Sabe que eu estou,
realmente, gostando desta visibilidade que o Papa Francisco I tem ganhado na
mídia atualmente. Isso permite meu pensamento divagar nas ideias mais absurdas
para uma postagem.
Uma dessas ideias
absurda surgiu pensando nos escândalos sobre pode e homossexualidade no
Vaticano. Essa história toda de homossexualidade n o Vaticano, é antiga. Tão
antiga quanto a homossexualidade dos imperadores romanos. Mas a hipocrisia das
pessoas não as permite admitir o fato - que existe no mundo desde os mais
remotos tempos e que, inicialmente, era tido como uma virtude (daqueles que
tinham o amor verdadeiro).
Isso me levou a tratar
aqui, hoje, sobre um personagem imperial da história romana que misturava, ao
mesmo tempo, poder, homossexualidade e paixão pela gastronomia exótica: o
imperador Heliogábalo.
Antes, porém, de falar sobre este imperador, vamos dar
um passeio pelos grandes excessos gastronômicos da história.
Sabemos que os
romanos possuíam um termo para designar suas suntuosas reuniões gastronômicas –
eles as chamavam de convivium. Aos
romanos (olha eles aí de novo!) deve-se ainda a associação de banquete com
todos os excessos, a começar pelos gastronômicos. Na Roma Antiga a gula era
considerada normal, pois os romanos festeiros como eram, participavam às vezes
de mais de uma festa por dia. Caso não se comesse a fartar-se seria considerada
uma ofensa para o anfitrião. Assim, existia nas residências até mesmo a figura
do vomitódromo: um lugar destinado ao vômito dos convivas que, para não ofender
o anfitrião comiam, provocavam o vômito e comiam novamente. Isso era o usual
naquela época.
Busto de Heliogábalo - Museu Capitolino |
Banquete -mosaico romano |
Mas, mesmo os romanos
com suas faustosas reuniões gastronômicas, vem da Mesopotâmia o maior banquete de
todos os tempos. Preparado pelo soberano Asurbanipal II, que ocupou o trono
entre 883 a.C. a 859 a.C. seu banquete durou dez dias e teve 69.574 convidados –
como conta o historiador inglês Roy C. Strong em seu livro Feast, A History of Grand Eating, publicado no Brasil com o título
Banquete - Uma História Ilustrada Culinária dos Costumes e da Fartura à Mesa
(Jorge Zahar Editora, Rio de Janeiro, 2002).
A pretexto de
comemorar a reformulação urbanística da antiga cidade de Kalah (no território
do atual Iraque) e com a construção de seu novo palácio, Asurbanipal II ofertou
aos convivas 10 mil peixes, 2 mil bois, 1.400 cabritos, mil carneiros e por aí
afora, sem negligenciar a sede alheia. Foram 10 mil jarras de cerveja e igual
quantidade de vinho. Talvez tenha faltado bebida, insuflando reclamações
comezinhas. Fato é que, apesar dos esforços de Asurbanipal II, os romanos
levaram a fama de maiores promotores de ceias ritualísticas, embora tenham
assimilado a ideia dos gregos e estes dos egípcios.
Não há como negar que
os césares e seus sucedâneos promoveram alguns dos mais extravagantes banquetes
da história, sempre repletos de muita comida, da embriaguez do vinho, repletos
de luxuria - para relaxar os entraves do superego. No romance Satyricon,
Petrônio (27-66 d.C.) relata um jantar com acrobatas, atores declamando em
grego e meninotes intrépidos, lavando os pés dos convivas. Luxúria? Pois a
realidade ganhava da ficção.
O imperador Vitélio
(15-69 d.C.), glutão compulsivo e devasso em tempo integral, chegou a devorar
1.200 ostras, ainda no hors d'ouvre.
Ele banqueteava-se três
ou quatro vezes por dia, ou seja, de manha, ao meio dia, de tarde e â noite - a
última refeição era principalmente uma bebedeira -, e sobrevivia a este ordálio
tomando eméticos com frequência. O pior é que costumava convidar para esses
banquetes nas casas de varias pessoas diferentes no mesmo dia, e eles nunca
custavam a seus vários anfitriões menos q quatro mil peças de ouro casa. A
festa mais famosa da série lhe foi oferecida pelo irmão, quando ele entrou em
Roma; diz-se que foram servidos dois mil peixes maravilhosos e sete mil pássaros
selvagens. No entanto, mesmo isto dificilmente se comparava em matéria de luxo
a um único prato imenso que Vitélio dedicou à deusa Minerva e que chamou de
"Escudo de Minerva, a protetora da cidade". A receita incluía fígado
de lúcio, miolo de pavão, língua de flamingo e vesícula de lampreia; e os ingredientes,
reunidos de todos os cantos do Império, das fronteiras de Pártia aos estreitos
da Espanha, foram levados a Roma por capitães das trirremes. (STRONG,2002, p.
38-39)
Tigelino, comandante
da guarda pretoriana, certa vez organizou um jantar para Nero (verão de 64)
encenado no meio de um lago artificial onde os convidados reclinavam-se sobre
tapetes e almofadas numa grande jangada rebocada por barcas enfeitadas de ouro
e marfim e tripula por exoleti (‘meninos
alegres’) escolhidos deliberadamente por suas habilidades lascivas. Não
bastasse esta extravagancia, ele mandou povoar o bosque q cercava o lago com
pássaros e animais exóticos, e na beira d'agua havia pavilhões e bordeis.
Nero, em 54, num
banquete para comemorar seus 17 anos, tentou gracejar com Britânico, filho
natural do imperador Tibério, pedindo-lhe que cantasse para as pessoas
reunidas. Britânico, atendeu ao pedido escolhendo uma canção que falava de sua
própria expulsão da casa do pai e do trono. Na festa seguinte Nero envenenou-o
à mesa.
Provavelmente a
reunião gastronômica mais estranha do império romano foi o banquete oferecido
pelo imperador Dominicano, que escolheu
para isso o tema inferno.
Pediu-se as convidados que não se fizessem acompanhar pelo habitual escravo. ao lado de cada comensal havia uma pedra tumular como o nome do convidado. O banquete era iluminado por lâmpadas votivas, do tipo que se pendurava nos túmulos, e a comida, toda preta se assemelhava aos pratos sacrificiais oferecidos aos manes dos mortos e escoltados para casa por escravos desconhecidos: o que os fez suspeitar que haviam sido escolhidos para se tornarem as novas vitimas da sede de sangue do imperador. em vez disso, no entanto, foram chamados de volta para um segundo banquete, ao término do qual receberam presentes caros. (STRONG, 2002.p. 39-40)
Heliogábalo (204-222 d.C.) era outro
exagerado. O imperador romano pós-Cristo Sexto Vário Avito Bassiano (em latim Sextus Varius Avitus Bassianus), mas ao
tornar-se imperador, adotou o nome de Marco Aurélio Antonino (em latim Marcus Aurelius Antoninus)., conhecido
como Heliogábalo (204-222) {Apenas recebeu o cognome de Heliogábalo após a sua
morte. Durante a sua juventude, serviu como sacerdote do deus El-Gabal (em latim Elagabalus) na cidade natal da família de sua mãe, Emesa.
Foi um tirano na
linha de Nero (37-68) e Calígula (12-41), e cometeu inúmeras extravagâncias à
mesa. Em um dos muitos banquetes que promoveu, serviu aos seus seiscentos
convidados: ervilhas misturadas com grãos de ouro, lentilhas com pedras
preciosas, feijões enfeitados com âmbar e peixe com pérolas. Em outro, dizem
ter criado um prato com seiscentas cabeças de avestruz.
Áureo romano representando Heliogábalo. A parte de trás diz Sanct Deo Soli Elagabal (Para o Santo Deus Sol Elagabal), e mostra uma quadriga dourada a carregar a pedra sagrada do templo de Emesa. |
Heliogábalo apreciava
lírios, narcisos, rosas e violetas. Muitas vezes, de madrugada, após um régio
banquete, uma chuva de pétalas de rosas e violetas caía sobre seus convidados.
Alguns, já bêbados, morriam asfixiados. Deliciava-se com pétalas de violetas
tostadas com rodelas de laranja e limão. Costumava mandar encher as banheiras
públicas com água de rosas e, em seu palácio, algumas salas eram decoradas com
tapetes de flores. Ao mesmo tempo em que distribuía absinthiatum, a famosa “fada verde” dos dias de hoje, ao povo,
alimentava seus cães e leões com faisões, pavões e com fígados de ganso. Isto
mesmo, foie gras.
Em seus banquetes,
podiam-se esperar por pratos exóticos, vinho aos borbotões e o corolário de
intermináveis bacanais, nos quais o imperador preferia a companhia dos
mancebos. Nestas reuniões sabe-se que serviam-se pés de camelo, cristas de galo
e línguas de rouxinóis. Certa feita, Heliogabalo fez chegar aos convivas um
prato com mais de mil línguas de flamingos.
As Rosas de Heliogábalo
Heliogábalo costumava
promover festas em que durante a madrugada uma chuva de pétalas de rosas e
violetas caía sobre os convidados. Alguns, já bêbados, morriam asfixiados. Mas
isso era uma extravagância do imperador. Este episódio ficou imortalizado na
obra As Rosas de Heliogábalo (em inglês The
Roses of Heliogabalus), pintura de Sir Lawrence Alma-Tadema (1836–1912), um
artista holandês que viveu na Inglaterra. O quadro data de 1888, e atualmente
faz parte de uma coleção privada.
As Rosas de Heliogábalo (1888), pelo acadêmico Anglo-Holandês Sir Lawrence Alma-Tadema. |
A obra foi baseada
num episódio inventado retirado da Historia
Augusta, onde o imperador romano Heliogábalo (204-222) é retratado
assistindo a uma tentativa de sufocar seus convidados com uma enorme quantidade
de pétalas de rosa que caiam de um teto falso durante um jantar. No primeiro
plano da pintura, o destaque são os convidados reclinados, cobertos com
pétalas. Ao fundo, Heliogábalo é visível com um manto e uma coroa de ouro,
junto com sua mãe Julia Soemia. Atrás deles, há um tocador de flauta (tíbia) e
uma estátua de Dionísio.
Sabe-se que Heliogábalo,
ainda mandava encher as banheiras públicas com água de rosas. Em seu palácio,
algumas salas eram decoradas com tapetes de flores. Além das rosas, o imperador
apreciava violetas e em sua cozinha preparava-se um manjar muito especial:
pétalas de violetas tostadas com rodelas de laranja e limão. Foi Heliogábalo o
inventor dos almofadões perfumados sobre os quais se deitavam seus convidados.
Mas nem sempre ele os tratava com tanta gentileza.
Mais sobre heliogábalo
Heliogábalo nasceu em
203 d.C como Vário Avito Bassiano na família de Sexto Vário Marcelo e de Júlia
Soémia Bassiana. O seu pai era inicialmente um membro da classe equestre, mas
foi mais tarde elevado ao cargo de senador. A sua avó Julia Mesa era a viúva do
Cônsul Júlio Avito, a irmã de Júlia Domna, e a cunhada do Imperador Septímio
Severo. Júlia Soémia era uma prima do Imperador Caracala. Outros parentes incluíam
a sua tia Júlia Avita Mamea e tio Marco Júlio Gessio Marciano e o filho deles,
Alexandre Severo. A família de Heliogábalo tinha direitos hereditários ao
sacerdócio do deus sol El-Gabal, sendo Heliogábalo o alto sacerdote em Emesa
(atual Homs) na Síria.
A divindade El-Gabal
foi inicialmente venerado em Emesa. O nome é latinizado da forma síria Ilāh
hag-Gabal, El refere-se à divindade suprema Semítica, enquanto que Gabal
significa montanha (comparar com o Hebraico גבל gevul e Árabe جبل jebel), o que
resulta em Deus da Montanha é a manifestação divina de Emesa. O culto ao deus
propagou-se a outras partes do Império Romano no século II, como por exemplo,
uma consagração foi encontrada na distante Woerden (Países Baixos). O deus foi
mais tarde importado e assimilado com o deus romano do Sol, conhecido como Sol
Indiges em tempos republicanos, e mais tarde Sol Invictus durante os séculos II
e III. Na Grécia, o nome do deus sol era Helios, e consequentemente, adotou-se
Heliogábalo.
Posteriormente,
diversos historiadores acreditam hostilmente que Heliogábalo mostrou
desrespeito às tradições religiosas romanas e tabus sexuais. Heliogábalo
substituiu o tradicional deus Júpiter no Panteão Romano pelo deus El-Gabal, e
forçou membros importantes do governo de Roma a participarem em rituais que
celebravam esta divindade, liderados por ele próprio. Casou-se cinco vezes,
levando favores dos bajuladores masculinos que se pensava popularmente terem
intenções de serem seus amantes, e diz-se que se prostituía no palácio
imperial. Seu comportamento o distanciou da guarda pretoriana, do Senado e dos
cidadãos.
Heliogábalo, Sumo Sacerdote do Sol (1866), pelo decadente Inglês Simeon Solomon, a uma certa altura um amigo próximo de Algernon Charles Swinburne. |
Entre crescente
oposição, Heliogábalo, com apenas 18 anos, foi assassinado e substituído pelo
seu primo Alexandre Severo no dia11 de março de 222, numa conspiração feita
pela sua avó, Júlia Mesa, e membros da guarda pretoriana.
Heliogábalo criou uma reputação entre os seus contemporâneos como um excêntrico, decadente, e zelota, o que foi provavelmente exagerado pelos seus sucessores e rivais políticos. Esta propaganda espalhou-se e, os historiadores no início da era moderna sujeitaram-o como um dos imperadores romanos com a pior reputação. Edward Gibbon, por exemplo, escreveu que Heliogábalo "abandonou a si mesmo para ter prazeres grosseiros e ser descontroladamente furioso." De acordo com B.G. Niebuhr, "o nome Heliogábalo está gravado na História acima de todos os outros" por causa de sua "vida inefavelmente repugnante". Os mais recentes historiadores têm tentado separar os fatos reais da ficção, preservando com maior cautela a visão deste personagem e seu reinado.
Heliogábalo criou uma reputação entre os seus contemporâneos como um excêntrico, decadente, e zelota, o que foi provavelmente exagerado pelos seus sucessores e rivais políticos. Esta propaganda espalhou-se e, os historiadores no início da era moderna sujeitaram-o como um dos imperadores romanos com a pior reputação. Edward Gibbon, por exemplo, escreveu que Heliogábalo "abandonou a si mesmo para ter prazeres grosseiros e ser descontroladamente furioso." De acordo com B.G. Niebuhr, "o nome Heliogábalo está gravado na História acima de todos os outros" por causa de sua "vida inefavelmente repugnante". Os mais recentes historiadores têm tentado separar os fatos reais da ficção, preservando com maior cautela a visão deste personagem e seu reinado.
A orientação sexual e
identidade de gênero de Heliogábalo são fonte de muito debate. Heliogábalo
casou-se e divorciou-se de cinco mulheres, três das quais são conhecidas. A sua
primeira esposa foi Júlia Cornélia Paula, a segunda foi a Vestal Júlia Aquila
Severa, mas num ano, ele abandonou-a e casou com Annia Faustina, uma
descendente de Marco Aurélio e viúva de um homem recentemente executado por
Heliogábalo. Ele voltou para sua segunda esposa Severa no fim do ano. De acordo
com Dião Cássio, a sua relação mais estável foi com o cocheiro de biga da sua
quadriga, um cocheiro louro da Cária chamado Hierocles, a quem Heliogábalo se
referia como o seu marido.
A História Augusta
diz que ele também se casou com um homem chamado Aurélio Zótico, um atleta de
Esmirna, numa cerimônia pública em Roma. Dião Cássio diz que Heliogábalo
pintava os olhos, depilava o seu cabelo e usava perucas antes de se prostituir
em tavernas e bordéis, e até no palácio imperial:
Denário romano representando Aquila Severa, a segunda esposa de Heliogábalo. O casamento causou um ultrágio público porque Aquila era uma Vestal, obrigada por lei romano a ser celibata por 30 anos. |
Finalmente, ele
reservou um quarto no palácio e lá cometeu as suas indecências, sempre nu à
porta do quarto, como fazem as prostitutas, e abanando a cortina pendurada em
anéis de ouro, enquanto numa voz doce e comovente se oferecia aos que passavam.
Havia, obviamente, homens que tinham sido especialmente instruídos para
desempenhar o seu papel. Para, assim como em outras questões também econômicas,
ele tinha numerosos agentes que procuravam por aqueles que mais o agradavam
para participar de suas vilezas. Ele poderia ter coletado o dinheiro de sua
clientela e dado a si mesmo os seus ganhos; também poderia ter disputado com
seus colegas essa indecente ocupação, argumentando que possuía mais amantes e
mais dinheiro.
Herodiano comentou
que Heliogábalo mimava a sua beleza natural ao usar demasiada maquilhagem. Foi
descrito como sendo "encantado ao ser chamado a amante, a esposa, a
rainha de Hierocles" e diz-se que ofereceu metade grandes somas de
dinheiro ao médico que lhe pudesse dar genitais femininos. Subsequentemente,
Heliogábalo tem sido frequentemente caracterizado por historiadores modernos
como um transgênero, provavelmente transsexual, apesar de talvez não ser
adequado aplicar termos tão culturalmente específicos a alguém que viveu há
quase dois mil anos.
Em 221, as
excentricidades de Heliogábalo, particularmente a sua relação com Hierocles,
enfurecia cada vez mais os soldados da guarda pretoriana. Quando sua avó Júlia
Mesa se apercebeu que o apoio popular ao imperador estava a enfraquecer
rapidamente, ela decidiu que ele e a sua mãe, cujos tinham encorajados as práticas
religiosas dele, tinham de ser substituídos.
Como alternativas,
ela virou-se para a sua outra filha Júlia Avita Mamea e o filho desta, Severo
Alexandre, com treze anos. Convencendo Heliogábalo a nomear o seu primo como
herdeiro, a Alexandre foi dado o título de César e partilhou o consulado com o
imperador nesse ano. Contudo, Heliogábalo reconsiderou isto quando começou a
suspeitar que a Guarda Pretoriana favorecia o seu primo acima de si. Depois de
falhados os vários atentados à vida de Alexandre, Heliogábalo despiu o seu
primo dos seus títulos, revogou o seu título de cônsul e circulou a notícia de
que Alexandre estava perto da morte para ver a reacção dos pretorianos. Um motim
foi o resultado, e a guarda exigiu ver Heliogábalo e Alexandre no acampamento
pretoriano.
O imperador obedeceu
e no dia 11 de março de 222, apresentou o seu primo, com a sua mãe Júlia
Soémia. Ao chegarem ao campo pretoriano, os soldados aclamaram Alexandre,
ignorando Heliogábalo, que ordenou a prisão e execução de todos os que tinham
tomado parte neste desrespeito contra ele. Em reposta, os pretorianos atacaram
Heliogábalo e a sua mãe:
Ele tentou fugir, e
teria escapado ao ser colocado numa arca, se não tivesse sido descoberto e
assassinado, na idade de 18 anos. A sua mãe, que o abraçou e se agarrou a ele
fortemente, pereceu com ele; as suas cabeças foram cortadas e os seus corpos,
depois de serem despidos, foram primeiro arrastados pela cidade, e depois o
corpo da mãe foi deixado num lugar qualquer, enquanto o dele foi atirado no
rio.
A seguir à sua morte,
muitas pessoas associadas à Heliogábalo foram mortas ou depostas, incluindo
Hierocles e Comazão. Os seus editos religiosos foram revocados e a pedra de El-Gabal
foi devolvida a Emesa. Mulheres foram banidas de atenderem reuniões no Senado,
e damnatio memoriae—apagar uma pessoa
de todos os recordes públicos— foi decretada para ele.
Agora, depois de
tanto história, eu proponho uma extravagancia que tal oferecer uma pequena reunião
gastronômica para quatro amigos mais chegados, e preparar um menu “extravagante”?
Posso ir além, e sugerir um prato delicioso que eu aprendi a preparar com o
chef Claude Troisgro, a partir do sue programa "Que Marravilha!".
Risoto
de abóbora e bacalhau com folha de ouro
Porção
para 4 pessoas
Para
a abóbora
400g de abóbora Bahia cortada em fatias sem
sementes
2 colheres de azeite
Sal
Pimenta do reino (no moinho)
Para
o bacalhau
800g de bacalhau imperial
300 ml de água
1 cabeça de alho
Tomilho
Alecrim
Para
o risoto
1 colher de azeite
50g de cebola picada
Pimenta dedo-de-moça
450g de arroz arbóreo
100 ml de vinho branco seco
16 conchas de água do cozimento do bacalhau
Sal
Pimenta do reino no moinho
Para
a finalização
Salsa picada
Azeite extravirgem
Folhas de ouro
220g de palmito pupunha fresco cortado em
cubos
200g de requeijão cremoso
100g de parmesão ralado
Modo de
preparo da abóbora: Tempere
as duas fatias de abóbora com sal, pimenta e azeite. Enrole-as em papel
alumínio. Asse por 40 minutos em forno a 180ºC. Quando o tempo acabar, amasse
com um garfo, mas sem fazer purê. Modo
de preparo do bacalhau: Três dias antes de preparar a receita, dessalgue o
bacalhau, trocando a água de tempos em tempos. Encha uma panela com água e leve
ao fogo. Quando ferver, corte a cabeça de alho ao meio, sem descascar, e jogue
na água junto com o tomilho e o alecrim. Deixe ferver um pouco. Desligue o fogo
e logo em seguida coloque as postas de bacalhau na panela. Tampe e deixe ele lá
durante 20 minutos. Depois, retire o bacalhau da água, deixe esfriar e desfie o
peixe. Modo de preparo do risoto:
Despeje azeite em uma panela e ponha a
pimenta dedo-de-moça e a cebola. Mexa bem. Coloque o arroz e refogue por mais 2
minutos. Acrescente o vinho branco e deixe reduzir. Acrescente 4 conchas da
água do bacalhau e reduza até secar, sem parar de mexer. Faça isso por cerca de
15 minutos. Despeje o risoto em uma travessa de vidro e deixe-o esfriar um
pouco. Finalização: Ponha o risoto
em uma panela. Acrescente mais algumas conchas da água de bacalhau até chegar
ao ponto desejado (al dente cremoso). Mexa sempre. Adicione a abóbora amassada,
o requeijão, o parmesão, o palmito, o bacalhau e a salsinha picada. Mexa e
sirva. A consistência do arroz deve ficar cremosa. Decore com folhas de ouro
comestíveis.
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