A cultura é a responsável
pela presença da gastronomia do mundo. Para mim a primeira grande revolução
social da espécie humana se deu quando o homem descobriu o fogo e percebeu que
poderia preparar os alimentos de outra forma, que não fosse apenas para
comê-los cru. O homem então desenvolveu a agricultura, os sistemas de caça e
pesca, de criação de animais domésticos, passou a fabricar utensílios para
facilitar no preparo de seus alimentos... E assim surgia os primórdios das
artes culinárias no mundo. O que antes era cru agora podia ser cozido ou
assado.
A geografia foi de
suma importância na construção da gastronomia mundial, pois a partir dela podemos
identificar elementos, principalmente os ingredientes, que representam ou
identificam uma sociedade.
Levando em
consideração o contexto acima se pode afirmar que as tradições culinárias podem
nascer de fatos simples.
Esta pequena
introdução serve para que eu possa apresentar para vocês um novo Projeto que
esta Confraria irá apresentar a vocês, amigos confrades e leitores, no decorrer
de nossos posts. Trata-se do Projeto
Sabores da Tradição. Este projeto tem como objetivo maior realizar entrevistas
com personalidades conhecidas Brasil à fora, para que possamos descobrir e desvendar como a cultura gastronômica afeta
os futuros entrevistados.
Desta forma poderemos
conhecer um pouco mais das particularidades de cada personalidade e apresentar
para vocês as receitas que são os Sabores da Tradição de cada um dos
entrevistados. Estamos trabalhando na captação das personalidades, e logo vocês
poderão se deliciar com uma leitura cheia de revelações.
Enquanto as
entrevistas estão, ainda, no forno, o
post de hoje servira para mostrar como os Sabores de uma tradição podem virar
pratos celebrados e conhecidos ao redor do mundo.
O caso do Gateau Paris-Brest
Você que gosta de
andar de bicicleta? Já pedalou livremente pelas ruas próximas a sua casa? Ou,
não vá me dizer eu você é um ciclista de profissão, é? Já sse deram conta do
quanto uma bicicleta pode interferir, e acrescentar de forma positiva na sua
vida: ela pode de manter em forma; pode melhorar sua saúde; pode de proporcionar
momentos de felicidade numas pedaladas ao lado do seu amor; pode te ajudar a
trazer as compras pra casa; e pode te remeter a um dos bolos mais interessantes
e clássicos da tradicional culinária francesa – um top de linha, eu diria: o
Gateau Paris-Brest (Bolo Paris-Brest). Isso mesmo que você leu, o bolo foi criado inspirado em bicicletas.
Tudo na França tem
muita historia, isso não deixaria a confeitaria de lado. Assim, fica fácil compreender
as historias deliciosas que surgiram a partir do cotidiano, como a deste bolo
feito de Pâte à Choux (mesma massa de Bomba ou Carolina) com o recheio original
de creme mousseline e decorado com amêndoas lascadas.
Embora inicialmente
tenha sido feito um bolo em forma de coroa de louros, não reza hoje dele a
história. Foi só em 1910 que, em homenagem a esta corrida, foi criado, por
Louis Durand, o não menos célebre bolo Paris-Brest. O bolo, apesar de francês,
internacionalizou-se e mantém hoje o mesmo sucesso que alcançou na data de
origem.
O chef pâtissier da
Maisons-Laffitte, Louis Durand, se inspirou
numa corrida de bicicleta entre Paris-Brest-Paris, fundada em 1891 por
Pierre Giffard, que lhe pediu para fazer um bolo em forma de roda de bicicleta,
assim somente em 1910, surgiu o Gateau Paris-Bret.
Hoje em dia o blo
pode ser encontrado nas melhores confeitarias por todo o mundo – o que ajudou a
receber alterações no recheio e com o acréscimo de cobertura. No entanto, a
massa bomba, faz toda a diferença.
Assim desde 1910,
quando Durand criou o bolo, e este foi se propagando pelo mundo, tornou-se um clássico,
e passou a configurar na lista dos bolos típicos da gastronomia francesa. Sites
franceses dão tanta importância a este bolo que, para o Jornal le Figaro, o bolo
configura no oitavo item da lista das “100 coisas que todo parisiense deve
fazer pelo menos uma vez na vida” :
1. Avoir dîné au
Tokyo Eat (XVIe) sans avoir poussé la porte du Palais de Tokyo
2. Avoir pris un
petit déjeuner sur la terrasse du Café Marly (Ier), un Costes parmi tant
d'autres
3. S'être assis
autour d'une table à l'Astrance (XVIe)
4. Avoir organisé un
pot sans départ au Train Bleu, gare de Lyon (XIIe)
5. Avoir dîné chez
Lipp (VIe), au rez-de-chaussée et côté rue, de préférence près d'une tête
connue
6. Avoir mangé une soupe à l'oignon aux Halles (Ier)
7. Avoir acheté une glace en cornet chez Bertillon, la maison mère (IVe)
8. S'être délecté du Paris-Brest de Philippe Conticini à
la Pâtisserie des Rêves de la rue du Bac (VIIe)
9. S'être fait plaisir en remplissant son panier à la Grande Épicerie du
Bon Marché (VIIe)
10. Avoir craqué pour
le macaron au caramel au beurre salé de Ladurée (VIIIe). (Ver lista completa aqui)
Entenda mais sobre a corrida de bicicletas
que deu origem ao bolo Paris-Brest
Realizado pela
primeira vez em 1891, o evento de 1.200 quilômetros “Paris-Brest-Paris”, também
conhecido como "PBP" é uma que desafia a resistência, habilidade e a
determinação dos ciclistas.
Organizado no mês de
agosto, a cada quatro anos, pelo clube anfitrião Audax Club Parisien, o Paris
Brest Randonneurs é o evento mais antigo ainda realizado com regularidade na
estrada. A corrida começa no sudoeste da capital francesa e percorre 600 km
rumo ao oeste, até a cidade portuária de Brest, no Oceano Atlântico, e retorna
pela mesma rota. A prova é para os amadores e a participação de ciclistas
profissionais é proibida.
Os ciclistas
randonneurs de hoje em dia, mesmo não usando as bicicletas primitivas por
estradas de terra e paralelepípedo de antigamente, ainda têm que enfrentar o
mau tempo, ladeiras intermináveis e ainda pedalar contra o relógio. Um prazo
limite de 90 horas assegura que somente os randonneurs mais tenazes recebam a
prestigiosa medalha e tenham seu nome escrito no "Grande Livro" do
evento junto com todos aqueles que completaram a competição desde o primeiro
PBP.
Em 1891 as pessoas
não sabiam o que podia ser feito com a bicicleta, inclusive alguns
especialistas da medicina daquela época alertavam ao público alegando
"danos à alma e ao corpo humano". Algumas mulheres mais modernas
insistiam em andar de bicicleta, igual aos homens, contando com espectadores
incrédulos.
Dez anos antes, havia
começado as corridas em velódromo e os passeios pela cidade de prósperos
ciclistas que podiam se permitir uma máquina daquelas era relativamente comum.
A ideia de cobrir
longas distâncias na estrada estava engatinhando. De qualquer modo, com a
virada do século se aproximando, ideias sobre o que poderia ser feito com este
invento fascinante começaram a evoluir.
Tentativas iniciais
em corridas e no cicloturismo (superando obstáculos como colinas) tinham
começado alguns anos antes, mas não eram frequentes. As estradas de terra
naquela época eram abismais, empoeiradas no verão e lamacentas na chuva, e as
ruas de paralelepípedo das cidades eram bastante agressivas para as frágeis
rodas das bicicletas.
De qualquer forma, na
primavera de1891 ocorreu a inaugural “Bordeaux-Paris”, uma corrida de estrada
de 572 quilômetros que cativou a atenção do público e as vendas de jornais
dispararam antes e durante os dias da corrida e esse fato não passou
despercebido para o editor (e ciclista entusiasta) do "Le Petit
Journal" Pierre Griffard.
O editor também
observou que a participação estrangeira tinha dominado do começo ao fim a
“Bordeaux-Paris”, pois o primeiro francês tinha se colocado num distante quinto
lugar. Então, o Paris-Brest-Paris foi anunciado no verão de 1891. Griffard
pretendia que fosse o teste definitivo para a confiabilidade da bicicleta e
para a força de vontade do ciclista. Ele assinalou a marca de 1.200 km. Sendo
assim, o PBP faria do Bordeaux-Paris, e seu tempo recorde de 27 horas, parecerem
uma brincadeira de criança. Somente homens franceses foram permitidos na prova.
Cada inscrito poderia
ter até dez "puxadores" estrategicamente distribuídos ao longo da
rota. Eram ciclistas apoiadores que poderiam ajudar ao participante fazendo vácuo,
ou prestar ajuda em caso de problemas mecânicos, mas apenas alguns poucos
ciclistas os empregavam no PBP.
Como os automóveis
ainda não existiam, a corrida era monitorada por um sistema de observadores
comunicados ao longo da rota pelo telégrafo e pela ferrovia. Os jornalistas
mandavam, claro, suas matérias a Paris para que o público estivesse abastecido
com edições especiais com as últimas noticias da corrida.
O PBP chamou a
atenção de fabricantes de bicicletas e de pneus querendo mostrar ao público
"louco por bicicletas" que seus produtos eram superiores a outras
marcas. Ao contrário da rota rural do atual PBP, que evita as estradas mais
movimentadas ao oeste de Paris, a rota original seguia a "Grande Estrada
do Oeste" em direção a Brest, ou Route Nationale 12, como acabou
conhecida. O roteiro passava por La Queue-en-Yveline,
Mortagne-au-Perche,Pré-en-Pail, Laval, Montauban-de-Bretagne, Saint Brieuc e
Morlaix.
Gateau
Paris-Brest
Massa:
200ml leite
110g manteiga
125g farinha de trigo
4 ovos
Modo de
preparo da massa:
Misture o leite com a manteiga e leve ao fogo até levantar fervura, feito isso
adicione a farinha de uma só vez e mexa cozinhando a massa até soltar do fundo
da panela (similar a massa de coxinha). Retire da panela e mexa a massa para
que esfrie; tão logo possa tocar a massa com as mãos, comece a misturar os ovos
1 a 1 até que a massa fique uniforme. Feito isso, divida em duas partes e leve
para assar usando formas com buraco central. Como a massa é bastante delicada,
leve para assar por cerca de 45 minutos em forno médio, e na metade do tempo
decorrido, abra a porta do forno, deixando levemente aberta com a ajuda de um
cartão ou um pano para que a temperatura média seja reduzida. Retire do forno e
deixe esfriar para efetuar a montagem.
Creme
Mousseline
Este creme consiste n na adição de manteiga
ao creme de confeiteiro, na proporção de 1 Parte de Crème Pâtissière para 1/3
Parte de manteiga Manteiga. Exemplo: 375g de Crème Pâtissière para 125g de
Manteiga.
Preparo:
Após
preparar o Crème Pâtissière, cubra-o com papel filme em contato e deixe
esfriar. Junte ao Crème Pâtissière e a manteiga em temperatura ambiente em um
bowl e bata utilizando a batedeira com o globo até obter uma mistura homogenia.
Caso deseje acrescente os aromas ou sabores ao final do preparo.
Montagem:
Divida o bolo ao meio e recheie com o cremes,
polvilhe as amêndoas lascadas para decorar.
Creme
de confeiteiro ou inglês:
250ml leite
3 gemas
70g açúcar
25g maisena
Dilua a maisena no leite ainda frio,
acrescente as gemas repetindo o processo e depois o açúcar. Leve em fogo brando
mexendo até adquirir consistência de mingau grosso.
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