Antes de iniciar a
leitura, eu peço que vá até o final desta postagem e dê o play na música, e só
então volte para o começo do texto. Isso é fundamental para a experiência que
eu quero lhes propor hoje. Se permita. Dê o play na música e volte.
Concentre-se. Inspire.
Inspire o máximo de ar que for capaz de inspirar, pois a minha história só vai
durar o tempo necessário para você segurar sua respiração. Por isso leia o mais
rápido que puder.
A fome me despertou
como seu chamado sobrenatural avisando que era o momento de eu resgatar minha
força. Cada célula despertara gritando, emitiam um sinal de alerta para o
prazer que viria. Lutar contra a fome é algo terrível.
O frio conspirava
contra mim, me fazendo tremer. Foi quando senti a rajada fria do vento cortando a
minha pele. Mesmo assim, eu senti o aroma sedutor que vinha não de tão longe, do mesmo modo
como eu sentia o cheiro do cedro trazido pelo vento que me açoitava. Naquele
momento minhas entranhas se retorciam, faziam um barulho estranho e
perfeitamente audível. Eu precisava urgente me alimentar.
Resistindo ao frio e as
dores no estomago me pus em pé e, com a ajuda do interruptor, trouxe luz para
a escuridão. A luz me doía os olhos. A boca seca expandia o hálito devastador. Os músculos se contraiam com o frio e dificultava meu caminhar... uma agonia louca
percorria cada veia - que emitam sinais de que secariam se eu não arranjasse
logo uma vítima para me regozijar.
Um privilégio de poucos
é deparar-se com uma fonte de energia sem ter muito trabalho para isso. Mas eu
preciso sentir o corpo cheio de adrenalina para não fazer de minhas vítimas
apenas mais uma. Por isso, retive meus pensamentos. Concentrei-me e , usando
meus poderes, deslizei suavemente pelo caminho com os olhos brilhando. Fui em
direção ao ponto exato para o ataque.
Confesso que ter
reflexos felinos é uma arte para poucos – além de dar uma elegância ao
caminhar, permite que quem possua este dom faça coisas inacreditáveis com o
corpo, como dar um salto improvável sobre a vítima, daqueles que não deixa a presa escapar.
Minhas faculdades
mentais cheias de artifícios me permitem ser ávido no ataque, e
faz minha boca ávida roubar cada nutriente de minhas presas com uma rapidez
incalculável, sugando cada fração de vida, de energia, com tanta habilidade que leva
a presa em pouco tempo à exaustão.
Meu corpo é meu
santuário. Sou soberano neste domínio. Inatingível e intrépido. Dominar todas
as minhas habilidades antes era uma aflição. Fui obrigado a lutar contra minha
própria integridade, mas no fim o essencial era a energia que aprendi a
controlar e que me faz dar investidas certeiras, ter a liberdade do voo sem
asas, de olhares penetrante como flechas – que rasgam a alma e queimam
corações.
Perdi muito tempo
divagando aqui. Talvez aí, tenha-se um defeito: eu amo os detalhes. Reavalio a
nocividade de minha lâmina, sinto a dor voltar a percorrer meu corpo. A vítima
parece atordoada está imóvel. Em uma distância fatal para ambos.
Sinto uma pressão invadir meu corpo. A loucura se aproxima para me consumir. Não vejo mais nada depois do golpe certeiro, cirúrgico, da lâmina afiada que brilhou até voltar suja para mim.
Sinto uma pressão invadir meu corpo. A loucura se aproxima para me consumir. Não vejo mais nada depois do golpe certeiro, cirúrgico, da lâmina afiada que brilhou até voltar suja para mim.
A visão voltou-me com o aroma inebriante da vitória. Eu não podia mais esperar. Coloquei um pedaço
daquilo na boca. Todos os meus sentidos explodiam em alegria enquanto o veneno me corria as veias até o cérebro para entrar na combustão do êxtase. Um sorrisinho
maligno surge no canto de minha boca, enquanto eu abocanhava mais uma fatia
daquela besta negra...
Olá, amigos. Espero que
tenham gostado do conto que escrevi para estrear as postagens de outubro, mês
de muitas celebrações, das quais mais gosto do Dia das bruxas. Para tanto
resolvi trazer a receita de um bolo particularmente delicioso e de nome
bastante apelativo e que cabe bem nesta data: La Bête Noire, a besta negra.
É um bolo sem farinha e
que talvez leve esse nome em referência ao chocolate amargo utilizado no
preparo que deixa o bolo negro e forte. Não consegui achar as origens desta
preparação e por esse motivo resolvi criar um conto, para deixar o mistério no
ar. Espero que sejam ousados e se permitam ser acompanhados pela besta negra!
La Bête
Noire
Ingredientes para o bolo:
1 xícara de água;
3/4 de xícara de açúcar;
9 colheres de sopa [135g] de manteiga sem sal,
em fatias;
510g de chocolate 56% cacau picado;
6 ovos.
Ingredientes para a ganache:
1 xícara de creme de leite fresco;
240g de chocolate 56% cacau picado.
Creme de leite fresco gelado batido em picos
macios, frutas ácidas ou sorvete para acompanhar.
Prepare o bolo: Pré-aqueça o forno a 170 graus.
Coloque uma chaleira de água para esquentar, para o banho-maria. Unte com
manteiga uma fôrma redonda de 23cm de diâmetro e fundo removível. Cubra o fundo
interno da fôrma com um disco de papel manteiga de mesmo diâmetro e unte-o
também. Envolva a fôrma em 3 folhas de papel alumínio, externamente, uma sobre
a outra, para que a água do banho-maria não entre pelo fundo removível.
Reserve. Em uma panela pequena coloque a água e o açúcar. Leve ao fogo médio,
mexendo apenas para o açúcar se dissolver. Deixe ferver por 5 minutos e retire
do fogo. Em uma panela grande, derreta a manteiga em fogo baixo. Adicione o
chocolate picado e misture bem até tudo derreter. Apague o fogo e junte a calda
de açúcar, misturando até ficar homogêneo. Deixe esfriar. Junte os ovos, um a
um, misturando bem com um fouet após cada adição. Passe a mistura para a fôrma
preparada. Coloque a fôrma dentro de uma assadeira retangular grande, de
laterais altas, e coloque dentro do forno. Complete a assadeira com água quente
até metade da altura da fôrma de dentro. Asse por 50 minutos, até que o bolo
firme mas o meio ainda se mantenha um pouco mole. Remova a forma do banho-maria
e deixe que esfrie completamente.
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