quinta-feira, 10 de maio de 2012

As irmãs Bolena e meu bolo de milho com calda de morangos


Caros (as) Confrades, desculpem-me me ausência. Estou me dedicando ás leituras para os exames do mestrado. A leitura me toma tempo, e preciso passar nos exames. Mas não consigo me desligar totalmente da Confraria... Estava foleando um livro interessantíssimo sobre a vida das irmãs Bolena (vejam mais sobre este assunto no fim deste post). E foi o assunto do livro  quem me trouxe aqui para escrever um texto hilariante de um ocorrido no meu passado, quando infantil eu era. E tudo começou com a presença dos morangos...





Esses danadinhos vermelhos e suculentos,  frutas das mais conhecidas no mundo e que até o século XV nascia espontaneamente em regiões de clima temperado. O que contam por aí, é que foram os franceses os primeiros a consumirem essa frutinha. Mais tarde os ingleses, alemães e italianos começaram a cultivar o morango com a intenção de aumentar o tamanho da fruta e melhorar sua qualidade. Já os italianos cultivavam a fruta para usá-la como erva medicinal no tratamento de distúrbios digestivos e como tônico para a pele. No Brasil, não há registro do início da comercialização do morango, mas a fruta ficou popular na década de 60. Desde então, viraram sinônimo de muito sabor em sobremesas deliciosas.
Na Inglaterra, afirma-se que os membros da corte real de Henrique VIII adoravam morangos. De sua segunda mulher, Ana Bolena, fala-se que ela tinha uma marca no pescoço no formato de um morango.


Ana Bolena
Há quem diga que o formato de coração e a cor vermelha estimulam os desejos mais secretos de homens e mulheres que consideram a fruta símbolo de Vênus, a deusa do amor. 
Toda esta história envolvendo morangos me trouxe de volta uma memória antiga, hilária, de quando eu tive meus primeiros contatos com os morangos para uma preparação culinária... 
Hoje, essa lembrança me rende boas gargalhadas, mas na época foi frustração pura.
Eu devia ter  entre 11 ou 12 anos, morava numa casa enorme no interior serrano, onde o clima frio e a neblina espessa dava todo um charme ao lugar. Naquela época eu já estava descobrindo a gastronomia como parte das minhas coisas prediletas. Porém, eu só comia o que os outros preparavam.
Na minha casa sempre teve muitos livros. Na sala de estar havia duas estantes enormes, repletas de obras de autores variados, e lá eu me acostumei com a leitura, lendo  muitas biografias, enciclopédias e os livros de receitas – que minha mãe nunca utilizou. Não sei o que me ocorreu naquela tarde, mas surgiu uma vontade enorme de cozinhar... apesar de ser sempre advertido pelos mais velhos de que  não brincasse com fogo nem, muitos menos, no fogão, naquele dia eu estava decidido e iria cozinhar... não sabia o que, mais iria.
Corri para a estante, peguei os 4 volumes de livros de culinária, com suas capas duras estampadas com imagens de deliciosos pratos, e fui procurar algo pra testar (risos) [ o que eu vou contar a partir daqui é realmente hilário, mas aconteceu da forma como escreverei, e mostra como a inocência da época de criança pode render um excelente texto cômico].
Bom, encontrei uma receita (nunca vou me esquecer dela) : bolo de milho com morangos em calda. Estava decidido, era essa mesmo. Eu tinha chegado nesta conclusão por fatos simples: olhei a lista de ingredientes, e vi que tinha todo o material em casa, inclusive os morangos, que alguém, não me recordo quem, plantou no quintal de casa, e que  já fazia algum tempo que o morangueiro nos presenteava com as frutinhas.



Hoje em dia  a coisa mais simples do mundo é fazer um bolo, mas quando se faz isso pela primeira vez, sendo criança, e sem nenhum adulto por perto, tudo pode acontecer. Fiz tudo que a receita pedia, consegui ligar o forno – sem me queimar – lavei tudo pra ninguém desconfiar da minha reinação, e estava só esperando o bolo sair do forno para cobrir com a calda de morango, que também já estava prontinha esperando.... 


E eu me senti um petit chef depois que vi o bolo pronto!
Vocês devem estar pensando: - não vejo nada de errado até aqui. O fato é que tudo estava errado, desde o começo.... quando eu peguei o livro, e conferi a lista de ingredientes, fui separando tudo, e achei uma maravilha por ter tudo ali em casa. Eu não entendia quando minha mãe falava que as receitas sempre tinham que ser complicadas e cheias de coisas que  nem sempre se tinham em casa, ela dizia isso nas raras vezes que pegava aqueles livros de receitas. Eu ria largo, porque o povo iria chegar da rua, e se deparar com um bolo enorme lindamente decorado com morangos em calda.
Eu tirei o bolo do forno, desenformei-o e cobri com a calda. Enquanto o bolo esfriava e fui lavar a forma que ninguém reclamasse comigo quanto a sujeira.
De repente minha mãe e me avó chegaram, se depararam com o bolo e aí começou a brigadeira e a explicações por trás dela:
 Mãe: - menino, que arrumação foi essa?
Eu: - é um bolo de milho com  calda de morango, mãe.
(minha avó ria por trás dela, enquanto olhava as cascas dos ovos na lixeira)
Avò – você gastou todos os ovos?
Eu: - ora vó, a massa tava dura e eu coloquei mais ovos pra ficar mole. 9minha mãe viu as cascas na lixeira, indo na geladeira em seguida.
Mãe:  – você gastou 10 ovos com isso?  (Eu ria)
Minha avó  já estava na despensa; - ele usou dois quilos de açúcar. Aí eu senti que a coisa tava ficando feia, porque a mãe já começou a  dizer que eu merecia uma pêia (pêia = a surra, no nordeste)
Mãe:  - me diz uma coisa, onde você arranjou farinha para fazer esse bolo?
Eu: - ah mãe, usei a farinha da lata. (minha vó  gargalhava)
Mãe: - seu louco! A farinha que você usou era farinha de mandioca, não se faz bolo  com farinha de mandioca, se usa farinha de trigo.
Eu: mas mãe, o livro so dizia que era farinha, não dizia de trigo ( eu ainda queria ter razão heheheheheh).
Avó: e esses negócios verdes amargos, (ela estava experimentando do bolo)
Eu: - é morango, vó. Já disse. Minha avó saiu correndo foi nos pés de morango e de lá mesmo gritou: - mulher, ele arrancou todos os morangos verdes do pé...
Minha mãe pegou o bolo e jogou no  lixo,  e gritava dizendo montes de coisas comigo. Eu, ainda não satisfeito: - tá mãe eu não faço mais bolo com farinha da lata ( lá em casa guardávamos a farinha de mandioca em latas antigas, decorativas).
Mãe: você não vai fazer mais bolo, nem nada, é de jeito nenhum.
Minha vó: estava novamente na geladeira, atrás de leite para beber. - - Marcilene, (o nome de minha mãe0, ele usou os dois litros de leite no bolo (disse rindo)
Eu: Claro vó. O bolo ficava duro toda vez q eu colocava farinha e ei colocava mais leite e ovos que ia ficando molinho...

Resultado: foi frustrante minha primeira ida á cozinha, mas desde então eu aprendi a forma certa de fazer bolo. E depois deste episodio me vi na obrigação d e  honrar meu nome e fazer um bolo que prestasse, meses depois fiz meu primeiro bolo sozinho. Não usei nada de exótico na preparação, saiu um a beleza, e estava uma delícia, desde então não parei mais de cozinhar.
Abaixo segue uma nova versão do bolo de milho com calda de morangos,

Bolo de milho com calda de morango

Bata em liquidificador:
1 xícara de milho verde
1 xícara de água morna
1 ovo
2 colheres (sopa) de óleo
Vire em uma tigela e acrescente, misturando bem:
1 sachê (20g) de fermento biológico seco
2 colheres (sopa) de açúcar
2 colheres (sopa) de amido de milho
2 1/2 xícaras de farinha de arroz
1 colherzinha (café) de sal
Unte a forma com óleo de milho e farinha de arroz.
Asse em forno pré-aquecido em 180º por 30 minutos.
Deixe esfriar antes de desformar.
Calda:
1 xícara de morangos picados
1/2 xícara de açúcar

E mais sobre as irmãs Bolena

Enquanto  dava uma olhada rápida pelo livro “A irmã de Ana Bolena”, de Philippa Gregory,  me dei conta que existe um filme de 2008, se não em falha a memória, chamado “A Outra” (The Other Boleyn Girl – nome em inglês tanto do livro quanto do filme) o qual eu já tinha assistido, e que, ao folear o livro eu fiquei me perguntando, no que o filme foi baseado. Sim, porque pelos relances da leitura breve, notei que a história é contada de forma diferente no filme.

Filme e livro uma parte da história da Corte dos Tudor; onde Henrique VIII, rei da Inglaterra, até então casado com a rainha Catarina de Aragão, decepcionado por não ter tido um filho varão se envolve sexualmente com Maria Bolena que gera dois (sim DOIS) filhos do rei, porém sua ambiciosa e esperta irmã Ana Bolena consegue roubar a atenção do Monarca e se fazendo de mulher difícil o seduz ao ponto de Henrique romper com a Igreja Católica para conseguir a anulação de seu primeiro casamento e funda a Igreja Protestante Inglesa só para poder se casar com Ana. Ao se tornar rainha, também o decepciona por somente conseguir gerar uma filha (que será a futura rainha Elizabeth I) e perder todos os outros. Desesperada por começar a perder os favores do rei, Ana se envolve com outros homens, incluindo seu irmão, e acaba acusada de traição, incesto, adultério e bruxaria o que a condenada a decapitação.
 Essa já é uma velha história conhecida de todos desde a época escolar, quando estudávamos historia mundial. Assim, porque eu recomendaria  ler o livro ou ver o filme?
Bom, ler o livro lhe permitirá descobrir detalhadamente fatos  intrigantes e interessantes dessa história, pois a autora Philippa Gregory é conhecida por escrever com veracidade seus romances sobre a historia real inglesa. Assistir o filme  lhe permitirá ter uma visão muito resumida dos fatos (tão resumida que chega a ser diferente das 624 paginas do livro), porém contada de forma que dê para entender o que aconteceu com os personagens.
Abaixo seguem as diferenças encontradas entre o filme e o livro (Atenção, Spoiler!)
F(filme) – A família Bolena começa como camponeses – L (livro) A família Bolena mora na corte e é influente principalmente por terem o sangue Howard (da família da mãe, a mais importante na corte, depois do Rei)
F – A mãe e o pai são mostrados como amorosos e preocupados com os filhos – L -  A mãe e o pai são secos e frios com os 3 Bolena (como são conhecidos Ana, Maria e George – inseparáveis) e só se preocupam em ter os favores do rei e melhorar os status, mesmo que para isso tenham que transformar as filhas em prostitutas.
F – Maria casa já adulta com um camponês chamado William Carey e só depois do rei se apaixonar por ela que vai para a corte – L - Maria e Ana são criadas na corte Francesa e com 12 anos Maria volta para a corte inglesa para se casar com William Carey que mora na corte e é amigo do rei. Dois anos depois do casamento que ela vai para a cama do rei.
F– Maria tem um filho varão do rei – L -  Maria teve dois filhos com Henrique, uma menina chamada de Catarina e um menino chamado de Henrique.
F – Ana foi estuprada por Henrique – L - Ana demorou dois anos sem se deitar com o rei, somente cortejando e o convencendo a romper o casamento com a rainha, se deita com ele assim que isso acontece.
F – Ana perde um bebe e por isso tenta se deitar com o irmão, mas não consegue e é condenada injustamente. L -  Ana perde 3 bebes depois de Elizabeth, um deles um bebe deformado que dá a entender que é filho de seu irmão já que os dois estão com muita intimidade um com outro e por isso são condenados.
F – Antes dos créditos legendas dizem que Maria se casou com William Stafford – L - Maria e Stafford se casam escondido muito antes de Ana ser assassinada. Os dois tiveram dois filhos.
O filme não conta algumas coisas fundamentais no livro, como : a rainha Catarina é exilada e morre no exílio, dando a entender que Ana mandou envenená-la (assim como envenenou o Cardeal Wolsey); que George era gay e se encontrava com homens escondido; Jane Parker era uma mulher abominável e odiada por todos, viciada em sexo e voyer; Ana teve caso com vários homens na tentativa de engravidar inclusive com seu irmão; e William Carey? No filme ele foi simplesmente esquecido depois que Maria se deita com o rei!!! Mas na verdade depois que o rei dispensa Maria ela volta para William, mas pouco depois ele morre de febre (?) só então que Maria conhece Stafford.
Apesar de tanta diferença, tanto o filme como o livro retratam uma história verdadeira e interessante e merecem ser assistidos. Aconselho aos que curtem uma boa leitura a ler o livro primeiro e ainda assim assistir o filme; quem não gosta de ler, não deve deixar de ver o filme que é muito bom, com fácil dialogo, bonitas imagens e fotografias e lindo figurino. Em suma, dou nota 10 para o livro e nota 8 para o filme, que deixam a dúvida: Qual será a historia verdadeira?  
Ainda recomendo os outros 4 livros de Philippa Gregory que retratam essa história interessante que foi a Era Tudor: “A Princesa Leal”, “A herança de Ana Bolena”, “O bobo da rainha” e “O amante da virgem”.

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