segunda-feira, 9 de julho de 2012

Quem nunca comeu gelado, quando come queima a língua: o sorvete no Brasil.


E para aliviar este calor infernal, que tal um sorvete?
Qual o seu sabor preferido?  Eu gosto de todos os que tenham chocolate (risos). Embora eu também goste dos sorvetes com combinações exóticas, que hoje em dia as pessoas chamam de sorvetes gourmet (risos). 



No entanto, você sabia que esse danadinho gelado e refrescante é um Matusalém? (Para quem não sabe, Matusalém é geralmente conhecido por ser o personagem mais longevo de toda a Bíblia, tendo vivido por 969 anos, sendo que o ano de sua morte coincidiria com a ocasião do dilúvio, embora isto não seja mencionado expressamente pela Bíblia, sendo apenas um cálculo aritmético considerando que o dilúvio ocorreu quando Noé tinha 600 anos. Matusalém tornou-se um jargão popular no Brasil para designar algo ou alguém muito velho. Daí a expressão "mais velho que Matusalém"). Pesquisas mostram que o sorvete foi inventado há cerca de 3 mil anos pelos chineses!
No início, o "sorvete" era feito com neve, suco de fruta e mel - uma espécie de raspadinha de gelo. Outras pesquisas apontam o líder Alexandre, o Grande como o introdutor do sorvete na Europa e a sua "receitinha" era um pouco diferente da usada pelos chineses: uma mistura de salada de frutas embebida em mel e resfriada em potes de barro guardados na neve.



Mas foi em 1292 que o sorvete começou a tomar a forma que conhecemos hoje, quando o famoso viajante italiano Marco Polo voltou à Itália de uma viagem à China cheio de novidades como: arroz, macarrão e sorvete feito com leite. A partir daí, o sorvete começou a ser fabricado e muito consumido em toda a Itália, ao ponto de hoje o sorvete italiano ser reconhecido como um dos melhores do mundo. Por lá, em qualquer lugar pode-se encontrar uma gelateria, ou seja, uma sorveteria (em italiano, sorvete se fala gelato). 
Da Itália, o consumo do sorvete espalhou-se por toda a Europa, até que os ingleses o levaram para os Estados Unidos. Lá, a história dos sorvetes ganhou importantes capítulos.
Nos EUA, país que mais fabrica e mais consome sorvetes no mundo, dois fatos importantes ocorreram para tornar este alimento ainda mais popular: em 1851, Jacob Fussel abre a primeira fábrica de sorvetes do mundo! Pela primeira vez, os ‘ice creams’ passariam a ser produzidos em muita quantidade.


Jacob Fussel
O segundo fato, que mudou a história do sorvete, foi a invenção da refrigeração mecânica, ou seja, das geladeira. Ainda bem, porque se não fosse essa grande invenção, pessoas que moram em lugares quentes, como os brasileiros, teriam que viajar para longe se quisessem apreciar um sorvetinho!

A Rainha e o sorvete de Bacuri

Se Einstein queimou a boca, a rainha Elizabeth II refrescou o paladar em terras tupiniquins. 
Em visita ao Rio em 1968, a rainha cumpriu uma longa lista de eventos oficiais com pausa apenas para visitar a Confeitaria Colombo. Ficou encantada com o sorvete de bacuri, fruta exclusiva da Amazônia. Ela gostou tanto que levou várias latas de polpa da fruta para a Inglaterra.



Um pouco maior que uma laranja, doce e cheiroso, o bacuri já foi sobremesa dos grandes banquetes oficiais oferecidos pelo Brasil. 
Bacuri era a fruta preferida do Barão do Rio Branco, que acrescentou a compota de bacuri ao cardápio do Itamaraty. Ele dizia que tinha “gosto de flor”.

Quem nunca comeu gelado, quando come queima a língua

Os primeiros sorvetes desembarcaram no Brasil na década de 1830, mas não agradaram. Nossos ancestrais achavam que o alimento queimava a língua. 
Já o primeiro carregamento de gelo chegou quatro anos depois. Um italiano pediu autorização para produzir gelo com uma máquina pneumática. O primeiro requerimento foi negado pelo Império, por dizer sobre o “gosto sensual” do gelado. Só com o texto rescrito a autorização foi concedida.
O governador Diogo de Sousa fez sorvete de chuva em Porto Alegre. Aproveitando as geadas, comuns nos idos de 1812, cristalizou um sumo de frutas cítricas em pleno ar livre.

O Sorvete no Brasil

Vem do Rio de Janeiro a notícia do primeiro sorvete vendido no Brasil. Um navio americano chamado Madagascar aportou na cidade em agosto de 1834 com 217 toneladas de gelo. 
Dois comerciantes cariocas compraram a carga e em 23 de agosto começaram a vender sorvetes de frutas aos cariocas. Naquela época, os sorvetes ainda eram chamados de "gelados" no Brasil.
Sabe-se que aquela época para usar gelo em alguma preparação era preciso conservá-lo para que ele não derretesse: as barras de gelo eram então envoltas em serragem e enterradas em grandes covas. Esse processo ajudaria a manter o gelo por quatro a cinco meses.
 Antes do sorvete, as mulheres eram proibidas de entrarem em bares, cafés, docerias, confeitarias. Mas quando o sorvete chegou ao nosso no Brasil, as mulheres não se conformaram mais com essa convenção e passaram a invadir estes lugares para saborearem os gelados.
Em São Paulo, a primeira notícia de sorvete que se tem registro é de um anúncio no jornal A Província de São Paulo, de 04 de janeiro de 1978, que dizia: "Sorvetes - todos os dias às 15 horas, na Rua direita nº 14."


Cabe lembrar que naquela época não haviam muitos espaços para conservar o sorvete depois de pronto, as sorveterias anunciavam a hora certa de tomá-lo, causando alvoroço na cidade. Até as mulheres, que então eram proibidas de entrar em bares, cafés e confeitarias, resolveram quebrar o protocolo e fizeram fila para experimentar a novidade.
A primeira fábrica de sorvetes do Brasil foi a U.S. Harkson do Brasil, fundada em 1941 no Rio de Janeiro. Por muitas décadas o Brasil manteve sua produção artesanal de sorvete. Até a ameaça de guerra entre China e Japão repelir a U.S. Harkson de Xangai para o Rio de Janeiro, em 1941. Subsidiária de uma companhia norte-americana, a empresa iniciou produzindo ovos desidratados, mas para ocupar o tempo ocioso que a fábrica mantinha no verão a Harkson adotou a milenar receita chinesa. Os sorvetes lhe trouxeram prosperidade: a empresa se orgulhava de recordes como três milhões de picolés vendidos em um fim de semana.
Com uma sede novinha, a empresa se programou para manter-se popular em vendas. Para tanto, em 1942, inicia a circulação dos primeiros carrinhos azuis e amarelos pelas ruas do Rio de Janeiro: as cores, herança dos tempos em Xangai, acrescentou-se o nome: Sorvex Kibon.




O sorvete começou a ser distribuído em escala industrial no país em 1941, quando nos galpões alugados da falida fábrica de sorvetes Gato Preto, no Rio de Janeiro, instalou-se a U.S.Harkson do Brasil. Seu primeiro lançamento em 1942 foi o Eski-bon, seguido pelo Chicabon. Dezoito anos depois, a Harkson mudou o seu nome para Kibon.






Em quarenta anos surgiram os tijolinhos de sorvete e sabores clássicos como chocolate e morango e apareceram os de frutas tropicais. O marketing era pesado com campanhas extravagantes onde aviões sobrevoavam praias cariocas e jogavam picolé de paraquedas.
No ano de 1949, o consumo em São Paulo acabou fazendo com que os sorvetes fossem produzidos também naquela cidade – no ano seguinte a fabrica do RJ e a de SP tiveram que expandir para atender a alta demanda pelos produtos.
Até o final da década de 50, apareceriam: o sorvete em copinho e em lata, sundaes, picolés de frutas tropicais e bolo gelado. 




A empresa já mudara o nome para Kibon e dominava comerciais na TV aberta - a marca chegou a patrocinar episódios do Sítio do Pica-pau Amarelo, em 1953; e dois anos depois, estrearia programa próprio, a Grande Ginkana Kibon, que revelava talentos mirins da dança e da música, se convertendo em líder de audiência da TV Record, permanecendo nove anos no ar.





 Os anos se passaram e o sorvete caiu mesmo no gosto do brasileiro. Segundo a Associação Brasileira de Indústrias de Sorvete (ABIS), em 2006 tivemos um consumo de 507 milhões de litros. Mas, apesar do aumento do consumo, a taxa em torno de 2,7 litros por pessoa ao ano ainda é baixa, se comparada com outros países de clima frio ou com a Nova Zelândia, campeã da lista. Por lá a média ultrapassa 26 litros por habitante!

Para incentivar o consumo de sorvete o ano todo e não apenas no verão, a ABIS instituiu o dia 23 de setembro como o Dia Nacional de Sorvete. Se você é fã da guloseima, delicie-se, mas com moderação. Afinal, a maioria dos sorvetes contém alto índice de gordura saturada e hidrogenada. Dê preferência aos picolés de fruta ou a outros sorvetes sem gordura, que são muito mais saudáveis.

Curiosidades
No interior do Brasil, durante muito tempo, o sorvete foi ignorado. O sertanejo se recusava a tomá-lo por ser frio demais, suspeitando que desequilibrasse o calor interno.
O imperador do Brasil, D. Pedro II, era louco por sorvete de pitanga.
Não demorou muito para os sorvetes brasileiros ganharem um toque tropical, misturados a carambola, pitanga, jabuticaba, manga, caju e coco.
Até o século XIX, o sorvete era considerado alimento de gente rica. As damas da nobreza chegavam a brigar entre si (puxar o cabelo e sair na unha), porque uma roubava da outra o mestre sorveteiro.
O inventor da máquina de sorvetes foi o florentino Procópio Coltelli, que abriu em 1660 a primeira sorveteria de Paris (o Café Procope), ainda hoje o estabelecimento mais antigo da cidade.
Diz a lenda que Carlos I, da Inglaterra (marido da neta de Catarina), pagava uma pensão vitalícia a seu sorveteiro exclusivo, com a condição de que ele não revelasse a receita para ninguém. Seus sorvetes, em forma de ovo, tinham a casca de baunilha e a gema de framboesa.

Outra lenda famosa é a do imperador Nero de Roma, que, de tão louco pela iguaria, mandava um exército de escravos escalar até o alto das montanhas para colher neve e depois misturá-la com mel e frutas.

Outras invenções ligadas ao sorvete

Picolé - Foi inventado em 1905 por um menino de 11 anos chamado Frank Epperson, que esqueceu no quintal um copo de refresco com uma colher dentro durante uma noite de inverno. De manhã, ele notou que a bebida e a colher haviam congelado juntas.



Casquinha - A casquinha foi inventada por um vendedor de waffles de origem Síria, E. A. Hamwi, que, em 1904, teve a ideia de enrolar waffles em forma de cone. Mas por quê? Simples: o vendedor de sorvetes que dividia o carrinho com Hamwi cansou-se de ver seus copos e pratinhos sendo roubados pelos clientes.



Sabores tropicais - Os brasileiros criaram sorvetes e picolés de sabores tropicais como maracujá, carambola, pitanga, jabuticaba, manga, caju e coco.


Sundae e Banana Split  - foram inventados nos Estados Unidos, em 1890.



Ice Cream Soda - inventado em 1879, nos Estados Unidos, por Fred Sanders.



Sorvete Carioca ao Creme Andaluz

Em uma panela, junte 1 e meia xícara (chá) de leite, 4 cravos da Índia e 1 pau de canela. Cozinhe até ferver. Retire do fogo, acrescente 1 colher (café) de essência de baunilha, coe e deixe esfriar. Bata na batedeira 4 gemas e meia xícara (chá) de açúcar até obter um creme claro e fofo. Junte o leite frio e 1 embalagem de creme de leite (375g). Distribua o creme em tigelas refratárias, rasas, redondas com cerca de 10 cm de diâmetro. Coloque as tigelinhas numa assadeira em banho-maria e leve para assar em forno médio (180°C) por cerca de 1 hora ou até a superfície do creme ficar firme. Sirva 1 bola de sorvete sobre cada tigelinha de creme morno ou frio. Rendimento: 6 a 8 unidades


Tartelletes de Marzipã Recheadas de Sorvete de Morango regadas com

Calda de Chocolate

Marzipã:  Triture 2 xícaras (chá) de amêndoas cruas sem pele (300g) até obter uma farofa fina. Numa tigela, junte a farofa de amêndoas, ¾ xícara (chá) de açúcar de confeiteiro (110g), 1 clara ligeiramente batida e cerca de 1 colher (chá) de essência de amêndoas. Amasse bem até obter uma massa homogênea. Deixe a massa descansar por 30 minutos. Com o auxílio de um rolo, abra a massa bem fina e forre o fundo e as laterais de forminhas de fundo removível (com cerca de 10cm de diâmetro por 3 cm de altura cada). Leve ao forno médio (180ºC), preaquecido por cerca de 25 minutos ou até a massa ficar dourada. Retire do forno e deixe esfriar. Calda: Numa panela, misture 6 colheres (sopa) de água e meia xícara (chá) de creme de leite fresco. Junte 2 colheres (sopa) de manteiga sem sal (40g), meia xícara (chá) de açúcar e 3 colheres (sopa) de chocolate em pó. Misture bem.   Leve ao fogo brando e cozinhe até obter uma calda homogênea. Recheio: Recheie cada tartellete com 1 bola de Sorvete de Morango da Kibon. Regue com a calda quente e sirva em seguida. Rendimento: 8 porções

Sopa Doce com Sorvete de Maracujá

2 xícaras (chá) de leite
1 colher (sopa) de maisena
2 colheres (sopa) de açúcar
1 gema
meia colher (chá) de essência de baunilha
sorvete de maracujá


Preparo:  Em uma panela, junte o leite, a maisena, as colheres de açúcar e a gema. Misture bem e leve ao fogo brando, mexendo sempre até começar a encorpar. Retire do fogo, junte meia colher (chá) de essência de baunilha e espere esfriar.  Num prato fundo sirva 2 conchas pequenas da sopa e 1 bola de sorvete de Maracujá.

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