Ironicamente,
os amendoins do tipo japonês têm origem mexicana. E contexto como pano de fundo
para o surgimento desse petisco era a Segunda Guerra Mundial, e acusações de
espionagem internacional foi o motivo que acabou levando ao surgimento do hoje
famoso amendoim japonês.
mas antes de ir direto a história, alguém pode estar se perguntando se existe 'amendoim japonês' legítimo? a resposta seria, um sim e um não. Sim, pois há uma preparação encapsulada com amendoim; e não, pois não é como no ocidente. De qualquer forma, foi o mamekashi a inspiração, ele é um lanche feito de várias sementes, incluindo amendoim, coberto por uma camada não uniforme de ingredientes diferentes, incluindo molho de soja, sua consistência é mais como bombons e seu sabor é mais uma mistura entre doce e picante, que está longe de ser um "amendoim japonês".
Também
conhecido como maní japonés ou cacahuates japoneses (em
espanhol), preparação feita com amendoins sem casca cobertos por uma camada
torrada de trigo com soja, foi um aperitivo inventado em 1945 por um imigrante
japonês, que chegou ao México em 1932, chamado Yoshihei Nakatani Moriguchi.
mas antes de ir direto a história, alguém pode estar se perguntando se existe 'amendoim japonês' legítimo? a resposta seria, um sim e um não. Sim, pois há uma preparação encapsulada com amendoim; e não, pois não é como no ocidente. De qualquer forma, foi o mamekashi a inspiração, ele é um lanche feito de várias sementes, incluindo amendoim, coberto por uma camada não uniforme de ingredientes diferentes, incluindo molho de soja, sua consistência é mais como bombons e seu sabor é mais uma mistura entre doce e picante, que está longe de ser um "amendoim japonês".
Mamekashi |
Mamekashi |
Nakatani
estava procurando um lugar para trabalhar e progredir no México, como centenas
de milhares de emigrantes daquele país que cruzaram o Pacífico. Quando ele
deixou o Japão, se despediu de sua mãe dizendo: "Espero ter sucesso e
voltar, se não, não poderia voltar". Aos 22 anos, Yoshihei chegou ao porto
de Manzanillo, contratado por Heijiro Kato, um empresário rico e próspero que
possuía uma das mais importantes lojas de departamento: El Nuevo Japón –
um armazém que competia com os mais prestigiados do lugar àquela época, como El
Palacio de Hierro e Liverpool. Kato também possuía uma fábrica de
botões de pérolas, empresa que Nakatani se uniu a um grande grupo de emigrantes
da cidade de Osaka e pro lá trabalhou.
A
maioria dos imigrantes que vieram trabalhar nas empresas de Kato estava
localizada no centro da cidade, no bairro de La Merced. Foi nesse lugar
que Yoshihei se apaixonou por uma jovem mexicana, Emma Avila, com quem se casou
em 1935.
Nakatani já casado formou uma família rápida e gradualmente integrada à sociedade mexicana; no entanto, a guerra que eclodiu entre o Japão e os Estados Unidos em dezembro de 1941 trouxe graves consequências para os imigrantes japoneses e suas famílias que moravam no México. Aqueles que moravam na província estavam concentrados por ordens do governo mexicano nas cidades do México e Guadalajara, deixando seus empregos e cidades onde se agrupavam grandes comunidades de descendentes nascidos no México.
Uma das lojas "El Nuevo Japon", de propriedade de Heijiro Kato. |
Outra Loja "El Nuevo Japon", em 1942. |
Nakatani já casado formou uma família rápida e gradualmente integrada à sociedade mexicana; no entanto, a guerra que eclodiu entre o Japão e os Estados Unidos em dezembro de 1941 trouxe graves consequências para os imigrantes japoneses e suas famílias que moravam no México. Aqueles que moravam na província estavam concentrados por ordens do governo mexicano nas cidades do México e Guadalajara, deixando seus empregos e cidades onde se agrupavam grandes comunidades de descendentes nascidos no México.
Emma y Yoshigei Nakatani |
O casal Nakatani |
Diante
do desemprego, a situação enfrentada por Nakatani ficou delicada, porque ele
tinha que sustentar a esposa e cinco filhos pequenos. No ano de 1943, Yoshihei
teve que mostrar o comércio de estagiários que, anos atrás, havia exercido em
uma loja de doces em Sumoto, sua cidade natal na província de Hyogo. Junto com
sua esposa Emma, em uma pequena sala do bairro onde ele morava, o casal produzia
um doce tradicional mexicano: o muégano – muito comum de ser encontrado
em formato de bolas de uns 10cm, feitas com a união de muitos quadradinhos de
massa de farinha de trigo frita e cobertos com caramelo. O doce começou a ser
comercializado com tanto sucesso de vendas que o casamento foi incentivado a elaborar uma pequena fritura de trigo, alongada, temperada com sal ao qual a
chamava de oranda, que também foi vendida com grande sucesso em todo o
bairro.
Yoshihei
Nakatani, dados esses bons resultados, tentou fazer outra guloseima à base de
amendoim, farinha de arroz e soja, quem o lembrava de sua infância no Japão. No
entanto, dada a ausência no México da farinha de arroz, matéria-prima
necessária, ele adaptou a receita e a fez com farinha de trigo. Assim como o muégano
e o oranda, o amendoim foi muito bem aceito pelos clientes que já tinham
nas lojas de doces perto do mercado La Merced. Em pouco tempo, as
encomendas desse amendoim cresciam, e o casal precisava aumentar a produção com
pequenas máquinas caseiras fabricadas pelos ferreiros do bairro.
A
produção cresceu tão rapidamente que eles tiveram que organizá-la durante toda
a semana para atender à demanda: um dia eles a dedicaram para preparar o muégano,
outro o oranda e outro o amendoim. No bairro em que moravam, havia
longas filas de consumidores e vendedores que compravam expressamente produtos
da família Nakatani. Os clientes que vieram ao bairro comprar o amendoim do
japonês foram os que acabaram chamando o produto "amendoim japonês",
como é hoje conhecido no México – e em outros lugares, como no Brasil.
Muégano |
Mercado la Merced |
Pouco
a pouco, o pequeno negócio cresceu, e o casal decidiu alugar um quarto no mesmo
bairro em que moravam, na Rua Carretones, com o objetivo de dedica-lo
exclusivamente às suas produções. Toda a família veio participar do negócio:
Carlos, o filho mais velho, ajudava o pai a preparar a massa; Alicia, a
segunda, cumpria as funções da casa ao fazer comida, lavar roupas e cuidar de
seus irmãos mais novos; Graciela e Elvia, as mulheres mais jovens, ajudaram em
pequenas tarefas da oficina, como colocar amendoins em pequenos sacos de
celofane. Yoshihei e Emma eram responsáveis pelas tarefas mais complicadas e
pesadas, incluindo a venda do produto nas ruas circundantes.
Na
década de 1950, Yoshigei Nakatani decidiu dar um nome à sua pequena empresa, o
que parecia mais apropriado era o de ‘Nipón’, em memória a seu país de origem.
A proporção que já havia atingido a oficina da família agora dava para projetar
suas próprias sacolas de celofane com o nome do produto. Nakatani instruiu sua
quarta filha, Elvia, a desenhar uma pequena gueixa para identificar o produto.
Foi assim que nasceu a imagem da empresa que anos depois se tornaria uma
indústria reconhecida na Cidade do México.
A Família Nakatani |
Apesar
dos problemas que a família e a oficina de guloseimas enfrentaram naqueles
primeiros anos, Nakatani sempre reconheceu a nobreza desse produto que o ajudou
a sustentar e mover sua família composta por seis filhos. No início dos anos
60, a família Nakatani começou a desfrutar dos resultados de longos anos de
esforço e trabalho. Mesmo contra a vontade de seu pai, os filhos de Nakatani o
convenceram a deixar as vizinhanças da rua Carretones, e se mudar para um
apartamento na mesma área de La Merced, anos depois, adquiram sua própria casa
em um bairro de classe média.
Em
1970, a empresa Nipón iniciou um novo estágio expansionista. Uma das crianças
que se formou como administrador teve a visão de industrializar a produção de muégano
e do amendoim japonês. Em 1972, o negócio deixou o local que o viu nascer e
crescer nas ruas do bairro La Merced, mudando-se para uma moderna planta
industrial onde foi introduzida uma nova linha de amendoins salgados e
apimentados, produtos que também identificaram a marca por anos Nesta nova
etapa, o negócio expandiu seu mercado em toda a Cidade do México.
A
década de 1980 foi marcada por uma profunda crise econômica que afetou
diretamente a indústria nacional, mas a Nipón Products também enfrentou uma
concorrência desigual de novas empresas, algumas com capital transnacional,
também dedicadas à produção de amendoim japonês. A empresa fundada por Yoshihei
Nakatani, no entanto, conseguiu enfrentar o desafio de seus filhos Armando e
Graciela e duas de seus netos por meio da criação de novos produtos, como o
caramelo de chamoy. Em 2017, a marca foi adquirida por um grande consórcio de
alimentos, La Costeña, dando origem à fundação de uma nova empresa familiar
chamada Dulces Komiru.
Yoshihei
conseguiu realizar seu sonho e retornar pela primeira vez a sua cidade natal,
em 1970. Sem poder ver sua mãe viva, ele a visitou em seu túmulo com a palavra
cumprida. Yoshihei Nakatani morreu em 9 de setembro de 1992; Emma, dois anos
depois. A invenção do amendoim japonês representa, sem dúvida, um legado dos
Nakatani para a cultura popular mexicana, e para muitos dos apreciadores desse
petisco que, geralmente creem que era de fato japonês, mas agora tem a
oportunidade de saber mais sobre o que comem.
Primeira
calda:
1/2
xícara (chá) de água
1
colher (sopa rasa) de sal
1
colher (café) de bicarbonato de sódio
1
xícara (chá) de açúcar refinado
1 kg
de amendoim cru com casca vermelha
3 1/2
xícaras (chá) de farinha de trigo
Segunda
calda (o sabor):
1/2
copo (tipo americano) de molho de soja light (molho shoyu)
1/3
xícara (chá) de água
1
colher (sopa) de açúcar
1/2
colher (sopa) de manteiga
1/2
colher (chá) de glutamato monossódico
1/2colher
(chá) de sal
Modo
de Preparo
Primeira
calda: Numa tigela coloque 1/2 xícara (chá) de água, 1 colher (sopa rasa) de
sal, 1 colher (café) de bicarbonato de sódio e 1 xícara (chá) de açúcar
refinado e misture bem. Reserve.
Amendoim:
Numa assadeira grande coloque 1 kg de amendoim cru com casca vermelha e umedeça
aos poucos com calda (reservada acima) até que fiquem bem úmidos. Polvilhe aos
poucos 3 e 1/2 xícaras (chá) de farinha de trigo sobre os amendoins, coloque-os
numa peneira e balance a peneira até retirar o excesso de farinha. Repita este
processo por mais 3 vezes (total de 4).
Numa
outra assadeira coloque os amendoins bem espalhados, leve ao forno moderado,
pré-aquecido a 250 graus até secar (+/-25 minutos), mexendo de vez em quando,
para secar todos os lados. Retire do forno, quando estiver levemente dourado e
crocante. Reserve.
Segunda
calda: Numa panela coloque 1/2 copo (tipo americano) de molho de soja light
(molho shoyu), 1/3 copo (tipo americano) de água, 1 colher (sopa) de açúcar,
1/2 colher (sopa) de manteiga, 1/2 colher (chá) de glutamato monossódico e 1/2
colher (chá) de sal e misture bem. Leve ao fogo até ferver. Coloque os
amendoins (encapados e torrados) na panela misture e deixe no fogo até secar o
fundo da panela. Coloque os amendoins novamente na assadeira e espalhe bem.
Leve ao forno para secar, mexendo de vez em quando para secar por igual (+/- 10
minutos). Retire do forno, espere esfriar e sirva. Guardar em saco ou potes
hermeticamente fechados.
Dica:
para dar cor aos amendoins, substitua o molho de soja (shoyo) por:
Amarelo: 1 colher (café cheia) de açafrão com 2 colheres (café cheia de curry)
Amarelo: 1 colher (café cheia) de açafrão com 2 colheres (café cheia de curry)
Vermelho: 2 colheres (café cheia) de colorau e
1 colher (café) de pimenta caiena
Verde: bata no liquidificador 1 xícara (chá) de água com 1/2
maço de salsinha e utilize 1/3 de xícara (chá) de água.
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