Recentemente tenho me
dedicado á pesquisas para um artigo cientifico que estou escrevendo sobre o
Altis Sagrado, em Olympia, Grécia. È sempre bom para mim reviver meus estudo em mitologia, que tanto me ajudaram a
descobrir motivos para determinadas coisas que a ciência até hoje não deu explicação.
Consegui para meus
estudos uma coleção de vídeos interessantíssimos do Museu Arqueológico de
Olympia, dentre outros, que tem me divertido e gerado muito material
interessante e esclarecedor sobre o que era o Altis de fato. A grosso modo
pode-se dizer que o Altis era - pois o que resta dele são ruínas - um complexo
de monumentos antigos (templos, casas de banho, lugares de lazer e desporto e
hospedagem) dos quais o templo de Zeus se tornou um ícone, por conter uma
estatua daquele deus que se tornou uma das 7 maravilhas do mundo antigo.
Porém nos meus
achados descobri que está justamente no Altis o mais antigo templo grego, o Herarion,
dedicado a deusa Hera, soberana do Olimpo, cujo pavão e a romã, ambos
apreciados por mim, são símbolos seus.
Mas o que fazer com
as romãs de Hera? Todo mundo sempre vê por ai recitas doces, mas a ideia deste
post é fazer diferente, assim como ter
uma visão um pouco diferente, ampliada da Hera mitológica.
Assim para não
colocar simplesmente recitas, vamos colocar mais conteúdo nisso... encontrei um interessante texto sobre a rainha
do Olimpo que compartilho com vocês nas linhas seguintes. O texto foi escrito por Anne Baring é co-autora de
"The Myth of the Goddess" dentre outras obras (www.annebaring.com ) no final, como de
prache, seguem as receitinhas. Espero que gostem.
Hera: um nome; diversas
interpretações. Para muitos, Hera é a ciumenta e vingativa irmã esposa de Zeus,
o todo-poderoso deus do Olimpo. Essa imagem estereotipada, contudo, oculta uma
outra visão; na verdade, Hera é uma das mais grandiosas deidades femininas:
muito, muito antiga, as origens de seus cultos se perdem na noite dos tempos,
recuando ao menos até 10.000 a.C.
Suas raízes remontam à
Deusa Mãe do Neolítico, associada à vida, à morte e à regeneração, temas que
fazem dela mais uma representação perfeita da Grande Deusa em sua típica
triplicidade. Originária provavelmente de Creta, Hera possui muitos elementos
em comum com Cibele, a conhecida e adorada deusa da Anatólia cujo culto
atravessou muitos séculos.
Freqüentemente, Hera é
representada na companhia de leões, serpentes e aves aquáticas. Na Ilíada, ela
é chamada de "Rainha dos Céus," e também de "Hera do Trono de
Ouro." Outro nome que costuma ser associado a Hera é "a deusa dos
braços brancos."
De todas as Deusas
gregas, Hera é a única que realmente apresenta traços de soberania. Ela é a
Deusa do Matrimônio - não da beleza ou da atração sexual, ou ainda da
maternidade, mas da união como um princípio. Como regente do casamento, é Hera
que dá validade e importância a essa união. Hera é também a protetora das
mulheres e de todas as formas femininas da vida.
Na Grécia, Hera era
vista principalmente como a Deusa da Lua. O mês era dividido em três fases, a
saber: o crescente, a plenitude e o minguar da lua. Por vezes, Hera era
representada como a Deusa Tríplice, nas formas de Donzela ou Virgem, A Plena ou
mãe, e a Viúva, ou a Separada. Hera, portanto, representa o próprío ciclo da
mulher em todo o seu poder e totalidade.
Ademais, Hera é o
Princípio Feminino. É também uma díade mãe-filha, pois Hera e sua filha Hebe
formam um todo, assim como Deméter e Perséfone.
Na iconografia, seus
símbolos são a romã e uma flor em forma de estrela. Tais flores eram trançadas
em guirlandas e usadas para adornar seus bustos e estátuas. Assim como Cibele,
Hera trazia nas mãos a romã. Um lindo diadema de ouro na forma de folhas e
frutos de murta foi encontrado nas proximidades de seu templo em Crotona, mais
uma associação.Mas a mais simbólica e profunda associação de Hera com o reino
vegetal é a espiga de trigo, conhecida como "a flor de Hera."
Um de seus epítetos,
Hera "dos Olhos de Vaca," não deixa dúvidas quanto à sua associação
com o gado. Bois e vacas eram-lhe sagrados, até porque seus chifres se
assemelham à lua crescente.
Como Rainha do Céu e da
Terra, ela traz semelhanças com a deusa egípcia Hathor. A Via Láctea era
conhecida, simplesmente, como "a Deusa."
Na mitologia grega, Hera
é, sem dúvida, a mais elevada das Deusas. Hera é mais conhecida como irmã e
esposa de Zeus, mas tal associação é muito posterior. A mitologia mais antiga
apresenta elementos que comprovam que a Hera original era independente e não
possuía marido. Posteriormente, é possível que tenha desposado Dioniso ou
Héracles, que descem ao Mundo Inferior na Lua Nova para resgatá-la, trazendo-a
na forma da Lua Crescente. O nome Héracles significa simplesmente "Glória
a Hera." Por sua associação solar, Héracles, juntamente com Hera,
representa a antiga imagem do filho-amante da deusa, e sua união é a união do
sol e da lua quando esta se encontra em sua fase cheia.
Através de seus truques,
Zeus leva Hera a adormecer, e Hermes põe Héracles ainda bebê em seu seio. Ele a
morde e, ao despertar, Hera o empurra para longe; o leite que jorra de seu seio
espalha-se nos céus, formando a Via Láctea.
Em seus locais sagrados,
Hera era cultuada por dezesseis mulheres. Após seu 'retorno' do Mundo Inferior,
elas banhavam sua estátua numa nascente sagrada, restaurando assim sua
virgindade - uma cerimônia que ocorria anualmente, antes da luz nova.
O grande ritual do
casamento entre Hera e Zeus ocorria no período da lua cheia, celebrando a união
da lua e do sol. Irmão e irmã; marido e mulher: o Hieros gamos, o 'casamento
sagrado', uma tradição mantida de uma era anterior.
Num nível mais profundo
e ancestral, o casamento entre Hera e Zeus pode ser visto como a relação entre
os dois grandes arquétipos da vida que só podem ser representados por um rei e
uma rainha, ou um Deus e uma Deusa. Seu casamento regenera o universo, numa
união criativa retradada no hieros gamos entre Hera e Zeus. Este sentimento era
provavelmente compartilhado por todos os participantes de seus ritos, os quais
celebravam seus próprios matrimônios no mesmo período do casamento entre a
Rainha da Vida e o Senhor da Vida; um casamento que unia cosmicamente os dois
grandes aspectos da vida.
Posteriormente, esses
aspectos passam a ser vistos como a terra e o céu, sendo a terra representada
pela deusa e o céu pelo deus. Contudo, por princípio, ambos estão muito além de
suas representações. Para se ter uma noção mais correta da profunidade dessa
união, é necessário conhecer a grande união abordada na mística tradição
judaica da Kabbalah.
Mitologicamente, a Terra
gerou a grande árvore de maçãs douradas das Hespérides em homenagem ao
casamento entre Hera e Zeus; contudo, acredito que essa árvore fora outrora
sagrada a Hera, e possivelmente as 'maçãs douradas' eram, na verdade, romãs.
Para mais detalhes sobre sua maravilhosa união, recomendo a leitura do 14o.
livro da Ilíada.
Templos gigantescos
foram erguidos em sua honra em Samos e no sul da Itália, além de outras
localidades. Hera era cultuada em sua forma humana como uma manifestação da
lua. Seu templo principal, porém, ficava na planície de Argos: o Heraion.
Reconstruído três vezes, o primeiro Heraion foi erguido por volta de 1000 a.C.,
nas fraldas do Monte Euboia, num amplo terraço de frente para a grande planície
do Argos. Uma vez por ano, durante uma lua cheia, tinha lugar a procissão
ritual de Hera, que passava pelas cidades do Argos: Micenas, Tiryns, Argos,
Midea. Para os gregos de então, o Heraion possuía a mesma importância que o
Templo de Jerusalém possui para o povo de Israel: ele era "o" templo,
um santuário para toda a terra. O mais antigo dos templos possuía enromes
alicerces, os quais ainda podem ser vistos.
Voltando à mitologia,
lemos que Zeus assume a forma de um cuco, abrigando-se no colo de Hera durante
uma tempestade. Com pena do pequeno pássaro, ela o cubriu com sua túnica. Por
conta disso, o cuco figura na ponta de seu cetro e também é esculpido em seus
templos. A lenda mostra claramente como Zeus não passa de um intruso nos
domínios matriarcais de Hera. Através do simbolismo do cuco, Zeus passa a
integrar a lenda do culto a Hera.
Ruínas do Heraion Samos |
Trata-se de um culto
bastante místico, cujo símbolo era a romã. Hera era cultuada como uma divindade
numinosa, que se manifestava para as pessoas. Seus seguidores não lhe dirigiam
pedidos, e ela provavelmente era cultuada como o princípio regenerador da vida,
regente do Mundo Inferior, da cúpula celeste e da terra. "Se não conseguir
demover os deuses do alto, volto-me para o Mundo Inferior", diz Juno na
Eneida. Tais palavras, porém, ecoam uma imagem mais antiga da Grande Deusa. A
romã de Hera passou para Perséfone.
Seus devotos
entoavam-lhe canções, e sem dúvida eles eram capazes de "vê-la";
afinal, falamos de uma época em que a experiência visionária ainda era aceita.
O mais velho de todos os
seus templos ficava em Olímpia, e é anterior ao ano 1000 a.C. - muito mais
antigo do que o templo de Zeus. Ali, Hera regia os torneios, onde as mulheres
corriam tão bem quanto os homens. As corridas entre as mulheres eram divididas
em três categorias - cada uma de acordo com a idade. (seria esta uma referência
à triplicidade Donzela-Mãe-Anciã?) Os torneios ocorriam no dia seguinte à lua
cheia.
No interior do templo de
Olímpia, uma estátua apresenta Hera sentada em seu trono, a Rainha dos Céus. Ao
seu lado, Zeus está armado como um guerreiro, mostrando claramente que ele é
quem fora escolhido como o favorito da deusa, e não o contrário.Através de Hera,
as mulheres eram enaltecidas e os homens desenvolviam sua onisciência do
feminino.
Ruínas do Heraion em Olympia |
Se Olímpia é seu mais
velho templo, o maior era o de Samos. O primeiro altar possuía 32 metros
quadrados; anos depois, foi construído outro muito maior, com 120 x 54 metros,
decorado com um friso por toda a sua volta, como no templo de Pergamon.
Em termos de locais
sagrados, a liha de Euboea era-lhe dedicada, e templos enormes foram-lhe
erguidos na Beócia, na Sicília, e em Paestum, na Itália, onde existia uma rede
de templos que se assemelhava a uma cidade a ela dedicada. Aqui, Hera era a
Deusa do Mundo Inferior, além de ser Rainha dos Céus. Como a lua crescente,
Hera ressurgia dos mortos; portanto, era ela quem restaurava a vida aos mortos.
Seu templo em Crotona, no sudeste da Itália, fornecia um elo de ligação entre a
planície de Argos e Paestum. Atualmente, uma solitária coluna é tudo o que
restou desse outrora grandioso templo.
Posteriormente, através
de Homero, Hera passa a ser vista como a esposa ciumenta e aborrecida de Zeus,
sempre tentando recuperar seu poder perdido, manipulando por trás de um
casamento infeliz com um marido patriarcal. Isto ecoa a antiga voz da deusa,
que tenta encontrar seu papel no novo mundo patriarcal. Reflete também a
completa submissão das esposas gregas diante de seus maridos. Ela se vinga de
Zeus em suas amantes, e também nos frutos dessas uniões - uma paródia da esposa
rejeitada, ciumenta, manipuladora. Por sua parte, Zeus se mostra constantemente
infiel, provocando-a e ameaçando-a: "Nem com você, nem com tua ira eu me
importo." Dessa união, surgem dois filhos: Hefestos, o aleijado, e Ares,
deusa da guerra e da discórdia.
Na Ilíada, percebemos a
necessidade do macho imaturo em difamar e satirizar as mulheres poderosas e a
antiga rodem social matriarcal; a necessidade de negar às mulheres seu grande
poder e sua profunda relação com a vida. Em Homero, Hera então é reduzida a uma
figura risível, ciumenta e vingativa, num contexto que retrata uma cultura
eicada à guerra, ao sacrfício humano e à glória. Zeus, por sua vez,
encaixa-se no papel arquetípico do 'Don Juan', é a imagem do macho f'lico que
passa a dominar a cultura grega.
Agora, Hera não passa de
uma deusa conquistada e subjugada, oriunda de uma ordem mais antiga. Zeus surge
de uma cultura invasora, que cultuava deuses do céu e que chegou ao
Mediterrâneo vinda do norte, impondo-se sobre as culturas anteriores que ali
existiam: a invasão dórica.
Num nível mais profundo,
os problemas de relacionamento entre Hera e Zeus simbolizam a dificuldade em se
unir as tradições Lunar e Solar na mente humana, pois devemos descobrir como
elas podem coexistir e frutificar. Trata-se de dois tipos diferentes de
consciência: a Solar: heróica, com sua abordagem linear, lutando pela
supremacia e pela perfeição; e a Lunar: cíclica, em busca da harmonia do
relacionamento, da conexão, da integração ou da síntese, da totalidade.
Por aí, podemos perceber
o quanto temos a aprender com Hera.
"O medo de não ser
páreo para a maturidade feminina é a principal causa da dominação e sujeição
patriarcal da mulher."
Ingredientes
2 romãs
1/2 xícara (chá) de trigo claro para quibe
2 cebolas roxas em fatias
Suco de 1 limão siciliano
3/4 de xícara (chá) de salsinha picada
1 colher (chá) de sementes de coentro
amassadas
1/4 de xícara (chá) de azeite
Sal a gosto (sempre pouco)
Modo de
Preparo:
Ponha o trigo em uma tigela e junte 1 xícara de chá de água. Mexa bem e leve à
geladeira para hidratar. À parte, regue a cebola com o suco de limão e reserve. Abra as romãs e retire as sementes e reserve.
Escorra o trigo e esprema bem com as mãos para retirar todo o excesso de água.
Junte a cebola com o suco de limão, a salsinha, o coentro e o azeite. Tempere
com o sal e leve à geladeira até o momento de servir.
Costelinha
de porco ao molho de romã
Ingredientes:
1,5 kg de costela de porco
1 xícara (chá) de vinho tinto seco
1 colher (sopa) de mel
1/2 cebola picada
sal e pimenta-do-reino a gosto
Para o
molho
400 g de músculo limpo
colher (sopa) de maisena
1 colher (sopa) de óleo
1/2 cenoura
1/2 talo de salsão pequeno
1 cebola pequena
1 colher (sopa) de extrato de tomate
1 l de água
2 colheres (sopa) de xarope de romã
1 colher (sopa) de mel
3 colheres (sopa) de sementes de romã
Modo de
Preparo: Numa
tábua, descasque a cebola e pique em pedaços pequenos. Numa assadeira, disponha
a costelinha e todos os ingredientes. Deixe marinar por 30 minutos. Enquanto
isso, prepare o molho. Preaqueça o forno a 200ºC (temperatura alta).Retire a costelinha
da marinada e os pedaços de cebola que ficaram na carne. Transfira a costelinha
para uma outra assadeira sobre uma grade. Leve ao forno preaquecido por 30
minutos. Abaixe a temperatura do forno
para 180ºC (temperatura média) e deixe assar por mais 20 minutos ou até que a
carne fique dourada. Retire do forno e deixe descansar por 10 minutos. Numa
tábua, coloque a costelinha com a parte do osso voltada para cima e corte entre
os ossos. Sirva a carne acompanhada do molho. Modo de Preparo do molho: Numa tábua, retire toda a gordura da
carne e corte-a em pedaços. Descasque e pique grosseiramente a cebola e a
cenoura. Pique o salsão em pedaços. Leve uma panela ao fogo alto. Quando
esquentar, coloque o óleo e a carne. Deixe fritar por 2 minutos sem mexer. Vire
a carne e deixe fritar. Acrescente a cenoura, o salsão e a cebola, mexa
rapidamente. Pare de mexer e deixe cozinhar por 2 minutos. Mexa novamente e
deixe cozinhar por mais 2 minutos. Repita esta operação até que a cenoura e a
cebola comecem a ficar douradas. Adicione o extrato de tomate e mexa. Quando o fundo da panela começar a ficar
marrom, acrescente 100 ml de água e esfregue o fundo da panela com uma colher
de pau, retirando todo o caramelo que se formou. Este processo chama-se
deglacear e é fundamental para dar cor e sabor ao molho. Quando a água evaporar
e os legumes começarem a fritar novamente, junte mais 100 ml de água e repita o
processo acima por mais 4 vezes. Você irá observar que os legumes ficarão
marrons. O segredo para um bom molho é ter bastante paciência. Acrescente a
água restante e abaixe o fogo. Tampe a panela e deixe cozinhar por cerca de 40
minutos ou até que o molho tenha reduzido 1/3 de seu volume. Retire a panela do
fogo. Numa peneira, coloque um pano limpo e despeje o molho. Aperte o pano para
que passe todo o caldo possível. Em outra panela, coloque o molho e acrescente
o melaço de romã, o mel e a maisena dissolvida em um pouco de molho. Misture
bem até que o molho engrosse. Junte as sementes de romã e deixe cozinhar por
mais 1 minuto. Retire o molho do fogo e sirva com a carne.
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