Hoje em dia sempre
escuto as pessoas falando em praticidade na hora da alimentação. Eu até
compreendo essa onda de comida fast food;
Mas sou mesmo é defensor do movimento slow
food.
Com esta premissa fui
dar uma olhadinha na história e descobri que esta onda de praticidade não é tão
nova quanto parece. Desde 1890 os franceses já enveredavam por este caminho. E
foi aí que Le Financier ganhou mais popularidade.
Um Financier nada
mais é do que um pequeno e delicado bolinho. Discreto na aparência ele pode
encantar com a suavidade de seu sabor: a primeira impressão que se tem dele é
de um bolo seco e duro (por fora), mas quando se morde, ele se revela macio e
úmido. É tão popular na França que já não aparece mais nem nos livros de
receita. Sua base é feita de amêndoas, açúcar e manteiga e combina com todas as
ocasiões.
Sabe-se que seu
surgimento é secular (provavelmente no século XIX), sendo desenvolvido pelas
irmãs da Ordem da Visitação. O bolinho da visitação – assim chamado na época –
tinha formato ovalado e encantavam por seu aroma de amêndoas. No entanto as
coisas mudaram após a Renascença (a “arsênica sensação” de amêndoa amarga –
advinda desde os tempos de Catherine de Médici que possuía uma tendência
infeliz de dar presentes envenenados, acabava assustando as pessoas. Assim tudo
que era feito com amêndoas foi suspeito durante séculos. Talvez por isso os bolinhos
da visitação não tiveram tanto renome).
Essa receita das irmãs da visitação teria então
inspirado um confeiteiro francês de nome Lasne, que em 1890, era dono de uma
confeitaria que ficava perto da Bolsa de Valores, em Paris. A sua clientela era
composta principalmente de ansiosos financeiros que procuravam engolir tudo
rapidamente. Assim, Lasne também teve a ideia (uma brilhante jogada de marketing)
para alterar a forma oval do bolinho original para que ela evocasse a forma de
barras de ouro.
Lasne teria dado ao
doce o nome financier para afzer uma alusão ao bolinho modelado no formato de barras de ouro que
iria acompanhar o chá ou café dos “financeiros” da Bolsa de Paris. As
“barrinhas” eram embrulhadas para não sujar as mãos dos clientes, um charme na
hora de fechar grandes negócios, como convidava o menu da confeitaria.
No entanto, há quem
conteste que a confeitaria de Lasne teria lançado o financier para conquistar
uma identificação com os ricos que frequentavam o mundo dos negócios –
principalmente, pelo fato de que as amêndoas eram ingredientes considerados de
luxo e caros para aquela época. Outros ainda dizem que os suíços sãos os
responsáveis pelo nome e pela forma do bolinho. Mas uma coisa é fato consumado
e indiscutível: o financier surgiu para atrair a classe abastada dos
frequentadores do mercado financeiro.
A Larousse
Gastronomique, a mais importante enciclopédia da gastronomia, não divaga nem
afirma nada sobre a origem do financier, mas define o bolo como sendo feito a
partir de uma mistura aerada de amêndoas moídas e claras batidas.
"Financiers pequenos são ovais ou retangulares, podendo ser utilizados
como base para petit fours gelados", diz o livro. "Grandes bolos
feitos com a mesma mistura são decorados com amêndoas e frutas cristalizadas.
Para prepará-los, costumam ser assados em fôrmas que diminuem seu tamanho e, em
seguida, os grandes bolos são construídos com camadas desses, que foram assados
separadamente."
Tive até uma inspiração:
com as facilidades de hoje podemos deixar os financier ainda mais personalizados,
mais simbólicos, imaginem encapá-los com folhas de ouro comestível e deixa-los idênticos
as barras de ouro original? Uma ideia boa, não é? ( Tudo bem, vamos colocar os
pés no chão – nem todo mundo tem dinheiro pra ficar cobrindo bolo com ouro. Mas
com certeza qualquer um pode fazer estes bolinhos pra se deleitar na hora do
café. Hoje em dia, nas lojas que vendem
material pra festa se pode encontrar as
forminhas nos formatos tradicionais e que facilitam seu trabalho. Mas se você não
quer gastar, use aquelas velhas
forminhas de empada que você deve ter
guardado no seu armário. O importante é preparar a receita e sentir o
sabor.
Ingredientes:
150g de açúcar de confeiteiro
50g de farinha de trigo
80g de amêndoas processadas (em farinha)
3 claras
140g de manteiga sem sal derretida e fria
Preparo:
Bater
as claras em neve. Acrescentar a farinha de trigo, as amêndoas, e o açúcar,
batendo delicadamente. Juntar a manteiga, sem parar de mexer. Distribuir em
forminhas (pode ser de barquetes) untadas e polvilhadas. Leve ao forno à
temperatura de 230ºC por 7 minutos, reduza a temperatura para 200 ºC e asse por
mais 7 minutos. Retire do forno e deixe esfriar. Conserve em potes de vidro por
até 15 dias.
Financiers
de castanha de caju
Ingredientes
150 g de manteiga sem sal
1 xícara de farinha de castanha de caju (ou
de amêndoas) - 110 g
1 e 1/4 de xícara de açúcar de confeiteiro -
180 g
1/2 de xícara de farinha de trigo - 60 g
3/4 de xícara de claras - 180 ml - 6 claras
de ovos médios
Preparo: leve a
manteiga ao fogo médio e deixe dourar. No início vai fazer um chiado, quando o
barulho parar fique de olho para que a manteiga não queime e desligue o fogo.
Deixe esfriar um pouco. Misture a farinha de castanha com a farinha de trigo e
o açúcar. Junte as claras sem bater e misture bem. Adicione a manteiga e
misture. Coloque a massa em forminhas pequenas untadas e enfarinhadas. Leve ao
forno médio por aproximadamente 25 minutos ou até dourar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário