Ontem a noite comi uma
religiosa (risos). Falando assim a mente fértil das pessoas já começam a
divagar pelos lados mais pecaminosos. O que até é compreensível se considerarmos
que o ato sexual no Brasil é muito ligado à comida (quem come/ quem é comida (o)). Mas
isso é assunto pra Foucault e Freud.
No entanto foi comendo La religieuse, célebre doce da confeitaria francesa, que me peguei observando a hipocrisia das pessoas, no que tange aos valores moralistas que, na maioria das vezes, só servem para fazer tipo – porque a realidade mostra outra coisa (melhor parar por aqui. Pois este texto está virando algo muito complexo... risos).
No entanto foi comendo La religieuse, célebre doce da confeitaria francesa, que me peguei observando a hipocrisia das pessoas, no que tange aos valores moralistas que, na maioria das vezes, só servem para fazer tipo – porque a realidade mostra outra coisa (melhor parar por aqui. Pois este texto está virando algo muito complexo... risos).
Em suma: comi a
religiosa e imediatamente, junto com foto da mesma postei uma campanha de
marketing inglesa que uma famosa fábrica de sorvetes à italiana fez na terra da rainha, em 2010 – a qual criou muita polêmica, e
vendou ainda mais dos sorvetes , que já eram ótimos. Postei as fotos no
facebook e os comentários estão me divertindo até agora...
Vejam as fotos
abaixo, e tirem suas conclusões.
De fato mexer com a
religiosidade é algo perigoso. Já levou muita gente pro ‘buraco”. Mas os tempos são outros – embora
não menos perigosos.
Comer uma religiosa fez todo esse reboliço que me levou do sorvete italiano/inglês à Diderot – sim, ele também escreveu sobre a religiosa. Mas neste caso não falava sobre o doce, e sim em uma freira legitima cheia de complicações impostas pela vida, que além de livro acabou ganhando adaptação para as telonas do cinema: A Religiosa, dirigido por Jacques Rivette, em 1966, com base no último romance de Diderot, publicado apenas em 1796, doze anos após a morte do filósofo. Compreensível.
Preso uma vez, em
1749, por causa de um ensaio cujo tema era o poder dos cinco sentidos sobre a
razão (Carta Sobre os Cegos), Diderot foi mais cauteloso ao dar ao mundo sua
versão de uma história real, a de uma freira de Longchamp, Suzanne Saulier, que
perdeu um processo contra o convento em que foi confinada. Sem vocação, ela
teria lutado sem sucesso pela revogação de seus votos religiosos, como a bela
Suzanne Simonin de seu livro, que, aos 17 anos, obrigada pelos pais, ingressa
na vida religiosa sem convicção. O livro destaca o vigor crítico desse texto
"visual" que nasceu de uma brincadeira de salão de Diderot e seus
amigos, ao saber da história da freira de Longchamp.
Comer uma religiosa fez todo esse reboliço que me levou do sorvete italiano/inglês à Diderot – sim, ele também escreveu sobre a religiosa. Mas neste caso não falava sobre o doce, e sim em uma freira legitima cheia de complicações impostas pela vida, que além de livro acabou ganhando adaptação para as telonas do cinema: A Religiosa, dirigido por Jacques Rivette, em 1966, com base no último romance de Diderot, publicado apenas em 1796, doze anos após a morte do filósofo. Compreensível.
O Livro |
Visivelmente se pode
acreditar que o livro A religiosa, de Diderot, seria um texto amargo sobre a a vida monástica, ou mesmo um grande ataque à
religião –se considerado seus textos anteriores sobre o mesmo assunto.
A prisão de Suzanne Simonin não seria apenas física, mas, acima de tudo, moral. Privada de sua liberdade para pagar uma pena que não era a sua - a de ser filha bastarda de um advogado e uma mãe adúltera culpada -, a "religiosa" antecipa o drama dos personagens sartrianos. Para ela, não há saída. Seja no convento das freiras histéricas de Longchamp, que a identificam com Satã por ter negado seus votos, ou no convento das lésbicas libertinas de Arpajon, para o qual é enviada depois, Suzanne está condenada a pagar por sua lucidez e seu desejo de liberdade. E a pagar com a própria vida. Ajudada por um padre confessor igualmente sem vocação, ela foge do convento para viver livre, mas descobre tarde demais que a liberdade tem alto preço num mundo em que o senso de justiça social é precário. Às portas da prostituição, ela se mata.
A prisão de Suzanne Simonin não seria apenas física, mas, acima de tudo, moral. Privada de sua liberdade para pagar uma pena que não era a sua - a de ser filha bastarda de um advogado e uma mãe adúltera culpada -, a "religiosa" antecipa o drama dos personagens sartrianos. Para ela, não há saída. Seja no convento das freiras histéricas de Longchamp, que a identificam com Satã por ter negado seus votos, ou no convento das lésbicas libertinas de Arpajon, para o qual é enviada depois, Suzanne está condenada a pagar por sua lucidez e seu desejo de liberdade. E a pagar com a própria vida. Ajudada por um padre confessor igualmente sem vocação, ela foge do convento para viver livre, mas descobre tarde demais que a liberdade tem alto preço num mundo em que o senso de justiça social é precário. Às portas da prostituição, ela se mata.
Se pode sentir vendo o filme todo um embaraçamento de Diderot ao dar aos seus personagens uma
identidade fixa e estável. Quando se sabe, por exemplo, que ele se saía melhor
quando podia contar a história de forças naturais agindo sobre a estabilidade
dessa existência individual, quando se abandonava ao prazer de acabar com a
ilusão da autonomia pessoal. Não por outro motivo a freira de Diderot é uma
filha ilegítima sem recursos ou poder de barganha com a família. Se, nas
tragédias gregas, os filhos sempre acabam pagando pela culpa dos pais, o
destino de Susanne Simonin não é diferente. Há, efetivamente, uma progressão
trágica que marca A Religiosa desde o princípio.
Diderot assume a
personagem colocando-se no lugar da atormentada religiosa, numa espécie de
"androginia literária" em que Rivette apenas esbarra. Essa ética
hedonista, que derrubaria as fronteiras morais, fazendo com que freira e
criador se unissem contra uma disciplina estoica, é inútil porque se limita a
um impulso isolado contra o despotismo. Em todo caso, Diderot tem uma
esperança, assim como Suzanne: a de que seja ouvido pelo leitor; que ele, ao
menos, experimente a liberdade de imaginar a liberdade.
É ao leitor que o
autor conta (como se fosse Suzanne) que o relato só existe por causa do marquês
de Croismare, seu amigo, a quem escrevia cartas como se fosse a freira
perseguida de Longchamp, provocando-o com a necessidade de um benfeitor para
interceder em seu caso, mentira que se revelou, afinal, a mais trágica e pura
verdade.
O impacto do filme foi outra polêmica. Ao ser lançado, em
1966, A Religiosa, dirigido por Jacques Rivette e agora disponível em
DVD da Cult Classic, provocou um escândalo e tanto. O Ministério da Informação
da França recebeu 12 mil cartas solicitando sua interdição e o governo do general
De Gaulle simplesmente acolheu os pedidos. Proibiu o longa tanto na França como
no exterior. Ele só foi liberado porque o ministro da Cultura, André Malraux,
convenceu os produtores do Festival de Cannes a mostrar o filme, proibido por
"imoralidade". No Brasil, o longa foi exibido com cortes.
Com todo este
rebuliço eu não poderia deixar de falar, ainda, sobre este doce que trouxe todo
este contexto á tona.
La Religieuse, "freira" em francês, leva o esse nome a partir de uma semelhança, no entanto oblíqua, da aparência de uma freira obesa em seu hábito.
Não pdoeria deixar de citar, Sister Act (Do Cabarét para o Convento ou Mudança de Hábito) filme estadunidense de 1992, com Whoopi |
La Religieuse, "freira" em francês, leva o esse nome a partir de uma semelhança, no entanto oblíqua, da aparência de uma freira obesa em seu hábito.
La religieuse é construída de dois bolinhos de pâte à choux (massa choux) enchidos com creme pâtissière (creme pasteleiro), uma grande na parte inferior e uma menor na parte superior, cobertos com glace e chocolate e unidas com creme de manteiga. Muitas vezes, a cobertura é delicadamente moldada para ser vista como babados. E as pessoas sofrem o risco de sucumbir ao pecado da gula quando estes magníficos doces estão por perto.
A pâte à choux é uma
de pelo menos nove ou dez massas de pastelaria diferentes usadas mais
costumeiramente pela panificação e confeitaria francesa. O alto teor de água
presente na pâte à choux vaporiza durante o cozimento e faz com que a massa se
encha de ar. É uma massa relativamente simples feita apenas a partir da água,
ovos, farinha e manteiga, e não contém fermento. La religieuse teria tido sua
origem em meados do século XIX, como muitas outras sobremesas feitas de pâte à choux.
O que se sabe...
A pâte à choux em si
tem muitas histórias para o seu nascimento. Acredita-se ainda que
primeira iteração com este tipo de massa se deu 1540, sendo invenção
de Panterelli, o chef florentino da
rainha florentina da França, Catarina de Médici. A pâte à Panterelli
eventualmente se tornou pâte à Popelin (usado para fazer Popelinis, pães
pequenos em forma de seios de uma mulher), que posteriormente tornou-se pâte à
choux quando no século XIX a confeitaria
do Chef Avice chef mudou a receita para
criar seus novas sobremesas feitas de pâte à choux, e esse nome ele deu porque
eles se pareciam repolhos pequenos ("choux", em francês). Com o tempo
os confeiteiros foram refinando a
receita:
Uns dizem que o doce
surgiu em 1856, sendo inventado na Frascati de Paris, famosa por sua confeiteira, que havia lhe dado uma forma
diferente: um quadrado de massa folhada com recheio de crème pâtissière e
cobertura de crème fouettée. Somente no final do século XIX, tomou a forma como
nós o conhecemos: uma bolinha de massa
grande recheada com creme de chocolate (ou creme Chiboust) e coberto com outra pequena bola de
massa. Tudo estava gelado e decorado com redemoinhos buttercream.
O pai da alta
cozinha, Marie-Antoine Carême, fez os refinamentos finais para a receita no
início do século XIX. Porem a massa não
foi posteriormente renomeada por ele (até compreensível se considerarmos que
talvez pâte à Carême pudesse ser um nome
um tanto confuso, dado que Carême é a palavra francesa para a Quaresma). Em
qualquer caso, parece que ninguém mais pensou em mexer com a receita usada pelo
Carême, e a pâte à choux usada hoje é a
mesma usada por Carême a quase 200 anos atrás.
Agora, de volta a la
Religieuse ...
De acordo com uma
versão da história (cuja veracidade não pôde ser confirmada), a massa de Carême
foi um melhoramento da massa feita na Parisian pâtissier Frascati que tornaria seu legado mais visível para
gourmands de todo o mundo. Em 1856, depois de dias em sua cozinha ele
conseguiu criar la religieuse pela
primeira vez. Embora não se saiba exatamente quando o nome foi aplicado pela
primeira vez. É claro, no entanto, em 1929 o nome se alastrou espalhando a delicia ainda mais ,
e estas iguarias passariam a evocar a imagem de freiras obesas.
La religieuse é
tradicionalmente tem tradicionalmente o
mesmo formato – ate para não descaracterizá-la. No entanto, vários confeiteiros
têm produzido algumas variações de seus glacês e recheios que as tornam ainda
mais atraentes.
A Ladurée, a famosa pastelaria parisiense (particularmente conhecido por seus macarons), introduziu essas variedades exóticas como rosa, violeta, flor de laranjeira, anis framboesa, caramelo e manga
Agora faça suas religiosas para comer. e se delicie sem culpa - mas cuidado com o pecado da gula (risos)
A Ladurée, a famosa pastelaria parisiense (particularmente conhecido por seus macarons), introduziu essas variedades exóticas como rosa, violeta, flor de laranjeira, anis framboesa, caramelo e manga
As religiosas da Ladurée |
Agora faça suas religiosas para comer. e se delicie sem culpa - mas cuidado com o pecado da gula (risos)
Para a
massa choux:
1/4 litro de água
200 g de farinha
100 g de manteiga
4 ovos
1 pitada de sal
Para o
creme de chocolate:
3 gemas
90 g de açúcar
20 g de amido de milho
30 g de farinha de trigo
1/2 litro de leite
100 g de chocolate ao leite
1 pitada de sal
Para o
creme de manteiga:
2 gemas
60 g de açúcar
60 g de manteiga
Para a
cobertura:
100 g de chocolate ao leite
2 colheres de sopa de leite
15 g de açúcar de confeiteiro
Preparo
da massa choux:
despeje a água, o sal e a manteiga em uma panela. Leve a ferver. Acrescente a farinha e misture bem. A massa
deve sair desgrudar do fundo da panela. Retire do fogo para Incorporar os ovos,
um de cada vez, tendo o cuidado de misturar bem
cada vez que acrescentar os ovos. Prepare uma assadeira untada ou com
papel manteiga, em seguida, fazer sobre ela 6 grandes bolas de massa para a
base das religiosas, e seis menores para as cabeças. Asse 30 minutos a 180 ° C.
Uma vez bem douradas e cozidas, deixe esfriar.
Creme de manteiga: misture o
açúcar em uma panela com um pouco de água. Leve a ferver. Ele deve formar um
xarope. Em uma tigela, bata as gemas, em seguida, adicionar a calda. Bata até
que esteja frio. Adicione a manteiga gradualmente (com a ajuda da batedeira
fica mais rápido). Você deve obter um creme liso. Coloque no freezer para
endurecer um pouco. Creme de chocolate:
Ferva o leite e o chocolate em uma panela. Em uma tigela, misture as gemas e o
açúcar. Em seguida, adicione a farinha, o amido de milho e sal. Misture com o
chocolate ao leite. Depois, volte para panela em fogo baixo. A preparação deve
engrossar. Em seguida, retire do fogo e deixe esfriar. Cobertura: Fazer a cobertura, fazendo chocolate derreter com leite
e açúcar. Camada superior de cada repolho. Em seguida, montá-los. Montagem: faça um furo em cada bola e
em seguida, recheie com o creme de chocolate com a ajuda de um saco de
confeitar. Em seguida cubras as com a cobertura de chocolate, monte-as com a
ajuda do creme de manteiga e as decore a gosto.
Leve-as ao freezer e tire-as de lá horas antes de servir.
Dica: Eu recomendo que você faça a cobertura por
ultimo pois ela endurece rapidamente.
Massa
Choux:
250 ml de água
100 g de manteiga sem sal - em cubos
2 g de sal
4 g de açúcar refinado
150 g de farinha de trigo
4 ovos
Creme
de rosas:
800ml de leite
8 gemas
160 g de açúcar refinado (dividido em dois)
60 g de amido de milho
extrato de baunilha natural
50 ml de água de rosas
100 ml de xarope de rosa
Creme
de manteiga:
120 g de açúcar
40 ml de água
4 gemas
180 g de manteiga - em cubos, à temperatura
ambiente
extrato de baunilha natural
Cobertura
de Fondant de-rosa:
250 g de fondant branco pornto ( se encontra nas lojas de produtos
para culinária)
20 ml de xarope de rosa
Preparo
da massa: Junte a água, o sal e o açúcar em uma panela.
Adicione a manteiga em cubos e deixe ferver. Tire do fogo após ferver e
acrescente a farinha rapidamente de uma só vez e mexa com uma colher de pau
para incorporar veementemente. Retorne panela ao fogo baixo e continue mexendo
para tirar a umidade até que a massa solte do fundo da panela. Coloque a massa
em uma tigela limpa, misture os ovos um de cada vez, com uma colher de madeira
(ou na batedeira). Com a massa pronta,
faça a mesma quantidade de bolas grandes e pequenas e leve para assar em uma assadeira forrada com
papel manteiga. Asse em forno a 150 graus C até dourar (cerca de 25 minutos),
em seguida, deixe esfriar completamente .Creme
de rosas: Em fogo médio, aqueça o
leite com metade do açúcar em uma panela; Usando um batedor de ovos, misture as
gemas com batidas ligeiramente com a outra metade do açúcar, em seguida,
adicione a baunilha e o amido. mistura até a massa soltar na panela. Em uma
tigela limpa, bata a massa com a água de
rosas e o xarope de rosas, em seguida cubra com filme plástico, leve para
esfriar completamente na geladeira. Quando esfriar, preencha generosamente as
bolas de massa já assadas. Creme de
manteiga; Misture o açúcar e a água em uma panela ferver. Coloque as gemas em uma batedeira, em
velocidade baixa e bata ate ficar uma espuma clarinha. Lentamente vá juntando a
calda de açúcar até ganhar uma mistura volumosa, mas ainda morna, Incorpore a
manteiga cubo por cubo. Mistures suavemente até ganhar uma consistência
cremosa. Usando um saco de confeitar e uma ponta pequena estrela, decorar como
quiser. Cobertura de Fondant de-rosa:
amoleça o fondant de acordo com o que
pede a embalagem. Misture o
xarope e misture bem, em seguida cubra metade das bolas. E monte-as com o creme
de manteiga.
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