quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Comida de Santo I : Pra sereia, Yeye oman ejá (Iemanjá)


Odò ìyá!!!

Poderosa força das águas.  
Inaê, Janaína, Sereia do Mar.  
Saravá minha Mãe Iemanjá!  
Leva para as profundezas do teu mar sagrado, 
Odoiá... Todas as minhas desventuras e infortúnios. 
Traz do teu mar todas as forças espirituais para alento de nossas necessidades.  
Paz, esperança, Odofiabá... Saravá, minha Mãe Iemanjá! Odofiabá...


Como Brasileiro que compreende e admira a diversidade das muitas crenças que cá existem,dou-me ao direito de tratar da Rainha do Mar. Yemanjá, cujo nome deriva de Yeye oman ejá, "Mãe cujos filhos são peixes", é o Orixá dos Egbás, uma nação yorubá estabelecida outrora na região onde passa o rio Yemanjá, e obrigada a emigrar para o oeste, por causa da guerra entre nações.
Yemanjá teria sido filha de Olokun, deusa do mar. Seu Axé é constituído por pedras marinhas e conchas, guardadas numa sopeira de porcelana azul. Considerada a mãe dos outros Orixás, tem o aspecto de uma matrona, de seios enormes, símbolo da maternidade fecunda e nutritiva. 
Yemanjá , que é saudada como Odò (rio) ìyá (mãe) pelo povo Egbá, por sua ligação com Olokun, Orixá do MAR (masculino (em Benin) ou feminino (em ifé)), muitas vezes é referida como sendo a rainha do mar em outros países


Iemanjá, rainha do mar, é também conhecida por dona Janaína, Inaê, Princesa de Aiocá e Maria, no paralelismo com a religião católica. Aiocá é o reino das terras misteriosas da felicidade e da liberdade, imagem das terras natais da África, saudades dos dias livres na floresta. Jorge Amado

Na Bahia, ela é sincretizada com Nossa Senhora da Imaculada Conceição, festejada no dia 8 de dezembro. Ela é mais ligada às águas salgadas do mar que às águas doces dos rios, que é domínio de Oxun. 
Curiosamente, é no dia 2 de fevereiro, data da festa de Nossa Senhora das Candeias, sincretizada com Oxun, que se organiza um solene presente para Yemanjá. O que mostra que o sincretismo não é de uma rigidez absoluta.

A festa do dia 2 de fevereiro, uma das mais populares do ano, atrai à praia do Rio Vermelho, uma multidão imensa de fiéis, que vêm trazer presentes para a Rainha do Mar. Flores, perfumes e outros presentes agradáveis à uma mulher bonita, além de pedidos e súplicas, enchem as cestas, que são levadas por embarcações para alto mar, onde são depositadas sobre as ondas.


Os adeptos de Yemanjá usam colares de contas de vidro transparente como o cristal e vestem-se, de preferência, de azul-claro. Sábado é o dia da semana que lhe é consagrado. Yemanjá recebe sacrifícios de carneiros e oferendas de comida à base de milho branco, azeite, sal e cebolas (Ebó).
Ela dança com um leque de metal branco nas mãos e suas danças imitam o movimento das ondas, dobrando e endireitando o corpo. Ela executa um curioso movimento de mãos, levadas alternadamente sobre a testa e a nuca. Saúda-se Yemanjá gritando Odó íya!!

DIA DA SEMANA: Sábado
CORES: cristal, azul claro
SÍMBOLOS: leque (abebé) com sereia, concha
ELEMENTO: água
PLANTAS: colônia, aguapé, lágrima de Nossa Senhora, pístia (erva de Santa Luzia), trapoeraba branca (olhos de Santa Luzia)
ANIMAIS: peixes
METAL: prata
COMIDA: peixe, camarão, canjica, arroz, manjar; mamão
BEBIDA: champanha
SINCRETISMO: Nossa Senhora das Candeias (da Luz)
DOMÍNIO: mar
O QUE FAZ: protege de confusões e promove a harmonia na família. Ajuda a progredir na vida.
QUEM É: a Grande Mãe dÁgua e do lar.
CARACTERÍSTICAS: maternal, protetora, competente, dedicada, mandona, possessiva, intrigante
QUIZÍLIA: poeira, sapo
SAUDAÇÃO: Odó Iyá !
ONDE RECEBE OFERENDAS: na praia
RISCOS DE SAÚDE: problemas no ventre: aparelho urinário, genitais; deficiência circulatória.
PRESENTES PREDILETOS: flores, perfume, colar, espelho, pente etc; suas comidas e bebidas.
 
LENDAS:
 
Quando Obatalá e Odudua se casaram, tiveram dois filhos: Iemanjá (o mar) e Aganju (a terra). Os irmãos se casaram e tiveram um filho, Orungã (o ar). Quando cresceu, Orungã se apaixonou pela mãe. 
Um dia, aproveitando a ausência do pai, tentou violentá-la. Iemanjá conseguiu escapar e fugiu pelos campos. Quando Orungã já a alcançava, ela caiu ao chão e morreu. Então seu corpo começou a crescer até que seus seios se romperam e deles saíram dois grandes rios, que formaram os mares; e do ventre saíram os Orixás que governam as 16 direcões do mundo: Exu, Ogum, Xangô, Iansã, Ossain, Oxossi, Obá, Oxum, Dadá, Olocum, Oloxá, Okô, Okê, Ajê Xalugá, Orum e Oxu.
Iemanjá teve muitos problemas com os filhos: Ossain, o mago, saiu de casa muito jovem e foi viver na mata virgem estudando as plantas. Contra os conselhos da mãe, Oxossi bebeu uma poção dada por Ossain e, enfeitiçado, foi viver com ele no mato. Passado o efeito da poção, ele voltou para casa mas Iemanjá, irritada, expulsou-o. Então Ogum a censurou por tratar mal o irmão. Desesperada por estar em conflito com os três filhos, Iemanjá chorou tanto que se derreteu e formou um rio que correu para o mar.
Yemanjá seria a filha de Olokum, deus (em Benin e em Lagos) ou deusa (em Ifé) do mar. Foi casada pela primeira vez com Orunmyila, senhor das adivinhações, depois com Olofin-Oduduá, Rei de Ifé, com quem teve dez filhos, que se tornaram Orixás. De tanto amamentar seus filhos, seus seios ficaram enormes. Esta foi a origem dos desentendimentos com o marido. Embora ela já o houvesse prevenido, dizendo-lhe que jamais toleraria que ele ridicularizasse os seus seios, uma noite o marido, que havia se embriagado com vinho de palma, não mais podendo controlar suas palavras, fez comentários sobre seus seios voluminosos. Tomada de cólera, Yemanjá fugiu em direção ao oeste, o "escurecer da terra". Olokun lhe havia dado outrora, por medida de precaução, uma garrafa contendo um preparado, pois "não-se-sabe-jamais-o-que-pode-acontecer-amanhã". E assim Yemanjá foi instalar-se à oeste de Abeokutá, alusão à migração dos Egbás. Olofin-Oduduá lançou seu exército à procura de Yemanjá. Esta, cercada, em vez de se deixar prender e ser conduzida de volta a Ifé, quebrou a garrafa, segundo as instruções recebidas. Um rio criou-se na mesma hora, levando-a para Okun, o mar, lugar de residência de Olokun.
Iemanjá foi casada com Okere. Como o marido a maltratava, ela resolveu fugir para a casa do pai Olokum. Okere mandou um exército atrás dela mas, quando estava sendo alcançada, Iemanjá se transformou num rio para correr mais depressa. Mais adiante, Okere a alcançou e pediu que voltasse; como Iemanjá não atendeu, ele se transformou numa montanha, barrando sua passagem. Então Iemanjá pediu ajuda a Xangô; o Orixá do fogo juntou muitas nuvens e, com um raio, provocou uma grande chuva, que encheu o rio; com outro raio, partiu a montanha em duas e Iemanjá pôde correr para o mar.
 
COMIDAS
 
ARROZ DE LEITE

meia xícara de arroz, meia xícara de leite de côco, sal
Cozinhar o arroz em água e sal. Juntar o leite de côco ,bater para azer uma papa e deixar secar bem no fogo. Esfriar numa fôrma de pudim molhada. Pode ser servido como prato salgado ou como doce, regado com mel.

CANJICA DE IEMANJÁ

100 g de milho de canjica, 1 xícara de leite, 1/3 de xícara de açúcar, 1 mamão miúdo, mel
Cozinhar a canjica, deixando secar. Juntar o leite e o açúcar e deixar apurar mais um pouco. Cortar o mamão ao meio, tirar as sementes, encher com canjica e regar com mel.
MANJAR

 2 colheres ( sopa ) de maizena, meia xícara de leite de côco, 1 xícara de leite, 1/4 de xícara de açúcar, raspa de laranja
Dissolver a maizena no leite frio. Juntar os outros ingredientes e levar ao fogo, mexendo até engrossar. Esfriar em fôrma molhada.

MOQUECA DE SIRI

200 g de carne de siri, cebola, tomate, coentro, suco de limão, sal, zeite de dendê, 1/2 xícara de leite de côco, 1 punhado de farinha de mandioca
Refogar os temperos. Juntar o siri e cozinhar. No fim, juntar o leite de côco e apurar o caldo. Tirar a carne e fazer pirão com o caldo.

EJÁ- 250 g de peixe, cebola, coentro, sal, suco de limão, azeite de dendê
Cozinhar o peixe puro. Moer o coentro e a cebola, fazendo uma pasta com o limão e sal. Juntar o peixe e azeite de dendê.

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