra ser colocado em qualquer recipiente. Requer um toque de classe.
Enfim, para  acabar com esse dilema e nos possibilitar o prazer de tomar champanhe onde bem entendermos, a Veuve Clicquot criou o Yellow Cooler que mantém a bebida na temperatura adequada por duas horas. Bacana, né? Eu recomendo. E adoro!
E depois de tanta informação, vou terminar de beber minha viuvinha com a minha seleção brasileira (quindim, casadinho de pão de ló, brigadeiro com cereal, pudim de leite e mini torta de manga). Deixo pra vocês um brinde, pela sua companhia, e abaixo segue as receitas da minha seleção brasileira.
 SELEÇÃO BRASILEIRA

Quindim
Rendimento: 15 unidades
350 g de coco ralado seco fino;
1 1/3 copo americano de leite;
1 ½ xícara de açúcar;
16 gemas;
100 g de manteiga;
glucose derretida para untar. (Dica: é a glucose que dá brilho ao quindim; basta aquecê-la por 30 segundos no micro-ondas e untar as forminhas.)

Modo de fazer: Misture a manteiga, o coco, o leite e o açúcar. Adicione as gemas passadas antes por uma peneira. Unte com glucose derretida 15 forminhas. Coloque a massa e asse em banho-maria, a 150ºC, por 40 minutos. Desenforme os quindins ainda quentes.

Bem-casado de Pão de Ló
 Rendimento: 70 unidades
Pão de ló
8 ovos frescos;
1 1/3 xícara de açúcar;
1 ½ xícara de farinha de trigo;
¼ de xícara de amido de milho;
doce de leite pastoso, a gosto, para o recheio.
Calda de açúcar
700 g de açúcar;
350 ml de água quente.

Modo de fazer: Bata os ovos com o açúcar na batedeira até obter um creme fofo. Adicione a farinha e o amido de milho e misture com uma colher. Com uma espátula, espalhe uma camada de massa com ½ cm de espessura sobre um silpat (tapete de silicone) ou sobre uma folha de papel-manteiga untada, apoiada no fundo de uma assadeira. Leve ao forno por 5 minutos, a 160ºC. Deixe esfriar. Corte a placa de massa ao meio e cubra uma delas com doce de leite. Ponha a outra por cima e leve à geladeira. Para a calda, misture a água quente com o açúcar e espalhe sobre o bolo recheado. Deixe açucarar naturalmente e corte em quadradinhos de 4 centímetros, usando uma faca umedecida em água quente.

Brigadeiro com crosta de cereais
Rendimento: 20 unidades
2 latas de leite condensado;
150 g de manteiga;
1/3 de xícara de cacau em pó;
350 g de cereal de milho (tipo corn flakes);
400 g de chocolate meio amargo.

Modo de fazer: Misture os três primeiros ingredientes em uma panela e leve ao fogo médio. Mexa sem parar até que a massa se desprenda do fundo da panela. Passe o brigadeiro para uma vasilha plástica e leve à geladeira para esfriar. Derreta o chocolate e junte com o cereaL Estique essa mistura sobre um silpat (tapete de silicone) e leve à geladeira. Quando estiver fria, retire da geladeira, assim como a massa de brigadeiro. Enrole então os brigadeiros e finalize com uma camada da mistura de chocolate com cereal.

Pudim de leite
Rendimento: 16 porções
5 latas de leite condensado;
½ litro de leite;
10 gemas peneiradas;
½ kg de açúcar;
2 colheres (sopa) bem cheias de glucose;
350 ml de água.
Modo de fazer: Coloque o açúcar, a glucose e metade da água para ferver. Quando atingir a cor de caramelo, coloque a segunda metade da água (cuidado, pois costuma espirrar). Mexa bem e apague o fogo antes de ferver, para que a segunda água não evapore. Coloque a calda em uma forma retangular de 25 X 10 cm. Deixe esfriar completamente. Misture manualmente o leite condensado, o leite e as gemas. Ponha a mistura na forma. Cubra a forma com papel-alumínio e asse por 1 hora em banho-maria em forno pré-aquecido a 100ºC. Tire do forno e leve diretamente à geladeira. Deixe gelar por 24 horas. Corte em quadradinhos na hora de servir.

Tortinha de manga
Massa Ingredientes
1/3 xícara (chá) de amido de milho (38g)
1 xícara (chá) de farinha de arroz (120g)
1/2 colher (sopa) de açúcar mascavo (6g)
4 colheres (sopa) de margarina sem sal (64g)
1 gema (20g)
Recheio Ingredientes
1 envelope de gelatina sem sabor (12g)
5 colheres (sopa) de água (75mL)
1 manga Tommy grande (550g)
1 pote de iogurte natural desnatado (200g)
3 colheres (sopa) de açúcar (42g)

Modo de Preparo Massa: Em uma vasilha, junte o amido, a farinha, o açúcar, a margarina e a gema. Misture bem com as mãos até formar uma massa homogênea. Modele a massa em forminhas e leve ao forno por 30 minutos. Deixe esfriar, desenforme e reserve.  Modo de Preparo Recheio: Dissolva a gelatina na água e reserve. Higienize, descasque e corte a manga. Bata no liquidificador a manga com o iogurte e acrescente o açúcar. Leve a gelatina ao microondas em potência média por 20 segundos para que derreta, despeje no liquidificador, bata e reserve. Montagem Distribua o creme na massa e leve à geladeira por 1 hora.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Amanhã é o Fim do Mundo X O Último Baile Imperial

Hoje estou presenciando um dia confuso nesta cidade. Desde o início da semana uma rede de TV local divulga que o fim dos tempos terá início amanhã, dia 21 de maio de 2011. Como se não bastasse, pessoas estão por aí afirmando que, de acordo o calendário Maia, o mundo irá acabar em 2012. Agora correm teorias de que o tempo de vida da Terra (e de todos nós) é ainda menor pois amanhã seria a data do apocalipse. Sim, sábado agora. 
Em Nova York, na praça Union Square, um homem saiu erguendo o cartaz que proclama o Apocalipse. Sabe-se que, meses atrás, fiéis de uma igreja evangélica compraram outdoors nos EUA e Canadá para mostrar publicamente o fim do mundo. Mas qual o motivo da data específica de 21 de maio de 2011?
São duas teorias. A primeira se baseia em um trecho da Bíblia na qual Deus fala a Noé: “Após sete dias a partir de agora, eu irei enviar uma chuva de quarenta dias e quarenta noites sob a Terra e irei eliminar todas as formas de vida que eu criei”. O dilúvio. Acontece que, segundo consta no livro sagrado dos cristãos, “um dia para o Senhor é como sete mil anos, e sete mil anos são como um dia”. Como o dilúvio ocorreu 4990 anos ante de Cristo, somados sete mil anos, chegamos em 2011.
A outra teoria busca uma explicação no número 722,500, que é o número de dias entre a crucificação de Jesus Cristo e 21 de maio de 2011. A explicação é que 722,500 é um número místico por ser o resultado da multiplicação de 5x10x17x5x10x17. Isso porque cinco, significa redenção, dez conclusão e 17 paraíso. Bom, de qualquer forma, esse final de semana saberemos se o homem da placa está certo.
E para fazer uma analogia e trazer algo de bacana pra esta confraria vou hoje comentar sobre o último baile do Império brasileiro – que foi realizado  no prédio histórico do Rio de Janeiro que mais admiro – o Castelo Mourisco da Ilha fiscal.
Palácio Mourisco - Ilha Fiscal
 O GLAMOUROSO FIM  
Brasão do Império Brasileiro

A  República estava ao encalço do Império enquanto a corte se divertiu à vontade no Baile da Ilha Fiscal, o último baile na Capital do Império Rio de Janeiro, que parou para ver o desfile de elegância.
Jamais o Rio de Janeiro havia servido de cenário para tanto fausto e cintilância. No dia 9 de novembro de 1889, um sábado, os salões do Palácio da Ilha Fiscal serviram como palco para o baile mais extraordinário entre todos os promovidos pelo Império Brasileiro. Foi também o último, o apagar das luzes da monarquia no Brasil, realizado apenas seis dias antes que as forças republicanas instaurassem no país a nova ordem. E observando a história podemos imaginar como foi a realização da maior festa realizada pelo Império Brasileiro, a pedido do Visconde de Ouro Preto.

Visconde de Ouro Preto


O Rio de Janeiro fervilhava. Os estoques das lojas de tecidos se esgotaram em poucos dias. Costureiras e alfaiates não davam conta de tantas encomendas. Já no início da tarde daquele sábado, o Rio de Janeiro passou a viver um clima diferente. Acabou mais cedo do que de costume o movimento no centro, à exceção do que se verificava nas lojas de roupas finas. Nelas, fervilhavam as senhoras e senhoritas em busca de suas requintadas toaletes de seda, rendas de Bruxelas, chamalote ou veludo. Nos alfaiates, o movimento não era menor. Os cavalheiros acorriam em busca de suas casacas feitas especialmente para a ocasião. Os mais ousados faziam os últimos ajustes em seus vestons - essa extravagante indumentária recém-surgida no mundo da moda, composta de vestes compridas e pretas com gola, inteiras de seda. Os festeiros se apressavam também para conseguir dar os últimos retoques no trato pessoal. As filas nos barbeiros eram enormes, e muitos cavalheiros que desejavam apenas fazer a barba tinham que esperar pacientemente até que se fizessem nas melenas dos jovens, a ferro quente, as pastinhas, hoje tão populares entre eles.

O OBJETIVO DO  BAILE
Oficialmente seria homenagear o comandante Banen do navio chileno Almirante Cochrane em retribuição a igual colhida em tempos anteriores.
Cruzador chileno Almirante Cochrane
Na realidade as finalidades seriam:
- Confirmação das Bodas de Prata da Princesa Isabel e do Conde D´Eu que já tinha ocorrido em 15/10/1889,
- Fortalecimento da Monarquia, ameaçada por tantos que defendiam ideais republicanos.
Mas o real objetivo do evento, que funcionou às avessas, era tentar revigorar a imagem do Império na opinião pública e sensibilizar a nobreza empobrecida pela abolição da escravatura para a preservação da Monarquia.
Então organizou aquela que seria, segundo o Visconde de Ouro Preto, "a maior e mais importante" festa entre todas já promovidas pelo Império.

O LOCAL
Era necessário escolher o local do baile, se a festa acontecesse no Paço de São Cristóvão, os militares do Exército, cujo quartel da Artilharia ficava ali ao lado, teriam a faca e o queijo nas mãos para proclamar a República. Bastava cercar o Imperador e seu ministério. O mesmo aconteceria se o baile fosse realizado em Petrópolis.
Os revoltosos precisariam apenas explodir as pontes ferroviárias para deixar o governo imperial isolado.
A solução seria uma ilha. Monarquista, a Marinha de Guerra brasileira, a terceira do mundo na época, daria a cobertura. E ainda poderia contar com a ajuda da Marinha chilena, que enviara o encouraçado Almirante Cochrane para exercícios na Baía de Guanabara. Só faltava escolher a ilha. Não foi muito difícil.
Ilha Fiscal em 1889
 A Ilha Fiscal estava logo ali, com seu belo palácio recém-construído, com seu estilo mourisco aos moldes de outros majestosos que existem na região do Alverne, na França. Foi escolhido o posto de vigilância aduaneira, inaugurada depois de 7,5 anos de obras em abril de 1889, à entrada da Baía de Guanabara, 200 metros do centro do Rio de Janeiro - que ficava numa ilha, pelo povo conhecida como "Ilha dos Ratos".
Aquele sábado, 09 de novembro de 1889 (em 2011, 122 anos), marcaria para sempre nossa história. Na parte superior do castelo, após subir uma escada em caracol com 38 degraus e revestida em cantaria podemos vislumbrar a sala onde foi realizada a troca de bandeiras entre Chile e Brasil.

RECURSOS FINANCEIROS
A festa custou em torno de 250 contos de réis, quase 10% do orçamento previsto para a província do Rio de Janeiro naquele ano. Dizem as “más línguas” que este dinheiro estava destinado ao auxílio de vítimas da seca no Ceará. ("Cem contos de réis estavam guardados nos cofres do Ministério da Viação e Obras Públicas jamais chegariam ao Ceará. Os flagelados da seca que assolava o sertão tiveram que esperar"). E quanto valeria esta quantia nos dias de hoje?
Adotando duas metodologias diferentes obtivemos um valor estimado entre 650 mil e 1,2 milhões de Reais. (Método 1 : Projeções da inflação entre 1902 e 2008./Método 2: Conversão da moeda vigente para ouro). A Conta: - o dinheiro reservado para a Seca, pagou as primeiras contas, 50 contos, foi parar na conta bancária da Confeitaria Paschoal, a preferida da Casa Imperial; 24 contos de réis serviram para pagar o pessoal que trabalhou naquela noite: três chefs, 150 garçons e um exército de cozinheiros, ajudantes e serviçais da limpeza; os 26 contos de réis foram empregados na decoração, incluindo dois gigantescos candelabros de prata e 24 pavões empalhados, que adornavam os cantos das mesas.

MUDANÇA NA DATA DO BAILE
D. Luis I

Tudo estava preparado para a festa, inicialmente programada para 19 de outubro de 1889, quando chegou a notícia da grave doença do rei de Portugal – Dom Luis I, sobrinho do Imperador, que faleceu no dia seguinte.
Em respeito ao luto, a comemoração – que reuniria a Família Imperial, membros do governo, o corpo diplomático, altas patentes militares e a nata da sociedade da corte, foi transferida para 9 de novembro de 1889.

CONVITES E CONVIDADOS
O imperador Dom Pedro II, pela primeira e última vez na vida, decidiu convidar 3 mil pessoas para um baile – alguns registros republicanos falam em 5 mil pessoas incluindo a Família Imperial e os 300 tripulantes do cruzador chileno Almirante Cochrane, os números não são absolutos. A alta sociedade prestigiou maciçamente esta festa.
Na semana do baile, desabou um temporal no Rio de Janeiro. Enquanto dois mil convites eram distribuídos aos representantes das nações vizinhas, integrantes do governo e nobres da Corte.

DECORAÇÂO
Ao chegar à ilha, os convidados desembarcavam em meio a um bosque. Nas paredes do torreão, um quadro simbolizando a recepção ao navio Almirante Cochrane mostrava ninfas e golfinhos saindo da baía para oferecer ramos de flores aos marinheiros chilenos.
O prédio, em estilo mourisco, teve seus salões decorados com palmeiras, vasos franceses, flores da terra, balões venezianos, lanternas chinesas, milhares de velas, bandeiras brasileiras e chilenas.
Dos seis salões, dois decorados com motivos florais as paredes se escondiam sob cachos de flores naturais e palmas, dois maiores decorados com motivos navais entre tapetes vermelhos, âncoras douradas e prateadas, foram colocados retratos recém-pintados do almirante Cochrane e do almirante Greenfell e os outros dois com espelhos. Existiam mais duas salas. Um salão de jogos e um salão toucador para as senhoras.
Foram armadas duas mesas em forma de ferradura, para 250 talheres cada uma. Nas cabeceiras das mesas, dois enormes pavões empalhados estendiam as caudas multicoloridas, seguiam-se pratos de peixe e de caça colocados alternadamente com  enormes castelos de açúcar, em cujos torreões foram colocados bombons. Sobre elas toalhas de linho branco, talheres de prata, louças importadas e copos de cristal.
À frente de cada prato havia nove copos de formatos diferentes, três brancos e seis coloridos. Tudo servido por um batalhão de garçons devidamente paramentados.

TRAJES E ROUPAS

Rua do Ouvidos 1890

Tudo no Baile da Ilha Fiscal foi luxo e exagero. Mulheres cobertas de jóias, usando vestidos (de seda, renda, chamalote ou veludo) comprados nas casas mais sofisticadas da Rua do Ouvidor, no centro do Rio de Janeiro - Mme. Roche, Palais Royal, Wellimcamp.
 Os cabelos, penteados por cabeleireiros franceses da Casa A Dama Elegante, no mesmo endereço.Senhoras plantaram-se nos salões de beleza 72 horas antes da festa para conseguir quem lhes emperiquitassem. Muitas ficaram três dias sem tomar banho e dormiram três noites sentadas para não estragar o penteado.
Homens com casacas, jaquetas e uniformes de gala que abusavam das brilhantinas inglesas da Fritz Marck and Co. nos cabelos e nos bigodes
Apenas os homens da Corte e os militares tinham acesso aos barbeiros especializados em cortar bigodes à titlé (garoto esperto), chicard (chique), grognards (soldados da Guarda Napoleônica) e rostillon (cocheiro de carruagens de gala).
A TOILETTE DA FAMÍLIA IMPERIAL
O traje da imperatriz Tereza Cristina não chegou a causar impressão especial – trajava um vestido de renda de chantilly preta e guarnecido de vidrilhos.
Já o traje da princesa Isabel , no entanto, causou exclamações de admiração pelo luxo e pela beleza. Ela portava uma roupa de moiré preta listada, tendo na frente um corpete alto bordado a ouro. Nos cabelos, carregava um diadema de brilhantes.
D. Pedro II trajava uniforme de almirante.

D. Pedro II no traje de Almirante

O colunista Desmoulins, do Correio do Povo citou o mau gosto a que se entregaram muitos dos convidados. Criticou ainda os homens que, no salão, mantinham seus chapéus ingleses do Wellicamp e do Palais Royal enfiados na cabeça. (Réplicas, expostas na Ilha Fiscal, dos trajes típicos utilizados naquele baile)
A Família Imperial veio de São Cristóvão. Quando a carruagem atingiu o Campo de Santana, um imprevisto. Havia um grande engarrafamento.
A Família Imperial chegou ao cais pouco antes das 22:00 horas. D. Pedro II, a imperatriz Teresa Cristina e o príncipe D. Pedro Augusto embarcaram primeiro

O POVO PRESTIGIA NO  CAIS PHAROUX
O baile estava marcado para as 20h30, mas desde cedo uma multidão se acotovelava em volta do Cais Pharoux, que dá acesso à ilha, e nas ruas próximas para ver chegarem os convidados.
A impressão que se tinha era que boa parte dos 500 000 habitantes que contava o Rio de Janeiro naquela época estava lá.
Uma das seis bandas contratadas para a festa animava o povo que prestigiava o evento vaiando ou aplaudindo os convidados.
Ao contrário do que se poderia imaginar a galeota, que sempre foi utilizada pela Família Imperial nos seus passeios pela baía da Guanabara, não foi utilizada aquela noite. (Esta embarcação com 24 metros de comprimento para 11 remadores em cada bordo, levando na popa uma cabine forrada de veludo para a Família Imperial, foi construída em Salvador, em 1808, por ocasião da vinda da Família Real portuguesa para o Brasil e trazida para o Rio de Janeiro em 1809).

Cais Pharoux início do séc. XIX

  Na Ilha quando era inaugurada a iluminação elétrica do castelo e a banda executava o Hino Nacional, o Imperador tropeçou numa presilha do tapete e só não levou um tombo porque foi amparado. Reagiu com bom-humor:
- A Monarquia escorregou mas não caiu. 

EMBARQUE E TRANSPORTE DOS CONVIDADOS
O transporte, só começaria às 20:00h. Houve corre-corre, empurra-empurra. Madames perderam a compostura e outras pagaram mico, caindo na água do cais. Foi um prato para o público e os jornais. 
A suntuosidade da festa começava ainda na ponte flutuante montada junto ao cais para o embarque, ornamentada com seis grandes arcos e dois candelabros de gás. Os convidados embarcavam em 03 barcaças a vapor que saíam do cais Pharoux, na atual praça XV de Novembro, centro do Rio de Janeiro (como resultado de escavações realizadas, foram localizadas as escadarias utilizadas pela Corte para chegar aos ferry-boats).

Da ponte, os convivas eram levados até a ilha pela barca Primeira, coberta de tapetes luxuosos e ornamentada com as bandeiras brasileira e chilena. Segundo O Jornal do Commercio do Rio (11 de novembro 1889), a ilha foi "transformada num cenário encantado, onde demoiselles vestidas de fadas e sereias recepcionavam os convivas".

RECEPÇAO E CERIMONIAL NA ILHA
Uma vez no palácio, foram conduzidos a um salão em separado, onde já se achavam reunidos membros do corpo diplomático estrangeiro, oficiais e alguns eleitos da sociedade carioca. A festa e a diabetes deixou de D. Pedro abatido, e ficou a mercê, a recepção aos convidados não foi realizada pela Família Imperial que chegou ao local em torno das 22:00 horas.
O quadro “O último baile da Ilha Fiscal” de Francisco Aurélio de Figueiredo retrata esta recepção. Uma cópia do quadro, feita por Robson G. está exposta na Ilha Fiscal, já o original se encontra no Museu Histórico Nacional – MHN.
Autores comentam que naquele quadro existem mensagens subliminares, sendo as principais a coroação que não ocorreu da princesa Isabel e a movimentação do grupo republicano para tomar o poder.
BANQUETE
À mesa: 1.300 frangos, 500 perus, 300 pernis de presunto, 64 faisões, 18 pavões, 800 kg de camarão, 800 latas de trufas, 1.200 latas de aspargos, 20.000 sanduíches, tudo decorado com legumes, flores ou frutas.
Sobremesa: 14.000 sorvetes e 2.900 bandejas de doces sortidos. O cardápio servido nessa única noite, destacando a exuberância dos pratos, ornados com flores e frutas exóticas, que em tudo combinavam com o estilo mourisco da Ilha Fiscal. Por essas mesas, passou um desfile monumental de iguarias que daria para alimentar um exército. Republicano, naturalmente.

Capa do Menu do Baile
 À meia-noite, os arautos soaram as trombetas anunciando que a mesa estava posta. Foi a correria. Comilança desenfreada.
O comportamento dos convidados deixava a desejar. A Família Imperial viu-se obrigada a deixar a Ilha pouco depois da sobremesa.

CARTAS DE VINHOS E BEBIDAS
Foram cometidos alguns excessos nas bebidas. As notícias dizem que foram consumidas milhares de garrafas de vinhos de diversas procedências, prevalecendo os do Porto e Algarve. Isso significa de duas a três garrafas para cada convidado, sem contar as 300 caixas de champanhe francesa.
A carta de vinhos
 As bebidas oferecidas: 258 caixas de vinho (Château d'Yquem, Château Lafitte, Château Duplessis, Chablis, Liebfraumilch, Madère Rouge, Marsala, Lacrima Christi), 300 de champanhe (Veuve Clicquot, Luis Röederer), 10.000 litros de cerveja e licores a fartar.

A MÚSICA
Seis bandas foram contratadas para o baile, uma foi colocada no convés do cruzador Cochrane que estava ancorado na ilha. Na época, a execução dessas canções ficava por conta das bandas imperiais, em sua maioria militares.
As partituras eram editadas com requinte pela Casa Buschman e Guimarães, responsável pela publicação do Hino Chile-Brasil, composto por Francisco Braga, para saudar a tripulação do Almirante Cochrane. O som de fundo era feito com trechos de óperas de Verdi, Boccherini, Waldteufel, Metra e Auber.

O BAILE
A Família Imperial chegou mais tarde, perto das 22:00 horas.
Quando a Princesa Isabel e o Conde D'Eu chegaram, às 23:00, começaram as danças (dizem que a Princesa era um pé-de-valsa, e muito se divertiram), que foram interrompidas à meia noite para a ceia, a qual foi farta.
O quadro “O último baile da Ilha Fiscal” de Francisco Aurélio de Figueiredo
Abatido, o Imperador permaneceu afastado, quase anônimo, enquanto o presidente do Conselho de Ministros, Affonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, fazia as honras.
O Imperador só se levantou para dançar uma única vez. Foi com a filha do Barão Sampaio Vianna, que completava 15 anos. O ministro chileno, Manoel Villamil Blanco, e o comandante Banem, do navio Almirante Cochrane, levantaram vivas e moções de solidariedade ao governo brasileiro e ao imperador.
A maioria dos convidados, preferiu ficar do lado de fora, já que o palácio era pequeno para tanta gente. Depois da 1:00 hora da manhã recomeçaram as danças, sendo que a Família Imperial logo se retirou, prosseguindo a festa até às 6:00 horas de domingo. A valsa e a polca foram as músicas predominantes no Baile da Ilha Fiscal, segundo o pesquisador Carlos Sandroni.
Os cartões de dança das mulheres, que foram encontrados na Ilha Fiscal após o baile, junto com ligas e espartilhos, revelam que a piéce de resistance foi uma seqüência alternante em três tempos: fantasia, valsa, minuano, valsa, fantasia, valsa. (Os cartões são uma das curiosidades guardadas no Arquivo Nacional. Neles, as damas anotavam os nomes dos cavalheiros com quem haviam se comprometido a dançar).
Dançavam-se em seis salões.
A maior parte das danças ocorreu fora do palácio, pois não cabiam nele mais do que setenta casais dançando.Pelos salões desfilou a fina flor da aristocracia, da oficialidade e da sociedade cariocas.

Escândalo
A imprensa dividiu-se em seus relatos, preocupou-se em divulgar o Baile e não o Golpe de Estado seis dias após, mas foi um grande acontecimento. As peças íntimas que foram encontradas na ilha após a festa, foram motivo de escândalo quando noticiados pelos colunistas das revistas femininas do século XIX, entre essas revistas, a “Eu Sei Tudo” revelava que:
"a Coroa não era tão casta como pressupunham os seus súditos".
O jornal Tribuna Liberal, na sua edição de 10 de novembro de 1889, falou do:
"brilho e o ruge-ruge das sedas, os colos salpicados de brilhantes, safiras, esmeraldas e os diademas rutilantes dos penteados".

- O colunista Desmoulins, do Correio do Povo, por sua vez, citou o mau gosto a que se entregaram muitos dos convidados. Criticou ainda os homens que, no salão, mantinham seus chapéus ingleses do Wellicamp e do Palais Royal enfiados na cabeça.
- O cronista social da Gazeta de Notícias descreveu com detalhes 74 trajes das damas presentes, numa edição que bateu recordes de espaço e de tiragem.
- O jornal publicou também uma descrição detalhada da ceia, anunciada em um menu de 12 páginas, guarnecido com as cores das bandeiras brasileira e do Chile: "Nada menos que 11 pratos quentes, 15 pratos frios,12 tipos de sobremesas, 4 qualidades de champagne, 23 espécies de vinhos e 6 de licores, num total de 304 caixas destas bebidas e mais dez mil litros de cerveja. Os números da maior comilança de que o país tem notícia relacionam para o preparo de todas essas receitas, o consumo de nada menos que 18 pavões, 25 cabeças de porco, 64 faisões, 300 peças de presunto, 500 perus, 800 quilos de camarão, 800 latas de trufas, 1200 latas de aspargos, 1300 galinhas, além de 50 tipos de saladas com maionese, 2900 pratos de doces variados, 12 mil taças de sorvete, 18 mil frutas e 20 mil sanduíches".
- E o cronista dedicou um espaço especial para as bebidas:
"Das 304 caixas de bebidas, 258 eram de vinhos e champagnes.
Ou seja: "Naquela noite, foram consumidas 3.096 garrafas desses maravilhosos fermentados, que compunham uma bateria de 39 rótulos diferentes, com destaque para Porto de 1834 - uma safra preciosíssima - Madeira, Tokay, Château D’Yquem, Château Lafite, Château Leoville, Château Beycheville, Château Pontet-Canet e Margaux".
A presença marcante do italiano Falerno, nas versões branco e tinto, era uma deferência à imperatriz. Os champagnes não podiam ser melhores: “Cristal de Louis Roederer, Veuve Cliquot Ponsardin e Heidsieck”. Dentre os vinhos alemães, destacavam-se o “Liebfraumilch e o famoso Johannisberg do Reno".
- Um republicano infiltrado no baile, que dias depois publicou suas impressões na Revista Ilustrada, comenta que a certa altura os salões tornaram-se pequenos para o número de convidados.
"Para conseguir o espaço necessário às danças, o senhor Hasselmann, guarda-mor da alfândega, teve de suar, não só o topete, mas também o colarinho, de tal modo que este perdeu toda a compostura e tomou o aspecto de uma simples tripa enrolada no pescoço".
- No meio do Baile, o Ministro das Relações Exteriores, o Visconde de Cabo Frio, resolveu fazer diplomacia.
Ao saber que havia perus no cardápio, ficou preocupado com o que poderia pensar a comitiva do governo peruano. Mandou poupar as aves e escondê-las no porão. A notícia vazou. Um grupo de nobres decidiu aprontar e subornou o dono de uma embarção, na tentativa de seqüestrar os animais.
A polícia deteve os fanfarrões.
A imprensa gozou: "A polícia não encontrou os perus no barco, mas descobriu 604 peruas no baile". 
O único negro convidado, o engenheiro André Rebouças, sintetizou em seu diário: - "Foi uma bacanal!".
Republicanos criticaram extravagância
Os Republicanos reclamaram da extravagância, mas estavam lá, aproveitando e tramando, hoje em dia seria considerado "Alta Traição".
Rio de Janeiro - O luxo e a extravagância dos trajes e cabelos das convidadas do baile da Ilha Fiscal receberam, alfinetadas de republicanos que não faltaram ao baile e aplausos de monarquistas. O luxo e as extravagâncias que cercaram o desembarque do couraçado Almirante Cochrane, dando lugar a um período denominado "Festas Chilenas", incentivou a propagação dos ideais republicanos.
Madrugada de 10 de novembro de 1889, os convidados deixam a Ilha Fiscal, terminado o último Baile do Império.
D. Pedro não gostou do que viu. Menos ainda quando teve que pagar a conta, de 250 contos de réis - equivalente a 10% do orçamento anual do Rio de Janeiro.
Enquanto o baile transcorria, o que os convidados não imaginavam, nem o imperador D. Pedro II, é que tramavam em suas costas. À mesma hora em que se acendiam as luzes do palacete para receber os milhares de convidados engalanados, os republicanos reuniam-se no Clube Militar, presididos pelo tenente-coronel Benjamin Constant, para maquinar a queda do Império.
"Mais do que nunca, preciso sejam-me dados plenos poderes para tirar a classe militar de um estado de coisas incompatível com sua honra e sua dignidade", discursou Constant na ocasião, tendo como alvo justamente o Visconde de Ouro Preto.
Longe dali, ao lado da Família Imperial, o visconde desmanchava-se em sorrisos ao comandar seu suntuoso festim.
Seis dias depois, o Marechal Deodoro proclamava a República na Praça da Aclamação (hoje, da República) - perto do cais Pharoux, de onde partiram os convidados para o Baile. Perplexo o povo, nas ruas, comemorou o fim do Império. No meio dele, estavam também os mesmos oficiais do navio chileno (ainda ancorado na Baía de Guanabara) que teriam sido homenageados pela última grande farra do Império.
O Baile da Ilha Fiscal passou à história como um símbolo. É que civilizações em decadência têm como traço comum, os exageros à mesa. Inclusive no Brasil, claro. O ex-presidente Collor, em seu último ano na Casa da Dinda, consumiu, só de camarão, duas toneladas e meia.

A proclamação da República, no entanto, não significou o fim das festividades em torno da tripulação do couraçado Almirante Cochrane.
Os republicanos aproveitaram para brindar com os chilenos o fim do Império, chegando até a afirmar que o fato de o Chile ser uma República foi um estímulo à sua proclamação.
O Baile da Ilha Fiscal, realizado no dia 09 de novembro de 1889, marcou a transição do Império para a República. A população andava insatisfeita com a inflação de 3% ao ano, pasmem! E os impostos absurdos criados pelo Ministro da Fazenda, o sr. Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, não o Afonso Vintém, como o chamavam nas esquinas.
O último fora o imposto compulsório sobre as passagens do bonde, daí o apelido. O Exército conspirava na caserna. As repúblicas vizinhas achavam que já era hora do Brasil caminhar com as próprias pernas. A Argentina estava prestes a declarar guerra por questões de fronteiras.
A idéia do Baile veio para mostrar a força do Império, com a presença de todo o governo e da nobreza.

FIM DO  BAILE E DA MONARQUIA
Passados dez dias de sua realização, em plena República, o baile da Ilha Fiscal ainda é comentado na cidade, seja nas rodas chiques da Rua do Ouvidor, seja nos bairros. Pela forma como mobilizou não apenas os convidados, mas também toda a população do Rio de Janeiro e por ter marcado o canto do cisne do Império, pode-se prever que ele ficará inscrito na História da cidade e do país.
A repercussão do baile não seguiu os caminhos imaginados pelos promotores: naquela mesma noite, militares republicanos estavam reunidos com Benjamin Constant Botelho de Magalhães, líder positivista, para decidir a data da proclamação da República.
Desde a abolição da escravatura - assinada pela Princesa Isabel no ano anterior - os interesses dos senhores de escravos, últimos aliados de Dom Pedro II e base de sustentação do governo ficaram muito abalados.
Começavam a chegar os primeiros imigrantes para substituir a mão de obra negra.
Seis dias depois do baile, no mesmo Cais Pharoux de onde partiam os ferry-boats para levar os convidados do Imperador para a Ilha Fiscal, o Marechal Deodoro proclamava a República.
Ainda se recuperando da ressaca, a Corte percebeu que o Imperador tinha sido deposto e era hora de saudar a República com outras festas.
Aliás, alguns dos destaques do novo regime estavam presentes ao Baile da Ilha Fiscal, como Rui Barbosa, Campos Sales e Benjamin Constant.
O Império caia, com muita dignidade e nobreza e sem nenhuma queixa, sete dias após o término do baile que entraria para a história.
É possível que o próprio imperador, em seu exílio, esteja à essa hora se arrependendo de ter atravessado a Baía de Guanabara rumo à Ilha Fiscal naquela noite faustosa e fatídica. Desde que, na juventude, granjeou fama como um autêntico pé-de-valsa, e do tipo galanteador, D. Pedro nunca mais demonstrou prazer em participar de grandes bailes oficiais e sequer tomou a iniciativa de promovê-los.
Numa monarquia, por tradição, é o monarca e sua família que dão o tom da vida social da corte. Se dependesse dele, o tom dos salões cariocas teria sido pálido.
Coube aos grandes anfitriões da cidade, como o barão de Cotegipe e a Mme. Haritoff, movimentarem a sociedade durante o Império, com suas festas inesquecíveis.
A princesa Isabel e o conde D'Eu reagiram a essa frieza social de D. Pedro, organizando reuniões animadas no Paço de Petrópolis e no Paço Isabel.
Nada disso, porém, encontrava eco no Paço de São Cristóvão.
Com o baile da Ilha Fiscal, organizou-se a mais suntuosa das festas para marcar a derrocada de um imperador que detestava festas suntuosas.
Certamente, ele poderia ter partido para o exílio sem carregar na bagagem as marcas dessa idéia luminosa do visconde de Ouro Preto.

O Problema do Poder
- A vingança pela abolição estava concretizada.
Mesmo assim a República foi proclamada e o Sr. Deodoro da Fonseca, agora presidente da República, decreta o salário do presidente para 120 contos de réis o dobro que era dado a toda Família Imperial, e 50% do custo do Baile da Ilha Fiscal que meses antes tinham tanto combatido.
Claro, tudo era desculpa, o que queriam era o Poder, de bem fazer, ter poder como o Imperador, assim acabou o Idealismo.
A República foi proclamada para tirar um imperador que diziam absolutista para colocar militares ou civis de pior envergadura.
A República foi proclamada e todos os direitos individuais foram suspensos, e as imagens da Monarquia apagadas, e depois novamente concedidos, argumentando que seriam conquistas republicanas, tudo fraude.
Tudo se ajeita com o tempo, mas não como proclamaram.
Tiramos uma tradição, estável, digna, para colocar auto proclamados ditadores no lugar,com suas exceções.
Não proclamaram outros sistemas, para trocarem os republicanos que estavam, pois na época não havia outros sistemas políticos no mercado, então deram golpes uns nos outros.

Fatos Pitorescos do Baile
- Só havia um banheiro para atender as necessidades dos convidados. Os cavalheiros se ajeitavam com facilidade, à beira-mar.
 Para socorrer as mulheres, apertadas com a cerveja que era servida à farta, a criadagem teve que retornar ao continente para pegar... baldes. Sim, as damas iam para o cantinho, colocavam o balde embaixo do vestido e se aliviavam.
- Uma lista divulgada, dos despojos encontrados nos salões, na manhã daquele domingo incluía, por exemplo: O baile passou das 6:00 h, quando a criadagem recolhia objetos deixados pelos cantos. Entre eles 17 pufes (almofadinhas que realçavam os contornos das madames), nove dragonas de militares, oito raminhos de corpete (usados para esconder o decote dos seios), dois coletes de senhoras e dezessete ligas, dezesseis chapéus, treze lenços de seda, nove de linho e quinze de cambraia
Após a saída dos convidados, os trabalhos de limpeza revelaram artigos inusitados espalhados pelo chão: além de copos quebrados e garrafas espalhadas, foram recolhidas condecorações perdidas e até peças de roupas íntimas femininas.
“O Paiz “ era o principal periódico republicano do Brasil , chegou a vender, em 1890 , 32 mil exemplares. Apesar de atuar como um órgão oficioso do governo, considerava-se independente. Escreveram em suas páginas, entre outros, Rui Barbosa e Joaquim Nabuco, O fato pode, entretanto, ser fictício, uma vez que foi relatado na coluna humorística Foguetes , do periódico carioca no dia 12 de novembro de 1888.
- Um fato irônico, até hoje não confirmado, ocorreu logo após a chegada da Família Imperial, conta-se que D. Pedro II, ao entrar no salão do baile, desequilibrou-se. Ao recompor-se, exclamou:
- O monarca escorregou, mas a monarquia não caiu!
Um baile sem fiscal, no fim da Monarquia
Nota: - Em 28 de setembro de 1992, o jornal paulista “O Estado de São Paulo” publicou a matéria, relatando o preparo de um livro sobre o evento do Baile da Ilha Fiscal que marcou a queda do Império no Brasil.
Na época da publicação dessa reportagem, o Brasil havia derrubado o presidente Fernando Collor de Mello e investigava os ilícitos cometidos por seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, que seria depois encontrado morto em sua casa e se preparava para promover em 1993 o plebiscito previsto na Carta Magna de 1988, que determinaria a forma de governo no País, República ou Monarquia Parlamentarista.
Origem da Obra do Castelo Mourisco
A Ilha Fiscal, então Ilha dos Ratos, foi criada pelos aterros das obras da primeira Alfândega e era ocupada com fornos para a queima de cal Dorsetshire, recebido da Inglaterra. Para explicar o nome "Ratos", existem duas versões: a primeira proviria dos roedores ali existentes em grande número, provavelmente oriundos da Ilha das Cobras, de onde fugiram escapando dos ofídios que lá haviam. A outra lembraria as muitas pedras existentes nas suas cercanias, pedras de coloração acinzentada, semelhantes a ratos nadando.

Disputada na época pelos ministérios da Marinha e da Fazenda, o primeiro querendo instalar um posto de socorro marítimo e o segundo um posto aduaneiro, a rapidez do engenheiro Adolpho José Del Vecchio, diretor de obras do ministério da Fazenda, fez pender o lado da balança para este. Rapidamente elaborou projeto de edifício sólido e funcional dedicado à fiscalização alfandegária. Em 06 de novembro de 1881, foi lançada a pedra fundamental da edificação.
Pouco depois, a ilha foi visitada pelo Imperador D. Pedro II. Conta-se que, encantado com a magnífica vista da baía, tê-la-ia considerado "delicado estojo, digno de uma brilhante jóia". Del Vecchio, então, admirador do estilo gótico, projetou um castelo como os do século XIV em Auvergne, França.
O projeto recebeu Medalha de Ouro ao ser apreciado na exposição da Escola Imperial de Belas Artes.
Em 27 de abril de 1889, o edifício foi inaugurado com a presença do Imperador, utilizando-se no transporte a famosa Galeota Imperial (em exposição no ECM).
Da construção, sobressaem o excepcional trabalho em cantaria, executado por Antônio Teixeira Ruiz e auxiliado por excelentes profissionais do ofício, os mosaicos do piso do torreão, obra de Moreira de Carvalho, onde foram utilizadas mais de uma dezena de espécies de madeira, as belas agulhas fundidas por Manuel Joaquim Moreira e Cia., a pintura decorativa das paredes de autoria de Frederico Steckel, o relógio da torre de Krussman e Cia., os aparelhos elétricos de Seon Rode, e a magnífica coleção de vitrais, importados da Inglaterra, dois deles no torreão, com os retratos de D.Pedro II e da Princesa Isabel, ladeados pelos brasões genealógicos do Imperador e da Princesa.
Em 06 de setembro de 1893, irrompia no Rio de Janeiro a chamada Revolta da Armada. Nela, parte substancial da esquadra brasileira, comandada pelo Almirante Custódio de Mello, rebelou-se contra o governo do Marechal Floriano Peixoto.
Naquela época, a Ilha Fiscal ficou em meio ao tremendo duelo de artilharia travado entre as fortalezas leais ao governo e os navios e fortalezas (Ilha das Cobras e Villegaingnon) dos revoltosos.
Múltiplos foram os danos sofridos na edificação. Suas paredes foram atingidas por projéteis, agulhas de ferro derrubadas, telhados, fiação e móveis avariados, além de sérios danos nos vitrais. Obviamente, as despesas de restauração seriam vultosas, razão talvez para o engenheiro do Ministério da Fazenda, Miguel R. Galvão, sugerir a entrega da ilha ao Ministério da Marinha, "em troca de algum edifício que melhor se prestasse ao serviço da Alfândega". A troca só se efetuaria quase 20 anos depois, não por um edifício, mas pelo Vapor Andrada, proposta pelo Almirante Alexandrino Faria de Alencar, Ministro da Marinha, ao seu colega da Fazenda Dr. Rivaldo Correia (1913).

Fontes:
Textos adaptados de VEJA, Sociedade, 20 de novembro de 1889,
Fotos e pesquisa na internet. http://www.odia.ig.com.br/

FAISÃO ASSADO

1 faisão
Sal e pimenta a gosto
300 ml de conhaque
150 ml de vinho tinto
1 ramo de alecrim
100 gr de páprica
2 dentes de alho
30 gr de sálvia
Preparo: Tempere o faisão com sal, pimenta e todos os outros ingredientes. Deixe, nesses temperos, por 6 horas. Coloque o faisão em assadeira, junto com os temperos, e cubra com papel laminado. Leve ao forno moderado. Regue, de vez em quando, com o líquido da assadeira. Retire o papel e deixe corar.  Sirva com maçãs assadas, cerejas e farofa.