Neste
exato dia, há 11 anos, eu dei o clique inicial que deu início a transmissão do conteúdo
digital com os meus conhecimentos e aprendizados sobre a cultura gastronômica:
o que antes estava escrito em folhas de caderno ganhava a versão virtual em um
blog que começou tímido mas, ao poucos, conquistou milhões de leitores em mais de 170 países –
graças ao avanço da tecnologia que permitiu tradução simultânea em apenas um
clique, convertendo a escrita em português para a outras linguagens.
Muita
coisa mudou de lá para cá, só não mudou o desejo de continuar estudando,
pesquisando e escrevendo sobre o que gosto. Sim, aumentou a responsabilidade
com o conteúdo; também resolvi incluir as postagens numa página homônima no
Facebook, e vieram mais seguidores/leitores. Fico imensamente feliz por receber
tantos feedbaks de pessoas que me enviam mensagens agradecendo pelo meu
trabalho, por compreenderem a minha dedicação, por aprenderem algo novo a cada
dia com as postagens. Mas, principalmente, por entenderem a defesa do meu
pensamento que vai sustentando que comida é cultura, uma parte importante da
nossa vida que, muitas vezes, passa desapercebida, mas que precisa ser
respeitada, valorizada, estudada, comida, compartilhada, registrada, preservada.
Houve também os Haters, claro! Eles estão em todos os lugares para te fazer desistir,
acredite. Eu confesso que respondi alguns, mas também tentei entender o que cada
um deles escrevia: alguns estavam apenas infelizes por não estarem no meu
lugar; outros só queriam visibilidade; tenham, e ainda tem, os chatos da
“conversão”, sempre de plantão nas cobranças para que eu transforme o texto em
enciclopédias monótonas ou em periódicos acadêmicos – cheios de regras, normas
chatíssimas, mas necessárias (eu sei, também escrevo para periódicos
acadêmicos. No blog, inclusive, divido minha escrita acadêmica compartilhando
os links de livros, artigos e resenhas que publiquei e que envolvem a
gastronomia de alguma forma). Mas, aqui o desejo era que o blog fosse apena o
meu guarda-memórias – por isso, tinha que ser leve. Alguns entendem isso.
Outros não querem entender. De toda forma, continuo. Quero e preciso agradecer
a todos, e a cada um dos leitores e leitoras que compartilham um pouco do seu
precioso tempo comigo quando leem o que eu escrevo. Muito obrigado! Aos
curiosos, até este momento em que escrevo o blog tem 1.449.191 leitores
individuais. Estou em todos os continentes!
Para celebrar essa data especial um bolo não poderia faltar. Então busquei um que trouxesse referências da minha história, da ligação com a confeitaria, com uma boa e polêmica história. Assim, hoje falarei sobre as origens do Bolo Xadrez, com vocês o Battenberg Cake.
Quando
eu era criança o bolo xadrez sempre esteve presente na minha vida,
especialmente quando eu estava de férias e o comia nos restaurantes de parada
do ônibus durante a viagem da Serra da Ibiapaba para a capital do Ceará,
Fortaleza. Sempre me intrigou como o bolo xadrez era feito, par ter quadrados
perfeitos de massa branca intercalados com massa de chocolate, ganhando aquele
aspecto de tabuleiro inconfundível. Só muito anos depois eu descobriria que se
tratava apenas de cortes, habilidades de montagem e receitas clássicas
dominadas por bons confeiteiros... eu imaginei tantas coisas mirabolantes...
descobri também que o bolo original não era feito com chocolate, tinha cores e
nome diferentes, o que passo a dividir com vocês.
Apesar
do nome, Battenberg Cake, trata-se de um bolo originalmente inglês. que é
composto de placas coloridas alternadas de um bolo de libra (pound cake, feito
com partes iguais de farinha, açúcar, manteiga e ovos) – mas que também pode
ser feiro com genoise ou pão-de-ló, geralmente saborizado com essência de
amêndoas, unido por geleia de damasco e coberto com pasta de amêndoa
(marzipan). A montagem é especial e revela o desenho que lembra um tabuleiro de
Xadrez - por isso, no Brasil o nome de Bolo Xadrez. Há quem diga que lembra uma
janela feito por uma criança, razão pela qual é conhecido na parte do norte da
Inglaterra como 'Bolo da Janela da Igreja'.
Quanto
ao nome, pode ser Battenberg ou Battenburg e exibe, na sua forma mais simples,
um padrão de verificação dois por dois distinto, alternadamente colorido de
rosa e amarelo. Esse mesmo padrão pode ser verificado nos veículos de
emergência no Reino Unido, e eles são oficialmente chamados de marcações
Battenburg por causa de sua semelhança com o bolo.
A
popularidade da internet replica conteúdos numa rapidez impressionante, e neles
muitos dos autores apontam que o bolo Battenberg é exemplarmente britânico,
tendo o primeiro sido feito em 1884 para celebrar o casamento do Príncipe Louis
de Battenberg com a Princesa Vitória, neta da Rainha Vitória e avó do Príncipe
Filipe. Será? Vamos descobrir...
Embora
o bolo seja originário da Inglaterra, suas origens exatas não são claras, com
as primeiras receitas também usando os nomes alternativos "Bolo
Dominó" (Domino Cake, receita de Agnes Bertha Marshall, 1898), "Rolo
Napolitano" (Neapolitan Roll, receita de Robert Wells, 1898), ou "Bolo
da janela da igreja (Church Window Cake).
O
bolo teria sido supostamente uma homenagem para o casamento da princesa
Vitória, uma neta da rainha Vitória, com o príncipe Luís de Battenberg em 1884.
O nome refere-se à cidade alemã de Battenberg, Hesse, que foi a residência de
uma família aristocrática que morreu no início da Idade Média e cujo título foi
transferido em 1851 para a Condessa Julia Hauke em nome de seu casamento com o
Príncipe Alexandre de Hesse e pelo Reno; depois, primeira condessa de
Battenberg, depois princesa de Battenberg, conhecida na Grã-Bretanha desde 1917
como Mountbatten – a mudança ocorreu para evitar complicações que ligassem a
realeza com os nazistas.
Existem
algumas variações mais detalhadas sobre este tema. Uma delas é a teoria de que
as quatro seções do bolo representavam originalmente os quatro príncipes de
Battenburg - o próprio Louis e seus irmãos: Alexander, Franz-Joseph e Henry. O
único problema com esta história é que as primeiras receitas para este tipo de
Bolo Battenburg pedem nove quadrados e não os quatro que são encontrados nas
versões modernas.
O
que provavelmente ocorreu é que os padeiros britânicos (como os da J. Lyons & Co.) simplificaram o bolo
criando "um battenburg de apenas quatro painéis" que é muito mais
fácil de fazer em uma linha de produção.
Nas
pesquisas fez-se surgir uma receita ilustrada de um bolo idêntico chamado
Gateau à la Domino em uma edição de julho de 1898 da revista de comida e governança
vitoriana The Table (A Mesa), publicada e editada por a notável Sra. Agnes
Berthe Marshall. Embora os quatro livros da Sra. Marshall sobre culinária e
sorvete sejam agora bastante conhecidos, “A Mesa” raramente é citada, embora
seja uma das fontes mais extensas e ricas sobre a vida doméstica e a
alimentação do final do século XIX e início do século XX. Ela o lançou em 12 de
junho de 1886. Havia 1.690 edições semanais até junho de 1918. Foi então
renomeado The Table and Housekeeper's Journal e foi publicado quinzenalmente
com 547 edições até seu desaparecimento em setembro de 1939. Em sua época, A
Mesa era a mais importante revista sobre culinária publicada na Grã-Bretanha. A
Sra. Marshall morreu em 1905, mas A Mesa continuou indefinidamente.
A
receita da Sra. Marshall para o Bolo Dominó apareceu em 1898, o mesmo ano em
que as receitas para dois bolos quase idênticos - Bolo Battenburg de Frederick
Vine e Rolo Napolitano de Robert Well foram publicadas. Na aparência, o bolo de
Vine é idêntico ao de Marshall, com nove painéis de genoise rosa e branco
alternados dentro de um casaco de pasta de amêndoa. Já o bolo Well's, com seus
quatro painéis, está mais próximo da versão moderna que hoje chamamos de Bolo
Battenburg.
Pode
ser que existam outras receitas. Mas não se tem consenso de quem foi o primeiro
a conceber a receita. Mas essa receita de Marshall, como o nome de Dominó, leva
a crear de que, realmente o bolo não foi feito para a realeza. Se fosse assim,
por que a Sra. Marshall, doze anos após o casamento, chamaria de Bolo Dominó e
Wells de Rolinho Napolitano?
Abaixo
está a receita completa da Sra. Marshall, uma versão do bolo com marzipã, e com
sabor de baunilha e maraschino, sua versão é mais sofisticada do que Vine's ou
Well's, cujas receitas mais simples foram pensadas para o comércio e não para o
fabricante de bolos doméstico. Ela também registrou os direitos autorais de sua
receita - veja abaixo - e declarou que era nova. Talvez os outros dois o tenham
beliscado e renomeado para disfarçar sua origem. Portanto, para tomar uma
liberdade terrível com a frase bem conhecida de Gertrude Stein relativa a uma
flor bem conhecida, "Um bolo de dominó, é um rolo napolitano, é um bolo de
Battenburg. E, possivelmente seja uma criação da sra. Marshall.
Vine
foi um dos padeiros/confeiteiros profissionais mais eminentes de sua época. Ele
não foi apenas o autor de vários livros, mas também o editor da principal
revista comercial The British Baker. Em sua receita para bolo Battenburg, ele
nos diz claramente para criar um bolo com nove seções, alternadamente coloridas
de vermelho e branco. Ele ilustra o bolo acabado neste diagrama apresentado na imagem acima. Compreenda, entretanto, que esta imagem apareceu apenas quatorze anos após o casamento de
Louis e Victoria e foi publicada pelo padeiro mais respeitado de Londres. Se
Frederick Vine não sabia como um Bolo Battenburg deveria parecer, então quem
saberia? Bem, alguns outros na verdade.
Nos
primeiros anos do século XX, vários profissionais também publicaram receitas e
ilustrações que concordam inteiramente com as de Vine. Por exemplo, a receita
em The Book of Cakes de T. Percy Lewis e A. G. Bromley (Londres: 1903) também
pede nove painéis, como mostrado em sua impressionante ilustração
cromolitográfica.
Infelizmente,
até o momento, não foi encontrei nenhum que relato contemporâneo desse bolo que
confirme que foi inventado para homenagear o casamento real de 1884. Esse fato
pode muito bem ser verdade e talvez a tradição seja baseada em uma memória
popular, mas não parece estar fundamentada em nenhum registro escrito. Nem há
relatos que liguem o número de suas seções aos príncipes de Battenburg, a
menos, é claro, que houvesse cinco outros que não conhecemos – já que a receita
original pedia nove seções.
Talvez
Louis tivesse outros irmãos sobre os quais seu pai se calou! A história dos
quatro painéis e dos príncipes parece ter surgido recentemente. Mas sabendo que
tenho leitores na Alemanha e Reino Unido, se houver alguém por aí que
coincidentemente tenha estudado o tema e tenha documentação ligando este bolo
ao casamento do príncipe de Battenburg, gostaria humildemente que
compartilhassem as fontes conosco para conhecermos melhor dessa história.
A
fotografia abaixo do Ship's Baker de Richard Bond (Londres, de1923) mostra que
em 1923, o bolo Battenburg ainda estava sendo feito com nove painéis, como
testemunha a imagem. Para quem não sabe, Bond é outro esquecido herói da
culinária britânica que se especializou em livros sobre culinária marítima.
Richard Bond do frontispício de seu livro Sea Cookery (Londres: 1910).
Um
bolo Battenburg bem feito é um desafio técnico para qualquer padeiro. Tanto que
no passado, a tarefa de construir um desses bolos era frequentemente atribuída
a padeiros e confeiteiros aprendizes para testar suas proezas e os resultados
eram frequentemente exibidos. Em 1936, a edição do livro de Vine, podemos ver
como os Bolos Battenburg (bem, pelo menos as versões exibicionistas deles)
chegaram a se parecer nos anos trinta.
Como podem ver na imagem, nos anos trinta, o
número de painéis do bolo multiplicou-se de nove para vinte e cinco - a Art Déco enlouqueceu!
Talvez os padeiros agora não estivessem apenas homenageando os irmãos
principescos de Sua Alteza Serena (incluindo os ilegítimos), mas também todos
os seus netos e bisnetos! Quantos ele tinha?
Então, quando o Battenburg Cake acabou com apenas quatro painéis? Provavelmente a industrialização foi o motivo: eles teriam mudado para apenas quatro seções na época em que começaram a ser fabricados por grandes padeiros industriais como J. Lyons & Co, que, pelo que sei, começou a produzi-los em massa antes da Segunda Guerra Mundial. A J. Lyons & Co. começou como uma casa de chás, que virou uma rede dela e também administrava um restaurante de alto luxo britânico, compraram uma antiga fábrica de chá que se especializou na fabricação de chás, biscoitos e bolos, com hoteis também integrando o patrimônio num concglomerado fundado em 1884. Vários tipos de bolos foram e continuam sendo produzidos pela Lyons de maneira industrial, e ainda estão disponíveis nas prateleiras das mercearias, incluindo a torta de melado Lyons (Lyons treacle tart), Lyons Bakewell tart, Lyons Battenberg, e os pães-de-ló Lyons - Lyons Treacle tart, Lyons Bakewell tart, Lyons Battenberg, and Lyons Trifle sponges - a empresa também é conhecida pelo uso pioneiro de computadores.
Lyons Corner House recriada pelo Museu de Londres.
De toda
forma, voltando ao enunciado sobre o bolo, suponho que um Battenburg de quatro
painéis é muito mais fácil de fazer em uma linha de produção do que um bolo com
nove seções. Alguém poderia me esclarecer?
Se
é assim, de onde veio a história sobre os quatro príncipes de Battenburg? Deve
ter sido inventada pelos por contadores de histórias que queriam dar um ar de
glamour ao bolo, talvez elevar seu valor de mercado, ou, simplesmente, ter mais
uma história pra contar.
Se
há um herói nesta história, al´me da Sra. marshall, seria Frederick Vine. Esse esquecido escritor
britânico, foi o autor de outro livro chamado Cakes and How to Make Them. Infelizmente,
nenhuma das edições deste livro é datada, embora algumas evidências apontem
para uma publicação um ano antes do de Mercadorias vendáveis, possivelmente por
volta de 1890. Se isso estiver correto, e mais pesquisas são necessárias para
confirmá-lo, este livro contém a mais antiga receita conhecida para o Bolo
Battenburg.
Ao
curioso, sim, temos a receita no Bolo Battenburg inicial de Vine, que é, na
verdade, um bolo simples de frutas feito em uma forma tradicional para bolo de
bolo inglês. Se você quiser fazer, aqui está sua receita com a tradução.
No.
84 Battenburg Cakes.
4lb
flour.
One
and three quarters of a pound of butter.
One
and three quarters of a pound of sugar.
Two
and a half pounds of sultana raisins.
Three
quarters of a pound of peel (mixed).
1
oz of cream of tartar.
1
oz. carbonate of soda.
8
eggs.
1
quart milk.
Method.
- Weigh and rub on the board as before directed, and weigh into large size
twopenny greased bread pans ten ounces for sixpenny cakes. sprinkle chopped
almonds over. Bake in a moderate oven. These cakes sell well wherever
introduced.
From
Frederick T. Vine ("Compton Dene"), Cakes and How to Make Them. (nd.
c.1890), p. 77.
4lb
de farinha.
Um
e três quartos de libra de manteiga.
Um
e três quartos de libra de açúcar.
Um
quilo e meio de passas sultana.
Três
quartos de libra de casca (misturada).
1
onça de creme de tártaro.
1
onça carbonato de refrigerante.
8
ovos.
1
litro de leite.
Método.
- Pese e esfregue na placa conforme as instruções anteriores, e pese em
forminhas grandes de pão untado de dois lados dez onças para bolos de seis
penny. polvilhe as amêndoas picadas. Asse em forno moderado. Esses bolos vendem
bem onde quer que sejam introduzidos.
De Frederick T. Vine ("Compton Dene"), Cakes and How to Make Them. (nd. c.1890), p. 77.
Observe que Vine, cujo pseudônimo era Compton Dene, nos diz que "Esses bolos vendem bem onde quer que sejam introduzidos." Isso indicaria que o bolo Battenburg foi uma chegada bastante recente à cena da padaria no início da década de 1890. O casal real se casou apenas seis anos antes de a receita ser impressa. Portanto, talvez este “bolo primordial”, que continha frutas secas, tivesse pretensões de ser o bolo comemorativo original do que o bolo mais conhecido de várias cores.
Vine estava no auge de sua carreira na época do casamento. Se ele estivesse vivo agora, ou se tivéssemos mais registros sobre ele, tenho certeza de que seria capaz de nos dizer por que um bolo de frutas delicioso, mas indefinível, foi substituído por um intruso doce e chamativo em questão de seis anos.
Bem, suponho que a moral desta história não seja acreditar em tudo o que você vê na televisão ou lê na internet, principalmente pela Wikipedia, de onde boa parte dos escritores da internet tiram suas fontes.
Para aqueles de vocês mais interessados em fatos do que em ficção, aqui está a assinatura e a placa do livro de Frederick Vine, tiradas de seu exemplar do Regenerador Gastronômico de Alexis Soyer. Você também deve ter notado que, ao longo do escrito escrevi Battenburg com um 'u', em vez de Battenberg, o que parece ser uma prática contemporânea. Bem, também acompanhei o Sr. Vine neste assunto, pois acho que ele deveria ter a última palavra.
Mas,
vamos a outras curiosidades. Bolos coloridos eram conhecidos desde o século
XVII. Essa prática tem origem na Alemanha, inclusive já tratei sobre isso no
post que fiz sobre as origens do bolo Mármore (mesclado) que você pode conferir
AQUI. Mas não somente a ideia de massas colorida e o nome fazem ligação com a
Alemanha.
O
marzipan, uma pasta espessa criada com amêndoas moídas e açúcar, é mais
conhecido por sua capacidade de se transformar em formas extravagantes do que
como cobertura para bolos. A pasta é originária da Pérsia, mas não para os
propósitos culinários de hoje. De acordo com os registros de Rhazes, um médico
de renome que viveu de 850 a 923, era originalmente usada como pomada curativa.
As
primeiras ocorrências registradas de marzipan na Inglaterra aparecem em meados
do século XV, quando era conhecido como marchpane. (O marzipan chegou ao
Mediterrâneo muito mais cedo, talvez até antes da Idade Média.) A confecção
ainda faz uma aparição em Romeu e Julieta, quando um Servo observa: "Meu
Deus, salve-me um pedaço de marchpã!" Eventualmente, a grafia alemã como a
conhecemos hoje, marzipan, venceu.
O
uso de marzipan em um bolo Battenberg tem um propósito duplo. Primeiro, ele
revela uma clara herança alemã do bolo (o país se imagina como a capital do
maçapão da Europa) e também permite que o doce tenha um toque decadente e
ornamentado, já que o marzipan era bastante caro para usar, mesmo em pequenas
quantidades.
É
bastante curioso, à primeira vista, que um bolo quintessencialmente inglês
tenha um nome que homenageia uma pequena cidade alemã. No entanto, a política
europeia e os casamentos reais às vezes podem fazer com que o implausível
tivesse (um pouco) sentido. Homenagens...
O
fato é que o Batterberg Cake, atendeu tanto ao gosto britânico quanto à
estética alemã, com um design que refletia a arquitetura rococó alemã e
ingredientes (como geleia de damasco) que eram populares no paladar inglês.
A
popularidade e a facilidade de tingir do chocolate pode ter surgido nesse
contexto, também para agradar aos ingleses que já adoravam um chocolate. No
Brasil, entretanto, o Bolo Xadrez, sempre foi feito com as seções de massa
branca e de chocolate, recheado/colado com brigadeiro – uma combinação que
agrada ao paladar brasileiro, mas que seria doce demais para os europeus.
Abaixo você terá duas opções de receitas executáveis para esse bolo. Garanto qu e vão agradar aos olhos e aos paladares dos convivas com quem você desejar partilhar dessa delícia.
Batterberg Cake
Para bolo de amêndoas (branco)
175g
de manteiga muito macia
175g
de açúcar refinado dourado
140g
de farinha com fermento
50g de
amêndoas moídas
½
colher de chá de fermento em pó
3 ovos
médios
½
colher de chá de extrato de baunilha
¼
colher de chá de extrato de amêndoa
Para o bolo rosa
Os
mesmos ingredientes para um bolo branco amêndoas (receita acima0
corante
alimentar rosa, usei ½ colher de chá pasta alimentar de rosas Squires
Para montar
200g
de geleia de damasco
2 x
blocos de marzipã branco
pouco
açúcar de confeiteiro, para polvilhar
Preparo: PASSO 1- Aqueça o
forno a 180 ° C e forre a base e as laterais de uma forma quadrada de 20 cm com
papel manteiga (a maneira mais fácil é cruzar tiras de 2 x 20 cm de comprimento
sobre a base). Mas se preferir unte apenas com manteiga e enfarinhe. Para fazer
o bolo de amêndoa, coloque a manteiga, o açúcar, a farinha, a amêndoa moída, o
fermento, os ovos, a baunilha e o extrato de amêndoa em uma tigela grande. Bata
com um batedor até obter uma mistura ficar homogênea. Coloque a massa na forma
e leve ao forno por 25-30 minutos – faça o teste do palito, ele deve sair
limpo. Deixe esfriar na forma por 10 minutos, depois transfira para uma
gradinha para terminar de esfriar enquanto faz a segunda esponja. PASSO 2- Para
o bolo rosa, forre a assadeira como acima. Misture todos os ingredientes como
acima, mas não adicione o extrato de amêndoa. Adicione um pouco de corante
alimentício rosa. Em seguida, raspe tudo na forma e leve ao forno como antes.
Legal. PASSO 3 - Para montar, aqueça a geleia em uma frigideira pequena até que
fique escorrendo, depois peneire. Apenas apare as bordas opostas do bolo de
amêndoa e do bolo rosa, para ficar retinho. Meça a altura igual para todo o
bolo, corte ao meio na altura do comprimento, e cada parte novamente ao meio o
que obterá 4 partes iguais com a mesma largura – use uma régua para ajudar.
Repita o processo com o bolo rosa. PASSO 4¬- Pegue 2 fatias de bolo de amêndoa e
2 fatias de bolo rosa e ajuste o corte para que fiquem do mesmo comprimento.
Estenda um bloco de maçapão em uma superfície levemente polvilhada com açúcar
de confeiteiro com pouco mais de 20 cm de largura e continue afinando o
marzipan no sentido do comprimento até
que o marzipan tenha cerca de 0,5 cm de espessura. Pincele com geleia de
damasco e, em seguida, coloque uma fatia rosada e uma de amêndoa lado a lado em
uma das pontas do maçapão, espalhando a geleia no meio de cada fatia, servindo
a geleia de cola. Pincele mais geleia em cima dos bolos e, em seguida, faça um
sanduíche com as 2 fatias restantes, alternando as cores para dar um efeito
xadrez. PASSO 5 - Com cuidado, levante o marzipan e alise o bolo com as mãos e feche as
laterais com cuidado. Apare os lados do marzipan quando estiver fechando as
laterais – você pode frisar as bordas usando os dedos e o polegar (ou, mais
simplesmente, pressione com os dentes do garfo). PASSO 6 - Monte o segundo
Battenberg e guarde em uma caixa hermética ou bem embrulhado em filme plástico
por até 3 dias. Pode ser congelado por até um mês.
Bolo Battenberg de chocolate
3/4 de xícara (170g) de manteiga amolecida
3/4 de
xícara (150g) de açúcar refinado
3 ovos
grandes
1
xícara (125g) de farinha de trigo
1/2
xícara (50g) de farinha de amêndoa (amêndoas moídas)
1 1/4
colher de chá (5g) de fermento em pó
1/4
colher de chá (1g) de sal
2
colheres de sopa (30ml) de leite
Para
massa de amêndoa
1
colher de chá (5g) de extrato de amêndoa
Para massa de chocolate
2
colheres de sopa (16g) de cacau em pó sem açúcar
1
colher de sopa (15g) de açúcar
2
colheres de sopa (30ml) de leite
Para
rechear (colar) os bolos
3/4
xícara (180g) de geleia de damasco
Para o Marzipan
2
xícaras (200g) de farinha de amêndoa (amêndoas moídas)
1
xícara (120g) de açúcar em pó
4
colheres de sopa (60g) de geleia de damasco
2
colheres de sopa (16g) de cacau em pó sem açúcar
1
colher de chá (5g) de extrato de amêndoa
Preparo: Pré-aqueça o forno a
180 ° C. Unte e forre uma forma quadrada de 20cm com papel manteiga,
dividindo-a ao meio usando uma parede de papel (você faz dobras de papel
alumínio do tamanho da forma, com a
ajuda de uma régua). Em uma tigela média, misture a farinha com a
farinha de amêndoa, o fermento e o sal. Em uma tigela grande misture a manteiga
com o açúcar até ficar cremoso. Adicione os ovos um de cada vez e misture para
incorporar. Gradualmente, adicione a mistura de farinha e leite e misture para
combinar. Divida a massa ao meio. Para a massa de amêndoa incorpore o extrato
de amêndoa. Para a massa de chocolate misture o cacau em pó, o leite e o açúcar
em uma pequena tigela e incorpore na outra metade da massa. Despeje cada massa
na metade da assadeira preparada. Asse por cerca de 30-35 minutos até que um
palito inserido no centro do bolo saia limpo. Retire do forno e deixe esfriar
por 5 minutos na assadeira e depois esfrie completamente sobre uma gradinha.
Enquanto isso, aqueça a geleia de damasco, peneire e deixe esfriar. Quando os
bolos estiverem completamente frios, corte as laterais para nivelar e e corte
no tamanho igual, ao meio no sentido do comprimento e cada uma delas ao meio
novamente, e terá 4 partes iguais, duas de cada cor. Coloque uma tira de bolo
de chocolate em uma superfície de trabalho, pincele a parte superior e as
laterais com geleia de damasco e coloque um bolo de amêndoas ao lado. Repita
com as outras tiras de bolo por cima. Certifique-se de pincelar cada uma com
geleia de damasco. Prepare o marzipan. Coloque a farinha de amêndoa (amêndoas
moídas), o açúcar em pó e o cacau em pó na tigela do processador de alimentos.
Moer para combinar. Adicione a geleia de damasco e o extrato de amêndoas e
continue triturando até formar uma mistura. Sove um pouco em suas mãos para
unir. Use um rolo para abrir o marzipan duas folhas de papel manteiga, em uma
camada fina. Corte a pasta de amêndoa em um retângulo de 20 x 30 cm. Enrole o
bolo firmemente no marzipan. Corte as pontas e leve à geladeira até a hora de
servir.
Adorei conhecer esta confraria! Obrigada pelo compartilhamento das suas pesquisas.
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