quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Le Creusois - O bolo de avelãs que socorre estudantes aflitos


 Tem dias que a gente precisa acorda com as baterias fracas... Nesses dias é importante ter por perto algo que lhe faça bem e lhe ajude a recarregar as baterias. No meu caso, gosto de benção celtas. Como elas são lindas, profundas e simples. Deste modo, quero dividir duas dessas bênçãos com vocês antes de começar a tratar do tema de hoje.

Que Deus nos dê
para cada tempestade, um arco-iris
Para cada lágrima, um sorriso
Para cada gesto de ternura, uma promessa
E uma benção em cada momento difícil.
Que tenhamos sempre um amigo fiel
para dividir os nossos problemas.
E que cada oração seja sempre escutada e respondida.

O dia que o peso apoderar-se dos teus ombros, e tropeçares, que a argila dance, para equilibrar-te!
E, quando teus olhos congelarem, por trás da janela cinzenta,
E o fantasma da perda chegar a ti...
Que um bando de cores, índigo, vermelho, verde
E azul celeste, venha despertar em ti,
Uma brisa de alegria.
Quando a vela se apagar no barquinho do pensamento,
e uma sensação de escuro estiver sobre ti,
que surja para ti, uma trilha de luar amarelo,
para levar-te a salvo pra casa.
Que o alimento da terra seja teu!
Que a claridade da luz te ilumine!
Que a fluidez do oceano te inunde!
Que a proteção dos antepassados,
esteja com você!
E assim...
que um vento teça essas palavras de amor á tua volta,
num invisível manto, para zelar por tua vida, onde estiveres.
Que assim seja!!

E assim se faça.

Bênçãos feitas, pretendo ser breve – pois o tempo está contra mim. A história de hoje começa com uma lenda para então ganhar a realidade. Estou cursando, no mestrado, a disciplina interessante de economia. No entanto é muita informação condensado para pouco tempo e humanamente impossível, aprendermos tudo o que nos está sendo proposto. Amanhã, haverá uma prova dessa disciplina, motivo do surgimento desse post, vocês já entenderão o porquê. 
Existe uma lenda, na região francesa de Limousin, que um bolo de avelas chamado Creusois é capar de dar ânimo e coragem aos estudantes nas horas das provas. E se é assim, tudo que vem pra ajudar é bem-vindo. E um bolo, com essas funcionalidades auspiciosas ainda fica mais gostoso. Mas, como só essa lenda não iria me bastar, fui pesquisar mais sobre o tal bolo creusois, e acabei descobrindo motivos que levaram ao surgimento da lenda.




Atualmente, o bolo creusois é uma indicação geográfica francesa – trata-se de um produto muito típico, registrado como bem cultural e que salvaguarda uma tradição local. Mas a história em rica em fatos e os contarei a seguir.
Quando tomamos a leitura os livros de história fica evidente que, a partir do século XIV, na Europa principalmente, os mosteiros floresciam por toda parte, eram fonte de múltiplo de tesouros espirituais. Pensando bem, nem só de tesouros espirituais. Imaginem as delicias gastronômicas e os vinhos deliciosos que foram produzidos dentro dos muros de mosteiros e abadias, em épocas de tempos imemoriais, onde frades, monges, monjas e todo tipo de religiosos acabaram tratando a gastronomia com requinte – a doçaria conventual portuguesas é um belo exemplo do que falo. Mas, além de “criativos da cozinha” os religiosos eram muito curiosos – talvez essa curiosidade faça uma alusão ao aluno da lenda inicial, que deveriam ser curiosos por natureza, pra buscar por algo que eles estão aprendendo a ter: o conhecimento.
Em 1969, a demolição de uma dessas fontes de tesouros espirituais e gastronômico foi morada de monges em Crocq, uma comuna francesa na região administrativa de Limousin, mais precisamente em um antigo mosteiro na cidade de La Mazière-aux-Bons-Hommes, em Canton. Os monges encontraram nos destroços um pergaminho do XV, bem protegido do tempo e de olhares indiscretos. Uma sequência de palavras escrita em francês antigo que escondia uma receita deliciosa para a ressurreição de um bolo peculiar. Foi traduzido, analisado e acabou se tornando inovador. No pergaminho, chamava-se "cuit en tuile creuse”, que significa “preparado na telha oca." Uma cópia deste pergaminho pode ser encontrada atualmente no l'Office du Tourisme de Crocq, e a receita original manda executar o bolo da seguinte maneira:

Prenez deux verres de belles noisettes bien mûres finement rôties, écrasez-les avec le double de sucre. Mélangez avec cette poudre un verre de blancs d’ufs montés en neige et une poignée de farine de froment. Pour finir, ajoutez environ 100 g de beurre fondu. Remuez le tout et cuisez à four moyen;

Pegue dois copos de boas avelãs levemente torradas, triture-as com o dobro de açúcar. Misture este pó com uma xicara de claras de ovos batidas em neve e um punhado de farinha de trigo. Finalmente, adicione 100 g de manteiga derretida. Misture tudo e cozinhe em forno moderado. 

Essa é a simples receita do bolo creusois que os monges assavam em telhas ocas! O departamento de turismo de Croq tem um vídeo promocional que resume essa história, confira:



Mas foi graças a André Lacombe, então presidente des Pâtissiers de la Creuse, uma a associação de confeiteiros daquela região, que o bolo saiu das sombras. Ele teve a ideia de tornar o bolo creusois uma especialidade da sua associação e da região onde moravam. Prontamente, todos os colegas da associação que ele presidia concordaram em acompanhá-lo nesta aventura. Decidiram que cada um faria um bolo seguindo a receita base, encontrada no velho mosteiro, para que ele conservasse as características do original. Assim, o bolo proposto por M. Langlade foi o escolhido o escolhido e, então, chamado "Le creusois." Ele se saiu tão bem que os "creusois" poderia começar uma longa viagem ao redor do mundo para ir bajular os paladares mais exigentes.





A receita é mantida em segredo, sabe-se que 31 confeiteiros da Associação "Le creusois", são os únicos autorizados a fazer este bolo de manteiga com avelãs vendidos com este nome. Eles se envolvem você sob este rótulo, seguem atentamente a receita e usam apenas ingredientes da mais alta qualidade. Desde o seu lançamento, este bolo foi um sucesso comercial: a cada ano, mais de 160 mil bolos de 320 gr são produzidos pelos confeiteiros creusoises bolos com o rótulo de "Le creusois."
Atualmente, uma confeitaria industrial, Les Comtes de la Marche, criada por Jacques Brunet em La Celle-sous-Gouzon, fabrica desde 1999 bolos de avelã que são distribuídos nos supermercados em França, sob diferentes nomes (Moelleux du Limousin, Gâteau creusois etc).



Encontrei algumas receitas na internet com poucas variações, mas achei uma excelente, bem parecida com a receita original do pergaminho. Infelizmente, não é fácil achar formas em telha de terracota por aqui, mas temos tantas formas legais que o importante mesmo é fazer o bolo.  Assim, se vocês está precisando de uma ajuda extra pra te ajudar com os estudos, prepara o bolo e arrisca.


Le Creusois
4 claras de ovos
200 g de açúcar
7 g de açúcar de abaunilhado ou gosta de baunilha (opcional)
100 g de farinha
100 g de avelãs moídas
125 g de manteiga derretida em temperatura ambiente
Manteiga e farinha para untar a forma

Preparo: Bata as claras em neve. Em uma vasilha, misture bem o açúcar, a farinha, a vanilina e as avelãs moídas. Acrescente a manteiga derretida que deve estar em temperatura ambiente. Adicione, misturando delicadamente, as claras batidas em neve. Despeje em uma forma redonda, tipo tabuleiro, untada e enfarinhada. Leve ao forno 170°C por 25 à 30 minutos.


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