quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Um brinde a história imperial do Brasil revisitada



Acredito que é de conhecimento público – depois de quase quatro anos com esta confraria – que minha admiração latente pela família Imperial Brasileira é algo que não consegui esconder.
Sempre procurei incluir neste espaço histórias interessantes ligadas aos monarcas brasileiros. E hoje, mais uma fez, isso ocorrerá. Pelo simples fato de que a história imperial do Brasil vai sofrer algumas mudanças a partir de novas informações que só vieram a ser conhecidas recentemente, através da exumação dos corpos do Imperador Pedro I e das Imperatrizes Leopoldina e Amélia. E este é um motivo pra comemorar. Logo ao final deste post seguirá a receita de um drinque para esta celebração à brasileira.
De antemão devo agradecer ao interesse da pesquisadora Valdirene Ambiel em estudar o assunto; bem como agradecer a todos os tipos de mídia que estão divulgando a descoberta. Acredito que o Brasil ainda não conhece bem a história de si mesmo. E atitudes como essa me permitem ter esperança num país que valorize mais sua própria história.
 Pela primeira vez em quase 180 anos, Os corpos de três membros da família imperial brasileira --d. Pedro I, sua primeira mulher, d. Leopoldina, e a segunda, d. Amélia-- foram exumados e submetidos a análises físicas, químicas e a exames de imagem na Faculdade de Medicina da USP. Pela primeira vez, o maior complexo hospitalar do País foi usado para pesquisar personagens históricos - na prática, dom Pedro I, dona Leopoldina e dona Amélia foram transformados em ilustres pacientes, com fichas cadastrais, equipe médica e direito a bateria de exames.


Os exames foram realizados em sigilo entre fevereiro e setembro de liderados pela historiadora Valdirene Ambiel, 41, fez parte de dissertação de mestrado defendida no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. As informações foram publicadas no jornal "O Estado de S.Paulo". Uma das motivações para o estudo foi a preocupação com a conservação dos corpos, sepultados no Monumento à Independência, em São Paulo.
"Há infiltrações, problemas de manutenção e o relevo não ajuda", diz Valdirene. A urna de d. Pedro estava se esfacelando, tanto que foi necessária a confecção de um novo caixão.
Durante os estudos foram revelados fatos até então desconhecidos sobre a família imperial brasileira e compõem um retrato jamais visto dos personagens históricos, cujos corpos estão no Parque da Independência, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, desde 1972. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo acompanhou os estudos de Valdirene desde 2010, quando a historiadora e arqueóloga conseguiu autorização dos descendentes da família imperial para exumar os restos mortais dos personagens.
Antes da abertura de cada urna, a pedido da família, um padre realizava uma cerimônia em latim, segundo a pesquisadora, bolsista da Capes.
A maior surpresa encontrada logo após a abertura foi no caixão da segunda mulher de dom Pedro I, dona Amélia de Leuchtenberg, a descoberta mais surpreendente veio antes ainda de que fosse levada ao hospital: ao abrir o caixão, a arqueóloga descobriu que a imperatriz está mumificada, fato que até hoje era desconhecido em sua biografia. O corpo da imperatriz, embora tenha escurecido, está preservado, inclusive cabelos, unhas e cílios. Entre as mãos de pele intacta, ela segura um crucifixo de madeira e metal. O médico Edson Amaro Jr., professor associado de radiologia na Faculdade de Medicina da USP, destaca também o cérebro. "O órgão conservou sua morfologia. É possível observar até os giros. Isso vai motivar pesquisas futuras."

Detalhe do rosto de dona Amélia

Detalhe das mãos da múmia de dona Amélia
Múmia de dona Amélia





O estudo também desmente a versão histórica de que a primeira mulher, dona Leopoldina, teria caído ou sido derrubada por d.Pedro de uma escada no palácio da Quinta da Boa Vista, então residência da família real. Segundo a versão, propalada por historiadores, ela teria fraturado o fêmur. Nas análises no Instituto de Radiologia da USP, porém, não foi constatada nenhuma fratura nos ossos dela.
A pesquisadora disse que o trabalho uniu ciências humanas, exatas e biomédicas com o objetivo de enriquecer a História do Brasil. Ela defendeu ontem, na USP, a dissertação de mestrado após três anos de trabalho.
Depois da abertura e de análises preliminares, para verificar a presença de fungos, por exemplo, os corpos passaram por tomografia. E, para isso, foram levados até o Hospital das Clínicas. A remoção foi cercada de cuidados. O interior dos caixões ganhou uma espuma para fixar os esqueletos no percurso entre o Monumento à Independência, na zona sul, e o HC, na região oeste.
O transporte foi realizado em etapas: d. Leopoldina em março, d. Pedro em abril e d. Amélia em agosto. Os corpos saíam da cripta mais ou menos às 21h e eram devolvidos entre 4h e 5h da manhã.
Para chegar ao prédio do HC onde foram feitas as tomografias, os restos mortais entraram no complexo pelo Serviço de Verificação de Óbitos e passaram por um túnel subterrâneo --tudo para garantir o sigilo da operação.
A ossada de d. Pedro foi a única a passar por decapagem --retirada de resíduos dos ossos-- antes dos testes e também a única a ser submetida à ressonância. Agora também se sabe que o imperador tinha quatro costelas fraturadas do lado esquerdo, o que praticamente inutilizou um de seus pulmões - fato que pode ter agravado a tuberculose que o matou, aos 36 anos, em 1834. Os ferimentos constatados foram resultado de dois acidentes a cavalo (queda e quebra de carruagem), em 1823 e 1829, ambos no Rio. No caixão de Dom Pedro I, nova surpresa: não havia nenhuma comenda ou insígnia brasileira entre as cinco medalhas encontradas.

Imagem do caixão do imperador dom Pedro I
O Esqueleto do Imperador


O primeiro imperador do Brasil foi enterrado como general português, vestido com botas de cavalaria, medalha que reproduzia a constituição de Portugal e galões com formato da coroa do país ibérico. A única referência ao período em que governou o Brasil está na tampa de chumbo de um de seus três caixões: a gravação Primeiro Imperador do Brasil, ao lado de Rei de Portugal e Algarves.
Entre os achados dos exames, destaca-se a aparente ausência de fratura no fêmur de d. Leopoldina. Acreditava-se que a imperatriz teria sido empurrada de uma escada por d. Pedro, o que teria levado à sua morte. Os testes também permitiram identificar que a imperatriz foi sepultada com a roupa da coroação.

Vista de cima dos restos mortais de dona Leopoldina
Tomografia de dona Leopoldina


No imperador, não foram encontrados sinais de sífilis na ossada, o que não chega a descartar que ele tivesse a doença como se suspeitava, segundo o médico Paulo Saldiva, professor de patologia na USP.
"Seria possível confirmar por meio de biópsia do coração dele, que está preservado em Portugal." Amaro Jr. lembra que o trabalho é só um primeiro passo para pesquisas futuras. Uma das possibilidades é fazer uma reconstrução 3D, como um "d. Pedro virtual". Até a voz poderia ser reconstituída a partir de medidas ósseas, diz Saldiva.


Sobre o coração de Dom Pedro I  - Este foi sepultado no Panteão dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora. O seu coração foi doado, por decisão testamentária, à Igreja da Lapa, no Porto, onde se encontra conservado, como relíquia, num mausoléu na capela-mor da igreja, ao lado do Evangelho. Em 1972, no sesquicentenário da Independência, seus despojos foram trasladados do panteão de São Vicente de Fora para a cripta do monumento do Ipiranga, em São Paulo, no Brasil. 
O coração de D. Pedro encontra-se depositado na Igreja da Lapa numa urna cujas chaves estão oficialmente guardadas no Gabinete do Presidente da Câmara Municipal do Porto. A urna onde se encontra o coração do monarca guerreiro, foi feita à imagem e semelhança da urna original, que também se encontra em exposição na Lapa, e que o transportou de barco desde Lisboa até ao Porto em 1835. (veja o  vídeo abaixo)




A partir de agora podemos esperar pesquisadores entusiasmados que possam nos presentear com mais informações reveladoras.

Fonte: Folha de São Paulo.

Coquetel Celeste

Ingredientes:
Champagne ou espumante
25 ml de suco de abacaxi (se for natural, não precisa adoçar)
25 ml de Curaçao Blue
Cereja

Preparo: 

Junte o suco de abacaxi e o curaçao numa coqueteleira e misture bem. 

Sirva a mistura numa taça e complete com champagne ou espumante. 

Enfeite com casca de laranja e hortelã.


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