Caros
Amigos, espero que tenha tido um excelente Natal. Este ano resolvi me recolher,
de tudo. Muitas vezes, li nas crônicas vampirescas de Anne Rice que seus fantásticos
e superpoderosos vampiros se recolhiam da agitação do mundo por uns tempos – “o
chamado da terra” – o até que “o chamado do mundo” os fizesse retornar ainda
mais fortes. Li isso nas crônicas, compreendi o significado, mas não pensei que
eu, um dia, fizesse isso. Pois, me recolhi.
Resolvi
me recolher nessas festas, e fiz a melhor das escolhas fazendo isso. Minha atitude
teve inspiração espiritual, e hoje percebi o valor da importância lendo uma
passagem da Lya Luft, que eu recomendaria muito a leitura. Por isso, coloquei o
trecho que diz assim:
"
Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma vez
aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira
dessas águas. Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de
sabedoria, e dói. Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de
ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido. Amar era tão infinitamente
melhor; curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico. Não queremos
escutar essa lição da vida, amadurecer parece algo sombrio, definitivo e
assustador. Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra
nesta praia isolada é só o que nos resta. Entramos no casulo fabricado com
tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar. Quem nos vê nos julga alheados,
quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre, e a gente mesmo às
vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz. Mas
quem nos amou, se talvez nos amar ainda há de saber que se nossa essência é
ambiguidade e mutação, este silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem
sabe, um dia os seus acenos."
Mas
o meu recolhimento vai além... e não precisa ser explicado aqui apenas para
justificar minha ausência do blog. Contudo, e como sempre, há uma receitinha
para ser compartilhada. Desta vez, vem da tradição oriental, para trazer boas
vibrações para o Ano Novo, e muito de fazer. Chama-se Tangyuan.
Tangyuan
é um bolinho típico chinês feito de arroz glutinoso. Ele pode ser servido em
sopa ou para comer sem acompanhamento. Pode ser doce ou salgado, pequeno ou
grande, com ou sem recheio.
Na
China o Tangyuan é comido durante todo o ano, porque é vendido como alimento
congelado muito popular em muitos supermercados asiáticos. Mas na maioria das
vezes, é comido durante o Festival das Lanternas e Ano Novo chinês.
Na
China, há duas versões diferentes falando sobre o lugar de origem do Tangyuan
vem: No Norte da China, a lenda vem da era Yongle da dinastia Ming. Naquela
época, Tangyuan era chamado de 'Yuanxiao' (元宵), e foi obtido a partir
Festival Yuanxiao, também conhecido como o Festival das Lanternas. Yuanxiao
significa "primeira noite", que é a primeira lua cheia depois do Ano
Novo Chinês e é sempre uma lua nova. No sul da China, Tangyuan também é chamado
de 'Yuanxiao' (元宵). Mas
desde 1912, quando Yuan Shikai (袁世凯)
tornou-se o primeiro presidente da República da China, o nome foi mudado para
Yuanxiao. Yuan Shikai sempre quis se tornar um imperador, mas ele estava com
medo que o povo da República da China se opusesse a ele já que seu primeiro
nome Yuan era a primeira para do nome do
bolinho e a parte final do novo nome do
bolinho (xiao) significava também "erradicar".
Portanto,
pensar no bolinho como Yuanxiao (元宵) fazia lembrar ao povo da
China que teria que erradicar o da
República da China, ou seja, para remover Yuan Shikai de lugar do presidente.
Em 1913, antes do Festival Yuanxiao (festival de lanterna), Yuan Shikai decidiu
mudar o nome Yuanxiao (元宵) para Tangyuan (汤圆). A partir de então,
Tangyuan tornou-se o nome oficial deste alimento.
Os
recheios também podem ser diferentes dependendo da região em que são
preparados. Assim, no sul: há recheios doces como o de açúcar e gergelim,
flores osmanthus, pasta de feijão doce e casca de tangerina cristalizada,
enquanto no norte, são os preferidos recheios salgados, incluindo carne e
legumes picados.
Para
muitas famílias na China continental, bem como no exterior, tangyuan é
normalmente consumido junto com a família. Por este motivo a forma redonda das
bolas e das tigelas em que são servidos, simbolizam paz e união familiar. E
eles podem vir coloridos, representando alegria, e corantes são adicionados na
massa para garantir o colorido. Mas o branco é o tradicional para comemorar o
Ano Novo.
4
xícaras de farinha de arroz glutinoso (Motigome, consegue fácil nas lojas de
produtos asiáticos, japoneses e em bons supermercados)
220 ml
de água morna
200 ml
de água fria
Recheio
14
colheres de sopa de pó de gergelim preto
14
colheres de sopa de açúcar
10
colheres de sopa de manteiga sem sal
Sopa
doce
3
xícaras de água
½
xícara de açúcar (pode ser mascavo também)
gengibre
cortado ao gosto
anis
estrelado (opcional)
Preparo: Sopa doce: Misture
tudo e leve ao fogo até formar uma calda fina; retire do fogo e deixe esfriar. Sirva
as bolinhas nessa calda. Comece pelo
recheio. (Um segredo para dar certo, sem desculpas, é nessa hora de
fazer as bolinhas, fazer a mistura em metades, ou seja, misturar primeiro 7
colheres de pó de gergelim, com 7 colheres de açúcar, que pode ser mascavo, e 4
colheres de manteiga derretidas. E só depois d éter terminado de fazer as
bolinhas com essa primeira parte você fará a segunda. Coisa da paciência
oriental. O mesmo serve para a massa abaixo). Misture o pó de gergelim
preto e o açúcar. Derreta a manteiga sem sal e adicione a mistura de pó de
gergelim preto juntos. Misture bem até unir. Faça da mistura pequenas bolinhas
com toda a massa. Levar a geladeira em uma forma com as bolinhas espaçadas para
não grudarem. Massa: pegue 2 xícaras
de farinha de arroz glutinoso e adicione 110 ml de água morna e misture até
toda farinha estar bem unida e em seguida, adicione 100 ml de água fria e
misture formando uma pasta lisa. Pegue pequenas partes da pasta e alise-os com
a palma da sua mão. Coloque a bolinha de recheio na massa e depois feche como
uma bola. Levemente enrole delicadamente na palma da mão como se fosse uma
brigadeiro. Assim faça toda a receita e leve a geladeira por uns 15 minutinhos.
Depois de frias, leve para ferver uma panela com água (cerca de 4-5 copos), e
em seguida, solte as bolas na água fervente com cuidado. Assim que elas
flutuarem até o topo, como se fossem nhoques, elas estarão prontas para comer.
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