segunda-feira, 4 de março de 2013

Que tal comer anjos e demônios à cavalo? (Angels on Horseback & Devils on Horseback.)


A presença de anjos e demônios nas sociedades está presente em todos os âmbitos – inclusive na cozinha. A prova disto são as preparações das quais trataremos hoje: Angels on Horseback e Devils on Horseback.


Embora angels on horseback seja um parto de origem inglesa, o nome pelo qual ele é mais conhecidos mais vem em francês “anges à cheval”. A aparecimento deste prato na literatura, confirmada pelo Oxford English Dictionary, e por outras fontes, é em 1888, no livro   Mrs Beeton's Book of Household Management. No entanto, há uma referência em um jornal australiano, que inclui uma receita rápida, a partir de 1882. 

"Queer Name for a Dish". Maitland Mercury: p. 8. 1882-06-08.
Uma das primeiras referências em um jornal norte-americano é um artigo de 1896 do New York Times, onde o prato é sugerido como um aperitivo, e de acordo com o New York Times, o prato deve ser creditado ao Urbain Dubois, chef do imperador alemão. Nesta versão, são espetinhos, polvilhada com um pouco de pimenta caiena, e assado, e, em seguida, servido com limão e salsa (sem brinde). Leia o texto aqui.
Curiosamente, na década de 1930, os anjos a cavalo são sugeridos, por exemplo, como parte do menu de piquenique, e em 1948 novamente como um aperitivo.  Na década de 1950, umas séries de artigos aparecem em jornais americanos cujos próprios títulos sugerem que o prato é pouco conhecido:

For Oyster Treat, Try Angels on Horseback: They're Delectable Appetizer Sunday Menu Leia aqui
Angels on Horseback, English Monkey? Those Are Recipes! Leia aqui
These Angels on Horseback Are Oysters Leia aqui


Esse hors d'oeuvre (aperitivo) da era vitoriana praticamente encontra-se desaparecido das mesas nas ultimas décadas. E quando ao nome que levam não se sabe muita coisa sobre eles. Alguns dizem que a principal razão para isso é que as ostras antigamente eram então o alimento de homens pobres e agora elas são uma iguaria – por este motivo não se importaram e deixar claro o porquê do termo. É estranho pensar que esse era o jantar da classe trabalhadora na era vitoriana, em vez de estar nas mesas das classes médias e superiores. Mas naturalmente, essa situação se inverte pelo tempo no limiar do século 20. E se você nunca experimentou ostras antes, esta é uma boa maneira de introduzir-se a elas.


 Um anjo a cavalo nada mais é do que simplesmente uma ostra envolta em bacon para, em seguida, serem grelhados. E um demônio a cavalo é uma ameixa enxertada com pedaços de bacon e tratada da mesma maneira. A referência aos diabos a cavalo, já vierem depois que os anjos a cavalo chegaram a solo americano. A referência ao diabo viria do calor criado pelo molho tabasco quando quente.

Devils on Horseback
O aspecto mais intrigante de fazer tanto "Angels on Horseback" e "Devils on Horseback", ao mesmo tempo é que ambos os pratos parecem idênticos quando bem enrolados e grelhados. Não se sabe se se trata de um anjo ou um diabo, até a primeira mordida. Nesse ponto, a verdadeira identidade é revelada.


Os anjos a cavalo alcançaram certa popularidade na década de 1960 em Washington, DC; quando Evangeline Bruce, esposa do embaixador David K.E. Bruce e famoso por seus "saraus em Washington", serviu-lhes essas preparações regularmente durante a administração Kennedy - mas até lá, o nome em si não era comum, como sugerido pelas palavras do colunista Liz Smith : "Às vezes, as ostras eram cruas, às vezes eles eram grelhados e envoltas em bacon. Então a Sra. Bruce chamava-as de Anjos a cavalo."


No final dos anos 1980, o Chicago Tribune chama o prato "intrigante", sugerindo o prato ainda não havia se tornado comum nos Estados Unidos.
Confesso que os anjos a cavalo são deliciosos. Mas não custa preparar um pouco dos demônios a cavalo. Porque para mim eles são ficam melhores quando acompanhados um do outro.

Anjos à cavalo
As melhores ostras para preparar os anjos são as grandes, encontradas no Pacífico - especialmente se você pode obtê-las ainda na concha. Mas se não for possível, não tem problema. Quantos as ameixas, as melhore são as 'gigantes', com mais polpa.
Podemos encontrar muitas receitas elaboradas para preparar essas iguarias, principalmente os anjos a cavalo. Mas essas receitas ficam melhores quando preparadas de forma simples, como na época em que foram desenvolvidas – o segredo só é ter as matérias-primas de boa qualidade e as deixar falarem por si, conversando e surpreendendo seu  paladar.
Você pode fazer essas deliciosas  em tamanhos de petiscos, sendo acompanhadas com fatias de pão torrados com manteiga aromatizada e um bom vinho

Anjos a cavalo (Angels on Horseback)

12 ostras grandes
Pimenta caiena
molho Tabasco
6 fatias (do tipo tiras) de bacon defumado cortado ao meio

Preparo: Primeiro, deixe de molho as ostras em um pouco de água com molho tabasco e ligue o seu forno para que ele fique quente (Caso queira pode ser preparada no grill ou na churrasqueira). 

Tempere as ostras com um pouco de pimenta caiena, Em seguida enrole-as com um pedaço de bacon, prendendo-as com um palito. Coloque-as em uma assadeira e grelhe até que o bacon ficar crocante e as ostras ficarem macias. Sirva imediatamente.


Diabos a cavalo (Devils on Horseback)

12 ameixas secas grandes (ou  24 pequenas)
½ copo de vinho branco
12 Palitos
12 fatias finas de assado (o que você preferir)
Molho tabasco
Amêndoas torradas
6 fatias de bacon defumado e cortado ao meio

Preparo: Cubra as ameixas com o vinho branco quente e sobre elas despeje o molho tabasco á gosto (deixar bem picante é o ideal) e deixe hidratar por 30 minutos. Remover os caroços e em seu lugar colocar uma amêndoa torrada. Se você estiver usando ameixas pequenas, faça um sanduíche com duas ameixas e uma amêndoa entre as duas. Em seguida enrolar com uma fatia de assado, enrolar um pedaço do bacon, prender com um palito e levar ao forno ate o bacon ficar crocante. DICA: se preferir, pode ser feita apenas com o  bacon – sem as fatias de assado.  


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