Marta, irmã de São
Lazaro e Maria de Betânia,(tmbém chamada de Margareth), perto de Jerusalém é a
padroeira da cozinheiras e donas de casa. A tradição diz ainda
que Santa Marta é protetora das falsas preocupações e superstições. Isto no Brasil,
significaria proteção contra: mau olhado, inveja, pragas, bruxarias, descarrego
e outras superstições para as quais ela oferece um escudo impenetrável.
No dia 29 de julho se
comemora o dia dedicado a padroeira das cozinheiras, Santa Marta. E já estou
antecipando para não me esquecer desta
data importante, pois é o momento de agradecer a todos os bons cozinheiros(as)
pelos pratos maravilhosos que preparam.
Santa Marta em pé, observando os ensinamentos do Cristo |
Aproveito ainda, para
homenagear uma tia, irmã de meu pai, que também se chama Marta, a quem gosto
muito. Tenho uma afinidade especial com minha tia Marta que não sei explicar, e
para não faltar um link entre a historia que se seguiria sobre Santa Marta,
devo aqui dizer que com minha tia Marta aprendi coisas gostosinhas na cozinha:
como a fazer panquecas fininhas e a preparar os sequilhos de maisena (isso
mesmo, maisena com S – Maisena com Z é marca) que durante muito tempo me
divertiam nas tardes de conversas enquanto preparávamos. Tia Marta, esse post
dedico a você.
Eu, Tia Odete (de verde, Rainha do Nilo) e Tia Marta. |
Desde a antiguidade a importância da
hospitalidade era um fator relevante na vida social dos povos. Agradar o
hóspede era como agradar a Deus. Em muitas culturas no começo dos tempos, tanto
no ocidente quanto no oriente a hospitalidade era quase um ato de caridade para
com viajantes.
Santa Marta, conhecida
como a hospedeira de Cristo, era filha de Siro e de Eucária, descendente de
estirpe real. O pai era governador da Síria e de muitas regiões marítimas. Com
sua irmã, por direito de herança materna, possuía três fortalezas, a saber,
Magdala, Betânia e parte da cidade de Jerusalém. Nunca se disse que tivesse
marido ou vivesse com homem algum.
Na época do Cristo Marta,
Maria e Lázaro eram de uma família abastada. Perderam os pais muito cedo e
Marta, a mais velha, foi quem assumiu o papel de dona de casa. Ajudou Maria a
crescer, mas estas duas irmãs cuidavam com muito amor o irmão mais novo,
Lázaro.
Simpáticos,
praticavam a hospitalidade. Gostavam de receber os amigos e, por isso, a sua
casa, que ficava perto de Jerusalém, facilmente se tornou um local de paragem e
de descanso. O próprio Cristo usufruiu desta casa e do calor desta família.
Também ele, quando andava pela Judeia, mas, sobretudo pouco tempo antes de
morrer, porque sabia que não podia ficar em Jerusalém, refugiava-se em casa
destes três irmãos, amigos do Senhor.
Marta atrapalhada com a cozinha |
Marta foi nobre
hospedeira do Senhor e também queria que sua irmã O servisse, porque estava
convencida de que não bastaria o mundo inteiro para servir hóspede tão nobre.
Depois da Ascensão do
Senhor, depois da dispersão dos discípulos, ela, seu irmão Lázaro, sua irmã
Maria Madalena e ainda São Maximino — que as tinha batizado e a quem foram
entregues pelo Espírito Santo — além de muitos outros, foram colocados num
barco pelos infiéis, sem remos, nem velas, nem lemes, nem alimentos, pois lhes
roubaram tudo. Por sorte foram guiados pelo Senhor e chegaram a Marselha;
depois, foram para o território de Aix e lá converteram o povo à fé.
As escrituras contam
que, em seus poucos momentos de descanso ou lazer, Jesus procurava a casa de
amigos em Betânia, local muito agradável há apenas três quilômetros de
Jerusalém.
É narrado, por
exemplo, o primeiro momento em que Jesus pisou em sua casa de Marta e seus
irmãos. Ali chegando Jesus conversava com eles e Maria estava aos pés do
Senhor, ouvindo sua pregação. Marta, trabalhadora e responsável, reclamou da
posição da irmã, que nada fazia ouvindo o Mestre. Jesus aproveita então para
ensinar que os valores espirituais são mais importantes que os materiais,
apoiando Maria em sua ocupação de ouvir e aprender.
“Enquanto caminhava,
Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, o recebeu em casa. Sua
irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua
palavra. Marta estava ocupada com muitos afazeres. Aproximou-se e falou:
“Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço?
Manda que ela venha ajudar-me!” O senhor, porém, respondeu: “Marta, Marta! Você
se preocupa e anda agitada com muitas coisas; porém, uma só coisa é necessária.
Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada.” - (Lucas cap. 10,
ver. 38 á 42)
Fala-se dela também
quando da ressurreição de Lázaro. É ela quem mais fala com Jesus, nesse
acontecimento. Marta disse a Jesus: "Senhor, se tivesses estado aqui, o
meu irmão não teria morrido. Mas mesmo agora, eu sei que tudo o que pedires a
Deus, Deus dará". (Jo 11,20-22)
Trata-se de mais uma
passagem importante da Bíblia, pois do evento tira-se um momento em que Jesus
chora: "o pranto de Maria provoca o choro de Jesus". e o milagre de
reviver Lázaro, já morto e sepultado, solicitado com tamanha simplicidade, por
Marta, que exemplifica a plena fé na onipotência do Senhor.
Outra passagem é a
ceia de Betânia, com a presença de Lázaro ressuscitado, uma prévia da última
ceia, pois ali Marta serve a mesa e Maria lava os pés de Jesus, gesto que ele
imitaria em seu último encontro coletivo com os doze apóstolos.
Os primeiros a
dedicarem uma festa litúrgica à Santa Marta foram os frades franciscanos, em
1262, e o dia escolhido foi 29 de julho. Ela se difundiu e o povo cristão
passou a celebrar Santa Marta como a padroeira dos anfitriões, dos
hospedeiros, dos cozinheiros, dos nutricionistas e dietistas.
Santa Marta era muito
eloquente e agradava a toda a gente. Naquele tempo, vivia nas margens do
Ródano, num bosque, entre Arles e Avinhão, um dragão, metade animal, metade
peixe, maior do que um boi e mais comprido que um cavalo, com dentes afiados
como espadas, e protegido de ambos os lados por escamas como escudos;
escondia-se no rio, matava todos os transeuntes e fazia naufragar os barcos.
Tinha ido por mar
desde a Galácia da Ásia, fora gerado por Leviatã – que era uma ferocíssima
serpente aquática – e por um animal chamado ónaco, oriundo da região da
Galácia, que expele os seus dejetos até à distância de uma jarda como se fosse
a ponta de um dardo, queimando como fogo tudo o que atingem.
Marta, a pedido do
povo, foi procurá-lo e encontrou-o no bosque comendo um homem; atirou água
benta sobre ele e mostrou-lhe uma cruz. Em seguida, vencido e parado como uma
ovelha, Santa Marta atou-lhe o seu cinto e ali mesmo foi morto pelo povo com
lanças e pedras.
Os naturais dessa
região chamavam Tarascurus àquele dragão; por isso em sua memória, aquele lugar
ainda se chama Tarasconus (hoje Tarascon), em vez de Nerluc, que significa “lago
negro”, porque os bosques eram sombrios e escuros.
Santidade em vida
A partir de então,
com licença de seu mestre Maximino e de sua irmã, Santa Marta ficou ali,
entregando-se sem desfalecer às orações e aos jejuns. Depois, tendo-se reunido
nesse lugar uma multidão de religiosas e construído uma grande basílica em
honra da Bem-aventura Virgem Maria, levou uma vida de austera: abstinha-se de
carne, de toda a gordura, de ovos, de queijo e de vinho; só comia uma vez por
dia, fazia cem genuflexões de dia e outras tantas à noite.
Uma vez, quando
pregava junto de Avinhon, entre a cidade e o rio Ródano, um jovem que estava
além do rio queria ouvir suas palavras, mas não tinha barco; começou a nadar,
mas foi levado pela força da correnteza e logo morreu afogado. Muito a custo,
encontraram o seu corpo ao segundo dia e colocaram-no aos pés de Santa Marta
para que o ressuscitasse. Ela se prostrou ao chão de braços abertos em cruz e
orou assim:
- Senhor Jesus
Cristo, que outrora ressuscitou o meu querido irmão, olha, ó meu hóspede
caríssimo, para a fé dos circunstantes e ressuscita este rapaz.
Pegou-lhe na mão e
ele imediatamente ressuscitou, recebendo o santo batismo.
Santo Eusébio conta
no livro quinto da História Eclesiástica, que uma mulher que sofria de um fluxo
de sangue, depois de sarada, foi para o seu jardim e fez uma estátua parecida
com Nosso Senhor Jesus Cristo, com a túnica e a fimbria como tinha visto, reverenciando-a
com muita frequência. Mas cresceram as ervas, até então destituídas de qualquer
virtude, e ficaram com tal poder que, daí em diante curou muitos enfermos.
Santo Ambrósio diz
que essa mulher fora precisamente Santa Marta. Da mesma forma São Jerônimo
refere, como conta na História Tripartida, que Juliano, o Apóstata, tirou a
estátua feita por ela para lá colocar a sua, que logo foi destruída por um
raio.
Os pastelinhos de Santa Marta
Consta que eram
confeccionados e vendidos em ocasiões festivas, especialmente durante a Festa
de Santa Marta de Corroios, que viria a realizar-se até aos primeiros anos do
século XX.
Durante os dias de
festejos, para além das cerimônias religiosas que incluíam a procissão, não
faltavam os piqueniques, feitos à sombra das frondosas árvores existentes nos
arredores da Capela, as vendas dos bons vinhos da região e dos genuínos
bolinhos de Santa Marta, feitos segundo receita do lugar.
A secular receita,
que inclui farinha, açúcar, ovos, limão, canela e amêndoa, chegou ao
conhecimento da proprietária do Restaurante o Virgílio, como tendo sido duma
anciã, de seu nome Henriqueta de Paiva, antiga residente na Quinta da Cabouca,
no Alto do Moinho. Consta, da tradição oral do local, que esta senhora, nascida
por volta de 1860 e que terá morrido na década de 1940, confeccionava os
“Pastelinhos de Santa Marta” para consumo caseiro e em ocasiões festivas –
trecho retirado de LIMA, Manuel António Santos, Minha Terra co(m a)rroios,
Plátano Editora, 2001, p 34.
Pastelinhos
de Santa Marta
Receita para 12 pastelinhos
Massa:
300 gr. de farinha
2 dl. de água
Recheio:
200 gr. de amêndoa moída com pele
100 gr. de queijo fresco
300 gr. de açúcar fervido em 1,5 dl. de água
Canela a gosto
Raspa de limão a gosto
5 gemas
1 ovo inteiro
Modo de
preparar: Faz-se
a massa para as formas, amassando a farinha e água com consistência suficiente
para estender. Forram-se as formas pequenas e redondas. Juntam-se os
ingredientes do recheio numa massa fluida. Enchem-se as formas e vão ao forno
polvilhadas com amêndoa moída.
Nenhum comentário:
Postar um comentário