Outro dia me perguntaram quanto ao surgimento do baronato de Gourmandise... Dei a resposta imediata ao interlocutor, que me veio com um suspiro – talvez de espanto pelo conteúdo da explicação ou pelo simples fato de ser mais um pedaço sobrenatural da minha história de vida.
Resolvi escrever sobre o tema e postei inicialmente na minha página do facebook, onde tive um comentário simpático vindo da Baronesa do Crato de Açúcar – Célia Augusta –, que postou: "Noblesse Oblige".
Fiquei maravilhado e curioso com o termo. Haja visto que o meu, ainda parco, conhecimento sobre a língua francesa não me permitiu entender a intensidade do termo. Conversei com a senhora Baronesa, que em explicou o significado. E mesmo assim não me contive e fui pesquisar mais...
"Noblesse oblige" significa, ao pé da lera, "nobreza obriga". Esta expressão é utilizada quando se pretende dizer que o fato de pertencer a uma família de prestígio ou ter uma certa posição social ou ter um nome honrado ou famoso obriga a proceder de uma forma adequada, à altura do nome que se tem. Dava-se o nome de nobreza a um conjunto de indivíduos que gozava de uma categoria social privilegiada, com direitos superiores aos da maioria da população, em virtude de uma transmissão legal hereditária. Nas sociedades primitivas, quando os homens mais fortes e mais hábeis se tornavam chefes de tribos ou de clãs, constituíam um corpo de indivíduos que os apoiava e que adquiriam prestígio em virtude do poder do seu chefe. Mais tarde, a riqueza ou a influência política muitas vezes permitiram aos seus possuidores usufruir de uma superior categoria social; por outro lado, a capacidade intelectual ou os feitos militares ou outros podiam ser recompensados por uma distinção social hereditária. A distinção social associada à nobreza faz com que esta palavra também seja usada quando se fala em elevação de sentimentos ou de conduta, ou seja, pode falar-se de nobreza de sangue, mas também de nobreza de caráter. A um nobre exige-se que se comporte como tal, ou seja, que tenha uma conduta elevada, acima de qualquer crítica, considerando-se, pois, mais reprovável uma ação indecorosa, desonrosa, num nobre do que noutra pessoa, já que o seu estatuto social o obriga ao dever de ter um comportamento exemplar.
O primeiro aparecimento referente a este conceito está presente na literatura, na Ilíada de Homero. No Livro XII, o príncipe troiano Sarpedon oferece um famoso discurso em que ele insiste com seu companheiro Glaucus para lutar com ele nas fileiras da frente de batalha. Na tradução de Pope, Sarpedon exorta Glaucus assim: "'esta nossa, a dignidade que eles dão de graça / O primeiro em valor, como o primeiro no lugar; / Que quando com os olhos imaginando nossas bandas marciais / Eis que nossos atos transcendem nossos comandos, / eles, podem chorar, merecem o Estado soberano, / A quem inveja daqueles que não ousa imitar! "
Em "Le Lys dans la Vallée (O lírio do vale)", escrito em 1835 e publicado em 1836, Honoré de Balzac recomenda certos padrões de comportamento para um jovem, concluindo: "Tudo o que eu acabei de contar pode ser resumida por um termo antigo: noblesse oblige! " Em seu conselho tinha incluído comentários como "os outros vão respeitá-lo por detestar as pessoas que fizeram coisas detestáveis", mas nada sobre a generosidade ou benevolência. Mais tarde, ele inclui a exortação da nobreza de uma pessoa que executa serviços para os outros, não para ganhar dinheiro ou reconhecimento, mas simplesmente porque era a coisa certa a fazer.
A frase é usada como lema para a National Honor Society, que cita o seu propósito: "cumprimento das suas obrigações através do serviço aos outros."
William Faulkner usa o termo muitas vezes em seus romances e contos, incluindo o famoso “O Som e a Fúria” e "Uma Rosa para Emily".
No filme da Disney Mary Poppins, o Sr. Banks canta uma canção intitulada "A Vida que eu chumbo" cuja letra diz: "Eu trato meus súditos | servos, filhos, esposa | Com uma mão firme, mas gentil | Noblesse oblige!"
Noblesse oblige é o lema do Calasanctius College (Irlanda) e Colvin Taluqdars College (Índia). A última estrofe de uma canção do Colvin College é "não esquecendo o nosso lema para realizar ações nobres; de perseguir nosso objetivo e atender as necessidades da nossa nação; Colvinians façam o seu dever, ser leal, justo e verdadeiro; Nossa Escola e o nosso país esperam isso de você."
Johann Strauss em seu "Die Fledermaus", quando a esposa de Gabriel Eisenstein, Rosalinde, mostra a confusão em sua intenção de usar vestido de noite para na prisão, ele exclama: "Noblesse oblige!"
No romance de Robert A. Heinlein, To Sail Beyond the Sunset, Dr. Johnson diz: "Será que um homem comum entende o cavalheirismo? Noblesse oblige? Aristocráticas regras de conduta? Responsabilidade pessoal pelo bem-estar do Estado? Pode-se também procurar pêlo em um sapo." Heinlein também discute o conceito da Glory Road, onde a Estrela da sabedoria, Imperatriz dos Vinte Universos observa ao seu campeão que "Noblesse oblige é uma emoção sentida apenas pelos verdadeiramente nobre."
Em abril de 2009, uma série de TV japonesa de animação intitulado Higashi no Eden ou Éden do Oriente, usa o termo para identificar telefones dado aos personagens, como parte de um experimento social que concedem grandes quantidades de dinheiro e os recursos para fazer quase tudo o que desejam. Aqueles que têm os telefones noblesse oblige é dada a missão de usar seu novo status para trazer estabilidade para o Japão da maneira que julgarem necessárias. O prazo Noblesse Oblige também serve como um aviso aos participantes que eles não usem seu poder e influência para desejos pessoais egoístas e só para o bem de seu país para não serem "removidos do jogo".
A Baronesa de Orczy, personagem de The Scarlet Pimpernel (O Pimpinela Escarlate), muitas vezes usa a expressão para descrever seu senso de dever de proteger a nobreza da França.
A Baronesa Emma Orczy |
Depois disto tudo esclarecido consegui entender perfeitamente a profundidade e responsabilidade do termo. E realmente Noblesse Oblige! Somente por isso deixo abaixo o texto que criei sobre a formação deste baronato. Espero que gostem.
Ao longo dos anos o extraordinário sempre se apresentou para mim nas suas mais variadas manifestações. De certo que na meninice eu não compreendia, e via tudo com olhos de fantasia. Com o tempo as explicações iam aparecendo.
Eu só queria estar lá. Ficava pensativo. Às vezes cantarolando trechos de músicas cuja melodia me arrepiava a pele e faziam o poder do meu inconsciente se manifestar, e me transportar para uma realidade diferente da minha, vivendo tudo aquilo com a mesma vivacidade que hoje eu escrevo estas linhas, lúcido ou louco – ao mesmo tempo.
Diziam que aquele lugar era cheio de assombrações. Uns diziam até ter visto almas penadas vagando por lá. Mas ninguém os via ou ouvia como eu. Mas isso não importa, porque não era o sobrenatural que me levava até ali, mas a minha vontade de estar lá, sossegado, pensativo, em paz, aprendendo e evoluindo.
Eu realmente conseguia me concentrar mesmo com aquela tagarelice dos espíritos, que falavam alto, dizendo coisas e mais coisas que mais tarde me fariam entender mais da vida – pelo menos da minha. Talvez fosse este o real motivo de eu querer sempre estar lá, de eu me sentir bem ali.
Eu compreendia aquilo tudo como uma extensão de mim. E foi estranho a primeira vez que ouvi os espíritos falando exclusivamente ao meu respeito:
– Ele parece não mudar de feições com o tempo. Mesmo depois de séculos – disse um que teve a frase completada por outro:
– Ele sempre andou com esta desenvoltura tão felina e com este olhar sempre iluminado. Sempre tivera olhos grandes com fartas pestanas superiores – para lhe intensificar o olhar, que lembra tudo o que é saboroso. A cor dos olhos sempre fora dourada com pontilhados de esmeralda. O nariz afilado ajuda a afilar o rosto num enquadramento forte, marcante. Os lábios não se conseguem distinguir dentre o carmim de algumas rosas, ou mesmo daquelas cerejas raras de uma época distante. Sempre trouxe impregnado no seu corpo uma miscelânea de aromas: anis, canela, cardamomo, cravo, noz-moscada, açafrão, pimentas doces e as da Jamaica e outras muitas especiarias – herança de muitas vidas, cujas fragrâncias sempre atiçaram os cérebros alheios levando-os a mergulhar em desejos, até eróticos. Hoje a pele que ele usa cheira a castanha de caju – anteriormente cheirava a creme de amêndoas. Seu cabelo, nunca foi outro senão de cor âmbar – como se o âmbar mais puro se derretesse para a natureza fazer os fios e os colocar com vastidão sob o crânio, fazendo cachos à medida que cresce e não é aparado.
– Nesta estatura mediana sempre se comprimiu uma combinação incrível de energias! Ás vezes, doce, sensível. E noutras vezes já se tornou a pessoa mais rude, arrogante e egoísta que pode existir. O calor do sol talvez lhe sirva para conter o ego – isso sempre lhe fez bem. Sempre conseguiu equilibrar o cosmo dentro dele. Sempre foi esperto e altivo. Sempre fora um cavalheiro – mesmo quando esta palavra não existia. Sempre foi um diplomata nato. E somente uma única coisa lhe inquietava: a curiosidade. Sentia e continua a sentir fome por informação, por se comunicar, por aprender as novidades, por descobrir o passado e suas minúcias... Em verdadeiro glutão por conhecimento. Sempre fora nobre – mesmo quando não o teria de ser. Como diriam alguns, naquela língua doce e rebuscada: s'il est noble, c'est la noblesse. s'il a faim, la faim est de la connaissance. Serait um Baron, Baron de la Gourmandise par la connaissance... noblesse oblige!
Cerejas Vintage
2 xícaras de cerejas frescas (com os cabinhos)
Calda:
1/2 xícara de chá de glucose de milho ( Karo )
2 xícaras de chá açúcar
8 gotas de corante vermelho
Preparo: Lave as cerejas e enxágüe bem 9caso não consiga encontrar cerejas ainda com os cabinhos, introduza um palito no local do cabo e reserve. Calda: Em uma panela, coloque o açúcar e a glucose. Leve ao fogo e deixe ferver por aproximadamente 8 minutos (não mexa mais). Após isto, junte as gotas de corante. Cozinhe por aproximadamente um minuto e desligue. Passe pela calda as cerejas reservadas. Coloque-as sobre uma assadeira untada com manteiga. Deixe secar.
Meu caro Barão!
ResponderExcluirSem palavras para expressar a minha alegria de ler seu post de hoje.Mas,por quê não
Noblesse Oblige? Mes félicitations!