Mjadra ou Mijadra (do
árabe: مجدرة mujadarah) é um prato da culinária persa que consiste em
lentilhas, arroz e decorado com fatias fritas de cebola.
Mujaddara é um termo árabe
para "esburacado" – uma alusão ao aspecto da preparação onde as
lentilhas entre o arroz se assemelha a buracos. A primeira receita registrada
de mjadra aparece no Kitab al-Tabikh, um livro de receitas compilado em 1226
por al-Baghdadi, no Iraque, que descreve
a receita como sendo arroz, lentilhas e carne, servido desta forma durante
celebrações. A receita sem carne era um prato árabe medieval comumente
consumido pelos pobres, a fama de ser um derivado do "prato de
lentilhas" que Jacó usou para comprar direito de primogenitura de Esaú.
Por causa de sua importância na dieta, um ditado no mundo árabe oriental é:
"Um homem com fome estaria disposto a vender sua alma para um prato de
mjadra".
Apesar de ser considerado
um prato de origem humilde, trata-se de um dos mais conhecidos da cozinha
libanesa ou palestina. Judeus sírios muitas vezes comem este prato duas vezes
por semana: consomem quente às quintas-feiras, e frio nas noites de domingos.
Além de ser muito consumido por árabes cristãos durante a Quaresma.
O consumo desse prato na
Pérsia pode ter influenciado a prática dos árabes cristãos no consumo de Mjadra
durante a quaresma, pelo simples fato da existência do deus Mitra - o Bom
Pastor, o Messias Redentor, a Verdade e a Luz – o , já que existe a hipótese de
ser o Cristianismo baseado no Mitraísmo, considerando que a vida de Mitra
decorreu exatamente como a de Jesus Cristo: tendo nascido no dia 25 de
dezembro, de uma virgem; foi adorado por reis magos e pastores; viajou durante
a sua vida ensinando e fazendo milagres; teve doze discípulos; celebrou uma
última ceia; foi morto e sepultado num túmulo na rocha; e, por fim, ressuscitou
no equinócio da primavera (por volta do dia 21 de março), três dias depois de ter
sido sepultado e subido ao Céu. O mitraísmo incluia rituais celebrados ao
Domingo e sacramentos, celebrando também a Páscoa.
A tudo isto se junta ainda
o facto de Santo Agostinho ter dito que o Deus que ele adorava era o mesmo que
o dos mitraístas. Os animais que o simbolizavam eram o carneiro (que representa
no cristianismo a morte inocente de Jesus para salvar a Humanidade) e o leão
(que era o animal da tribo de Judá, da qual descendia Jesus). Aparece também um
jovem musculado e viril, pleno de força, a dominar um touro nos mitreus
romanos.
Mitra |
Há bastante controvérsia
sobre a etimologia de Mitra. Na Índia védica, Mitra significa ‘amigo’, no persa
avéstico era traduzido como ‘contrato’, sendo esta última significação a que
prevalece nos nossos dias, sendo pois Mitra a personificação do contrato.
Segundo os etimologistas, Mit(h)tra é composto de um sufixo instrumental –
“tra” – que significa instrumento de trabalho e de um prefixo “mi” que é
encontrado em todas as línguas indo-européias sob diferentes raízes. “Mei” pode
significar ainda “lugar, encontro”. Em sânscrito “mitram” significa “amigo”.
Mitra significando, pois, ‘contrato’ e ‘amigo’ não se opõem realmente, visto
que não existe amizade sem um engajamento mútuo. Não se fala em ‘pacto de
amizade’? Mitra se encontra sob diferentes ortografias: Mihr, Meher, Meitros,
etc.
O Mitra avéstico,
encontrado na religião persa (iraniana), é o Mitra mais conhecido e divulgado e
precede o monoteísmo zoroastriano. A influência da antiga religião iraniana
para a formação religiosa do Ocidente é bastante significativa: o tempo linear,
a articulação dos diversos sistemas dualistas – sejam cósmicos, éticos ou
religiosos -, o mito do Salvador; a elaboração de uma escatologia ‘otimista’
que proclama o triunfo do Bem sobre o Mal; a salvação universal; a doutrina da
ressurreição dos corpos; certos mitos gnósticos; a mitologia dos Magos etc.
Mitra retorna ao primeiro
plano como deus do sol, dos juramentos e dos contratos, sob a influência dos
Magos. Estes foram uma classe de sacerdotes dos antigos medas com um papel
sacrificial importante e que entre os gregos antigos gozavam de uma reputação
de serem depositários de uma sabedoria esotérica. No Panteão dos Deuses
avésticos, Mitra seria filho de Anihata ou Anahita, a gênia feminina do fogo,
uma espécie de Virgem Imaculada, Mãe de Deus. É a única figura feminina
associada a Mitra, pois este permanecerá celibatário por toda a vida, exigindo
de seus admiradores a prática do controle de si, a renúncia e a resistência a
toda forma de sensualidade. Vale salientar que o maior Mithraeum (templo)
construído em Kangavar na Pérsia Ocidental era dedicado a esta deusa.
Segundo reza o Mihr Yasht,
o extenso hino em honra a Mitra da saga religiosa persa, a história de Mitra é
a seguinte: após ter sido promovido ao panteão dos Grandes Deuses, Aúra-Masda
mandou construir-lhe uma mansão no cimo do Monte Hara, ou seja, no mundo
espiritual, além da abóbada celeste. Postou-se aí como o protetor de todas as
criaturas e não era adorado como todos os outros deuses menores com preces
rotineiras. Aúra Masda consagrou Haoma como sacerdote de Mitra que o adorava e
lhe oferecia sacrifícios. Aúra Masda cria e prescreve o rito próprio ao culto
de Mitra no paraíso. Mitra, assim, retorna à terra para o combate contra os
daêvas sem, contudo, conseguir vencê-los. Somente quando Mitra se une a Aúra
Masda o destino dos daêvas será selado. Mitra será, a partir daí, adorado como
a luz que ilumina todo o mundo.
No tocante aos babilônios,
estes incorporarão o Deus Mitra no seu Panteão e, em troca, introduziram, na
religião persa, seu culto solar, tendo a astrologia como um dos seus pontos
mais fortes. Convém salientar que a cultura judaica sofrerá uma influência
marcante do dualismo zoroastriano a partir do cativeiro em 597 a.C. No judaísmo
primordial, Iavé era concebido como o único criador do Mundo e do Universo, ou
seja a totalidade absoluta do real, contendo inclusive o mal. O dualismo Iavé –
HaShatan advém de uma crise espiritual que se seguiu ao cativeiro babilônico,
personificando aspectos negativos da vida, sob a forma de Satã, que se tornará
progressivamente também eterno. Satã seria, então, o fruto de uma cissão da
imagem arcaica de Iavé combinado com as doutrinas dualistas iranianas. Esta
tradição impactará fortemente o cristianismo nascente.
O Mitra irano-helenístico tem a sua gênese com as conquistas de Alexandre e a queda do império persa durante o ano de 330 a. C., pois Alexandre e 10.000 de seus soldados macedônios se casam com mulheres persas e mais, dentro do ritual persa. Sabe-se que alguns destes macedônios e seus filhos, iniciados pelas mães persas, introduziram o culto de Mitra na Macedônia e na Grécia. É deveras conhecido que a adoração deste Deus Mitra, advindo do inimigo persa, nunca obteve uma grande popularidade na Grécia, apesar de continuar a manter a influência junto à aristocracia meda e iraniana. Tanto assim que o nome Mitrídate (dado a Mitra) é encontrado em diversos reis partos, do Bósforo e do Ponto Euxino. A arqueologia tem descoberto diversos templos – Mitreas – na Armênia. Apesar da pouca influência junto ao povo grego, a religião iraniana entrou num vasto movimento sincrético junto à cultura helênica. Mitra era adorado em todo o império de Alexandre e os Magos continuavam a ser os sacerdotes sacrificadores. O culto repousava sobre uma cronologia escatológica de 7.000 anos, cada milênio sendo governado por um planeta. Daí advém a série dos 7 planetas, dos 7 metais, das 7 cores etc. Durante os 6 primeiros milênios, Deus e o Espírito do Mal combatem pela supremacia e, quando o Mal parecia vitorioso, Deus enviou o Deus solar Mitra (Apolo, Hélio) que domina o sétimo milênio. No fim deste período setenal, a potência dos planetas cessa e um incêndio universal recobre o mundo.
O Mitra irano-helenístico tem a sua gênese com as conquistas de Alexandre e a queda do império persa durante o ano de 330 a. C., pois Alexandre e 10.000 de seus soldados macedônios se casam com mulheres persas e mais, dentro do ritual persa. Sabe-se que alguns destes macedônios e seus filhos, iniciados pelas mães persas, introduziram o culto de Mitra na Macedônia e na Grécia. É deveras conhecido que a adoração deste Deus Mitra, advindo do inimigo persa, nunca obteve uma grande popularidade na Grécia, apesar de continuar a manter a influência junto à aristocracia meda e iraniana. Tanto assim que o nome Mitrídate (dado a Mitra) é encontrado em diversos reis partos, do Bósforo e do Ponto Euxino. A arqueologia tem descoberto diversos templos – Mitreas – na Armênia. Apesar da pouca influência junto ao povo grego, a religião iraniana entrou num vasto movimento sincrético junto à cultura helênica. Mitra era adorado em todo o império de Alexandre e os Magos continuavam a ser os sacerdotes sacrificadores. O culto repousava sobre uma cronologia escatológica de 7.000 anos, cada milênio sendo governado por um planeta. Daí advém a série dos 7 planetas, dos 7 metais, das 7 cores etc. Durante os 6 primeiros milênios, Deus e o Espírito do Mal combatem pela supremacia e, quando o Mal parecia vitorioso, Deus enviou o Deus solar Mitra (Apolo, Hélio) que domina o sétimo milênio. No fim deste período setenal, a potência dos planetas cessa e um incêndio universal recobre o mundo.
Curioso nesta época é a
biografia do rei Mitrídate VI Eupator, rei do Ponto, anterior ao nascimento de
Cristo. Seu nascimento foi anunciado por um cometa, um raio caiu sobre o
recém-nascido, deixando-lhe uma cicatriz. A educação deste rei é uma longa
série de provas iniciáticas. É visto durante sua coroação como uma encarnação
de Mitra. A biografia real é muito próxima do Natal cristão. Ele será o último
rei de uma longa lista de grandes reis Mitridates. Conquistou quase toda a Ásia
Menor por volta de 88 a. C., mas foi derrotado pelos romanos em 66.
Provavelmente aliou-se aos piratas Cilicianos dos quais falaremos a seguir.
Foi, também, o primeiro monarca a praticar a imunização contra os venenos, a
qual, segundo o Aurélio, se adquire por meio da repetida absorção de pequenas
doses deles, gradualmente aumentadas, daí o nome mitridatismo.
A grande popularidade e o
apelo do mitraísmo como uma forma refinada e final do paganismo pré-cristão foi
discutida pelo historiador grego Heródoto, pelo biógrafo, também grego,
Plutarco, pelo filósofo neoplatônico Porfírio, pelo herético gnóstico Orígenes
e por São Jerônimo, um dos pais da Igreja.
O faravahar é o símbolo zoroastriano que representa a alma humana. |
O contato com o mundo
helênico desenvolvia-se essencialmente a partir de Comageno na Ásia Menor. Daí
surgem os primeiros testemunhos sobre Mitra, como um Deus dos Mistérios no
primeiro século a. C., curiosamente, no seio dos piratas Cilicianos em luta
contra os romanos. É dentro deste contexto de resistência e luta que Mitra pode
tornar-se um Deus iniciático. Plutarco diz que celebravam em segredo ‘os mistérios
de Mitra’. Sua capital era Tarso, onde nasceu S. Paulo, e Perseu era o seu Deus
fundador. O símbolo da cidade era o combate do Leão com o Touro. Paralelamente
a isto, os Magos medas se fixaram na Ásia Menor e na Mesopotâmia,
infiltrando-se cultural e religiosamente no mundo helênico, principalmente,
como vimos, na aristocracia. Cita-se que o rei Tiridate quando veio a Roma para
ser coroado rei da Armênia por Nero, dirigiu-se ao imperador chamando-o por
Mitra (Deus Sol).
O Mitra romano faz sua
‘rentrée’ no Império através dos Mistérios. O termo “mistério” possui um
sentido muito preciso. Os mistérios gregos, e depois romanos, foram numerosos:
Dionísio, Elêusis, Cibele, Átis e Deméter. Podem ser ainda citados os de Ísis,
Sarápis, Sabázios, Júpiter Doliqueno etc. Certa bruma enigmática envolvia todos
estas cerimônias dos mistérios, mas o comum entre eles, era o aspecto ‘solar’,
apesar de todos esconderem sua identidade essencial. Desnecessário dizer que,
por serem os mistérios, secretos e ocultos, poucos documentos escritos chegaram
até nossos dias. O pouco que se sabe sobre eles advém da patrística cristã que,
na ânsia de combater o mitraísmo, terminou por nos legar uma série de
descrições sobre o mesmo. Alguns autores gauleses chegam a afirmar que assim como
a maçonaria foi a religião clandestina da IIIª República Francesa, o mitraísmo
sustentava subterraneamente a ideologia da Roma Imperial.
A inoculação do veneno
mitraíco no seio do Império, segundo Plutarco (Vita Pompeu), foi o transplante,
feito por Pompeu em 67 a. C., de 20.000 prisioneiros Cilicianos (uma província
na costa sul oriental da Ásia Menor) que praticavam os “ritos secretos” de
Mitra. Daí, a epidemia mitraíca se alastrou por todo o mundo romano, reforçada
ainda pelos múltiplos contatos das tropas de ocupação romana com as outras
culturas mitraícas, tendo atingido o seu zênite no século III, quando começou a
travar uma luta de vida e morte com o cristianismo. Tanto assim que do século
II ao IV da nossa era, os Mithrae (ou Mithraeum no singular) – templos
dedicados ao culto do deus – chegaram a ser mais de 40 em Roma. Um dos maiores
templos construídos podem ser encontrados hoje nos subterrâneos da Igreja de
São Clemente, perto do Coliseu. Esta adoração não se restringia somente à
capital do Império, mas principalmente às cidades portuárias da atual Itália:
Óstia, Antium, no mar Tirreno; Aquiléia, no Adriático, Siracusa, Catânia,
Palermo etc. Paralelamente, a propagação se dá na Áustria, na Germânia, nas
províncias danubianas, na Polônia, na Hungria e Ucrânia e num movimento de
volta, nas províncias da Trácia e da Dalmácia, num retorno à Grécia e a
Macedônia.
No terceiro século, encontram-se traços mitraícos na Criméia, no
Eufrates, no Egito e sobretudo no Maghreb. Curioso é que a Espanha e Portugal
sofreram pouquíssima influência. A Gália oriental, renana e belga, pagou o seu
tributo, assim como também a Aquitânia. Encontram-se vestígios na região
parisiense, como também em Boulogne sur Mer. Na Inglaterra, a concentração se
dá em Londres e na região norte, ao longo do muro de Adriano, até Canterbury.
Locais de adoração mitraíca foram encontrados também, na Bretanha, na Romênia,
na Alemanha, na Bulgária, na Turquia, na Pérsia, na Armênia, na Síria, em
Israel etc. No final do século III, Mitra era adorado da Escócia à Índia,
chegando até a oeste da China, onde era conhecido como Amigo, nome que indica
uma filiação védica.
Santuário de Mitra em Roma. |
Mitra passa a ser
representado como um general militar. É o Amigo do homem durante a sua vida e
seu protetor contra o mal após a sua morte. Mitra não é só propagado pelos
militares romanos como também pelos funcionários, comerciantes, artistas, meio
jurídico e financeiro e, principalmente nos círculos do conhecimento. Ao
contrário da Grécia, penetra nos meios mais modestos e populares. Por mais de
trezentos anos, os romanos adorarão Mitra.
Em meados do segundo
século, seu culto atinge a cúpula militar. Os neófitos começaram a congregar-se
sob os Flávios, espalhando-se o culto na época dos Antoninos e Severos. Os
próprios Imperadores se fizeram iniciar nos mistérios, havendo suspeitas de que
Nero tenha sido um deles. Contudo, é Cômodo (185-192) que parece ter sido o
primeiro a se converter ao culto, seguido por Sétimo Severo. Caracala (211-217)
encoraja o culto do Deus solar sob a forma de Sol invictus. O culto foi
reintroduzido por Aureliano (270-275). O apoio oficial virá, entretanto, no
reinado de Diocleciano em 307. Apesar destas emanações, não parece que Mitra
tenha recebido uma preponderância imperial na corte dos Césares pagãos. Deve-se
notar, ainda, que do mesmo modo que o cristianismo, sua influência não foi
estendida ao meio rural. Alguns autores sugerem que isto se deveu à exclusão
das mulheres nas funções litúrgicas.
Depois desse longo
percurso histórico que tal preparar Mjadra
para esta Páscoa?
1 xícara (chá) de lentilha lavada
1 cebola grande finamente fatiada
2 dentes de alho amassados
3 colheres (sopa) de hortelã picadinha
2 colheres (sopa) de azeite de oliva
sal
Preparo:
Colocar as lentilhas
para cozinhar em 4 xícaras (chá) de água ficarem quase macias. Aquecer uma
colher de azeite e refoguar o alho. Juntar o arroz e refogar normalmente.
Acrescentar as lentilhas pré-cozidas juntamente com a água. Adicionar o sal a
gosto e cozinhar até que o arroz e a lentilha estejam macios. À parte, aqueça o
restante do azeite refogar a cebola até ficar dourada, reserve. Quando o arroz
e lentilha estiverem macios e secos, colocar a cebola refogada e a hortelã por
cima. Sirva-se quente.
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