Em 23 de janeiro de 1931 é a data da morte do “Cisne”, a bailarina Anna Pavlova nos deixava e imortalizava toda a beleza de sua arte. Toda arte tem sua beleza, até a morte.
A
morte do Cisne (The Dying Swan), ballet de 1905, coreografado por Mikhail
Fokine, composição de Camille Saint-Saens, é uma linda metáfora para o fim da
nossa existência, para o fim de todos os ciclos que passamos durante a vida. O
solo de ballet protagonizado pela grande bailarina Anna Pavlova nos ensina que,
a cada instante, devemos morrer, e deixar morrer aquilo que já não tem mais
sentido dentro de nós, guardando a devida beleza de termos feito parte do
grande espetáculo da Vida.
Inspirada
por cisnes de um parque público e pelo poema de Lord Tennyson “The Dying Swan”,
Anna Pavlova perguntou se Michel Fokine poderia criar um solo de ballet para
apresentar em um concerto em 1905, no Mariinsky Imperial Opera.
Fokine
então sugeriu uma dança para a composição do francês Camille Saint-Saëns, em
violoncelo, “Le Cygne”, parte da peça “Le Carnaval des Animaux”. A coreografia
era composta principalmente por movimentos da parte superior do corpo,
especialmente os braços, e por um pequeno passo chamado “pas de bourrée suivi”.
Fokine
comentou o seguinte sobre o ensaio com Pavlova: "Era quase um improviso.
Dancei na frente dela, ela logo atrás de mim. Em seguida, ela dançou e eu
caminhava ao lado dela, curvando os braços e corrigindo detalhes de poses.
Antes dessa composição, fui acusado de rejeitar a dança nas pontas dos pés. A
Morte do Cisne foi a minha resposta a essas críticas. Esta dança tornou-se o
símbolo do Novo Ballet Russo. Foi uma combinação de técnica magistral com
expressividade. Foi como uma prova de que a dança pode e deve satisfazer não só
o olho, mas por meio do olho deve penetrar a alma."
Não
é à toa que o espetáculo causa grande impacto na nossa Alma, além da
interpretação sensível de Pavlova e da belíssima coreografia de Fokine, o poema
de Tennyson que inspirou a obra, também nos faz sentir como se estivessemos ali
contemplando a leveza e a profundidade dos cisnes em meio a natureza.
A Morte do Cisne
(Lord Tennyson, 1830)
A planície era gramada, selvagem e nua,
Largo, selvagem e aberto ao ar
Que havia se construído em todos os lugares
Um sub-telhado de cinza triste.
Com uma voz interior o rio correu,
Por que flutuava um cisne moribundo
E em alto som lamentou.
Foi no meio do dia.
Sempre o vento penoso continuou,
E levou os juncos enquanto passava.
II.
Alguns picos azuis ao longe roseavam,
E branco contra o céu branco e frio
Brilhavam suas coroas de neve.
Um salgueiro sobre o rio chorou,
E sacudiu a onda enquanto o vento suspirava;
Acima, no vento, estava a andorinha
Perseguindo a si mesma em sua vontade selvagem,
E longe dos musgos verdes e imóveis
Os emaranhados de água dormiam,
Filmado com roxo, verde e amarelo.
III
O hino da morte do cisne selvagem levou a alma
Daquele lugar de perda com alegria
Escondido em tristeza: primeiro ao ouvido
O gemido era baixo, cheio e claro;
E flutuando sobre o céu,
Prevalecendo em fraqueza, o canto fúnebre roubou
Às vezes longe e às vezes se aproximava;
Mas, em sua terrível voz jubilosa,,
Com uma música estranha e múltipla,
Fluiu adiante em um canto livre e forte;
Como quando um povo poderoso se alegra
Com flautas e com címbalos e harpas de ouro
E o tumulto de sua aclamação é rolado
Através dos portões abertos da cidade distante,
Ao pastor que vigia a estrela da tarde.
E os musgos rastejantes e ervas daninhas pegadiças,
E os galhos de salgueiro encanecidos e úmidos
E o ondulante aumentar do sussurro nos juncos,
E as trombetas desgastadas pelas ondas ecoando na margem,
E as prateadas flores pantanosas que lotam
Os riachos desolados e as piscinas
Foram inundados com um canto circundante.
Assim
foram desenvolvidos os 14 movimentos:
1.
Introdução e marcha real do leão. Os dois pianos e as cordas abrem a marcha do
soberbo animal, imitando seus rugidos.
2.
Galinhas e galos. Clarinetes, pianos, violinos e viola .
3.
Hémiones (asnos selvagens do Tibet. Animais muito velozes).Os dois pianos
lançam-se em escalas de clima de loucura, que jamais se alcançam.
4.
Tartaruga. Tocada em andamento extremamente lento com cordas sobre um
acompanhamento do piano.
5.
O Elefante. O contrabaixo com ornamentos do piano tocam o tema.
6.
Cangurus. Os dois pianos saltitam. Eles hesitam, eles param...
7.
Aquarium. Flauta, celesta, os dois pianos e as cordas. As flautas dão um
sentido de ondas, os pianos um sentido de nadar, a celesta faz parecer gotas de
água.
8.
Personagens de orelhas longas. Por poucos compassos dois violinos alternam seus
diálogos.
9.
O Cuco no fundo do bosque. Com o acompanhamento do piano, a terça do cuco é
dita e redita pelo clarinete.
10.
Viveiro. Uma flauta com acompanhamento dos pianos e das cordas.
11.
Pianistas. Faz referência aos músicos iniciantes. Eles são, segundo
Saint-Saëns, verdadeiros animais, e não dos menos barulhentos. Devem imitar o
toque de um aluno de piano iniciante, alternado em escalas e terças duplas, com
notas desafinadas. As cordas rangem, irritam-se e interrompem o insuportável
duo.
12.
Fósseis. As antigüidades – uma série de citações que se encadeiam vivamente.
13.
O Cisne. Uma nobre bobagem, segundo o próprio Saint Saëns. O violoncelo toca
sobre as harmonia dos pianos. No final ele adormece.
14.
Final. Um desfile de toda a bicharada, onde desfilam os principais temas
ouvidos durante a obra, inclusive a dos pianistas.
Dito
isso, é importante percebermos que “A Morte do Cisne” não é somente sobre o
cisne e sua vida solitária num parque da cidade, mas sim, como bem apresentado
por Pavlova, uma luta contra a morte, uma luta pela existência, uma luta que
travamos pelo que vale a pena ser vivido. Por outro lado, a obra também nos
ensina a aceitar as Leis da Vida, nos mostra que também precisamos aprender a
morrer, a reconhecer o fim dos ciclos e a interpretá-los com beleza.
Atualmente,
a coreografia inspira muitas versões contemporâneas de Odette, o cisne branco
no Lago dos Cisnes de Tchaikovsky, chegando até a nos confundir em quem
inspirou quem ou até mesmo pensar que são a mesma obra. É importante
percebermos também que, para além de uma grande exibição técnica, a proposta
original de Folkine era algo mais profundo. Como diz sua neta Isabelle: “Não é
necessário uma demanda técnica enorme, mas sim grande sensibilidade artística
porque todo movimento, todo gesto deve demonstrar alguem tentando fugir da
morte”. A intenção de Folkine era tocar nossa Alma através da beleza que um
cisne expressa, mesmo no momento de sua morte. Na verdade, este cisne pode ser
cada um de nós, seguindo os ciclos de vida e morte, e buscando o sentido nisso
tudo.
Mas
quem foi Pavlova?
Anna Matveievna Pavlova nasceu em São
Petersburgo a 31 de janeiro de 1881. De talento e carisma excepcionais,
fascinou o mundo da dança no fim do século XIX e na primeira metade do século
XX. O seu extraordinário talento e as
suas interpretações extremamente pessoais deram um novo sentido ao ballet
clássico.
Nascida
numa família de camponeses pobres, dizem que Pavlova não gostava de falar do
seu pai, quando questionada sobre o tema, respondia que ele tinha morrido
quando ela tinha 2 anos de idade. Mas a verdade é que a sua mãe a criou
sozinha, portanto, era filha de mãe solteira. Aos 8 anos, como presente de
aniversário assistiu ao espetáculo de ballet “A Bela Adormecida” no teatro
Mariinsky. Emocionada decide dedicar-se à dança. Para isso, Pavlova tentou
inscrever-se na Escola Imperial de Ballet de São Petersburgo, mas foi rejeitada
devido à sua idade e baixa estatura. Persistente, em 1891, aos 10 anos,
consegue concretizar o seu propósito.
Durante
o seu período de formação, teve aulas com os mais famosos professores da época:
Pavel Gerdt, Christian Johansson, Ekaterina Vazem, Nikolai Legat. Formou-se em
1899 com 18 anos de idade. Posteriormente entrou no corpo de bailado do Ballet
Imperial Russo de São Petersburgo. Logo caiu nas graças de Marius Petipa,
conseguindo posições de destaque cada vez maior, pois em 1902 já era segunda
solista e em 1905 première danseuse, consequentemente em 1906 torna-se prima
ballerina.
No
final do século XIX o ideal da bailarina era ter um corpo compacto e musculado,
para poder atender aos requisitos de técnica e performance nas danças. Anna
Pavlova mudou esta visão. Tinha uma figura feminina, graciosa e delicada e um
modo pessoal de dançar, começou a ganhar destaque nos espetáculos em que
actuava e a arrebatar fãs entusiastas. Em 1908 estreou no Théatre du Châtelete
(Paris) com o Ballets Russes de Serguei Diaghilev, que encontrou em Michel
Fokin, total apoio para sua proposta de renovação no ballet. Neste período
também surgia Nijinsky (considerado o máximo expoente da dança masculina) com
quem encena o ballet Les Shylphides. Também nesta temporada dança o bailado
Cleópatra. Em 1910, apresenta-se no Metropolitan Opera House, em Nova Iorque,
no bailado Coppelia. Pavlova apresentou-se com a companhia de Diaghilev até
1911 e dividia o seu tempo entre estas viagens e as apresentações no Mariinsky.
Já em 1913 ela decide deixar o Ballet Imperial e passa a apresentar-se
representada por Victor d’Andre (com quem vem a se casar em 1924). Em 1914, ela
deixa a Rússia definitivamente e muda-se para Londres, era o início da Primeira
Grande Guerra.
No natal do referido de 1930 Pavlova teve algumas semanas de descanso de uma digressão que realizava pela Europa. No regresso ao trabalho, numa cidade da Holanda, o comboio em que viajava foi obrigado a parar devido a um acidente ocorrido próximo da linha. Anna resolveu sair do comboio para ver o que tinha acontecido, mas vestia roupas muito leves e foi caminhando pela neve. Dias mais tarde, Pavlova foi acometida de forte pneumonia. Acabou por falecer no dia 23 de janeiro de 1931, no auge da fama e perto de completar 50 anos.
Mas
e a pavlova de comer?
Fazer
um churrasco no quintal e servir uma pavlova como sobremesa, talvez seja um dos
hábitos mais característicos da cultura australiana. E isso se fortalece ainda
mais no Natal, quando a sobremesa se veste para festa em todo aquele país. Mas,
é ainda uma preparação com a cara do verão: é refrescante e deliciosamente
saborizados com frutas tropicais, como o maracujá, hummm. Ocorre que as ‘estórias’ de cozinha percorrem
o mundo e nos educam a acreditar que a sobremesa seja uma preparação daquele
lugar, e essa cultura acabou fazendo os australianos, de fato, terem uma grande
afinidade com a pavlova. O único problema é que os neozelandeses pensam da
mesma forma.
A
sobremesa foi batizada em homenagem à bailarina russa Anna Pavlova, que era uma
megastar quando fez turnê pelos dois países (Austrália e Nova Zelândia) na
década de 1920.
Um
livro de 1922 sobre culinária caseira australiana de Emily Futter continha uma
receita para "Merengue com recheio de frutas". Esta é a primeira
receita conhecida para um alimento totalmente semelhante à pavlova moderna,
embora ainda não seja conhecido por esse nome.
No
lado australiano, o chef Herbert “Bert” Sachse teria criado a pavlova no
Esplanade Hotel de Perth em 1935, e foi batizada pelo gerente da casa, Harry
Nairn, que observou que era “leve como a pavlova”. Em uma entrevista ao Woman’s
Day em 1973, Sachse disse que a proprietária, Elsie Plowman, e Nairn o
recrutaram para fazer algo "diferente e único" como um bolo ou doce.
Ele Sempre lamentava que o bolo de merengue era invariavelmente muito duro e
crocante, então decidiu criar algo que tivesse um topo estaladiço e cortasse
como um marshmallow. Após um mês de experimentação - e muitos fracassos -
encontrou a receita, que sobrevive até hoje.
Os
neozelandeses, entretanto, costumam citar a história de um chef anônimo em um
hotel de Wellington, que teria inventado a pavlova durante o único passeio da
bailarina pelo país em 1926. Mas a professora emérita Helen Leach, uma
neozelandesa especializada em antropologia alimentar no University of Otago e
autora de The Pavlova Story: A Slice of New Zealand's Culinary History, foi
incapaz de verificar esta versão dos eventos.
No
entanto, a Dra. Leach encontrou nas suas pesquisas referências a três tipos de
sobremesa chamadas pavlova em sua terra natal antes da oferta de Sachse.
A primeira foi uma gelatina multicolorida em camadas da marca Davis Gelatine em 1926. Em seguida, vieram pequenos merengues com sabor de nozes e café, semelhantes a beijos, que surgiram na cidade de Dunedin em 1928 e se tornaram populares em todo o país. Então, em 1929, uma receita para um grande bolo de merengue com o nome da bailarina apareceu na publicação regional Dairy Farmer’s Annual. Este terceiro tipo de pavlova foi aquele que várias décadas depois se tornou o assunto das 'guerras' da pavlova, que insistem que a pavlova foi 'criada' ou 'inventada' e, em seguida, roubada / falsamente reivindicada por chefs / cozinheiros em toda a Tasmânia.
A
estudiosa de culinária americana Darra Goldstein foi outra pesquisadora que
ficou fascinada com pavlova depois que sua filha se mudou para a Austrália em
2014, e mais tarde para a Nova Zelândia, e ela começou a colecionar livros de
receitas de ambos os países. Ela incluiu um capítulo sobre isso, escrito pela
Dra. Leach, no livro que editou, The Oxford Companion to Sugar and Sweets.
Assim,
as origens precisas de pavlova não podem ser determinadas e que, na verdade, é
errado acreditar que receitas são inventadas - em vez disso, receitas evoluem
com o tempo, muitas vezes em mais de um local. Quando há um prato tão popular
como pavlova, não é surpresa que tanto a Austrália quanto a Nova Zelândia
queiram reivindicá-lo como algo que deram ao mundo. Rivalidades amigáveis são
sempre divertidas e, para alguns, é uma questão de orgulho nacional.
Esse
foi certamente o caso do neozelandês Dr. Andrew Paul Wood e da australiana
Annabelle Utrecht, que colocam o debate sobre as origens de pavlova em uma
postagem do Facebook de um amigo em comum. Ambos foram pesquisar determinados a
provar que o outro estava errado. Mas depois que começaram a cavar mais fundo,
ficaram surpresos ao descobrir que a história da pavlova remonta muito mais
longe.
A
dupla passou os últimos sete anos montando esse “quebra-cabeça culinário”,
vasculhando livros de receitas, jornais, pinturas de naturezas mortas e
arquivos de todo o mundo. Originalmente, eles planejavam fazer um pequeno
documentário, mas quando perceberam que a história da pavlova era muito maior
do que apenas uma batalha trans-Tasmaniana, eles decidiram escrever um livro sobre a história secreta da
Pavlova e uma História Social de Sobremesas com Merengue.
Para
começar, realizaram um exame forense das lendas kiwi e australianas, e novos
fatos [foram] rapidamente revelados que mudaram completamente a narrativa. No
século 18, grandes construções de merengue incorporando elementos de creme e
frutas podiam ser encontradas em cozinhas aristocráticas em terras de língua
alemã, então a coisa que chamamos de pavlova hoje tem na verdade mais de dois
séculos.
Depois,
as mulheres nas cozinhas europeias de classe média começaram a criar bolos de
merengue cobertos com chantilly, nozes e frutas ou em conserva de frutas. A
Europa estava em crise com as guerras napoleônicas em 1800 e quando as pessoas
se mudaram e se estabeleceram em outras terras, as sobremesas parecidas com
pavlova foram com elas.
Em
1860, você poderia encontrá-las na Grã-Bretanha, Rússia e América do Norte. Por
exemplo, se você preparasse a Schaum Torte (o nome significa “bolo de espuma’,
uma receita de 1850) e oferecesse aos amigos e lhes perguntasse o que seria,
diriam seguramente que se tratava de uma pavlova. Daí, você depois,
pesquisando, descobriria que as receitas da Shaum Torte chegaram ao sul da
Austrália antes da Segunda Guerra Mundial, quando houve um grande fluxo de
imigrantes alemães.
Contudo,
é importante dizer que o australiano Sachse produziu uma pavlova
"sofisticada e altamente estável", sua receita realmente é o bolo
mais próximo da pavlova que temos em mentes quando imaginamos pavlova. Mas,
quando se prepara a pavlova da Nova Zelândia de 1929, você se surpreende poie
era um sanduíche de merengue, não a pavlova que temos hoje. Mas as próximas
pavlovas que saíram da Nova Zelândia por volta de 1932 a 1933 já eram bolos de
nível único cobertos com frutas e creme.
Quanto
ao nome, a dupla também descobriu centenas de receitas de pratos doces e
salgados em homenagem a Anna Pavlova no hemisfério norte. Eles incluem
Strawberries Pavlova, um glacé do período eduardiano servido com uma guarnição
de framboesas, que apareceu no New Zealand Herald em 1911, mas que foi
reimpresso da Inglaterra e também apareceria nos Estados Unidos - que incluía
um componente de merengue que só poderia ser obtido com o nome de Pavlova por
um tempo limitado.
Ainda
mais surpreso se fica quando se encontrar uma receita em livros árabes
medievais, incluindo o livro de receitas sírio do século 13 Kitab al-Wusla ilà
al-Habib fi Wasf al-Tayyibat wa al-Tib (Livro do vínculo de amizade na
descrição de Bons Pratos e Perfumes) que, embora não seja um merengue, "se
você apertar os olhos da maneira certa" é semelhante a um merengue
italiano, que é feito despejando uma calda de açúcar por cima das claras em vez
do tipo assado que estamos familiarizados.
Esse
tipo de cozimento com merengues e xarope de açúcar provavelmente passou para a
Europa através de territórios controlados por portugueses na África
(antigamente controlados por árabes), ou através da ocupação moura de Espanha,
Sicília e França.
As
primeiras referências européias aparecem em lugares como Itália e Espanha, onde
havia uma grande população muçulmana na idade medieval. O açúcar era
incrivelmente caro, então essas guloseimas eram confeitos destinados às mesas
mais ricas, como a dos Habsburgos imperiais, que por acaso também eram ricos em
açúcar do Novo Mundo.
Merengues
assados (petite arrangements) podem ser encontrados na cozinha imperial de
Madrid dos Habsburgos espanhóis no final do século XVI e início do século XVII.
No século XVIII, produções maiores e mais sofisticadas de merengue começam a se
revelar em livros de culinária e, no final dos anos 1700, bolos de merengue
muito grandes e sofisticados podem ser encontrados nas casas dos nobres dos
Habsburgos, como a de um bolo de merengue austríaco, três camadas de merengue de
altura, cheias de compotas de frutas. No início de 1800, os bolos de merengue
se tornaram incrivelmente populares entre as classes médias ricas também.
Mas,
a pavlova de estilo australiano, aperfeiçoada por Sachse, foi aperfeiçoada por
donas de casa no meio-oeste da América no final do século XIX. É aí que elas
começaram a adicionar coisas como centáurea.
A
pavlova geralmente tem um ingrediente de amido que a torna mais rígida e forte.
Mas a fruta é o grande destaque, essa é provavelmente a maior diferença entre
pavlova australiana e neozelandesa. A pavlova da Nova Zelândia é mais para ser
servida com fruta kiwi, enquanto na Austrália você tem maracujá (e atrocidades,
para os neozelandeses, como abacaxi). Na Grã-Bretanha, é muito mais sobre
morangos, enquanto nas versões mais antigas a noz picada tinha grande destaque.
Em
última análise, vê-se o "tataravô" do grande bolo de merengue, como
entenderíamos a pavlova, como sendo o Spanische Windtorte (bolo de suflê), que
era uma sobremesa austríaca composta por uma casca de merengue ou camadas,
recheado com chantilly e frutas. Foi o primeiro de seu tipo e conhecido por ser
cozido nas cozinhas dos Habsburgos no final dos anos 1700.
Idênticas
por natureza, as receitas da baiser torte (torta do beijo)e da schaum torte só
começaram a surgir nos anos 1800, quando fatores geopolíticos motivaram
mudanças de nomenclatura em reinos não Habsburgos.
Veja
como é fascinante acompanhar a história social de pavlova e a árvore
genealógica dos merengues, observando como os bolos de merengue possivelmente
começaram no continente africano e evoluíram nos Impérios Habsburgo e Romano na
Europa Central. À medida que o poder mudava entre impérios e reinos, o merengue
ia com ele.
New
Zealand Pavlova
Para concha de merengue
4
claras de ovo grandes (em temperatura ambiente)
1
xícara de açúcar de refinado
1/2
colher de sopa de amido de milho
1
colher de chá de vinagre branco
1
colher de chá de baunilha
Para o
chantilly e guarnição
1/2
xícara de creme de leite fresco
1/2
colher de chá de baunilha
1/2
xícara de açúcar de confeiteiro
2
xícaras de frutas frescas inteiras ou fatiadas de escolha (morangos,
framboesas, kiwis, maracujá, bananas, mirtilos)
1
colher de sopa de suco de limão fresco
Preparo:
Faça
a Concha de Merengue. Aqueça o forno a 140 C e coloque a grelha no meio do
forno. Forre uma assadeira com papel alumínio e desenhe um círculo de 18 cm no
papel alumínio com a ponta de uma faca (não rasgue o papel alumínio). Deixe de
lado. Em uma tigela de metal limpa de tamanho médio, bata as claras em neve em
velocidade média. Bata até que as claras formem picos suaves. Polvilhe
suavemente o açúcar nas claras, 1 colher de chá de cada vez, batendo
continuamente até que as claras formem picos duros e brilhantes. Polvilhe o
amido de milho e o vinagre no merengue e misture delicadamente com uma
espátula. Adicione a baunilha e dobre suavemente a mistura novamente. Agora,
espalhe suavemente o merengue no círculo sobre a folha para fazer uma base
circular. Certifique-se de que as bordas do merengue são ligeiramente mais
altas do que o centro para que você tenha um pequeno poço no meio. Asse o
merengue por cerca de 1 hora e 15 minutos ou até ficar com uma cor de casca de
ovo rosada muito clara. Desligue o forno e deixe a porta entreaberta para que o
merengue esfrie completamente. Conforme o merengue esfria, ele irá rachar um
pouco. Pouco antes de servir, tire o merengue do forno, retire delicadamente do
papel alumínio e coloque em um prato. Faça o Chantilly: Bata as natas com a
baunilha e o açúcar de confeiteiro até formar picos e reserve. Prepare a fruta
lavando e fatiando. Misture frutas cortadas, como bananas e maçãs, com suco de
limão para evitar que dourem. Espalhe delicadamente o creme por cima do
merengue resfriado com uma espátula. Arrume as frutas por cima. Sirva
imediatamente e aproveite.
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