Caros Confrades, como
estão? Espero que bem. Eu, ainda ando me recuperando de outra crise renal, mas
como sempre produzindo.
Hoje tenho a grata
satisfação de apresentar outras entrevistas interessantes para o nosso cantinho
Sabores da Tradição.
O entrevistado de hoje
é um jovem chef o qual temos muito em comum: desde a estreia muito cedo no
mundo gastronômico, passando pelo fascínio pela gastronomia, formação em
hotelaria e outras particularidades que vocês ficarão conhecendo com o texto a
seguir.
Eu acredito piamente no poder de transformação
que o mundo gastronômico pode fazer na vida de uma pessoa. E o mais
interessante é poder encontrar relatos deste fato. Ao longo de meus estudos, de
minhas pesquisas envolvendo o mundo gastronômico – sobretudo pelo
turismo/hotelaria - , é de suma importância considerar que existe sim uma
explosão midiática da atualidade no que
tange ao estudo dos alimentos e bebidas, mas o que mais
me agrada é saber que existe por trás
disso tudo a força e o interesse de jovens por uma área que até bem pouco tempo
era esquecida, pouco valorizada – principalmente quanto ás questões culturais.
Ao ler a entrevista
que segue se percebe o quão importante é a dedicação, o interesse e a doação de
uma pessoa para com a gastronomia. A diferença em estar chef é uma
responsabilidade alta, mas que só se sustenta com a virtude da criatividade, do
uso da imaginação, da atenção.
Bom, vocês agora vão
poder conhecer um pouco mais do Chef Lucas Nalesso Liberatore, responsável por
uma das mais conceituadas padarias de Fortaleza-CE. Recomendo testar a receita
que eles nos apresentou – vale á pena - , e eu, vou já pensar numa forma de conseguir uma horinha
a mais no meu dia par atentar convencer
o chef a me permitir ser um observador/aprendiz de suas suas guloseimas de açúcar
– Quem sabe eu tenho sorte!
A descontração do Chef Liberatore |
Barão de Gourmandise (BG). Para os que não lhe conhecem, poderia dizer
quem é você? (apresentar-se contando sua procedência, um mini currículo e como
entro em contato com o mundo
gastronômico e suas especialidades)
Chef
Lucas Liberatone (CLL) - Sou Lucas Nalesso Liberatore, nascido em são Paulo,
tenho 27 anos, sou formado em hotelaria no SENAC de Águas de São Pedro. Hoje
moro em Fortaleza e foi mais ou menos assim que eu vim parar aqui … Quando eu
tinha 16 anos a única coisa que eu sabia da minha vida era que meu bisavô por
parte de mãe tinha sido um ótimo cozinheiro na Espanha, e que meu avô por parte
de pai era um perito em fazer macarrão, e nesse tempo eu só fazia alguns bolos
e tocava rock e gostava de sempre receber pessoas na minha casa, foi ai que
decidi fazer hotelaria pois observei que seria um curso bom para decidir o que
eu queria, pois passamos por todos os setores do hotel , foi ai bem ai que a
escolha foi feita, quando passei alguns dias na cozinha, eu tinha percebido
algo novo, alguma coisa viva diferente, era muito interessante ver a concentração
das pessoas diante de comida, ainda eu não entendia muito isso, mais fiquei
muito impressionado. Então decidi no meio da faculdade que seria isso que
queria Cozinha, mais com 18 anos logo vi que teria que correr o dobro, pois as
pessoas que faziam gastronomia tinham mais foco na cozinha do que eu. Então fui
logo atrás de estágios e meu primeiro estágio foi em Ubatuba em um hotel chamado
Costa Verde Tabatinga - muito bom lá, trabalhei de gardmanger fazia entradas e
saladas e foi nesse momento que conheci a primeira pessoa a quem agradeço muito
todos os dias da minha vida um rapaz chamado Gaston Gomez, que era Chef
patissier Argentino que era muito bom , muito concentrado e perfeccionista
,mostrou para mim que a confeitaria era um trabalho muito especial , muito
dedicado , e aprendi muita coisa com ele
e uso-as ate hoje, passei todas as ferias trabalhando nesse hotel, ficava feliz
quando chegava essa época, Então acabou a faculdade, e logo no dia seguinte já
estava empregado em um restaurante em São Paulo chamado Lorenzo Via Goumand que
ficava na rua Mario Ferraz, uma rua com vários restaurantes conceituados de São
Paulo - lá eu entrava as 7 da manha e
sai a hora que o ultimo cliente fosse
embora , era tudo a la carte. No começo fazia de tudo, lavava pratos, panelas, o
chão, ajudava sempre que necessário, e percebi que se todo dia eu fosse melhor
que o outro eu ia crescer rápido , e demorou uns 3 meses e eu já estava fazendo
as entradas, um jovem rapaz faltou e eu sabia como trabalhar no setor e pedi permissão
ao chef e foi concedido , e depois de 6 meses logo vi que o confeiteiro não
ficava ate o fim do dia e quem montava as sobremesas eram os próprios
cozinheiros. Então resolvia ficar atá o final para montar as sobremesas, e acabei conhecendo a segunda pessoa muito
especial chef Nilson Quirino trabalhou no Fasano, Gero, Parigi e La Tambouille,
ele era fera! Um cara que falava pra eu encarar que tinha jeito, que nessa profissão
tinha que ter uma coisa que e muito importante, PACIENCIA, tudo tem sua hora ,
só basta trabalhar com amor e dedicação e acreditar em você, e ai foi , sai de lá
com toda a forca do mundo passei por um flat da rede Clarion, um restaurante
que se chamava Cayenna , foi rápido mas lá eu era cozinheiro e logo fui chamado por um amigo para ir para um bistrô que era em São Paulo,
alto de pinheiros, se chamava Le Parisien, ali foi a experiência mais difícil
para mim, aonde meu crescimento foi algo muito significativo, entrei como cozinheiro e éramos em 7 na cozinha , depois de 3 meses éramos
em 3 , e eu tive que assumir, o chef dono me chamou , ele era francês e as
pessoas não aceitam algumas coisas , eu estava lá para absorver tudo que eu
podia, não me importava com broncas e puxões de orelha, era hora de aprender.
Então ele me perguntou se eu topava refazer a equipe com ele, e foi ai que eu
dei a cartada final pra entrar nesse mundo ! Aceitei com todo o prazer,
passamos ótimos momentos, serviços perfeitos. Eu tinha entendido , tinha que
ralar mesmo para chegar alguma coisa!!!Mas como mexia muito com as sobremesas e
estava sempre servindo elas, resolvi de forma insana e sem pensar 2 vezes , que
eu iria começar tudo de novo e virar confeiteiro. O telefone tocou e era de uma
confeitaria que se chamava Patisserie Douce France, eu nem imagina o que era,
aonde era e como era , e quem era o chef , eu queria a oportunidade , e marquei
a entrevista. Cheguei para a entrevista e de repente saindo de uma porta, vem
um homem alto, cabelo penteado, com a dolma branquinha , sentou-se e me olhou
nos olhos e disse : menino, eu sou bravo eu cobro muito, mas o aprendizado é
grande . Bom nem pense , na verdade nem entendi muita coisa , porque ele era francês
e o sotaque era muito forte, bom eu não sabia mais eu tinha acabado de conhece
a pessoa que me mostrou que fazer patisserie e ser um patissier era muito mais
do que todo mundo imagina... Chef Fabrice Lenud, ele finalizou a entrevista
pedindo pra eu chegar para trabalhar as 4 da manha . Cheguei era auxiliar de
confeitaria, fazia o básico, o chef era muito rígido, e todos o respeitavam
muito, a hierarquia era respeitada religiosamente, na cozinha o chef chegada
bem cedo juntos com os funcionários, só se ouvia o barulho dos tamancos
correndo, sim chef e não chef, e todos os dias a musica ambiente eram as Óperas.
A concentração era grande em 5 anos que passei por la , passei por muitos
momentos de aprendizado, o respeito por tudo dentro e fora da cozinha, a força
de vontade, a garra, nunca desisti, e o mais importante é que o detalhe faz a
diferença. Conquistei em 1 ano minha promoção fui para confeiteiro, aproveitava
todas as oportunidades, sempre muito dedicado, foi ai que conheci a pessoa mais
importante da minha vida , ele era o sub chef , hoje dono de uma pâtisserie
Tartellier o chef Thiago Emidio, éramos uma dupla , sempre um apoiando o outro
, era muito complicado os horários , os trabalhos , os eventos, parecia uma outra
vida, abdicamos de nossas vidas por uma profissão e não por um trabalho, era
muito intenso, queria mais, passados 3 anos subi ate virar o sub chef , nesse
meio tempo eu e o Thiago conhecemos Carlos e Marcio Petrone, eles fizeram uma
proposta pra o Thiago e ele veio parar aqui em Fortaleza , após 1 mês Thiago me
ligou e estava saindo da Douce France , pois queria mais , ai ele me fez o
convite de vir para Fortaleza e eu topei !! Chegando aqui conheci uma família
maravilhosa que me deu e me da todo o suporte para tudo que eu preciso a família
Petrone, proprietária da padaria Monte Carlo.
A presença importante da família e dos amigos |
BG. Atualmente, como pesquisador
de cultura gastronômica – principalmente no seu impacto para atividade
turística, eu tenho percebido um crescimento no interesse de estudiosos e mesmo
da população na gastronomia. Você também percebe este desenvolvimento na sua
prática? Revele para nós o que mais te encanta na gastronomia, e de que forma
este encantamento tem domínio sobre você?
CLL- Antigamente e não
falo de muitos anos atrás, era muito difícil de ver o que acontecia do outro
lado do balcão, e agora com as redes sociais e também a televisão vem trazendo
esse mundo de dentro das cozinhas, mostrando como a grande alquimia da cozinha
funciona, farinha, água, sal, manteiga, ingredientes que em uma combinação
exata se transformam em coisas maravilhosas e com isso começa a existir um
interesse por parte de muitas pessoas, e realmente esse é o grande fascínio da gastronomia,
essa química, isso é apaixonante , viciante , separar uma receita , misturar ,
bater , cozinhar , esfriar , gelificar , isso é prazeroso demais , é bonito
demais .ainda mais com o aumento de novos ingredientes sendo descobertos , o
uso diferenciado deles no mundo gastronômico, isso é fruto de muita pesquisa de
gente muito determinada e interessada , novos tipos de técnicas cada dia se
descobre e se redescobre alguma coisa nova .E é isso que as pessoas começam a
querer buscar , porque hoje mais do que nunca todos estão querendo sempre receber amigos e
familiares em casa ,alguma confraternização, festa e nessa nova fase , todos querem cozinhar na
sua própria cozinha e não pedir comida pronta, e para isso é necessário
conhecimento e treino , por isso o interesse tão grande nesse mundo !!!
BG. Consideremos o fato de que a
questão cultural pode influenciar diretamente o consumo de gastronomia numa
sociedade. Levando isso em conta como você definiria a realidade gastronômica de Fortaleza hoje ?
CLL- Fortaleza hoje tem
uma realidade gastronômica bem interessante, onde as pessoas estão tendo
contato com produtos diferentes e técnicas de chefs que estão chegando de todos
os lados, e isso é muito boa para todos nós, a gastronomia regional vem sendo
temperada com toques diferenciados de técnicas francesas, ou até cocções
inovadoras. Hoje vemos a nossa tradicional carne de sol sendo preparada de
diversas maneiras, os nossos peixes, as nossas frutas. A vinda de chef diferentes
para Fortaleza, juntamente com os chef locais que conhecem muito bem o terreno,
criou uma cena muito boa para a cidade, ainda mais em tempos de que vamos
receber grandes eventos, e precisamos estar preparados para servir com maestria,
e mostrar a cara de Fortaleza , mostra que a cidade tem uma gastronomia impar .
BG. Você desenvolve um trabalho
primoroso numa das melhores padarias de Fortaleza. As padarias se desenvolveram
muito ao longo dos tempos, deixaram de ser lugares simples onde se vendia
apenas pão e leite para se tornar vitrines de guloseimas onde se pode encontrar
de um tudo. Diga-me, o fator
criatividade é importante no seu trabalho? Você consegue identificar o novo
papel de uma padaria na sociedade? O que a Padaria Monte Carlo representa pra
você? É importante dominar técnicas especializadas para atrais o consumo?
CLL- As pessoas hoje em
dia, estão cada vez mais sem tempo e estão sempre querendo compactar as tarefas
diárias, para poder aproveitar mais a parte familiar ou ate programas sociais e
com isso as padarias vêm trazendo esse conforto, aonde cada vez mais o produto
tem que ter excelência, a gama de produtos é enorme, então o uso de diferentes técnicas
é de prima importância.
Como venho de uma pâtisserie a mudança de
estilo de trabalho é bem complicado, venho aplicando procedimentos que trago
dessa área, por isso que a Monte Carlo esta marcando minha vida, pois agora
posso aplicar meu conhecimento em um empreendimento macro, e está dando certo
até porque é um trabalho que envolvem
muitas pessoas que trabalham com muita seriedade, pessoas de caráter, como o
caso da família que é dona do empreendimento , pessoas que se estudam o que
fazem , cada dia querendo fazer o melhor , e por isso os treinamentos são mais
constantes do que nunca, sempre visando estar na frente.
As Tartes de Morango que o Chef produz na Monte Carlo |
BG. Gastronomia é entrega. A visão glamorosa do chef de cozinha que a
maioria das pessoas tem acaba sendo diferente de uma realidade onde o trabalho
e a dedicação a ele é a mola mestre de um grande chef. Considerando isso, conte
um pouco sobre a sua rotina, seu processo de trabalho.
CLL- Realmente a visão que
todos tem de ser um chef de cozinha é bem errônea, a rotina até se tornar um
profissional capaz é bem penosa, e requisita muita abdicação , não passo um
natal com a minha família desde os 17 anos. Hoje acordo as 5 e meia já pensando
no que vou fazer, como vou começar, chego as 7 no trabalho, temos uma reunião de 5
minutos, aonde tudo o que aconteceu no dia passado ou o que vai acontecer é
colocado em pauta ,em seguida faço as listas de produções onde cada praça tem a
sua, no desenrolar do dia são feitas diversas atividades, como acompanhamentos,
teste de receitas, produção, reuniões, treinamentos, o dia acaba geralmente as
5 ou as 6, mas em datas festivas, chego a trabalhar 48 horas e até mesmo depois
de um dia normal, quando chega em casa não para, a gastronomia mental continua
.
BG. Nos últimos anos temos visto
os grandes chefes internacionais transformando ingredientes genuinamente
brasileiros em obras de arte da gastronomia. De fato nosso país continental
possui uma diversidade de produtos que permite a criação de devaneios
culinários. Mesmo assim, o Brasil ainda precisa explorar mais os ingredientes
especiais e exóticos que tem para mostrar uma gastronomia mais brasileira. Diga-me,
você desenvolve receitas com produtos regionalistas? Tem uma preocupação
cultural com o seu trabalho, no sentido de dar características locais a sua
produção? (se sim, de exemplos do que você utiliza e o resultado disso)
CLL- Certamente que é
muito importante o conhecimento sobre produtos regionais, até porque com o uso
de técnicas diferentes podemos criar situações diferentes, eu no meu dia-a-dia,
faço o macarron de tapioca, aonde tem a mistura da técnica francesa com o
produto brasileiro criando uma mistura muito interessante, também colocamos em
linha bolos de batata doce, macaxeira, rapadura, coisas nossas. Fazendo assim
as pessoas darem mais valor aos produtos da região.
BG. No século XIX, Antoine Caréme
foi o grande mestre da confeitaria e o preferido de todos os Reis Europeus. Ele
ornamentava os seus banquetes com fantásticas obras de arquitetura em pasta de
açúcar. Editou em 1815 o livro “Le Pâtissier Royal Parisien”. Em 1894, Ernest
Schulbe mostrou os seus trabalhos de flores em açúcar em Londres. Editou também
um livro “Advanced Piping and Modelling” com receitas e utensílios, muitos
feitos em osso, mas em tudo semelhantes aos utilizados nos dias de hoje, para
modelar e marcar flores. A evolução da confeitaria sempre trouxe maravilhas em
produtos e utensílios para a cozinha. Considerando que eu sempre vejo algumas postagens
suas no facebook, ou quando vou á Monte Carllo para comer alguma coisinha, vejo
sempre muitos doces – porque eu sou formiga. Assim, eu gostaria de saber qual a
importância dessa inovação na confecção de sua confeitaria? Você faz estudos
para saber o que a clientela acha do que você produz? Você consegue identificar
um possível refinamento no paladar de
seus consumidores – e como voce lida com isso?
CLL- Antoine Caréme foi
realmente um marco na história, o chef dos reis, todos os queriam, pois ele era
diferente, ele fazia diferença, ele fazia despertar nas pessoas um sentimento
que elas nunca tinham sentido por comida, todos tinham prazer de comer, mas
quando Careme fazia era diferente, era uma surpresa atrás da outra, além de ser
o chef que colocou a massa folhada no patamar dela, e é isso que eu tento
trazer dele para mim, fazer sempre de um modo que seja diferente, utilizando técnicas
minimalistas, com o detalhe sendo o diferencial, muitas cores, texturas, cada
parte do procedimento muito bem executado para que o resultado final seja
perfeito, utilizando sempre materiais novos, para se aplicar de maneiras
diferentes. Sempre que um cliente me para na loja para conversar ele sempre me
fala que o detalhe dos doces é muito bem feito, cada gotinha de merengue, cada
pedacinho de fruta, as tartes sempre bem feitas, os croisants bem douradinhos,
que parece que tem muito carinho na vitrine e realmente tem é uma entrega total
para desenvolver sempre o que há de melhor.
BG. Desde o
Séc. XX bolos decorados começaram a ser cada vez mais acessíveis nas padarias e
confeitarias do mundo inteiro. Contudo ainda existe um preconceito que recai sobre
“o bolo de padaria”. Como você analisaria essa questão?
CLL- O bolo de padaria
acabou sendo esquecido por conta das inovações e da procura de doces mais
refinados. Mas não podemos nos esquecer desta maneira de um produto por muito
tempo e até hoje é muito procurado. O que nos estamos fazendo é trazer de volta
o bolo de padaria, só que com um conceito diferente, um bolo mais estruturado,
com menos glace ou cobertura exagerada e com mais sabor. Pois esse é o preconceito
com bolo de padaria, um bolo cheio de coisa e sem sabor marcante, apenas doce,
muito doce. Entáo fez com que as pessoas procurassem produtos mais focados .
BG. Diz o ditado: “Casa de ferreiro, espeto de pau”. Você costuma
preparar algo em casa, ou é do tipo que não quer nem saber de cozinha quando
chega do trabalho? O que você não gosta de preparar e por quê?
CLL- No meu caso esse
ditado não se encaixa (risos). Sou casado com uma mulher maravilhosa e todos os
dias tenho o prazer de preparar nossa janta. Além de ser um momento em que
ficamos juntos. Gosto muito de preparar comidas diferentes, comida árabe,
comida mexicana, tradicional italiana e não tem nada que eu não goste de
preparar. Pois cada dia faço testes com produtos e ingredientes que nunca usei,
tento sempre fazer algo diferente todo dia, até para não ficar na mesmice. Além
de receber amigos em casa e preparar jantares, realmente não saio da cozinha .
BG. Considerando seu trabalho e sua memória
gustativa, diga-nos qual o sabor da sua tradição. (descrever aqui um ou mais
pratos que sempre estão presentes na sua vida – e que tem um valor sentimental
ao ponto de já ter virado uma tradição na sua mesa)
CLL- Como sou metade de família
italiana e metade de família espanhola, as nossas mesas sempre foram regadas de
muita comida boa e bebidas espetaculares, mas tenho 2 pratos que sempre me
acompanham em todos os lugares , bom por parte de familia italiana , todos os
domingos íamos na casa de meu avo Cezar Liberatore , pai do meu pai, e lá chegávamos
cedo e lá estava ele preparando o macarrão do modo tradicional italiano, o sótão
improvisado parecia um laboratório do vovô, o molho apurando, desde as 6 da
manha, o pão italiano fermentando pronto para entra no forno e logo virar dúzias
de bruschettas, quando a mesa estava posta parecia sempre a santa ceia , comida
farta, mas levo comigo a tradicional bruschetta, um bom pão e um recheio
simples e bem feito . Já por parte de mãe, parte que cozinha muito bem, tenho
um prato que toda vez que volto a São Paulo minha mãe tem que fazer (risos), o
famoso puchero , é realmente incrível como posso sentir o gosto, e lembrar cada
tempero que minha mama religiosamente coloca no prato, uma explosão de sabores
- e comida de mãe não tem jeito é realmente imbatível.
BG. A gastronomia sempre precisa
de dois elementos básicos para funcionar: uma pessoa que prepare uma refeição e
outra que a deguste. Soma-se à isso ingredientes, técnicas, utensílios e outras
coisas para o desenvolvimento da produção culinária. Sabendo disso, para quem e
o que você gostaria de fazer uma preparação ( qual o formato e qual a ocasião)?
CLL- Bom depois de tanto
tempo longe de casa e de passar todas as datas festivas longe deles, o meu
grande sonho era fazer uma grande ceia de natal, para toda a minha família,
gostaria de servir as pessoas que me serviram a vida toda, as pessoas que
sempre batalharam para eu ter estudo e me moldaram para uma sociedade aonde ser
educado é primordial e não custa nada, seria um grande momento, pois hoje em
dia cozinho para todos os tipos de pessoas e todos os tipos de eventos. Lógico
que é muito prazeroso, mas para minha família teria um gosto especial, um sabor
de missão cumprida, ver todos eles felizes na mesa, comendo o que eu faço de
melhor. Tudo isso misturado com muito amor de verdade, seria um grande
momento...
BG. Aperitivo: (cite aqui
qualquer informação adicional que você deseja incluir na entrevista)
CLL- Gostaria para finalizar deixar uma mensagem para aqueles
que pensam em entrar nesse mundo gastronômico. Primeiramente tenha muita
humildade, pois com ela todos nos vamos longe, realmente abre portas. Muita
vontade de trabalhar e de aprender. Pois o aprendizado é muito grande, mas
precisa correr atrás, tenha justa dedicação em tudo que faça, pois sempre vai
fazer a diferença, nunca espere as coisas caírem em cima do seu colo, em uma
cozinha as coisas acontecem de maneira muito rápida então esteja sempre focado,
concentrado e não pensando em festa, ou ate em coisas que não tenham a ver com
o ambiente de trabalho .Cozinha é para que quer uma profissão e não um emprego,
tem que ser feito com amor, pois se não a mascara cai , então muito amor ,
paixão e dedicação .
CLL-. MEU SABOR DA TRADIÇAO
Trio de Bruscchettas
3 fatias de pão italiano da largura de 1 dedo
1 dente de alho
Azeite de oliva
100gr gorgonzola
30gr parmesão
3 cogumelos shitake
1 tomate
1 mozzarella de búfala
Manjericão
Tomilho
cebolinha
Sal e pimenta moídos na hora
Preparo: Ligar o forno a 180 graus, passar o
dente de alho nos paes e um pouco de azeite , colocar no forno em uma
assadeira por 5 min , reserve . para o
recheio de queijo , quebre o gorgonzola e misture com o tomilho e um pouco de
azeite, coloque em cima da fatia de pão e reserve , para o recheio de shitake
,fatie os cogumelos em fatias fina , em uma frigideira bem quente passe um fio
de azeite e coloque as fatias de shitake , um pouco de sal e cebolinha ,
desligue assim que o shitake amolecer , coloque em cima do pão e reserve , para
o recheio de tomates , corte o tomate em 4 , tire as sementes , corte em
cubinhos pequenos , misture com os cubinhos de mozzarella de búfala , algumas
folhas de manjericão , um fio de azeite
e pronto , coloque em cima da fatia de pão , coloque todas no forno por mais 5 min
, agora esta prontinho para servir , espero que gostem , e que possam lembrar
das melhores épocas de suas vidas , comendo boa comida !
Escrevi coisas maravilhosas, mas infelizmente sumiram, mas resumindo, Lucas, você é o máximo e todos te amamos muito, bjs, JJ!!!
ResponderExcluirE obrigado pelas homenagens, da sua vovó Irene, avô Hélio, mamãe "babaovo" Márcia e minhas!!!
Bjs de todos que tanto se orgulham de você e doces beijos na doce Dani!!!
O Lucas é lindo!
ResponderExcluirQuerido Lucas,
ResponderExcluirtudo que você esta conquistando é fruto exclusivamente do seu amor pela profissão, sua dedicação e seriedade mesmo com pouca idade, isso que fará de você sem sombra de duvidas o melhor confeiteiro do Brasil.
Agradeço suas palavras, porém o que me deixa feliz é além de te ver evoluindo sempre. Não esquecer nunca das suas principais características: Sempre sorrindo, sempre cordial com as pessoas e sempre focado na sua carreira.
Grande abraço do seu irmão mais velho.
Thiago Emidio
"mantenha a cabeça aberta"