E o que são estas
noites quentes de abril? Não há dúvidas
que o mundo está virando uma estufa! E
Fortaleza deve ser uma das mais quentes.
Este calor infernal
me fez desejar uma bebidinha que já foi hit das lanchonetes, sorveterias e
afins, nos anos 60, 79 - e acabou sendo esquecida nos anos 80: a Vaca Preta (quem se lembra?).
Guloseima gelada,
líquida e de coloração marrom a vaca
preta é preparada à base de sorvete e de refrigerante sabor cola. Geralmente
servida como drink refrescante, podendo inclusive ser utilizada como sobremesa.
O nome da bebida é
uma referência aos seus ingredientes: vaca refere-se a leite (um dos
componentes do sorvete), preta refere-se à coloração escura de todo
refrigerante sabor cola.
A vaca preta era a
bebida predileta da personagem de quadrinhos Luluzinha. Com o sucesso, no
Brasil da década de 60, das histórias da turma do Bolinha (também conhecida
como "turma da Luluzinha"), a bebida rapidamente se tornou tão
conhecida quanto a personagem.
Atualmente, não é
mais comum encontrar vaca preta no
cardápio das lanchonetes e sorveterias, ao contrário do que ocorria no Brasil
das décadas de 60,70 e 80.
De acordo com
CHAMBERLAIN (1983), nos Estados Unidos a bebida mais similar seria o ice cream
soda (ou simplesmente float). No Brasil, um anglófono diria que esta bebida se
trata de um ice-cream-and-cola float.
Nos Estados Unidos a
bebida (refrigerante de cola mais sorvete) é conhecida como "chocolate
cow" ou "brown cow", sendo a Vaca Preta ("black cow")
o resultado da mistura de root beer e sorvete de baunilha.
Confesso que,
particularmente, o nome original não me interessaria muito. O resultado da
mistura é que me “faz um bem!” – como diria o slogan da Coca no seu inicio em
solos brasileiros.
Só para não esquecer:
A Coca-cola, chegou
ao Brasil em 1941, durante a Segunda Guerra. Primeiro em Pernambuco, onde havia
uma base americana. Apenas para servir às forças armadas. Porque o proprietário
da empresa, Ernest Woodruff, em um arroubo patriótico, decidiu que todo soldado
americano deveria poder comprar o refrigerante, em qualquer lugar, pelos mesmos
5 cents que pagavam nas esquinas de suas casas. Pouco importava o custo. E logo
a garrafinha se converteu em símbolo do orgulho americano. Para o bem e para o
mal.
No Recife, a produção
começou na Fabrica de Água Mineral Santa Clara, mas logo se espalhou por todo o
Estado e chegou a Natal - produzidos em mini-unidades, e a partir de kits
importados. A primeira fábrica "de verdade" foi instalada no Rio de
Janeiro - na Rua Conde de Leopoldina, em São Cristóvão. O concentrado e o gás,
que vinham dos Estados Unidos, eram misturados em um enorme tanque de 300
litros, usando colheres de pau feitas com peroba do campo - madeira que não
deixa gosto nem cheiro. Só no primeiro dia foram vendidas 1.843 caixas.
O primeiro slogan,
por aqui, apenas reproduzia o americano "A pausa que refresca"
(1942). Depois veio aquele que é considerado, até hoje, o melhor de todos:
"Isto faz um bem"(1952) - criação do consagrado romancista J.G. de
Araujo Jorge. Em seguida outros, sempre ligando o produto à sua época. Como
"Tudo vai melhor com Coca-Cola" (1964) - destinado a toda uma geração
que ouvia Elvis Presley e Little Richard em festinhas regadas a Cuba Libre. Ou
"Isso é que é" (1970) - exaltando a natureza. Ou "Coca-Cola é
isso aí" (1982) - com o piano de Tom Jobim tocando "Águas de
março". Até o atual "Cada gota vale a pena". "Se a alma não
é pequena", poderíamos dizer como Pessoa.
Coke's Float |
Fonte: CHAMBERLAIN,
Bobby J. HARMON, Ronald M. "A Dictionary of Informal Brazilian
Portuguese". Georgetown
University Press, 1983, 728 pp. Parcialmente disponível na internet (clique aqui)
Receita
original de vaca preta
2 bolas de sorvete de creme
250 ml de Coca-Cola
Cobertura de chocolate ou caramelo para decorar
Preparo: No copo do liquidificador,
coloque as bolas de Sorvete e coca, e bata somente até obter uma mistura
homogênea. Espalhe a cobertura em um copo alto e encha com a mistura de
Sorvete. Sirva imediatamente.
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