domingo, 9 de agosto de 2015

O Delicioso bolo de guerra da Cruz Vermelha (Red Cross War Cake)


Certamente a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi o grande divisor de águas desta era, a "guerra para acabar com todas as guerras" começou com o assassinato do arquiduque Ferdinando da Áustria e da Grã-Duquesa Sophie, na Sérvia em 1914. Os homens de infantaria dos EUA, conhecidos como "Doughboys", chegam na frente ocidental, no verão de 1917 - os Estados Unidos tinham indo fornecer aos aliados britânicos, franceses, belgas suprimentos alimentares para dois anos.
Os soldados norte-americanos eram muito bem provisionados em comparação com seus companheiros aliados, graças ao desenvolvimento de padarias de “campo” conseguiram oferecer comidas quentes e frescas no front. Pequenos, os carrinhos-vagão de comida, levavam para as trincheiras a comida quentinha preparada atrás das linhas de frente.
Infestados de ratos e outros animais nocivos, sujeitos a ataques com gás venenoso e bombardeios, cheias de frio e lama gordurosa, as trincheiras era experiência única e angustiante para o Doughboys, muitos deles acostumados com o ar fresco das fazendas nos Estados Unidos.


Trabalhadores da Cruz Vermelha e tropas Americanas na Primeira Guerra Mundial, na França, 1918. Crédito: Arquivo Nacional dos EUA.
A chegada de alimentos cozidos, junto com doces, produtos lácteos, pão fresco e macio foi muito apreciado mas incongruente no inferno conhecido como guerra de trincheira. Assim, tinham ainda outro desafio: manter os alimentos secos, limpos e longe de ratos. Outro problema conhecido era a segurança das linhas de abastecimento, que sempre foram alvos de bombas e outros tipos de sabotagens – isso sempre dificultou a alimentação de tropas. 


Nas trincheiras, cada soldado carregava provisões de emergência contendo 12 onças de carne enlatada ou bacon fresco, café moído, açúcar, tabaco e papel para cigarros (e mais tarde, cigarros pré-enrolados).
O Exército comprava carne enlatada francesa, rotulada de "Madagascar" e prontamente apelidado de "carne de macaco" pelos americanos em desgosto. As “Reservas de ração" foram projetadas para sustentar as tropas quando as linhas de abastecimento estivessem impedidas, ou quando eles estivessem muito longe dos depósitos de suprimentos.


Na França, os soldados eram alojados em relativa segurança antes e depois seu serviço nas trincheiras, tendo acesso confiável à alimentação – recebiam até mesmo pacotes de comida (dentre outras coisas) vindos de casa. Obviamente, alimentos enviados dos Estados Unidos tinham que permanecer comestível sem nenhum cuidado adicional, e mesmo quando estavam velhos ou desintegrados, qualquer alimento enviado por seus entes queridos sempre foi particularmente apreciado.
E foi no ambiente rude da Primeira Grande Guerra que uma aparição doce surgiu para alegrar o menu dos Doughboys: o bolo de guerra da Cruz vermelha.


Durante a Primeira Guerra Mundial a Cruz Vermelha realizou um trabalho humanitário que incidia não apenas no transporte e atendimento aos feridos nos campos de batalha. Os voluntários transportavam correspondências entre os soldados e suas famílias, levantava fundos para os hospitais que recebiam os feridos e inválidos, ajudavam a reunir famílias separadas pelo conflito e garantiam que a comida enviada pelas famílias chegasse aos soldados.



Uma das várias receitas divulgadas pela Cruz Vermelha Americana era a de um bolo que poderia chegar ao front ocidental ainda fresco. Sem leite ou ovos, e feito com gordura vegetal no lugar de manteiga, o bolo leva ainda frutas secas embebidas em rum ou suco de laranja, o que ajuda a manter a umidade dentro da massa por mais tempo.
A receita aqui apresentada é uma adaptação do historiados e chef Libby O’Connel a partir de publicações da Cruz Vermelha durante o período da Primeira Guerra. A receita foi testada por ele para o History Channel e por mim, e afirmo: trata-se de um bolo de fácil preparo e delicioso. Experiemente!

Red Cross War Cake

1 xícara de suco de laranja ou de rum
230g de uvas passas picadas deixadas de molho em suco de laranja ou rum por algumas horas ou por uma semana.
2 xícaras de açúcar mascavo
1 xícara de água quente
1 colher de sopa de banha ou gordura vegetal
1 colher de chá de sal
1 colher de chá de canela em pó
1 colher de chá de cravos em pó
100g de nozes picadas
1 colher de sopa de raspas finas da casca das laranjas
3 xícaras de farinha de trigo
1 colher de chá de bicarbonato de sódio (Ou fermento em pó)

Preparo: Deixe as uvas passas de molho na laranja ou no rum por algumas horas. Drene o suco. Aqueça o forno a cerca de 250ºC. Em uma panela larga, leve ao fogo a água, o açúcar, a gordura, o sal, a canela, o cravo, as nozes de sua escolha, as passas e as raspas de casca de laranja. Mexa constantemente até ferver e depois deixe cozinhar com a panela fechada por 5 minutos. Retire do forno e deixe esfriar. Em uma tijela larga ou bowl, peneire duas vezes a farinha de trigo com o fermento ou bicarbonato. Adicione o líquido cremoso da panela e misture bem. Você terá uma consistência parecida com a massa de um pão. Unte duas formas de pão generosamente, preencha até a metade com a massa e leve para assar por 45 min ou até o teste do palito. Para servir, pode-se polvilhar açúcar de confeiteiro por cima. Obs.: incluir 75g de cacau em pó na receita deixa tudo mais gostoso.

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