quinta-feira, 26 de julho de 2012

Santa Marta, a padroeira das cozinheiras (29 de julho)



Marta, irmã de São Lazaro e Maria de Betânia,(tmbém chamada de Margareth), perto de Jerusalém é a padroeira da cozinheiras e donas de casa. A tradição diz ainda que Santa Marta é protetora das falsas preocupações e superstições. Isto no Brasil, significaria proteção contra: mau olhado, inveja, pragas, bruxarias, descarrego e outras superstições para as quais ela oferece um escudo impenetrável.
 No dia 29 de julho se comemora o dia dedicado a padroeira das cozinheiras, Santa Marta. E já estou antecipando para não  me esquecer desta data importante, pois é o momento de agradecer a todos os bons cozinheiros(as) pelos pratos maravilhosos que preparam.

Santa Marta em pé, observando os ensinamentos do Cristo
Aproveito ainda, para homenagear uma tia, irmã de meu pai, que também se chama Marta, a quem gosto muito. Tenho uma afinidade especial com minha tia Marta que não sei explicar, e para não faltar um link entre a historia que se seguiria sobre Santa Marta, devo aqui dizer que com minha tia Marta aprendi coisas gostosinhas na cozinha: como a fazer panquecas fininhas e a preparar os sequilhos de maisena (isso mesmo, maisena com S – Maisena com Z é marca) que durante muito tempo me divertiam nas tardes de conversas enquanto preparávamos. Tia Marta, esse post dedico a você.


Eu, Tia Odete (de verde, Rainha do Nilo) e Tia Marta.
Dedicatória feita, vamos a parte histórica que nos remete a data que ocorrerá daqui a dois dias.
 Desde a antiguidade a importância da hospitalidade era um fator relevante na vida social dos povos. Agradar o hóspede era como agradar a Deus. Em muitas culturas no começo dos tempos, tanto no ocidente quanto no oriente a hospitalidade era quase um ato de caridade para com viajantes.
Santa Marta, conhecida como a hospedeira de Cristo, era filha de Siro e de Eucária, descendente de estirpe real. O pai era governador da Síria e de muitas regiões marítimas. Com sua irmã, por direito de herança materna, possuía três fortalezas, a saber, Magdala, Betânia e parte da cidade de Jerusalém. Nunca se disse que tivesse marido ou vivesse com homem algum.
Na época do Cristo Marta, Maria e Lázaro eram de uma família abastada. Perderam os pais muito cedo e Marta, a mais velha, foi quem assumiu o papel de dona de casa. Ajudou Maria a crescer, mas estas duas irmãs cuidavam com muito amor o irmão mais novo, Lázaro.
Simpáticos, praticavam a hospitalidade. Gostavam de receber os amigos e, por isso, a sua casa, que ficava perto de Jerusalém, facilmente se tornou um local de paragem e de descanso. O próprio Cristo usufruiu desta casa e do calor desta família. Também ele, quando andava pela Judeia, mas, sobretudo pouco tempo antes de morrer, porque sabia que não podia ficar em Jerusalém, refugiava-se em casa destes três irmãos, amigos do Senhor.

Marta atrapalhada com a cozinha
Marta foi nobre hospedeira do Senhor e também queria que sua irmã O servisse, porque estava convencida de que não bastaria o mundo inteiro para servir hóspede tão nobre.
Depois da Ascensão do Senhor, depois da dispersão dos discípulos, ela, seu irmão Lázaro, sua irmã Maria Madalena e ainda São Maximino — que as tinha batizado e a quem foram entregues pelo Espírito Santo — além de muitos outros, foram colocados num barco pelos infiéis, sem remos, nem velas, nem lemes, nem alimentos, pois lhes roubaram tudo. Por sorte foram guiados pelo Senhor e chegaram a Marselha; depois, foram para o território de Aix e lá converteram o povo à fé.
As escrituras contam que, em seus poucos momentos de descanso ou lazer, Jesus procurava a casa de amigos em Betânia, local muito agradável há apenas três quilômetros de Jerusalém.
É narrado, por exemplo, o primeiro momento em que Jesus pisou em sua casa de Marta e seus irmãos. Ali chegando Jesus conversava com eles e Maria estava aos pés do Senhor, ouvindo sua pregação. Marta, trabalhadora e responsável, reclamou da posição da irmã, que nada fazia ouvindo o Mestre. Jesus aproveita então para ensinar que os valores espirituais são mais importantes que os materiais, apoiando Maria em sua ocupação de ouvir e aprender.
“Enquanto caminhava, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, o recebeu em casa. Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra. Marta estava ocupada com muitos afazeres. Aproximou-se e falou: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!” O senhor, porém, respondeu: “Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas; porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada.” - (Lucas cap. 10, ver. 38 á 42)


Fala-se dela também quando da ressurreição de Lázaro. É ela quem mais fala com Jesus, nesse acontecimento. Marta disse a Jesus: "Senhor, se tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido. Mas mesmo agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Deus dará". (Jo 11,20-22)
Trata-se de mais uma passagem importante da Bíblia, pois do evento tira-se um momento em que Jesus chora: "o pranto de Maria provoca o choro de Jesus". e o milagre de reviver Lázaro, já morto e sepultado, solicitado com tamanha simplicidade, por Marta, que exemplifica a plena fé na onipotência do Senhor.
Outra passagem é a ceia de Betânia, com a presença de Lázaro ressuscitado, uma prévia da última ceia, pois ali Marta serve a mesa e Maria lava os pés de Jesus, gesto que ele imitaria em seu último encontro coletivo com os doze apóstolos.
Os primeiros a dedicarem uma festa litúrgica à Santa Marta foram os frades franciscanos, em 1262, e o dia escolhido foi 29 de julho. Ela se difundiu e o povo cristão passou a celebrar Santa Marta como a padroeira dos anfitriões, dos hospedeiros, dos cozinheiros, dos nutricionistas e dietistas.

A lenda



Santa Marta era muito eloquente e agradava a toda a gente. Naquele tempo, vivia nas margens do Ródano, num bosque, entre Arles e Avinhão, um dragão, metade animal, metade peixe, maior do que um boi e mais comprido que um cavalo, com dentes afiados como espadas, e protegido de ambos os lados por escamas como escudos; escondia-se no rio, matava todos os transeuntes e fazia naufragar os barcos.
Tinha ido por mar desde a Galácia da Ásia, fora gerado por Leviatã – que era uma ferocíssima serpente aquática – e por um animal chamado ónaco, oriundo da região da Galácia, que expele os seus dejetos até à distância de uma jarda como se fosse a ponta de um dardo, queimando como fogo tudo o que atingem.
Marta, a pedido do povo, foi procurá-lo e encontrou-o no bosque comendo um homem; atirou água benta sobre ele e mostrou-lhe uma cruz. Em seguida, vencido e parado como uma ovelha, Santa Marta atou-lhe o seu cinto e ali mesmo foi morto pelo povo com lanças e pedras.
Os naturais dessa região chamavam Tarascurus àquele dragão; por isso em sua memória, aquele lugar ainda se chama Tarasconus (hoje Tarascon), em vez de Nerluc, que significa “lago negro”, porque os bosques eram sombrios e escuros.

Santidade em vida
A partir de então, com licença de seu mestre Maximino e de sua irmã, Santa Marta ficou ali, entregando-se sem desfalecer às orações e aos jejuns. Depois, tendo-se reunido nesse lugar uma multidão de religiosas e construído uma grande basílica em honra da Bem-aventura Virgem Maria, levou uma vida de austera: abstinha-se de carne, de toda a gordura, de ovos, de queijo e de vinho; só comia uma vez por dia, fazia cem genuflexões de dia e outras tantas à noite.



Uma vez, quando pregava junto de Avinhon, entre a cidade e o rio Ródano, um jovem que estava além do rio queria ouvir suas palavras, mas não tinha barco; começou a nadar, mas foi levado pela força da correnteza e logo morreu afogado. Muito a custo, encontraram o seu corpo ao segundo dia e colocaram-no aos pés de Santa Marta para que o ressuscitasse. Ela se prostrou ao chão de braços abertos em cruz e orou assim:
- Senhor Jesus Cristo, que outrora ressuscitou o meu querido irmão, olha, ó meu hóspede caríssimo, para a fé dos circunstantes e ressuscita este rapaz.
Pegou-lhe na mão e ele imediatamente ressuscitou, recebendo o santo batismo.
Santo Eusébio conta no livro quinto da História Eclesiástica, que uma mulher que sofria de um fluxo de sangue, depois de sarada, foi para o seu jardim e fez uma estátua parecida com Nosso Senhor Jesus Cristo, com a túnica e a fimbria como tinha visto, reverenciando-a com muita frequência. Mas cresceram as ervas, até então destituídas de qualquer virtude, e ficaram com tal poder que, daí em diante curou muitos enfermos.
Santo Ambrósio diz que essa mulher fora precisamente Santa Marta. Da mesma forma São Jerônimo refere, como conta na História Tripartida, que Juliano, o Apóstata, tirou a estátua feita por ela para lá colocar a sua, que logo foi destruída por um raio.

Os pastelinhos de Santa Marta
Consta que eram confeccionados e vendidos em ocasiões festivas, especialmente durante a Festa de Santa Marta de Corroios, que viria a realizar-se até aos primeiros anos do século XX.
Durante os dias de festejos, para além das cerimônias religiosas que incluíam a procissão, não faltavam os piqueniques, feitos à sombra das frondosas árvores existentes nos arredores da Capela, as vendas dos bons vinhos da região e dos genuínos bolinhos de Santa Marta, feitos segundo receita do lugar.
A secular receita, que inclui farinha, açúcar, ovos, limão, canela e amêndoa, chegou ao conhecimento da proprietária do Restaurante o Virgílio, como tendo sido duma anciã, de seu nome Henriqueta de Paiva, antiga residente na Quinta da Cabouca, no Alto do Moinho. Consta, da tradição oral do local, que esta senhora, nascida por volta de 1860 e que terá morrido na década de 1940, confeccionava os “Pastelinhos de Santa Marta” para consumo caseiro e em ocasiões festivas – trecho retirado de LIMA, Manuel António Santos, Minha Terra co(m a)rroios, Plátano Editora, 2001, p 34.

Pastelinhos de Santa Marta 

Receita para 12 pastelinhos
Massa:
300 gr. de farinha
2 dl. de água

Recheio:
200 gr. de amêndoa moída com pele
100 gr. de queijo fresco
300 gr. de açúcar fervido em 1,5 dl. de água
Canela a gosto
Raspa de limão a gosto
5 gemas
1 ovo inteiro

Modo de preparar: Faz-se a massa para as formas, amassando a farinha e água com consistência suficiente para estender. Forram-se as formas pequenas e redondas. Juntam-se os ingredientes do recheio numa massa fluida. Enchem-se as formas e vão ao forno polvilhadas com amêndoa moída.

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