Esta semana me deu
uma vontade de louca de comer pudim de claras – talvez essa minha vontade tenha
sido uma influencia da novela (vi uma cena onde uma personagem servia este tipo
de pudim, e eu cheguei a salivar)
Pois bem, sempre ouvi
dizer que pudim de claras era uma coisa complicada pra se fazer, cheio de
segredos e sei lá mais o quê, que o povo inventa pra deixar a gente só com a
vontade de comer... Fui atrás da receita e acabei fazendo o danado.
Encontrei uma
clássica receita portuguesa para pudim de claras, que por sinal, por lá se
chama pudim molotov, e resolvi fazer um. A receita em nada se pareceu
complicada – de fato não é -, e ainda lhe permite fazer o doce com a quantidade
de claras que você dispõe (o eu que achei um luxo, considerando que hoje em dia,
as coisas não andam lá tão bem, para se gastar milhões de claras pra fazer um
doce).
Olhem abaixo o meu
pudim Molotov. Pra ser o primeiro que eu
fiz na vida até que não ficou dos piores (risos). No entanto já sei o
meu gosto e na próxima vez que o for preparar novamente, eu não mais colocarei
as quatro colheres de caramelo que eu coloquei neste aí. – elas deixaram o
gosto muito acentuado.
Meu Molotov ainda no forno |
Meu Molotov depois de pronto servido apenas com caramelo |
E como não poderia
deixar de ser, eu fui atrás de descobrir porque o pudim de claras, em Portugal,
é popularmente conhecido como molotov.
Pelo que pude desvendar a denominação do pudim vem do nome de um diplomata/político soviético russo. Viatcheslav Mikhailovitch Molotov (nascido Viatcheslav Mikhailovitch Scriábin), o qual foi o genocidiário na Ucrânia em 1932/33 (episódio conhecido na história como Holodomor) e cujo nome foi ironicamente atribuído à arma química incendiária (cocktail molotov) pelos finlandeses na época da invasão soviética do seu país.
Pudim Molotov servido tradicionalmente com molho de gemas |
Servido apenas com caramelo - fica lindo feito com muitas claras! |
Pelo que pude desvendar a denominação do pudim vem do nome de um diplomata/político soviético russo. Viatcheslav Mikhailovitch Molotov (nascido Viatcheslav Mikhailovitch Scriábin), o qual foi o genocidiário na Ucrânia em 1932/33 (episódio conhecido na história como Holodomor) e cujo nome foi ironicamente atribuído à arma química incendiária (cocktail molotov) pelos finlandeses na época da invasão soviética do seu país.
Molotov |
O mais engraçado é
que quando postei a foto do meu pudim no facebook, as pessoas começaram a
perguntar se ele era do tipo que explodia (risos). E faz sentido esta pergunta,
se considerar que a maioria das pessoas fazem uma rápida alusão dos termos com
o que eles representam na íntegra. Mas de fato, como é que essa arma tão
destrutiva veio a ser, em Portugal, o nome para uma sobremesa? Por que eu
divido que alguém, por lá, tenha saído gastando claras e mais claras, pra fazer
o pudim e sair por aí bombardeando os inimigos.
Daí, a explicação pra
esta dúvida também surgiu. Diz-se que o nome original deste doce seria «pudim
Malakoff» e estaria relacionado com a guerra da Crimeia que decorreu em 1853 e
1856. Malakoff é o nome de uma fortaleza que protegia a cidade de Sebastopol.
Duque Malakoff |
O general francês
Aimable Jean Jacques Pélissier tomou esta fortaleza e recebeu o título de duque
de Malakoff. E este pudim seria uma sobremesa dos tempos de guerra na Europa,
numa época em que a doçaria portuguesa preparava este pudim para aproveitar as
claras que sobram das receitas que levavam muitas gemas, característica típica
da doçaria daquela região. Talvez pela popularidade destes dois influentes
homens de batalha, e a confusão com seus nomes, e o período de guerra, o povo
português passou a designar também esta sobremesa por «pudim Molotov».
Claras (um bom pudim geralmente é feito com 12)
1 colher (sopa) de açúcar por cada clara
caramelo liquido o quanto baste (pode usar o
mel Karo ou fazer o seu caramelo).
margarina para untar a forma
Preparo: Untar a forma com margarina.
Pré-aquecer o forno a 180ºC. Bater as claras até que elas fiquem bem firmes,
juntar o açúcar colher a colher, batendo sempre. Juntar o caramelo liquida até
ficar com a cor pretendida (no meu pudim eu usei quatro colheres, mas como eu
só tinha usado três claras acho que deixou o gosto muito forte. Então coloque o
caramelo e vá provando a mistura). Com a forma previamente untada apenas com
manteiga deite colheradas da massa na forma, tendo o cuidado de evitar deixar
buracos, mexendo com a colher, alise bem. Levar ao forno, deixar cozer uns 20
minutos, ou até ficar corado por cima. Desligar o forno e deixar arrefecer lá
dentro. Desenformar depois de frio e cobrir a gosto, ou com caramelo ou com um tradicional
molho feito com gemas.
Molho de gemas:
6 colheres (sopa) de açúcar
6 gemas
água q.b.
Preparo: Numa frigideira média, deitar o açúcar e um
pouco de água e deixar ferver ( não mexer com a colher de pau para não fazer
pedra, roda-se a frigideira). Quando fizer um caramelo muito claro, deitar mais
um pouco de água e deixar fazer ponto de pérola. Deixar arrefecer e depois
misturar as gemas na calda e levar ao fogo a engrossar mexendo sempre, não
deixar ferver para não talhar.
Deitar o molho por cima do Molotov, ou então
servir à parte e cada um come o Molotov como preferir.
Gosto da receita.
ResponderExcluirConheço, sempre que tenho Claras faço e acho delicioso! Não conhecia a história, obrigado pela lição
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