domingo, 17 de julho de 2011

O Bolo de Goma e as Tapiocas Coloridas do Ceará

         Quando se fala em fonte de carboidratos, no nordeste brasileiro, a mandioca (ainda chamada de aipim ou macaxeira) aparece como alimento de grande relevância econômica e cultural.
Originária do continente americano, provavelmente do Brasil, a mandioca já era cultivada pelos índios, por ocasião da descoberta do país tendo sido transmitido por eles o hábito de consumi-la. A partir da sua farinha são feitos beijus, tapiocas, pirões, sopas e mingaus, e seu polvilho é aproveitado para engomar roupas e na fabricação de explosivos.



A Lenda de Manioca (Mandioca)

Segundo essa lenda de origem indígena, há muito tempo numa tribo indígena a filha de um cacique ficou grávida sem nunca sem ainda ser casada. Ao saber da notícia o cacique ficou furioso e a todo custo quis saber quem era o pai da criança. A jovem índia por sua vez, insistia em dizer que nunca havia namorado ninguém.
O cacique não acreditando na filha rogou aos deuses que punissem a jovem índia. Sua raiva por essa vergonha era tamanha que ele estava disposto a sacrificar sua filha. Porém, numa noite ao dormir o cacique sonhara com um homem que lhe dizia para acreditar na índia e não a punir.
Após os nove meses da gravidez, a jovem índia deu a luz a uma menininha e deu-lhe o nome de Mani. Para espanto da tribo o bebê era branco, muito branco e já nascera sabendo falar e andar. Passa alguns meses, Mani então, com pouco mais de um ano de repente morreu. Todos estranharam o triste fato, pois não havia ficado doente e nenhuma coisa diferente havia acontecido. A menina simplesmente deitou fechou os olhos e morreu.
Toda a tribo ficou muito triste. Mani foi enterrada dentro da própria oca onde sempre morou. Todos os dias sua mãe, a jovem índia regava o local da sepultura de Mani, como era tradição do seu povo.
Após algum tempo, algo estranho aconteceu. No local onde Mani foi enterrada começou a brotar uma planta desconhecida. Todos ficaram admirados com o acontecido . Resolveram, pois, desenterrar Mani, para enterrá-la em outro lugar.
Para surpresa da tribo, o corpo da pequena índia não foi encontrado, encontraram somente as grossas raízes da planta desconhecida. A raiz era marrom, por fora, e branquinha por dentro. Após cozinharem e provarem a raiz entenderam que se tratava de um presente do Deus Tupã.
A raiz de Mani veio para saciar a fome da tribo. Os índios deram o nome da raiz de Mani e como nasceu dentro de uma oca ficou Manioca (casa de Mani), que hoje conhecemos como mandioca

Atualmente a demanda de amido de mandioca (fécula) tem crescido de forma substancial, principalmente pelo setor industrial a exemplo da utilização de fécula na mistura de farinha de trigo para fabricação de pães, objetivando reduzir as importações de trigo, gerando divisas para o país.
No Ceará, como no restante do nordeste brasileiro a farinha de mandioca é um elemento indispensável na alimentação. Contudo a versatilidade da mandioca permite que ela seja aproveitada de várias formas (cozida, frita, como farinhas e goma). Mas a tapioca, alimento feito da goma de mandioca já virou sinônimo de cearensidade.
Tapioca tradicional
A Tapioca é conhecida no nordeste como substituto do pão. É tradicionalmente consumida em forma de bijus, sendo, ainda, adicionada a ela, coco fresco ralado, manteiga da terra (manteiga de garrafa). O cearense, sempre criativo ainda inventou a mania de incluir leite condensado ou os mais diversos recheios salgados e doces, o que transformou a simples tapioca em comida gourmet.
A tapioca difundiu-se pelo Brasil, mas já é consolidada como alimento tradicional cearense, e agora reaparece com uma nova roupagem: trata-se das tapiocas coloridas – como mostra o vídeo abaixo.
O que seria do café da tarde cearense em uma tapioca?
Eu lhes respondo: - Mesmo com uma mesa repleta de guloseimas, você sempre vai achar que ficou faltando algo. Entretanto quando não se tem tapioca, as pessoas também ficam alegres porque, de repente, vai ter rosca de goma para acompanhar o cafezinho.
Rosca de goma
As roscas de gomas (ou bolos de gomas como chamam alguns) são verdadeiras iguarias no interior do ceará. Famílias inteiras se dedicam na produção das rocas, sobretudo na região da ibiapaba, onde é grande o cultivo da mandioca e existem muitas casas de farinha – o que facilita a extração da goma (fécula), matéria prima básica para a feitura das roscas.
Existem diversas receitas de rocas umas mais e outras menso trabalhadas. Porém para que vocês possam sentir o sabor da rosca de goma cearense, vou deixar uma receitinha rápida e que, garanto, vai se tornar um vicio junto com seu cafezinho. 

Rosca de Goma Rápida (ou Bolo de Goma) 
1 xícara de leite
½ xícara de óleo
4 ovos
3 xícaras de farinha de goma (ou polvilho/fécula de mandioca)
1 pires (ou um pacotinho) de queijo ralado
sal a gosto (cuidado com o sal pois o queijo é salgado) 
Preparo: Bate no liquidificador o leite, o óleo, os ovos, as três xícaras de farinha de goma, o queijo ralado e sal a gosto. Depois de bater por uns 5 a 8 minutos, despeje a massa numa forma de buraco, levemente untada com óleo. Forno por uns 30 a 40 minutos.

5 comentários:

  1. Parabéns pelo post de hoje M Baron, mas, sinceramente, o melhor dos bolos de goma são os feitos pela Dalva, que vc conhece bem, ela acertou direitinho a receita de Dna Rosinha, que aprendeu com Donana e daí veio passando pra tdos...ooo bolo bom!!!!!!!!! Qualquer dia apareça de novo para comer um pouco viu, o café da Bisa lhe aguarda!cheiros e sucesso!!

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  2. Amooooooooooo bolo de goma,mas os do tipo mal-casada (que é doce) tradicionais em AL,minha terrinha. Mesmo morando há 7 anos aqui no CE ainda não acostumei meu paladar aos "grude" irmão salgado da mal-casada. Ótimo blog,saudações.

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  3. Minha mãe fez a receita do bolo de goma e nao ficou fofinho, ficou como se fosse um bolo normal. alguem pode dizer em que foi que ela errou?

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  4. Que BLOG interessante! PARABÉNS, Arqueduque de Chantilly ou quem quer que seja...

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