segunda-feira, 28 de julho de 2014

O Escandaloso Maxixe e a Noite do Corta Jaca

O brasil perdeu esses dias grandes nomes de sua intelectualidade: Rubem Alves, João Ubaldo Ribeiro e Ariano Suassuna – esse último grande defensor da brasilidade, da cultura, do nordeste. Não queria fazer explanações sobre eles, porque eles são tão grandes, que eu poderia diminuí-los em um mero descuido textual. Logo, resolvi arranjar um mote que os representasse gastronomicamente (ok, sei que vai ter gente que não vai entender a minha escolha), mas pensei no maxixe – ingrediente bastante utilizado na gastronomia nordestina, sua forma espinhenta com sabor peculiar rende sempre comentários dos mais criativos – e mostrar as malícias e os espinhos da vida com criatividade e peculiaridade marcante são características presentes das personalidades que hoje descansam em paz (ou não).  


Lembro-me que, quando criança, minha avó materna sempre fazia a festa quando era tempo de maxixe, pois ela adorava comê-los no feijão. Aliás, não me lembro de comer maxixe, lá em casa, que não fosse no feijão. Talvez eu o tenha comido em algum cozido, nãosei... Mas maxixe no feijão era sagrado, assim como o jerimum, o pequi e outras delícias das quais se dependia pela estação. Fui criado numa serra, longe dos sertão seco que o semiárido cearense possuiu e o maxixe é, de fato, bem mais utilizado na comida dos sertanejos.



Apesar da sua continua produtividade no nordeste, o que se sabe, é que o maxixe tem origem africana e veio parar no Brasil na época colonial, trazidos pelos negros escravizados, sobretudo os que eram destinados para o nordeste. O maxixeiro é uma planta rasteira, da família das cucurbitáceas, como abóboras, pepinos e melões. Perfeitamente adaptada aos solos quentes o maxixeiro rende boas cercadas. É uma planta de boa capacidade produtora, apresentando frutos rústicos ovalados de casca verde com moles espinhos.





Embora não chame muito a atenção dos consumidores no centro-sul do país, é um ingrediente gastronômico que merece mais atenção, sobretudo pelas propriedades medicinais que se pode obter – alguns estudiosos da nutrição confirmam em seus estudos acadêmicos que o maxixe adicionado nas refeições estimula as defesas do organismo, ajuda a evitar problemas da próstata, auxilia na diminuição dos depósitos de colesterol, a relaxar os músculos e na relação com o bruxismo, elimina as manchas brancas, fortalece as unhas e ajuda a cicatrização de ferimentos internos e externos. Agora me diga aí se não vale a pena adicionar uns maxixezinhos no seu feijão?


Para aqueles que gostaram da ideia mas vão experimentar maxixe pela primeira vez existe umas regrinhas básicas, e que fazem toda a diferença, devem ser seguidas: na hora da ida à feira, compre maxixes firmes, com cor uniforme e com os espinhos inteiros. Maxixes amarelados são ruins pois tem o sabor alterado, suas sementes ficam duras e seus corpo muito fibroso, ruim para mastigar. Para armazenar, outros cuidados são importantes: em temperatura ambiente, os frutos murcham e amarelam rapidamente, podendo ser mantidos no máximo por três dias, sem que ele perca a qualidade. Na geladeira, devem ser colocados na parte mais baixa até por uma semana.






Os maxixes geralmente são consumidos em cozidos ou refogados, mas a criatividade gastronômica existe para permitir-nos ousar. A quem goste de comer maxixe cru, na forma de saladas (os espinhos são raspados com a faca, depois cortados em rodelas que são temperadas com azeite, limão, cebolinha e pimenta. Neste caso, quanto mais verdes eles estejam, melhor.

Mas o maxixe não ficou apenas para a mesa e acabou virando dança e ritmo ...

Considerado o primeiro tipo de dança urbana criada no Brasil, o Maxixe é uma formação musical coreografada advinda de uma fusão e adaptação da polca europeia que lhe forneceu o movimento, a habanera cubana lhe deu o ritmo, a música popular afro-brasileira como o lundu e o batuque e finalmente o jeitinho brasileiro de dançar e tocar completaram o trabalho. Isso tudo, junto e misturado, rendeu numa dança sensual que de tão desenvolta acabou sendo proibida.


EFEGÊ, Jota. Maxixe: a dança exco0mungada. 2ª Edição. Rio de Janeiro: FUNARTE, 2009.




Surgiu como dança em 1875, no Rio de Janeiro e só tempos depois viraria um ritmo. Acredita-se que o maxixe teria surgido com a decadência da polca nos salões com a chegada dos choros – e foi misturado a ele com base de flauta, violão e oficlide. Assim, a polca sendo transformada em maxixe, as pessoas dançam lundu, enquanto outros cantavam e os conjuntos de choro acompanhavam. Esse fato o fez chegar rapidamente a todas as classes sociais do Rio de Janeiro.
A designação de "maxixe" para a música e à dança surgida atesta o caráter popular ligado às classes mais baixas da sociedade carioca da época, uma vez que a palavra era usada para designar coisas de pouco valor.



A primeira apresentação de maxixe nos teatros cariocas ocorreu em 1883, quando o ator Francisco Correia Vasques apresentou o espetáculo "Aí, Caradura!", cuja maior atração eram os trechos cantados e dançados de maxixes. No final do século XIX começaram a aparecer as primeiras partituras com maxixes, as casas editoras (que editavam e publicavam as partituras) o reconheceram como gênero musical específico, e alguns compositores se destacaram na composição de maxixes, como Eduardo Souto, Sinhô, Sebastião Cirino, Romeu Silva, J. Bicudo e eventualmente, Chiquinha Gonzaga.
Chiquinha Gonzaga, aliás, escrevia a letra de maxixes ousados, como se pode constatar ouvindo a música abaixo:



A primeira composição gravada como maxixe foi "Sempre contigo", lançada pela Banda da Casa Edson por volta de 1902, sendo de autor não registrado. Em 1904, fez sucesso o "Maxixe aristocrático", do maestro José Nunes, apresentado na revista "Cá e Lá", pela dupla Pepa Delgado e Marzullo. Enquanto dança, o maxixe era dançada com passos ousados e sensuais recebendo esses passos nomes como carrapeta, balão, parafuso, corta-capim ou saca-rolha.



A entrada do maxixe nos salões elegantes das principais capitais brasileiras foi terminantemente proibido até que, em 1914, Nair de Tefé, primeira dama do país, esposa do então presidente Hermes da Fonseca, iria escolher um maxixe, o "Gaúcho" ou "Corta-jaca", de Chiquinha Gonzaga, para ser executado ao violão, nos jardins do Palácio do Catete, para escândalo de todo o país. Em 1914 fez sucesso o maxixe "São Paulo futuro", de Marcelo Tupinambá e Dalton Vampré, gravado por Bahiano. Depois disso muitos maxixes surgiram para causar devaneios e rebuliços nos salões brasileiros.

A Noite do Corta Jaca

Um episódio bastante polêmico envolvendo o maxixe ficou conhecido como A Noite do Corta Jaca, envolvendo uma primeira-dama brasileira: Nair de Teffé, segunda esposa do Presidente da República, o Marechal Hermes da Fonseca, que governou o Brasil entre 1910 e 1914.
Nair de Teffé 
Nair de Teffé Von Hoonholtz (1886-1981), tinha seus 27 anos quando casou-se com o Marechal sexagenário. Dona de educação requintada, chegou a estudar em Paris, Marselha e Nice.Dentre seus dotes era excelente caricaturista (foi considerada a primeira mulher caricaturista do mundo - Publicou seu primeiro trabalho, A Artista Rejane, na revista "Fon-Fon", sob o pseudônimo de Rian [Nair de trás para frente]. Também publicaram suas caricaturas da elite, dentre outros, os periódicos O Binóculo, A Careta, O Ken, bem como os jornais Gazeta de Notícias e da Gazeta de Petrópolis. Suas caricaturas saíram em revistas francesas como a Fantasie, Femina, Excelsior e Le Rire) e ainda sabia tocar piano - o que era um avanço para a época. 















Não por isso, a jovem primeira-dama começou a escandalizar mais a conservadora sociedade carioca quando passou a oferecer sarau nos salões do Palácio do Catete, dando oportunidade ao músico Catulo da Paixão Cearense de introduzir o violão, instrumento, até então, renegado nos salões da elite brasileira.


Cacuto
Apaixonada pela música popular se intrigou com um comentário de Catulo que dizia que nas recepções oficiais só se tocava música estrangeira. Assim, em 26 de outubro de 1914, aproveitando as solenidades de despedida da gestão do marido, abriu espaço, em uma jantar oficial, para a música brasileira com direito a desempenho pessoal, e acompanhada de seu amigo Catulo, tocaram o maxixe “Corta-Jaca”, escrito por Chiquinha Gonzaga e Machado Careca de 1895 – Chiquinha, aliás era pessoas por que a primeira dama nutria uma grande admiração.
Nair 
A ocasião ficaria registrada na história, saindo notas de referência ao escândalo nos jornais cariocas, e passaria a ser conhecida como “A Noite do Corta-Jaca”. Anos depois, Rian (Nair ao contrário) - pseudônimo utilizado pela polêmica Primeira-dama - declararia que a festa foi um sucesso e definiu o evento com o termo “Noite prafrentex” e que havia desafiado a sociedade que valorizava o erudito em favor do ritmo popular brasileiro.
Um fato que merece ser mencionado, é que a Europa já conhecia o maxixe, sobretudo a França, onde artistas brasileiros como o dançarino Duque, difundiu a dança de ritmo sensual que acabou incomodando até a alta cúpula da Igreja Católica que o considerava, em conjunto com o tango argentino, ofensivo à moral e, portanto, proibida a cristãos. 



Daquele tempo são hilárias as quadrinhas popularizadas pelo espírito gozador do Carioca.

Se o santo Padre soubesse
O gosto que o tango tem,
Viria do Vaticano
Dançar o maxixe também.

O atrevimento da Primeira-Dama e os defensores do ritmo excomungado gerou muitas críticas nos jornais e muros pichados com caricaturas de “Dudu da Urucubaca” - apelido conferido ao presidente, por ser considerado azarado e vítima de várias crises no seu governo, como a Revolta da Chibata. Mais quadrinhas surgiam aos montes satirizando e ridicularizando o velho presidente:

O Duduzinho
Da Urucubaca
É o homenzinho
Do Corta-jaca

Mulata de perna grossa
Cavaca no chão, cavaca
Quero ver para quantos vales
No jogo do Corta-jaca

Não uso arma nenhuma,
Nem bacamarte, nem faca!
Uso apenas o meu “pinho”
Pra tocar o "Corta-jaca”!...

Na quitanda tem legumes
No açougue carne de vaca
Na padaria tem roscas
No Catete “Corta-Jaca”.

Até Rui Barbosa, senador da República por aqueles tempos, figura assídua nos cinemas para ouvir recitais de Ernesto Nazareth, indignou-se e proferiu um discurso inflamado, quase violento, no Senado Federal:

“[...] Uma das folhas de ontem estampou em fac-símile o programa da recepção presidencial em que diante do corpo diplomático, da mais fina sociedade do Rio de Janeiro, aqueles que deviam dar ao país o exemplo das maneiras mais distintas e dos costumes mais reservados elevaram o Corta-Jaca à altura de uma instituição social. Mas o Corta-Jaca de que eu ouvira falar há muito tempo, que vem a ser ele, Sr. Presidente? A mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba. Mas nas recepções presidenciais o Corta-Jaca é executado com todas as honras da música de Wagner, e não se quer que a consciência deste país se revolte, que as nossas faces se enrubesçam e que a mocidade se ria?”

Sabidamente o que Rui Barbosa buscava no seus discurso preconceituoso, era desgastar, ainda mais, a imagem do presidente Hermes, que era seu opositor político e que o derrotara na última eleição presidencial, em um pleito cheio de fraudes e denúncias. Nair se vingaria publicando uma caricatura ridicularizando o nosso Águia de Haia, que foi retrucada por um Rui Barbosa irritado: “Certas mocinhas se divertem fazendo gracejos à custa de homens sérios como eu.”


A caricatura de Rui Barbosa feita por Rian (Nair)



Nair de Teffé Escreveu seu livro de memórias aos 88 anos. Morreu em 1981, aos 95 anos.
Obviamente o desgaste político sofrido foi evidente. Contudo não a indignação dos conservadores de nada adiantou, pois o maxixe ganhou espaço nos salões da classe média, amadureceu e ganhou um ritmo.
Vocês poderão ouvir o Corta jaca no final deste post e quem sabe, as receitas abaixo lhes sirvam de inspiração para uma ousadia gastronômica servida ao som do maxixe. E se o negócio esquentar, dance...

Feijão com maxixe

1/2 kg de feijão verde
7 maxixes cortados ao meio
1 maço de salsinha picado
Sal a gosto
1 lata creme de leite
300 g de queijo em cubinho
1 xícara de azeite
100 g de toucinho (pode ser bacon)

Preparo: Leve o feijão ao fogo e deixe cozinhar por 20 minutos; Acrescente os maxixes, salsa, sal, creme de leite e o bacon e deixe cozinhar por 15 minutos, e por último acrescente o queijo em cubos. Refogue o toucinho com azeite, tomate, pimentão, cebola e leve ao feijão ainda em fervura.

Maxixada Nordestina

400 gramas de carne seca
400 gramas de músculo de boi cortado em cubos
1/4 de xícara de chá de toucinho
3 dentes de alho picado
1/4 de xícara de chá de pimentão picado
1/4 de xícara de chá de cebola picada
1/3 de xícara de chá de tomate picado
2 colheres de sopa de extrato de tomate
1/2 colher de chá de pimenta-do-reino moída
1/2 xícara de chá de hortelã
200 gramas de linguiça calabresa
400 gramas de maxixe cortados em rodelas
1/3 de xícara de chá de camarões secos e descascados (opcional)
Sal a gosto.

Preparo: Deixe a carne seca de molho de um dia para o outro. Corte a carne seca em cubos e coloque -os em água fervendo por 10 minutos. Retire a carne da água, junte o músculo, o toucinho, o alho, a cebola, o pimentão, o tomate, o extrato de tomate e leve ao fogo para refogar. Adicione a pimenta-do-reino e o sal, se necessário. Acrescente água suficiente para cobrir a carne e deixe cozinhar. Quando a carne estiver quase cozida acrescente a calabresa cortada em rodelas, a hortelã, o maxixe e os camarões. Retire do fogo quando os maxixes estiverem macios e cozidos. Sirva com arroz branco.

Cabrito com maxixe

1 kg de maxixe
3 kg de cabrito com osso
200 g de toucinho picados
2 cebolas roxas grandes picadas
6 dentes de alho picados
6 galhinhos de hortelã
cebolinha verde picada a gosto
1 pitada de cominho moído
2 pitadas de pimenta-do-reino moída
1 colher de chá de extrato de tomate
2  folhas de louro
1 xícara de vinagre
Sal a gosto

Preparo: Corte a carne em pedaços. Raspe os maxixes, corte-os em cubos e ponha para aferventar em água aquecida temperada com sal por 30 minutos. Prepare um refogado seco com os pedaços de cabrito para extrair parte aquosa das carnes, por 10 minutos. Soque os temperos no sal. Frite o toucinho picado e, quando chegar ao ponto de torresmo, refogue junto com os pedaços de carne, mexendo sempre, por 15 minutos. Acrescente o extrato de tomate, metade do tempero socado, as duas folhas de louro e continue mexendo. Ponha água aquecida, prove o sal e deixe cozinhar por 2 horas, ou o tempo que julgar necessário. Sirva com arroz branco.

sábado, 5 de julho de 2014

Pretzel, Bretzel, Brezzl, Brezgen, Bretzga, Bretzt, Bretschl, Kringel...

Que jogo sofrido esse de hoje entre Brasil e Colômbia! Não bastasse o adversário ainda tínhamos um juiz terrível, mas passamos. A próxima será na terça-feira contra Alemanha. Então, hoje é dia de falar de um petisco alemão versátil (por apresentar as versões doce e salgadas), o Pretzel – ou, conforme o dialeto usado, Bretzel, Brezzl, Brezgen, Bretzga, Bretzt, Bretschl, Kringel, Silserli e Sülzerli.


Só preciso colocar a imagem de uma premonição que um famoso desenho soltou tempinho atrás.


Mas voltando ao pretzel...
O registro mais antigo que comprova a existência do Pretzel em outros tempos é uma gravura datada do Século XII que retrata um banquete do Rei Assuero e da Rainha Ester, na Alsácia – região que já pertenceu aos alemães, mas que atualmente pertence a França.  A imagem mostra o baquete do rei com a rainha apresentando algumas comidas dentre elas um pretzel.



Os Pretzel são muito apreciados no sul da Alemanha e regiões de países vizinhos que falam no idioma alemão, como Áustria, Suíça e França. Basicamente é feito a partir da mistura da farinha de trigo, água e fermento. Geralmente polvilhado com sal grosso e é feito para o consumo no mesmo dia. Não é quebradiço e sim, macio. Para que, este Pretzel tradicional e salgado não seja confundido com qualquer outro tipo de Pretzel, chamam esta variedade de Laugenprezel ou Laugenbrezel. O Laugenpretzel, antes de assado, é mergulhado em uma solução de bicarbonato de sódio.



Outras variedades de Pretzel, a partir de diferentes maneiras de receitas e modo de preparar, surgiram a partir do Laugenprezel. Com várias densidades, coberturas e revestimentos. Os Sticks, pretzels em varas, é uma destas variedades -  com a diferença de que são assados por mais tempo para aumentar sua vida útil e aumentar mais a crocância.
Muitos afirmam que o Pretzel foi criado pelos monges que habitavam a região que foi domínio do Império Romano por muito tempo - em território germano.







De acordo com a publicação da História da Ciência e Tecnologia, escrito por Bryan Bunch e Alexander Hellemans, o Pretzel foi criado em 610 DC. O artigo diz, que um monge romano inventa o Pretzel, como uma recompensa para as crianças que aprendiam suas orações. Na época ele fez tiras de massa assada, e antes assar fez a forma parecida com braços em posição de oração, dobrados sob o peito: “Pretiola” – “Pequenas recompensas”. Não foi citada nenhuma fonte para confirmar esta informação. Provavelmente foi repassada empiricamente de geração à geração.




No grande Dicionário Meyers-Konversations-Lexikon existem 1905 versões para a origem do Pretzel, entre elas, uma muito curiosa: A partir da proibição da prática das religiões pagãs em território germânico (a prática de sua antiga religião) a partir do cristianismo trazido pelos romanos. Uma das práticas, assar o pão em forma do don cruz, símbolo considerado pagão. Isto aconteceu no Sínodo de Estinnes em 743 DC. 



A partir disto, o Pretzel poderia ter sido um substituto para este pão. Também alguns dizem que o nome Pretzel pode ter derivado do latim Bracellus (Termo medieval para bracelete), ou Brachiola (Pequenos braços). O Pretzel tem sido usado como emblema de padeiros e anteriormente era usado em suas corporações, no sul da Alemanha, desde o século XII, comprovadamente.



Nos tempos antigos, para os católicos do Sul da Alemanha, tinha um significado religioso. Era um pão de receita simples e fácil de fazer, onde é usado apenas farinha e água e portanto permitido comer durante o jejum da quaresma na mesma época que os cristão eram proibidos de comer ovos, banha e produtor derivados do leite. Nessa mesma época, pelo acúmulo de ovos guardados, surgiu a tradição de ovos cozidos coloridos na páscoa.



Com o passar do tempo, associou a tradição do Pretzel à Quaresma e à Páscoa. Tanto ovos coloridos, quanto Pretzel eram escondidos nas manhãs de páscoa para as crianças encontrarem e depois a família comerem no desjejum do domingo de páscoa. Atualmente, somente os ovos coloridos são escondidos na manhã de páscoa, naquela região da Alemanha.



Com sua forma a partir de um "nó" que lembra braços abertos, foi possível armazená-lo pendurados em cordas nas residências. Os padeiros armazena-os em varas. Várias varas fixadas em uma coluna de madeira central (Tipo árvore), como mostrado na pintura de Berckheyde Job (1630-1693).





Feitos para ser consumido no mesmo dia, são comercializados em padarias, box especiais em centros comerciais ou nas ruas centrais das cidades maiores ou em Cafés. Muitas vezes são cortados na horizontal e na parte interior, colocados manteiga – vendido como Butterbrezel, ou nata batida ou ainda com fatias de carne ou queijo.



Podem receber a cobertura de sementes de: gergelim, papoula, girassol, abóbora ou também de queijo derretido e bacon. Há ainda a variação no uso de diferentes farinhas, como trigo integral, centeio, até doce com diferentes tipos (Escamosa, quebradiço, macio,...) com diferentes coberturas (nozes, sorvete, sementes, canela). No período de Natal, são feitos com cobertura de chocolate.



No estado da Baviera, o Laugenpretzel, o Pretzel passado na solução de bicarbonato de sódio -  solução NaOH, geralmente é servido com a salsicha tipo Weisswurst. O mesmo processo do Laugenpretzel, cozimento com a bicarbonato de sódio é usado para fazer outros tipos de massas –Laugengebäck - bolos, croissants e até mesmo pães (Laugenbrötchen, Laugenstange, Laugen croissants. Em algumas partes da Baviera, especialmente no sul, são apreciados os Pretzels unglazed “Weiss”, que são polvilhados com sementes de cominho e sal.

Basicamente, todos os tipos apresentados tem a mesma receita a partir dos mesmos ingredientes – com variações locais. Os tamanhos são semelhantes, sendo que as principais diferenças são: espessuras da massa, teor de gordura e o grau e tempo de forno. Por exemplo, os Pretzels Suábios têm “braços” finos e uma “barriga maior” com mais gorduras. A parte maior permite fatiar para fazer sanduíches. Os Pretzels bávaros, possuem os “braços” mais grossos e contém pouca gordura. Mas a base da receita é a mesma, e você poderá fazer os seus com ela.


PRETZEL 
1 tablete de fermento biológico (15 g)
1 colher (sopa) de açúcar
2 xícaras (chá) de água morna
5 xícaras (chá) de farinha de trigo (aproximadamente)
1/2 colher (chá) de sal
100 g de manteiga sem sal derretida
50 g de bicarbonato de sódio
açúcar e canela para cobertura

Preparo: Numa tigela, derreta o fermento no açúcar. Junte 1/2 xícara (chá) de água morna e 1/2 xícara (chá) de farinha de trigo. Misture bem e deixe descansar tampado, por 10 minutos para fermentar. Vai ficar tipo um caldo ralo, não se assuste é isso mesmo. Depois, adicione o restante da água morna e a farinha, aos poucos, misturando com uma das mãos. Pouco antes de dar o ponto, coloque a massa em uma superfície lisa e enfarinhada, e sove a massa por cerca de 5 minutos, até ela ficar lisa e não grudar mais nas mãos (se necessário, adicione mais um pouco de farinha de trigo, tomando cuidado para ela não ficar seca). Coloque a massa em uma tigela levemente untada e leve para crescer por 50 minutos, (eu deixei uma hora, enquanto fritava os Donuts da outra receita) coberta com um pano (e, de preferência, dentro do forno). Em seguida, coloque a massa em na superfície levemente enfarinhada. Abra com os dedos, formando um retângulo de 1 cm de espessura e corte tiras com cerca de 2 cm de largura. Enrole as tiras, no formato de cordões não muito finos e modele-os no formato de pretzel. Encha uma tigela com 1 L de água e nela, dilua o bicarbonato. Mergulhe rapidamente os pretzels crus nessa água e, depois, coloque-os em assadeira antiaderente (ou, untada e enfarinhada). Esse aqui é um dos segredos do sucesso, se não fizer isso não fica crocante por fora. Leve ao forno alto (230ºC), pré-aquecido, por cerca de 16 minutos, ou até eles ficarem dourados. Quando estiverem assados, pincele-os inteiramente com a manteiga derretida e, em seguida, passe-os numa mistura de canela e açúcar. Sirva morno de preferência.