quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Caetano e as lágrimas de Vênus


  
Nesta terça, sete de agosto, Caetano Veloso comemorou seus 70 anos. E o que falar de Caetano? Rebeldia, música boa, tropicalismo, revolução... Caetano é vários, múltiplos. Mas uma definição feita pela própria irmã dele, Maria Bethânia me parece boa, e serviu como inspiração deste post. Veja o que disse Bethânia em entrevista ao Bom Dia Brasil, na Globo:


[,,,] Desde que eu me entendo por gente Caetano é estranho. Nunca vi um menino ficar sentado de 15h às 18h esperando uma flor que cai uma lágrima às 18h, na idade dele. Estava brincando de bola, ou estava fazendo outra coisa, e ele ficava sentadinho, esperando a lágrima de Vênus cair, chorar, aquela coisa perfumada, meio lírio. A gente brincava de coisas muito fora do normal, tipo faquir. Vamos brincar de faquir, ficar calado, deitado em uma árvore durante muitas horas. Então esse tipo de estranhice, solto, brinca. A gente reclamava de algumas coisas entre nós, a coisa religiosa, uma coisa muito rígida lá dentro de casa. Sexta-feira da Paixão, se cantasse ia para o inferno. Tinham uns terrores. Não meu pai e minha mãe, mas outras pessoas de importância e poder dentro da casa. E a gente olhava assim: ‘Então ta’. E subia e cantava, um pouco de rebeldia. Meu pai e minha mãe nos criaram com muita admiração, observando, permitindo, compreendendo [,,,].

Sim, ele é estranho. E isso fez toda a diferença. E a musica brasileira agradece. E este fato grifado me inspirou a falar sobre as lágrimas de vênus, tão conhecidas pelos gulosos de plantão: os morangos. 


Antes porem de contar como os morangos tornaram-se conhecidos como lagrimas de vênus devo  fazer uma explicação sobre a planta referida na citação de Bethânia: trata-se , provavelmente, do  gengibre branco (Nome Científico: Hedychium coronarium . Nome Popular: Gengibre-branco, lírio-do-brejo, lágrima-de-moça, lírio-branco, borboleta, lágrima-de-vênus, jasmin-borboleta; Família: Zingiberaceae, Divisão: Angiospermae; Origem: Ásia Tropical e com Ciclo de Vida: Perene)

Lágrima de Vênus (flor do gengibre branco)

Excelente planta palustre, o gengibre branco é muito vistoso. Sua folhagem é verde brilhante e muito ornamental. As flores são brancas, grande e muito perfumada e se formam o ano todo. Tem propriedades culinárias e medicinais como o gengibre tradicional.  Este gengibre é ideal para margens de lagos e espelhos de água e serve de abrigo para a fauna silvestre. Seu crescimento é muito rápido. Deve ser cultivada em grupos para melhor valorização de seu efeito paisagístico. Esta planta aprecia solos ricos em matéria orgânica e brejosos, isto é, permanentemente molhados sem, no entanto ficar abaixo da água. Seu porte varia entre 1,5-2,0 metros de altura. Deve se cultivada a pleno sol. Apresenta potencial invasivo. Multiplica-se por divisão das touceiras, tomando o cuidado de deixar uma boa parte de rizoma com cada muda.
Dada a explicação, voltemos aos morangos, Vocês sabem de onde vieram os morangos? Quem disser do supermercado eu  mando  ... risos (senta que lá vem história – e mitologia).
O morango teve origem nos Alpes, onde diferentes espécies de morangos silvestres já eram conhecidos desde os tempos mais antigos. Os romanos o apreciavam muito pelo seu sabor e seu perfume intenso e o chamaram de “fragans”, (Fragaria vesca – o morango silvestre europeu) em italiano ficou “fragola”. Eram muito consumidos especialmente no período das festividades em homenagem a Adônis e a Vênus (Afrodite).
Diz a mitologia que os morangos eram chamados de "lágrimas de Vênus“. Lágrimas que foram derramadas por ela na morte de Adônis, o mais belo dos homens. Ao caírem no solo, as lágrimas transformaram-se em pequenos corações vermelhos (os morangos).
Apenas por volta do século XV o morango começou a ser cultivado em hortas caseiras. No entanto, apesar de fornecerem frutos de excelente qualidade e notável aroma, os morangos de então eram pequenos e sua produção era bastante irregular. Ele é da família das Rosáceas, a mesma a qual pertencem as maçãs, peras, marmelos, ameixas, damascos, pêssegos e muitas outras.
Antigamente eram muito raros, hoje os encontramos durante todo o ano e vai bem com inúmeros pratos. Uma das primeiras da estação e das mais apreciadas pelos italianos são cultivadas em Terracina. No Brasil, o Estado de São Paulo destaca-se como o maior produtor de morangos do país, sendo o extremo sul de Minas Gerais também um polo considerável de cultivo da fruta.

O mito

A figura de Adônis, estreitamente vinculada a mitos vegetais e agrícolas, aparece também relacionada, desde a antiguidade clássica, ao modelo de beleza masculina. Embora a lenda seja provavelmente de origem oriental - adon significa "senhor" em fenício -, foi na Grécia Antiga que ela adquiriu maior significação.
De acordo com a tradição, o nascimento de Adônis foi fruto de relações incestuosas entre Smirna (Mirra) e seu pai Téias, rei da Assíria, que enganado pela filha, com ela se deitou. Percebendo depois a trama, Téias quis matá-la, e Mirra pediu ajuda aos deuses, que a transformaram então na árvore que tem seu nome.
Da casca dessa árvore nasceu Adônis. Maravilhada com a extraordinária beleza do menino, Afrodite (a Vênus dos romanos) tomou-o sob sua proteção e entregou-o a Perséfone (Prosérpina), deusa dos infernos, para que o criasse.
Mais tarde as duas deusas passaram a disputar a companhia do menino, e tiveram que submeter-se à sentença de Zeus. Este estipulou que ele passaria um terço do ano com cada uma delas, mas Adônis, que preferia Afrodite, permanecia com ela também o terço restante.
Nasce desse mito a ideia do ciclo anual da vegetação, com a semente que permanece sob a terra por quatro meses.
Afrodite e Adônis se apaixonaram, mas a felicidade de ambos foi interrompida quando um javali furioso feriu de morte o rapaz. Afrodite ficou inconsolável e quando seu pranto tocou o solo, nasceram os morangos. Sem poder conter a tristeza causada pela perda do amante, a deusa instituiu uma cerimônia de celebração anual para lembrar sua trágica e prematura morte.
Em Biblos, e em cidades gregas no Egito, na Assíria, na Pérsia e em Chipre (a partir do século V a.C.) realizavam-se festivais anuais em honra de Adônis.
Durante os rituais fúnebres, as mulheres plantavam sementes de várias plantas floríferas em pequenos recipientes, chamados "jardins de Adônis". Entre as flores mais relacionadas a esse culto estavam as rosas, tingidas de vermelho pelo sangue derramado por Afrodite ao tentar socorrer o amante, e as anêmonas, nascidas do sangue de Adônis.

E para deixar essa conversa mais animada, menos triste e mais saborosa e perfumada, vamos a receita:

Risotto com Morangos e Gengibre Branco Crocante

60 g de Arroz Arbóreo
50 ml de Vinho Branco Seco
50 g de Manteiga sem Sal
300 ml de Caldo de Legumes
1/2 cebola Branca bem picada
60 g de Parmesão Ralado
5 morangos cortados em 4
10 g de gengibre branco cortado em tirinhas finas
100ml de Óleo de soja

Modo de preparo: Aqueça o caldo em uma panela separada e deixe-o ferver. Doure a cebola na manteiga e acrescente o arroz arbóreo, Frite um pouco e some o vinho branco até que esse evapore. Vá acrescentando o caldo aos poucos, uma concha de cada vez, sem que essa cubra todo o arroz, e mexa até evaporar por completo. Faça isso até que o caldo acabe, acerte o sal, ou vá provando o arroz para ver o ponto, Apague o fogo e acrescente o queijo parmesão os morangos e a manteiga. Sirva quente. Gengibre Crocante Acrescente o óleo de soja e aqueça, assim que estiver quente acrescente as tirinhas de gengibre e frite, Separe e acrescente em cima do risotto

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