terça-feira, 17 de julho de 2012

Bolo Paris-Brest (Gateau Paris-Brest): Sabores da Tradição


A cultura é a responsável pela presença da gastronomia do mundo. Para mim a primeira grande revolução social da espécie humana se deu quando o homem descobriu o fogo e percebeu que poderia preparar os alimentos de outra forma, que não fosse apenas para comê-los cru. O homem então desenvolveu a agricultura, os sistemas de caça e pesca, de criação de animais domésticos, passou a fabricar utensílios para facilitar no preparo de seus alimentos... E assim surgia os primórdios das artes culinárias no mundo. O que antes era cru agora podia ser cozido ou assado.
A geografia foi de suma importância na construção da gastronomia mundial, pois a partir dela podemos identificar elementos, principalmente os ingredientes, que representam ou identificam uma sociedade.
Levando em consideração o contexto acima se pode afirmar que as tradições culinárias podem nascer de fatos simples.
Esta pequena introdução serve para que eu possa apresentar para vocês um novo Projeto que esta Confraria irá apresentar a vocês, amigos confrades e leitores, no decorrer de nossos posts. Trata-se do Projeto Sabores da Tradição. Este projeto tem como objetivo maior realizar entrevistas com personalidades conhecidas Brasil à fora, para que possamos descobrir  e desvendar como a cultura gastronômica afeta os futuros entrevistados.



Desta forma poderemos conhecer um pouco mais das particularidades de cada personalidade e apresentar para vocês as receitas que são os Sabores da Tradição de cada um dos entrevistados. Estamos trabalhando na captação das personalidades, e logo vocês poderão se deliciar com uma leitura cheia de revelações.
Enquanto as entrevistas estão, ainda, no forno,  o post de hoje servira para mostrar como os Sabores de uma tradição podem virar pratos celebrados e conhecidos ao redor do mundo.

O caso do Gateau Paris-Brest


Você que gosta de andar de bicicleta? Já pedalou livremente pelas ruas próximas a sua casa? Ou, não vá me dizer eu você é um ciclista de profissão, é? Já sse deram conta do quanto uma bicicleta pode interferir, e acrescentar de forma positiva na sua vida: ela pode de manter em forma; pode melhorar sua saúde; pode de proporcionar momentos de felicidade numas pedaladas ao lado do seu amor; pode te ajudar a trazer as compras pra casa; e pode te remeter a um dos bolos mais interessantes e clássicos da tradicional culinária francesa – um top de linha, eu diria: o Gateau Paris-Brest (Bolo Paris-Brest). Isso mesmo que você leu, o bolo foi  criado inspirado em bicicletas.
Tudo na França tem muita historia, isso não deixaria a confeitaria de lado. Assim, fica fácil compreender as historias deliciosas que surgiram a partir do cotidiano, como a deste bolo feito de Pâte à Choux (mesma massa de Bomba ou Carolina) com o recheio original de creme mousseline e decorado com amêndoas lascadas.
Embora inicialmente tenha sido feito um bolo em forma de coroa de louros, não reza hoje dele a história. Foi só em 1910 que, em homenagem a esta corrida, foi criado, por Louis Durand, o não menos célebre bolo Paris-Brest. O bolo, apesar de francês, internacionalizou-se e mantém hoje o mesmo sucesso que alcançou na data de origem.
O chef pâtissier da Maisons-Laffitte, Louis Durand, se inspirou  numa corrida de bicicleta entre Paris-Brest-Paris, fundada em 1891 por Pierre Giffard, que lhe pediu para fazer um bolo em forma de roda de bicicleta, assim somente em 1910, surgiu o Gateau Paris-Bret.


Hoje em dia o blo pode ser encontrado nas melhores confeitarias por todo o mundo – o que ajudou a receber alterações no recheio e com o acréscimo de cobertura. No entanto, a massa bomba, faz toda a diferença.
Assim desde 1910, quando Durand criou o bolo, e este foi se propagando pelo mundo, tornou-se um clássico, e passou a configurar na lista dos bolos típicos da gastronomia francesa. Sites franceses  dão tanta importância  a este bolo que, para o  Jornal le Figaro,  o  bolo configura no oitavo item da lista das “100 coisas que todo parisiense deve fazer pelo menos uma vez na vida” :

1. Avoir dîné au Tokyo Eat (XVIe) sans avoir poussé la porte du Palais de Tokyo

2. Avoir pris un petit déjeuner sur la terrasse du Café Marly (Ier), un Costes parmi tant d'autres

3. S'être assis autour d'une table à l'Astrance (XVIe)

4. Avoir organisé un pot sans départ au Train Bleu, gare de Lyon (XIIe)

5. Avoir dîné chez Lipp (VIe), au rez-de-chaussée et côté rue, de préférence près d'une tête connue

6. Avoir mangé une soupe à l'oignon aux Halles (Ier)

7. Avoir acheté une glace en cornet chez Bertillon, la maison mère (IVe)

8. S'être délecté du Paris-Brest de Philippe Conticini à la Pâtisserie des Rêves de la rue du Bac (VIIe)


9. S'être fait plaisir en remplissant son panier à la Grande Épicerie du Bon Marché (VIIe)

10. Avoir craqué pour le macaron au caramel au beurre salé de Ladurée (VIIIe). (Ver lista completa aqui)

Entenda mais sobre a corrida de bicicletas que deu origem ao  bolo Paris-Brest

Realizado pela primeira vez em 1891, o evento de 1.200 quilômetros “Paris-Brest-Paris”, também conhecido como "PBP" é uma que desafia a resistência, habilidade e a determinação dos ciclistas.
Organizado no mês de agosto, a cada quatro anos, pelo clube anfitrião Audax Club Parisien, o Paris Brest Randonneurs é o evento mais antigo ainda realizado com regularidade na estrada. A corrida começa no sudoeste da capital francesa e percorre 600 km rumo ao oeste, até a cidade portuária de Brest, no Oceano Atlântico, e retorna pela mesma rota. A prova é para os amadores e a participação de ciclistas profissionais é proibida.
Os ciclistas randonneurs de hoje em dia, mesmo não usando as bicicletas primitivas por estradas de terra e paralelepípedo de antigamente, ainda têm que enfrentar o mau tempo, ladeiras intermináveis e ainda pedalar contra o relógio. Um prazo limite de 90 horas assegura que somente os randonneurs mais tenazes recebam a prestigiosa medalha e tenham seu nome escrito no "Grande Livro" do evento junto com todos aqueles que completaram a competição desde o primeiro PBP.


Em 1891 as pessoas não sabiam o que podia ser feito com a bicicleta, inclusive alguns especialistas da medicina daquela época alertavam ao público alegando "danos à alma e ao corpo humano". Algumas mulheres mais modernas insistiam em andar de bicicleta, igual aos homens, contando com espectadores incrédulos.
Dez anos antes, havia começado as corridas em velódromo e os passeios pela cidade de prósperos ciclistas que podiam se permitir uma máquina daquelas era relativamente comum.
A ideia de cobrir longas distâncias na estrada estava engatinhando. De qualquer modo, com a virada do século se aproximando, ideias sobre o que poderia ser feito com este invento fascinante começaram a evoluir.
Tentativas iniciais em corridas e no cicloturismo (superando obstáculos como colinas) tinham começado alguns anos antes, mas não eram frequentes. As estradas de terra naquela época eram abismais, empoeiradas no verão e lamacentas na chuva, e as ruas de paralelepípedo das cidades eram bastante agressivas para as frágeis rodas das bicicletas.
De qualquer forma, na primavera de1891 ocorreu a inaugural “Bordeaux-Paris”, uma corrida de estrada de 572 quilômetros que cativou a atenção do público e as vendas de jornais dispararam antes e durante os dias da corrida e esse fato não passou despercebido para o editor (e ciclista entusiasta) do "Le Petit Journal" Pierre Griffard.



O editor também observou que a participação estrangeira tinha dominado do começo ao fim a “Bordeaux-Paris”, pois o primeiro francês tinha se colocado num distante quinto lugar. Então, o Paris-Brest-Paris foi anunciado no verão de 1891. Griffard pretendia que fosse o teste definitivo para a confiabilidade da bicicleta e para a força de vontade do ciclista. Ele assinalou a marca de 1.200 km. Sendo assim, o PBP faria do Bordeaux-Paris, e seu tempo recorde de 27 horas, parecerem uma brincadeira de criança. Somente homens franceses foram permitidos na prova.
Cada inscrito poderia ter até dez "puxadores" estrategicamente distribuídos ao longo da rota. Eram ciclistas apoiadores que poderiam ajudar ao participante fazendo vácuo, ou prestar ajuda em caso de problemas mecânicos, mas apenas alguns poucos ciclistas os empregavam no PBP.
Como os automóveis ainda não existiam, a corrida era monitorada por um sistema de observadores comunicados ao longo da rota pelo telégrafo e pela ferrovia. Os jornalistas mandavam, claro, suas matérias a Paris para que o público estivesse abastecido com edições especiais com as últimas noticias da corrida.
O PBP chamou a atenção de fabricantes de bicicletas e de pneus querendo mostrar ao público "louco por bicicletas" que seus produtos eram superiores a outras marcas. Ao contrário da rota rural do atual PBP, que evita as estradas mais movimentadas ao oeste de Paris, a rota original seguia a "Grande Estrada do Oeste" em direção a Brest, ou Route Nationale 12, como acabou conhecida. O roteiro passava por La Queue-en-Yveline, Mortagne-au-Perche,Pré-en-Pail, Laval, Montauban-de-Bretagne, Saint Brieuc e Morlaix.

Gateau Paris-Brest

Massa:
200ml leite
110g manteiga
125g farinha de trigo
4 ovos
Modo de preparo da massa: Misture o leite com a manteiga e leve ao fogo até levantar fervura, feito isso adicione a farinha de uma só vez e mexa cozinhando a massa até soltar do fundo da panela (similar a massa de coxinha). Retire da panela e mexa a massa para que esfrie; tão logo possa tocar a massa com as mãos, comece a misturar os ovos 1 a 1 até que a massa fique uniforme. Feito isso, divida em duas partes e leve para assar usando formas com buraco central. Como a massa é bastante delicada, leve para assar por cerca de 45 minutos em forno médio, e na metade do tempo decorrido, abra a porta do forno, deixando levemente aberta com a ajuda de um cartão ou um pano para que a temperatura média seja reduzida. Retire do forno e deixe esfriar para efetuar a montagem.
Creme Mousseline
Este creme consiste n na adição de manteiga ao creme de confeiteiro, na proporção de 1 Parte de Crème Pâtissière para 1/3 Parte de manteiga Manteiga. Exemplo: 375g de Crème Pâtissière para 125g de Manteiga.
 Preparo: Após preparar o Crème Pâtissière, cubra-o com papel filme em contato e deixe esfriar. Junte ao Crème Pâtissière e a manteiga em temperatura ambiente em um bowl e bata utilizando a batedeira com o globo até obter uma mistura homogenia. Caso deseje acrescente os aromas ou sabores ao final do preparo.
Montagem:
Divida o bolo ao meio e recheie com o cremes, polvilhe as amêndoas lascadas para decorar.

Creme de confeiteiro ou inglês:
250ml leite
3 gemas
70g açúcar
25g maisena
Dilua a maisena no leite ainda frio, acrescente as gemas repetindo o processo e depois o açúcar. Leve em fogo brando mexendo até adquirir consistência de mingau grosso.

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