quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O caso das Sugar Plums – elas não são o que você pensa que são!


Vocês, com certeza, já ouviram alguém dizer que o Natal é mágico. 
Eu  já ouvi e já li isso milhares de vezes. Já ouvi também, e concordo, que muitas pessoas começam a mudar no Natal - devido a influencia desta estação... Já ouvi outros dizerem que o personagem central desta época, o menino Jesus, é sempre encoberto pelo consumismo; que as pessoas dão mais valor aos presentes do que ao “Dono da Festa”; e que nem sempre sentem o real Espírito do Natal.
No que eu acredito? Eu acredito nos fatos. Eu acredito no que eu sinto. Eu acredito que Deus, na sua sabedoria, sempre sabe o que faz. E Deus não faz errado. E eu acredito que foi Deus quem fez a fantasia para deixar a nossa imaginação sempre viva e aliviada da rudeza da realidade que os homens criam.
Hoje vou lhes contar uma história que sempre teve importância para mim, desde criança, e que está repleta de fantasia. Irei lhes falar sobre as Sugar Plums - Talvez seja o Espirito do Natal se manifestando em mim, juntando cada coisinha que eu acredito lá no fundo, para transformar se em fatos que podem explicar algumas das minhas ligações de proximidade com a fantasia, com o natal, com a gastronomia, com a história, com a cultura, com o mundo, com a consciência universal (Deus).


Sugar Plums
Quando eu era criança e apesar de gostar do Papai Noel (como é de se esperar da maioria das crianças) era com outros personagens fantásticos que eu mais me identificava. dentre estes personagens, eu gostava do quebra-nozes e da Sugar Plum Fairy – que na época, eu conhecia como Fada Torrão de Açúcar. O motivo para esta apreciação toda eu posso expor em fatos simples:

·     Sempre fui muito dedicado a leitura, e o quebra-nozes entrou na minha infância através do conto O Soldadinho de Chumbo, de Hans Christian Andersen;
·   Sempre gostei de música e dança, e o quebra-nozes veio acompanhado da fadinha açucarada quando me foi apresentado, ainda pequeno, a suíte O Quebra-Nozes, de Tchaikovsky. Vale ressaltar que a montagem deste ballet foi inspirado também na literatura, a partir do conto de fadas “The Nutcracker and the Mouse King” (O quebra-nozes e o Rato Rei, do original em alemão: Nussknacker und Mausekönig), estória escrita em 1816 por Ernst Theodor Amadeus Hoffmann – escritor germânico de fantasia e terror. Em 1892, o compositor russo Pyotr Ilyich Tchaikovsky, com os coreógrafos Marius Petipa e Lev Ivanov, (depois por Alexandre Dumas, Pai) fizeram a adaptação dessa historia para o ballet quebra nozes – e que se tornou um das mais famosas composições de Tchaikovsky, e sem duvida um dos balés mais populares pelo mundo.

Assista ao ballet completo.

Depois disso eu tinha certeza, que o nascimento do Cristo trouxe consigo muitas outras coisas boas, cheias de fantasia, e isso se refletia nas historias contada na época natalina ao redor do mundo – que eu tinha contato através da leitura. 
O quebra nozes e a fada torrão de açúcar eram tão presentes no meu natal, que na adolescência, para concorrer num concurso da minha escola, eu desenvolvi uma coreografia simples para uma música da atualidade colocando como corpo do ballet o soldado de chumbo, a fadinha e alguns outros personagens (ganhamos o concurso na cidade, e depois fomos disputar na região, mas sempre tem gente melhor do que nós, e só de ter feito aquilo, de improviso com poucos recursos da escola, já foi o máximo – só a foto que eu tenho que é desastrosa [risos] ainda bem que o tempo melhora a gente!).


A foto é antiga, não tem boa qualidade, mas é o único registro que tenho daquele momento. Tenho  essa farda vermelha até hoje!
Hoje mais uma vez eu me lembro destes personagens e resolvi tratar especialmente da fadinha açucarada, pois ela tem ligação direta com tudo isso, e com a gastronomia – sempre o foco desta publicação. Para tanto, imbuído pelas influências dos julgamentos do mensalão (que acabou levando a TV a passar cada dia um fato novo sobre o ocorrido), vou passar aqui a descrever os fatos que originaram a associação das Sugar Plums com o Natal.
Aqui não se está discutindo, hoje, a origem e o feitor das Sugar Plums. Mas as está considerando como uma realidade: o fato de que elas existem para deixar o Natal ainda mas cheio de fantasia e deleite – e fantasia e deleite não precisam de explicação, só necessitam serem sentidos, aproveitados.
"Plum” (termo inglês para Ameixa) ou "Sugar Plum" é o termo que remete a uma confecção culinária doce que não refere-se no sentido literal ao doce de ameixa – o que seria correto se a preparação fosse feita apenas deste fruto. Ao mesmo tempo, o termo "plum" ainda pode ser usado para designar qualquer fruta seca.



Sugar plums são feitas a partir de qualquer combinação de: ameixas, figos, damascos, tâmaras e cerejas, todos deve estar secos (em passas). A fruta seca é cortada fina e combinada com amêndoas, mel e especiarias aromáticas e essa mistura seria, então, enrolada no formato de pequenas bolas do tamanho de ameixas e, só então, revestidas em açúcar - há quem as encontre enroladas em coco ralado.
De acordo com os historiadores de alimentos, a palavra ameixa (plum) nos tempos vitorianos era usada para se referir a passas ou groselhas secas, e não para referir-se as ameixas - como pensam a maioria das pessoas.
No entanto as Sugar Plums são as formas mais antigas para um doce cozido – que não necessariamente precisariam ser feitos de ameixas. Porém elas trazem no seu tamanho e forma a associação com a tal fruto. 
O termo Sugar Plum esteve em alta a partir do século XVII até o século XIX, mas agora só é relembrado, em grande parte, graças a Fada Sugar plum, um personagem do ballet Quebra-Nozes de Tchaikovsky(1892) ou na época natalina, quando as crianças pedem as “fadinhas açucaradas”.
As Sugar plums pertencem à família dos confeitos. O Dicionário de Inglês Oxford define a palavra como sendo "Um bombom pequeno, redondo ou oval, feito de com açúcar e frutas cozidas de cor e sabor variado, um confeito". A primeira menção a este alimento especial foi feita em 1668. Mas o termo também tem outro significado, pode indicar "Algo muito agradável; que pode ser dado como um calmante ou suborno" – significado que data de 1608.
O Inglês é uma língua flexível e o nome do doce poderia ter vindo da semelhança com uma ameixa pequena. Ou poderia ter vindo de ameixas reais conservadas em muito açúcar, uma ideia relativamente nova na Inglaterra do século XVI. Antes deste tempo o açúcar era tão caro que era usado muito moderadamente, tanto quanto poderíamos usar um tempero de hoje. Em 1540, no entanto, o açúcar começou a ser refinado em Londres, o que baixou seu preço consideravelmente, apesar de apenas as famílias abastadas teriam condições de usá-lo generosamente. Preservar alimentos com o açúcar permitiu que os doces frutos de verão pudessem ser apreciados durante todo o ano, especialmente durante a temporada de inverno, que coincidiam com as época “natalina’.
Cozinheiros do século XVI não registraram suas razões para usar um ingrediente sobre outro, embora eles parecem desfrutar de receitas comerciais onde normalmente não se encontra seu feitor original – principalmente por se tratar de um doce, digamos, primitivo. Botânicos da época, tinham muito a dizer sobre os produtos e temperos usados na culinária da época. John Gerard, cuja obra “Complete Herbal”, publicada em 1597, diz que as ameixas frescas possuíam muitos nutrientes e, além disso, elas teriam uma tendência a estragar rapidamente e manchar qualquer prato que fosse servido com ela.  Ele diz ainda que ameixas secas, são muito mais saudável e as recomendava para resolver problemas no sistema digestivo. Outro estudioso, Thomas Culpepper, escrevendo um pouco mais tarde, encontrou essa propriedade nas ameixas, tanto nas frutas frescas quanto nas em passas.
Mas eu acredito que os confeiteiro do século XVI não estavam nem um pouco interessado nessas propriedades da ameixa, quanto mais no seu  valor  nutricional. Isso posto vamos aos fatos mais diretamente ligados com esta época do ano;

Dossiê sobre a conexão das Sugar Plums com a temporada natalina



O que é uma sugar plum?

A resposta mais simples seria: uma confecção pequena de massa doce cozida, a base de frutas, enrolada em açúcar. Embora existam frutos reais (ameixas) escalfados e banhados com abundante calda de açúcar temperado, que levam também o nome de sugar plum.  Podem ainda estar relacionadas com as frutas cristalizadas.
O conceito básico da Sugar Plum é a preservação de frutas com açúcar, permitindo-lhes ser apreciadas durante todo o ano – como acontecia com  conservas de vegetais e carnes com a salga – também usado para preservar alimentos para consumo durante todo o ano.
Aqui em Fortaleza, e acredito que no nordeste brasileiro em geral, nós temos um doce que poderia também ser facilmente chamado de Sugar Plum devido a sua forma e aparência  Trata-se do doce de caju cristalizado, que pode vir com pedaços de castanhas de caju tendo a mesma forma das sugar plums e é igualmente delicioso.

Sugar Plums
As Sugar Plums nordestinas - doce de caju  cristalizado

Dois clássicos natalinos ligam as Sugar Plums com Natal

A menção de receitas para fazer Sugar Plums começa em torno do século XVII, que coincidiu com o aumento da popularidade de açúcar na Europa e no Novo Mundo. Isso também se encaixa na linha de tempo para a menção das Sugar Plums na época do Natal – isso se deu graças a dois clássicos natalinos:
• O famoso poema de Natal escrito no início de 1800, "A Visit from St. Nicholas" (Uma Visita de São Nicolau, também conhecido como "'The Night Before Christmas), que inclui o seguinte verso: "The children were nestled all snug in their beds, While visions of sugar plums danc'd in their heads." (Os filhos foram todos aninhado confortavelmente em suas camas, Quando tiveram as visões de sugar plums dançando em suas cabeças). O texto é interessante e se você ficou interessado clique aqui para ler .  . 



• O Balé de Tchaikovsky 1882, O Quebra-Nozes que incluía "The Dance of the Sugar Plum Fairy" (A Dança da Fada do Açucarada), que seria para sempre associada com as sugar plums  e a temporada de festas natalinas. .


Agora vejamos uma breve explicação sobre esses dois motivos para o inicio da fama das Sugar Plums:

Clement Clarke Moore e as Sugar Plums

Mr. Moore
Segundo a lenda, na véspera do Natal de 1822, a esposa de Clement Moore estava assando perus para os pobres, quando enviou o Reverendo ao mercado para comprar um peru extra. Sua viagem para o mercado (que ficava no lugar onde hoje esta a the Bowery section de Nova York), o inspirou a escrever um poema que criou a imagem americana de Papai Noel, e o detalhou como um agregado familiar típico da época do Natal. O poema foi publicado anonimamente em 23 de dezembro de 1823, sob o título "Uma Visita de São Nicolau" ("A Visit from St. Nicholas"),
O poema tornou-se um dos mais lidos no mundo, e os versos sobre as sugar plums deram, certamente, impulso à lenda das sugar plums nos anos que se seguiram.

O verdadeiro autor de "Uma visita de São Nicolau"

Enquanto o poema descreve a visão das sugar plums, não há razão para acreditar elas não seriam as de Clement Clarke Moore. Porém Don Foster, um professor de Inglês no Vassar College, um lingüista forense usado pelo FBI em muitos casos famosos, como o prova do "Unabomber Manifesto" concluiu que o espírito do poema e estilo são absolutamente contraditório com a linguagem de Clement Clarke Moore. 


Major Livingston
Em um de seus livros Foster diz que seria o major Henry Livingston Jr seria o verdadeiro autor de "Uma visita de São Nicolau". Desde o lançamento de seu livro “Autor Desconhecido”, em 2000, muitas instituições, como a Universidade de Toronto, apoiam a alegação de Foster, reconhecendo o Major Henry Livingston Jr. como autor do poema.

Tchaikovsky e "The Dance of the Sugar Plum Fairy"

Tchaikovsky

Enquanto toda a Suíte do ballet Quebra-nozes (The Nutcracker Suite ballet) é uma celebração de Natal, a sua descrição da Fada açucarada (Sugar Plum fairy) como o governante da " Terra dos Doces" iria apoiar a conclusão de que Tchaikovsky via as sugar plums como um deleite muito especial  da época natalina.


Qual a ligação entre os dois homens americanos com o compositor russo?

• Enquanto vagava Tchaikovsky pela Europa e Rússia rural, não há nenhuma menção de ele teria tido qualquer ligação com a América.
• Clement Clarke Moore, era um estudioso bíblico rico de Manhattan, foi morto há muito tempo antes da escrita de Suite Quebra-Nozes de Tchaikovsky. E sem a internet, as comunicações entre a Rússia e a América, entre estes dois indivíduos não aparentados era altamente improvável..
• O Major Livingston, como Moore, foi um residente de longa vida na cidade de Nova Inglaterra, e morreu antes de Tchaikovsky nascer. Assim, mesmo que sem dúvida de que ele seja o autor do poema "Uma Visita de São Nicolau", é tão improvável que Tchaikovsky nunca o teria conhecido as sugar plums através de Livingston.


Sugar Plum Fairy - Soberana da Terra dos Doces
Isso nos leva a crer que estas pessoas estão para sempre ligadas na história pelo Natal e pelas sugar plums, mas que tiveram seus pensamentos independentes sobre elas embora eles estivessem determinados a tratar sobre elas em sua expressão artística. 
Não há outras teorias de conspiração contra este resultado a serem encontradas, nada em comum entre os personagens. Talvez eventos totalmente independentes estejam relacionadas por uma verdade mais simples que possa explicar este caso. Mas não temos respostas para esta explicação. E é fato indiscutível que as sugar plums são doces comumente associados com o Natal – e são lembrados também através do poema e do ballet citados anteriormente.
As sugar plums, com toda sua simplicidade evocam uma sensação de fantasia sobrenatural – seja através de uma tradição mística, das celebrações antigas de Yule, da poesia, da música ou da dança.



O que importa é que as sugar plums sempre foram muito acalentadas desde os versos de Clement C. Moore ou do Major Henry (como queiram) até o ballet de Tchaikovsky. Essas deliciosas confecções teceram-se dentro e fora das tradições culinárias de Natal e de Inverno um lugar especial que ocupam com capricho fantasioso as mentes mais sensíveis, e que ofertam os vestígios de todo seu deleite para surpreender o paladar contemporâneo...
Com tradição culinária, é claro, vem a nutrição e, enquanto a doçura complexa de uma sugar plum tradicional pode aparentar ser pálida em comparação com modernos doces, as sugar plums oferecem uma profundidade maior e mais complexa não só sabor, mas de cultura. Houve um tempo em que as ameixas secas, enrugadas e simples, serviam para os momentos de deleite dos homens até que surgiu o momento onde as sugar plums surgiram para materializar os sonhos e as fantasias.
E se você está interessado em oferecer a seus convidados um tratamento um pouco incomum nesta temporada natalina, e que quer incluir algo “mais saudável” no seu menu, as sugar plums são ideais para agradar os paladares mais exigentes, e sem tanta culpa, uma vez que são compostas de ingredientes super ricos em nutrientes que, quando misturados, enganam-nos a pensar que eles são exclusivamente, pecaminosamente, apenas deliciosos.

Fontes:
·         A-Z of Food & Drink, John Ayto [Oxford University Press:Oxford] 2002 (p. 329)
·   Sugar-Plums and Sherbet: The Prehistory of Sweets, Laura Mason [Prospect Books:Devon] 2004

Sugar Plums
ingredientes
½ xícara de amêndoas
¼ xícara de ameixas secas
⅛ xicara de tâmaras  picadas
⅛ xícara de passas
¼ colher de chá de canela
⅛ colher de chá de noz-moscada
¼ colher de chá de sementes de anis
¼ colher de chá de essência de baunilha
⅛ colher de chá de extrato de amêndoa
1 pitada de sal
1 colher de sopa de mel
¼ xícara de açúcar mascavo
Açúcar cristal para enrolar

Preparo: Combine nozes e frutas em um processador de alimentos e pulse até que se torne bem picada, mas antes de começar a formar uma bola. Transfira a mistura para uma tigela média e adicione os ingredientes restantes. Amasse bem. Faça as bolinhas e reserve. Envolver as bolinhas no açúcar cristal até ficar bem revestidas.

Sugar Plum  - versão crua

1 xícara de nozes pecans picadas
1 xícara de damascos secos
1 xícara de tâmaras picadas
1/2 xícara de cranberries secas
1/2 xícara de passas
3 colheres de sopa de suco de laranja
2 colher de chá de raspas de laranja
1/4 xícara de mel
1/2 colher de noz-moscada
1/4 colher de chá de cardamomo em pó
flocos de coco para enrolar

Prepraro: Junte os damascos e as tâmaras e pulse no processador até ficarem picadas. Adicione as cranberries e passas, e continuar pulsando até que as frutas fiquem uniformemente picadas e comecem a se acumular. Junte as nozes picadas, as tâmaras e adicione o suco de laranja, as raspas de laranja, o mel, a noz-moscada e o cardamomo. Pulsar até ficar bem misturado. Moldar bolas do tamanho de ameixas, com as palmas das mãos. Rolar pelos flocos de coco. (rende até 3 dúzias)

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