Quando a gente acorda
romântico, ler uma poesia sempre é bom. Acontece que eu queria ler uma poesia
de alguém que também fosse bom na gastronomia, bom de garfo também (às vezes,
na maioria das vezes, eu tenho uma ideia meio “perturbadas” [risos]. E eu
geralmente acredito nelas, o que me faz pesquisar sempre. Pra minha sorte,
essas minhas ideias são perturbadas, mas são legais – pelo menos eu acho assim.
Coisa de louco). Pois bem, achei o poeta que eu estava buscando e, de quebra, ainda
angariei umas receitinhas dele pra eu preparar enquanto estiver ouvindo as
músicas que ele também compunha e cantava... seja bem-vindo a um pedacinho da
cozinha do “poetinha”, Vinicius de Moraes.
Descobri o livro
“Pois sou um bom cozinheiro – receitas, histórias e sabores da vida de Vinícius
de Moraes”, onde se pode encontrar textos, poemas e receitas de comidinhas que
o se dedicava a preparar e a comer. A obra editada pela Companhia das Letras
(em setembro deste ano) faz parte das comemorações do centenário do nascimento
de Vinícius de Moraes (19 de Outubro de 1913).
O livro está dividido em 3 partes. De cara, o sumário logo nos remente a um livro de poesia, pela disposição do
texto, que acaba nos apresentando receitas variadas de épocas distintas da vida do poeta.
A primeira parte, “Receitas da casa, era uma casa muito engraçada”, mostra um pouco da infância de Vinícius, mostrando seu s aromas, sabores e lugares traz as lembranças da sua infância com seus sabores, lugares – pois traz também receitas do período em que Vinicius ficou fora do Brasil e outras onde ele próprio ia para a cozinha preparar como a “feijoada à minha moda”.
A primeira parte, “Receitas da casa, era uma casa muito engraçada”, mostra um pouco da infância de Vinícius, mostrando seu s aromas, sabores e lugares traz as lembranças da sua infância com seus sabores, lugares – pois traz também receitas do período em que Vinicius ficou fora do Brasil e outras onde ele próprio ia para a cozinha preparar como a “feijoada à minha moda”.
“Receitas de rua, eu
não ando só, só ando em boa companhia” é título mais que apropriado para a
segunda parte do livro, que apresenta as receitas de restaurantes e bares
frequentados por Vinícius, não apenas na sua tão amada cidade do Rio de Janeiro,
mas em Minas Gerais, na Bahia, na Itália, em Los Angeles, dentre outras.
Por fim, a terceira
parte, “Receita da obra, as coisas que mais gosto”, estão lá descritos os
delírios culinários com os quais o poetinha se deleitava, incluindo pratos que ele
citou em sua obra como a “rica e gostosa farofinha para depois do amor” e “é
importante saber fazer ovos mexidos, molhos, sopinhas..."
Quem acompanha um
pouco da obra de Vinícius de Moraes, com certeza, sabe da sua dedicação não só
pela poesia e música, seu gosto pelo uísque – bebida que considerava o cachorro
engarrafado do homem - , mas também pela gastronomia. Gostava tanto que, por
vezes, escrevia poesias envolvendo e descrevendo pratos interessantes como “a
feijoada à minha moda”, que você ouvirá agora, na voz do próprio autor:
Tão brasileira como a garota de Ipanema, a poesia acima revela o encanto de Vinicius pelas
características da brasilidade, até mesmo na comida, no modo do preparo, na espera...
Luciana de Moraes,
filha do poeta foi quem idealizou o livro, escrito por Daniela Narciso e Edith
Gonçalves (orgs), dedicado à Luciana de Moraes, quarta filha do poetinha.
Seguramente é uma obra interessantíssima para os apaixonados por gastronomia.
Luciana veio a falecer em 2011, era ela quem reproduzia as ceias de natal na casa dos avós paternos... uma inspiração herdada do pai. Assim, Edith Gonçalves assumiu o projeto ao lado da Chef e produtora gastronômica Daniela Narciso, e ficaram responsáveis pela pesquisa e organização que levou dois anos para ser concluída, inquirindo textos, poemas, letras e acabaram montando o que seria o cenário da vida gastronômica de Vinícius de Moraes, através das receitas, sendo que, sua irmã mais nova Leta é quem até hoje guarda registros das receitas da família.
Luciana veio a falecer em 2011, era ela quem reproduzia as ceias de natal na casa dos avós paternos... uma inspiração herdada do pai. Assim, Edith Gonçalves assumiu o projeto ao lado da Chef e produtora gastronômica Daniela Narciso, e ficaram responsáveis pela pesquisa e organização que levou dois anos para ser concluída, inquirindo textos, poemas, letras e acabaram montando o que seria o cenário da vida gastronômica de Vinícius de Moraes, através das receitas, sendo que, sua irmã mais nova Leta é quem até hoje guarda registros das receitas da família.
Uma coisa que me
deixou mais ligado ao poetinha, foi descobrir que ele tinha umas ideias meia
loucas, com as minhas (lembra que eu comecei o texto falando das minhas ideias
loucas?) – e que também davam certo. Tipo: ele desenvolvia novas técnicas para
preparar os alimentos, numa dessas, ele acabou desenvolvendo sua habilidade em
descascar cenouras utilizando palha de aço (Sei, que vai ter gente reclamando
disso depois, gente preocupada com a segurança alimentar. Mas loucura é assim,
correr ricos).
O poetinha era um confesso “assaltante noturno
de geladeira” – nem sempre ele escondia os rastros dos seus delitos
gastronômicos noturnos. Pois certa vez deixou ele esqueceu os óculos no
refrigerador (risos).
O final do livro é
apoteótico, uniu o renomado chef brasileiro Alex Atala com textos de Vinícius
de Moraes, transformado em receitas – por isso recomendo que você vá a livraria
comprar o livro para ler, preparar e saborear as sugestões que estão contidas
na leitura.
Se preferir, prepare
a feijoada, à moda do Vinicius; E para a sobremesa segue abaixo uma outra
receitinha que ele bem adorava.
Baba de
moça com calda dourada
(“Essa é a receita original de baba de moça a que Vinícius se referia ao escrever para a mãe, Lydia, na época em que estava no exterior. Também é um doce que leva muitas gemas, lindo aos olhos quando pronto”)
(“Essa é a receita original de baba de moça a que Vinícius se referia ao escrever para a mãe, Lydia, na época em que estava no exterior. Também é um doce que leva muitas gemas, lindo aos olhos quando pronto”)
Ingredientes
500 g de açúcar
1 coco fresco ralado
1 copo americano de água fervente
10 gemas passadas em uma peneira fina
Canela em pó a gosto para polvilhar
Preparo: Com o açúcar, faça
uma calda grossa, até atingir ponto de pasta (calda grossa, proporção: 2 partes
de açúcar para uma parte de água. Deixe ferver por aproximadamente 45 minutos,
podendo chegar a 1 hora ou um pouco mais). Coloque o coco fresco ralado em um
guardanapo grande de pano. Despeje a água fervente sobre o coco e retire o
leite, espremendo bem. Acrescente esse leite à calda de açúcar e leve ao fogo
até que ela alcance novamente ponto de pasta. Adicione então as gemas
peneiradas, mexendo continuamente, e quando levantar fervura, retire a mistura
do fogo. Sirva o doce em copinhos, polvilhando-os com canela moída, ou utilize
em recheios de bolos e doces. (8 porções/ 30 minutos)
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