Acredito que é de
conhecimento público – depois de quase quatro anos com esta confraria – que
minha admiração latente pela família Imperial Brasileira é algo que não
consegui esconder.
Sempre procurei
incluir neste espaço histórias interessantes ligadas aos monarcas brasileiros.
E hoje, mais uma fez, isso ocorrerá. Pelo simples fato de que a história
imperial do Brasil vai sofrer algumas mudanças a partir de novas informações
que só vieram a ser conhecidas recentemente, através da exumação dos corpos do
Imperador Pedro I e das Imperatrizes Leopoldina e Amélia. E este é um motivo
pra comemorar. Logo ao final deste post seguirá a receita de um drinque para
esta celebração à brasileira.
De antemão devo
agradecer ao interesse da pesquisadora Valdirene Ambiel em estudar o assunto;
bem como agradecer a todos os tipos de mídia que estão divulgando a descoberta.
Acredito que o Brasil ainda não conhece bem a história de si mesmo. E atitudes
como essa me permitem ter esperança num país que valorize mais sua própria
história.
Pela primeira vez em quase 180 anos, Os corpos
de três membros da família imperial brasileira --d. Pedro I, sua primeira
mulher, d. Leopoldina, e a segunda, d. Amélia-- foram exumados e submetidos a
análises físicas, químicas e a exames de imagem na Faculdade de Medicina da
USP. Pela primeira vez, o maior complexo hospitalar do País foi usado para
pesquisar personagens históricos - na prática, dom Pedro I, dona Leopoldina e
dona Amélia foram transformados em ilustres pacientes, com fichas cadastrais,
equipe médica e direito a bateria de exames.
Os exames foram
realizados em sigilo entre fevereiro e setembro de liderados pela historiadora
Valdirene Ambiel, 41, fez parte de dissertação de mestrado defendida no Museu
de Arqueologia e Etnologia da USP. As informações foram publicadas no jornal "O
Estado de S.Paulo". Uma das motivações para o estudo foi a preocupação com
a conservação dos corpos, sepultados no Monumento à Independência, em São
Paulo.
"Há
infiltrações, problemas de manutenção e o relevo não ajuda", diz
Valdirene. A urna de d. Pedro estava se esfacelando, tanto que foi necessária a
confecção de um novo caixão.
Durante os estudos
foram revelados fatos até então desconhecidos sobre a família imperial
brasileira e compõem um retrato jamais visto dos personagens históricos, cujos
corpos estão no Parque da Independência, no bairro do Ipiranga, em São Paulo,
desde 1972. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo acompanhou os estudos
de Valdirene desde 2010, quando a historiadora e arqueóloga conseguiu
autorização dos descendentes da família imperial para exumar os restos mortais
dos personagens.
Antes da abertura de
cada urna, a pedido da família, um padre realizava uma cerimônia em latim,
segundo a pesquisadora, bolsista da Capes.
A maior surpresa
encontrada logo após a abertura foi no caixão da segunda mulher de dom Pedro I,
dona Amélia de Leuchtenberg, a descoberta mais surpreendente veio antes ainda
de que fosse levada ao hospital: ao abrir o caixão, a arqueóloga descobriu que
a imperatriz está mumificada, fato que até hoje era desconhecido em sua
biografia. O corpo da imperatriz, embora tenha escurecido, está preservado,
inclusive cabelos, unhas e cílios. Entre as mãos de pele intacta, ela segura um
crucifixo de madeira e metal. O médico Edson Amaro Jr., professor associado de
radiologia na Faculdade de Medicina da USP, destaca também o cérebro. "O
órgão conservou sua morfologia. É possível observar até os giros. Isso vai
motivar pesquisas futuras."
Detalhe do rosto de dona Amélia |
Detalhe das mãos da múmia de dona Amélia |
Múmia de dona Amélia |
O estudo também
desmente a versão histórica de que a primeira mulher, dona Leopoldina, teria caído
ou sido derrubada por d.Pedro de uma escada no palácio da Quinta da Boa Vista,
então residência da família real. Segundo a versão, propalada por
historiadores, ela teria fraturado o fêmur. Nas análises no Instituto de
Radiologia da USP, porém, não foi constatada nenhuma fratura nos ossos dela.
A pesquisadora disse
que o trabalho uniu ciências humanas, exatas e biomédicas com o objetivo de
enriquecer a História do Brasil. Ela defendeu ontem, na USP, a dissertação de
mestrado após três anos de trabalho.
Depois da abertura e
de análises preliminares, para verificar a presença de fungos, por exemplo, os
corpos passaram por tomografia. E, para isso, foram levados até o Hospital das
Clínicas. A remoção foi cercada de cuidados. O interior dos caixões ganhou uma
espuma para fixar os esqueletos no percurso entre o Monumento à Independência,
na zona sul, e o HC, na região oeste.
O transporte foi
realizado em etapas: d. Leopoldina em março, d. Pedro em abril e d. Amélia em
agosto. Os corpos saíam da cripta mais ou menos às 21h e eram devolvidos entre
4h e 5h da manhã.
Para chegar ao prédio
do HC onde foram feitas as tomografias, os restos mortais entraram no complexo
pelo Serviço de Verificação de Óbitos e passaram por um túnel subterrâneo
--tudo para garantir o sigilo da operação.
A ossada de d. Pedro
foi a única a passar por decapagem --retirada de resíduos dos ossos-- antes dos
testes e também a única a ser submetida à ressonância. Agora também se sabe que
o imperador tinha quatro costelas fraturadas do lado esquerdo, o que
praticamente inutilizou um de seus pulmões - fato que pode ter agravado a
tuberculose que o matou, aos 36 anos, em 1834. Os ferimentos constatados foram
resultado de dois acidentes a cavalo (queda e quebra de carruagem), em 1823 e
1829, ambos no Rio. No caixão de Dom Pedro I, nova surpresa: não havia nenhuma
comenda ou insígnia brasileira entre as cinco medalhas encontradas.
Imagem do caixão do imperador dom Pedro I |
O Esqueleto do Imperador |
O primeiro imperador
do Brasil foi enterrado como general português, vestido com botas de cavalaria,
medalha que reproduzia a constituição de Portugal e galões com formato da coroa
do país ibérico. A única referência ao período em que governou o Brasil está na
tampa de chumbo de um de seus três caixões: a gravação Primeiro Imperador do
Brasil, ao lado de Rei de Portugal e Algarves.
Entre os achados dos
exames, destaca-se a aparente ausência de fratura no fêmur de d. Leopoldina.
Acreditava-se que a imperatriz teria sido empurrada de uma escada por d. Pedro,
o que teria levado à sua morte. Os testes também permitiram identificar que a
imperatriz foi sepultada com a roupa da coroação.
Vista de cima dos restos mortais de dona Leopoldina |
Tomografia de dona Leopoldina |
No imperador, não
foram encontrados sinais de sífilis na ossada, o que não chega a descartar que
ele tivesse a doença como se suspeitava, segundo o médico Paulo Saldiva,
professor de patologia na USP.
"Seria possível
confirmar por meio de biópsia do coração dele, que está preservado em
Portugal." Amaro Jr. lembra que o trabalho é só um primeiro passo para
pesquisas futuras. Uma das possibilidades é fazer uma reconstrução 3D, como um
"d. Pedro virtual". Até a voz poderia ser reconstituída a partir de
medidas ósseas, diz Saldiva.
Sobre o coração de Dom Pedro I - Este foi sepultado no Panteão dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora. O seu coração foi doado, por decisão testamentária, à Igreja da Lapa, no Porto, onde se encontra conservado, como relíquia, num mausoléu na capela-mor da igreja, ao lado do Evangelho. Em 1972, no sesquicentenário da Independência, seus despojos foram trasladados do panteão de São Vicente de Fora para a cripta do monumento do Ipiranga, em São Paulo, no Brasil.
O coração de D. Pedro encontra-se depositado na Igreja da Lapa numa urna cujas chaves estão oficialmente guardadas no Gabinete do Presidente da Câmara Municipal do Porto. A urna onde se encontra o coração do monarca guerreiro, foi feita à imagem e semelhança da urna original, que também se encontra em exposição na Lapa, e que o transportou de barco desde Lisboa até ao Porto em 1835. (veja o vídeo abaixo)
Sobre o coração de Dom Pedro I - Este foi sepultado no Panteão dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora. O seu coração foi doado, por decisão testamentária, à Igreja da Lapa, no Porto, onde se encontra conservado, como relíquia, num mausoléu na capela-mor da igreja, ao lado do Evangelho. Em 1972, no sesquicentenário da Independência, seus despojos foram trasladados do panteão de São Vicente de Fora para a cripta do monumento do Ipiranga, em São Paulo, no Brasil.
O coração de D. Pedro encontra-se depositado na Igreja da Lapa numa urna cujas chaves estão oficialmente guardadas no Gabinete do Presidente da Câmara Municipal do Porto. A urna onde se encontra o coração do monarca guerreiro, foi feita à imagem e semelhança da urna original, que também se encontra em exposição na Lapa, e que o transportou de barco desde Lisboa até ao Porto em 1835. (veja o vídeo abaixo)
A partir de agora podemos esperar pesquisadores entusiasmados que possam nos presentear com mais informações reveladoras.
Fonte: Folha de São Paulo.
Coquetel
Celeste
Ingredientes:
Champagne ou espumante
25 ml de suco de abacaxi (se for natural, não
precisa adoçar)
25 ml de Curaçao Blue
Cereja
Preparo:
Junte o suco de
abacaxi e o curaçao numa coqueteleira e misture bem.
Sirva a mistura numa taça
e complete com champagne ou espumante.
Enfeite com casca de laranja e hortelã.
Maravilhoso...ficaria dias lendo sobre este assunto!!!
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