Quando eu era
criança, na cidade serrana de Guaraciaba do Norte, ( terra da atual Miss Ceará Milena
Ferrer) onde morei boa parte da minha vida, sempre me deparei com guloseimas
das mais variadas formas.
Lembro-me bem de
tantas coisas gostosas que eu comia,
especialmente daqueles salgadinhos maravilhosos, que meu avô trazia da feira em
sacos enormes - Eram simples, uma espécie de mini pastéis sem recheio, mas eu
adorava; outra coisa deliciosa que ainda me recordo e me faz salivar até
hoje, e que se duvidar eu ainda consigo
até sentir o cheiro no ar, são aqueles inesquecíveis sonhos portugueses (filhós
no ferro – já postei a receita Clique aqui para ler) do meu aniversário de 3 anos.
Nas épocas de
festividades como festas juninas e a festa da padroeira da cidade – Nossa
Senhora dos Prazeres (comemorada de 5 a 15 de agosto)., Guaraciaba parecia
desencavar as receitas de família, que eram preparadas com esmero sendo levadas
para serem vendidas nas barracas juninas ou nas da festa da padroeira e nos
leiloes da igreja.
Pensando bem era
justamente nestas duas épocas do ano que se poderia encontrar por lá os
pirulitos “de papel” – era assim que a gente chamava eles naquela época. Na
realidade tratava-se de pirulitos simples feitos de calda de açúcar que
poderiam ser temperados com alguma essência e coloridos – para isso, naquela
época se usava os sucos em pó, sobretudo o Q-Suco muito famoso na década de
oitenta – e eram colocados pra secar em cones de papel oficio com um palito no
centro.
Olha eu aí, usando suspensórios, no meu aniversário de 3 anos - o inicio das minhas memórias gustativas (eu sempre achei que esta réplica da Monalisa me encarava - risos). |
Igreja matriz de Nossa Senhora dos Prazeres - Gba. do Norte - CE, |
Os pirulitos de mel |
Grudavam nos dentes –
e eu ficava louco com isso, enfiava a
mão na boca a toda hora pra puxar o doce;
Por ser feito de
açúcar, ganhava a forma de uma bala puxa-puxa ou endurecia e ficava difícil
arrancar o papel – as vezes se chupava o pirulito com pedacinhos de papel por
que eles teimava em não sair completamente;
E melava fácil – hoje
sei o motivo disso, é que quem preparava os pirulitos não usava papel vegetal
para fazer os conezinhos, e isso facilitava a meladeira de açúcar derretido.
Hoje quando me
recordo daquele tempo dou boas gargalhadas. Dai eu fuçando uns livros acabei encontrando a
recita dos benditos pirulitinhos – que aproveito para passar para vocês com a
indicação do livro no qual que a
encontrei sobre a culinária da matriarca dos Vellosos – Dona Canô.
As receitas do
recôncavo baiano por Dona Canô
Nascida Claudionor
Vianna Telles Velloso, a Dona Canô, respira esperança e mantém o olhar meigo
mais vivo que nunca. Nasceu em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, teve oito
filhos, entre eles os famosos Caetano Veloso e Maria Bethânia. Seenhora sempre
muito prestigiada pelo povo baiano, Dona
Canô sempre buscou fortificar suas raízes e exaltar o amor por sua terra, seus
filhos e sua cultura.
Foi pensando no
exemplo da mãe que Mabel Velloso, uma das filhas, resolveu escrever o livro O
Sal é um Dom – receitas de mãe Canô, cujo foco é preservar o legado da
matriarca através das memorias gustativas, trazendo ao longo do livro as
receitas de um legado culinário-afetivo.
Dona Canô |
As páginas revelam a bases de sua cozinha: a
fartura – por la sobrar comdia é sinald e desfeita; carnes bem temperadas - “Nas carnes, sempre,
hortelã, folha de louro, cebola, pimenta-do-reino e cominho”, escreve Mabel; os
mimos culinários para receber os filhos -
“Caetano, quando chega, come bem devagar, saboreando a moqueca de
tainha. A frigideira de maturi é quase sobremesa”; compoteiras sempre cheias de
doces de frutas da estação. Sem falar numa invenção simples que adoçou a
infância dos filhos e faz a alegria de netos e bisnetos: os pirulitos de mel de
Dona Canô.
O Sal É Um Dom
mostra a comida quase como um membro da
família Velloso. Nelse encontra patos de festa e para o dia-a-dia. Trazem
ainda as raízes da comida do recôncavo
baiano – embora muitos deles possam er encontrados em qualquer outra mesa.
O livro mostra que
comida pra ser boa tem que ser gostosa e não difícil. Traz receitas
intercaladas com fotos e textos, onde se tira a conclusão que levou ao titulo
do escrito:
Certa vez quando Dona
Canô foi indagada por causa de uma receita, falou todos os ingredientes até que
fora questionada sobre a quantidade de sal no que respondeu com o título do
livro – o sal é um dom. assim sendo,
quem vai discordar da sábia senhora que já passou dos cem anos?
Pirulitos de mel - Receita extraída do livro O Sal é um Dom
Ingredientes
2 xícaras de açúcar
Água que baste para cobrir o açúcar
1 colher de vinagre
1 colher de mel de abelha
Modo de preparo Prepare a calda, colocando a
água, o vinagre – para não açucarar – e o mel e deixe ferver até dar ponto de
fio. Despeje a calda nos canudinhos de papel manteiga, preparados com
antecedência. Se quiser fazer o pirulito com outro sabor, em vez de mel,
coloque queijo ralado, ou gengibre, ou calda da fruta que desejar, ou amendoim
torrado e moído, ou, ainda, chocolate.
Obs.: Para fazer o canudinho, corte a folha
do papel manteiga em quadrados de mais ou menos 10 centímetros, enrolando-os na
diagonal. Para os canudos ficarem abertos, esperando a calda, acomode-os numa
vasilha com farinha. Despeje a calda nos canudos e, antes de endurecer, coloque
os palitos.
Eu amava esses pirulitos quando era criança!!! Tava procurando a receita pra fazer pro meu filho e nem acredito que encontrei!! Obrigada!
ResponderExcluirAgora só falta eu encontrar a receita de chegadinha! ;)