segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A favor do Brigadeiro: brigadeirinhos e brigadeirão.


Já imaginaram o mundo sem o Leite Moça?

Eu já. E não gostei não. Não quero nem pensar nesta possibilidade novamente. Aliás, não  pensem que estou fazendo propaganda para a Nestlé; mas é que o leite condensado Moça é o melhor. Porém, tem uns conservadores por aí que acusam o leite moça de “padronizar o sabor de antigos doces brasileiros, sobrecarregando-os de açúcar, comprometendo sua delicadeza e ajudando a destruir a diversidade do paladar nacional”.
A crítica faz sentido. Desde que o  leite Moça desembarcou da Suíça, no início do século XX, achamo-nos no direito de modificar ícones centenários, como o pudim de leite e a sericaia de Elvas, ambos nascidos nos conventos portugueses dos tempos coloniais.
Mas o fato de maior importância pra mim é que sem o leite condensado não haveria brigadeiro. E isso seria uma tragédia equivalente a um cataclimas – pelo menos pra mim, que sou chocólatra assumido e alucinado por brigadeiro.
E somente por esta razão, a Confraria do Barão de Gourmandise, hoje tratará sobre os brigadeiros.

São imprecisas as informações sobre onde e quando o brigadeiro foi inventado. Quanto à autoria, parece ter sido coletiva. Afinal, nada mais elementar ou intuitivo do que combinar seus ingredientes: leite condensado, chocolate e manteiga. Inicialmente, chamava-se negrinho, em alusão à massa escura. Até hoje os gaúchos o denominam assim.
A voz do povo informa que virou brigadeiro em 1945, quando Eduardo Gomes disputou com Eurico Gaspar Dutra a presidência da República, sendo derrotado nas urnas. Brigadeiro da Aeronáutica, ele ajudara a escrever um capítulo da história do Brasil. Foi um dos líderes do Tenentismo, movimento político emergido entre oficiais jovens das Forças Armadas, celebrizado pela rebelião militar de 1922. No dia 5 de julho, um grupo formado por três oficiais, quinze praças e um civil que se juntou no trajeto, saiu do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, e enfrentou a tropa governamental fortemente armada. O combate durou 30 minutos. O futuro Brigadeiro sofreu um tiro de fuzil e caiu gravemente ferido.
Eduardo Gomes ainda fundou o Correio Aéreo Nacional e se converteu em patrono da Força Aérea Brasileira. Em 1950, voltou a disputar a presidência, perdendo para Getúlio Vargas. ‘Vote no Brigadeiro, que é bonito e é solteiro’, dizia o slogan eleitoral, que não lhe rendeu os votos necessários, mas fascinou as mulheres. Dutra era homem feio e Getúlio nunca constituiu padrão de beleza.

Duas versões explicam o nome do docinho difundido nacionalmente a partir dos anos 50. A primeira conta que mulheres do Rio de Janeiro, engajadas na campanha de Eduardo Gomes, preparavam negrinhos em casa e os vendiam na rua com o nome de brigadeiro, destinando o dinheiro ao fundo de campanha. A outra, espalhada pelos adversários do candidato, é difícil contar sem incorrer em vulgaridade. Mas, como circula no país, precisamos registrá-la. O tiro desferido em Eduardo Gomes na rebelião do Forte de Copacabana haveria atingido os testículos. Ora, a receita do docinho brigadeiro não utiliza ovos. Assim, o nome teria conotação maldosa.

Apesar de batizada no Rio de Janeiro, a receita provavelmente se originou em São Paulo na década de 20 ou 30. A dedução se baseia em uma evidência. Quando o docinho surgiu, seus ingredientes básicos eram elaborados no Estado. Em 1921, a Nestlé abriu em Araras, a 171 quilômetros da capital paulista, a fábrica número um no Brasil e logo passou a elaborar o pioneiro Leite Moça.

 O produto representa até hoje o maior volume de vendas entre os mais de mil itens que industrializa no país. Ainda em 1921, começou a funcionar no bairro da Mooca, em São Paulo, uma prestigiada indústria de chocolates. Chamava-se Gardano. Fabricava um chocolate em pó de qualidade e prestígio, conhecido entre os consumidores como ‘chocolate dos padres’, por reproduzir na embalagem uma tela do pintor toscano Alessandro Sani, do século XIX, na qual dois sorridentes monges católicos aparecem diante de uma panela e de um prato. Também fabricava o Mentex. Foi incorporada pela Nestlé em 1957, mas os monges permaneceram na embalagem. Até hoje ilustram o Chocolate em Pó Solúvel Nestlé, com a pintura original de Sani transformada em desenho.
Coincidentemente, as antigas receitas de brigadeiro recomendam ‘chocolate dos padres’ e Leite Moça.

Brigadeiro – O original

1 lata de leite moça
3 colheres (sopa) de chocolate em pó dois frades
1 colher (sopa) de manteiga
1 xícara (chá) de chocolate granulado

Modo de Preparo
Em uma panela, coloque a manteiga, o Leite MOÇA e o Chocolate em Pó. Misture bem e leve ao fogo baixo, mexendo sempre, por cerca de 10 minutos ou até desprender do fundo da panela. Retire do fogo, passe para um prato untado com manteiga e deixe esfriar. Enrole em bolinhas e passe pelo chocolate granulado. Coloque em forminhas de papel e sirva.

Brigadeirão

1 lata de leite moça
1 lata de creme de leite sem soro
1 xícara (chá) de chocolate em pó dois frades
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de manteiga em temperatura ambiente
3 ovos
manteiga para untar
1 xícara (chá) de chocolate granulado para decorar
Modo de Preparo
Bata no liquidificador o leite moça, o Creme de Leite , o Chocolate, o açúcar, a manteiga e os ovos Quando ficar homogêneo, despeje em uma forma com furo central (19cm de diâmetro) untada com manteiga . Cubra com papel de alumínio e asse em banho-maria em forno médio (180°C) por cerca de 1 hora e 30 minutos. Desenforme ainda morno e decore toda a superfície com o chocolate granulado. Leve à geladeira por cerca de 6 horas.
Dicas: - Para retirar o soro do Creme de Leite, deixe a lata na geladeira por, no mínimo, 4 horas. Em seguida, vire a lata, faça dois furos no fundo e escorra o soro. - Caso deseje uma consistência mais fluída, mantenha o soro.

Brigadeiro de colher

1 lata de leite moça
85g de chocolate meio amargo
1 caixinha de creme de leite
Modo de Preparo
Em uma panela, leve ao fogo baixo o leite moça com o Chocolate. Cozinhe mexendo sempre até obter consistência de brigadeiro mole (que corresponde a cerca de 8 minutos). Retire do fogo, acrescente o Creme de Leite e misture bem. Distribua em pequenos copos descartáveis (30ml de capacidade). Espere esfriar e sirva a seguir.
Dicas:
- Para fazer o Brigadeiro Branco, prepare a receita sem acrescentar o Chocolate Meio Amargo.
- Decore com confeitos coloridos ou de chocolate, encontrados em supermercados ou lojas especializadas em artigos para festas

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