sábado, 19 de março de 2011

Camafeus: jóias de nozes

Segundo a tradição, entende-se por doces finos aqueles que são fabricados consoantes as tradicionais receitas trazidas pelas famílias portuguesas ou filhos de charqueadores que viajavam pela Europa e traziam consigo tais receitas. Por serem feitos com ingredientes caros ou raros e serem servidos somente em festas de alta classe, tornaram-se especiarias que remetem ao glamour, riqueza e prosperidade. Dentre os mais famosos doces finos, o CAMAFEU DE NOZES, talvez seja o que mais serve para representar esta categoria de doces por ostentar o glamour das jóias.

Pelo que se tem informação, ele foi inventado em Portugal, principalmente na da ilha Terceira, remete aos camafeus, jóias que enfeitava as roupas e os pescoços femininos. É um doce pequeno, feito a partir de calda de açúcar, nozes e ovos, engrossados ao fogo para ser, posteriormente, moldado, coberto com glacê e decorado com metade deste fruto.

Mais sobre camafeus...

Palavra camafeu provavelmente origina-se do latim cammaeus, que quer dizer pedra entalhada ou esculpida. Inicialmente, a ágata foi a gema mais utilizada. Bem mais tarde, já a partir do século XV, passou-se a utilizar também a concha. Na confecção dos camafeus, as gemas podem ser gravadas como uma imagem negativa (intaglio ou entalhe) ou trabalhadas em relevo.
Camafeus, como gravuras, datam de 3000-3500 aC, onde eram usados  formas de escaravelhos e outras pequenas gravuras em pedras duras.
Os camafeus desde os tempos imperiais romanos são muito semelhantes aos camafeus que vemos hoje em dia. O primeiro século D.C. foi uma época de grande riqueza, civilização e estilo.

Imperadores e os clãs ricos da época começaram a usar as gravuras de cenas mitológicas e retratos de importantes membros de sua família. Ao longo da história, as pessoas da realeza ditam a  moda de roupas e jóias. Diz-se que a rainha Elizabeth gostava de usar camafeus e  que Catarina, a Grande tinha uma impressionante coleção deles.
Eles eram populares como os broches e pingentes geralmente usados em uma fita de veludo preto ou até mesmo fitas de cetim em tons pastel. Durante toda a História a cada década tivemos tendências diversas na arte da joalheria, mas o camafeu permaneceu o favorito.
E curiosamente, o entalhe,de baixo relevo surgiu antes do camafeu. Nos tempos antigos, o entalhe foi usado para selar documentos ou a marca da propriedade.
Mais tarde, tornou-se uma jóia usada pelas mulheres. O camafeu é o oposto do entalhe. É um retrato ou uma cena esculpida em alto relevo com uma cor de fundo contrastante.
No século XVII era considerado refinado culturalmente um cavalheiro que colecionasse ou portasse peças em camafeus. O imperador francês Napoleão I foi outra figura histórica apaixonada pelos camafeus, e chegou a fundar em Paris uma escola para ensinar a arte da produção de camafeus a jovens aprendizes.

O papa renascentista Paulo II era um ávido colecionador de camafeus e de acordo com uma lenda, sua morte foi causada pelo número excessivo de jóias em camafeus que portava nos dedos, as quais teriam, devido à temperatura fria das gemas, levado-o a uma pneumonia.
Lendas à parte, até o século XIX os camafeus eram portados também por homens, decorando elmos, capacetes, peitorais de armaduras e punhos de espada,assim como broches e anéis.
No século XIX, os artesãos qualificados utilizavam pedras preciosas, casca,conchas, materiais sintéticos e coral para produzir camafeus.
Escultores italianos começaram a usar o escudo para as suas criações em torno de 1805. Na Era Vitoriana, a concha de madre peróla foi a mais usada para confeccionar os camafeus por ser mais barata e macia para ser esculpida.
Ao contrário de pedras esculpidas, a Madre perola era considerada menos nobre e usada no dia a dia as pedras nobres eram a ágata e o ônix Apesar da preferência por pedras nem sempre eram fáceis de conseguir então os artesões usavam diversos  materiais para esculpir os camafeus.
Descobertas de sítios arqueológicos na Itália e Egito renovaram o  interesse nos clássicos que influenciaram camafeus da Era Vitoriana.
Os entalhes mostraram o talento dos artesões da época. Sem deixar de lado toda a história contada através das esculturas.
as imagens  das mulheres com nariz arrebitado, jóias e penteados o retrato da mulher idealizada usando jóias e diamantes minúsculos na escultura.
As cenas mitológicas também foram muito usadas na representação dos deuses romanos e gregos. No período Helenístico jovem mulheres usavam camafeus com a figura do deus Eros como um sedutor convite ao amor.
O camafeu é uma grande fonte de informações para os arqueólogos. Se ele foi feito em concha ou pedra e contém uma cena clássica, pertence ao  18 ª ou 19 ª séculos, quando temas eram populares. A mulher anônima sobre um camafeu indica que se trata da época vitoriana.
As características físicas, também podem  revelar a data em que o camafeu foi esculpido. O longo nariz romano indica que a peça se originou antes de 1850. Se o nariz for ligeiramente arrebitado, ele pode ser datado após a meados do século XIX. Um ar arrogante é indicativo da virada do século.
Um cabelo bem cacheado indica um final da era vitoriana , enquanto as ondas curtas são indicativas do inicio do século 20.
A industrialização da era vitoriana produziu em massa as jóias. A mulher anônima foi moldada em diversas formas e cores em pedras naturais e sintéticas.
Porem nos últimos 25 anos, escultores na Alemanha produziram camafeus utilizando a técnica de laser,tirando toda a magia destas peças.

Não somente jóias, mas também vasos, baixelas, taças e copos foram, ao longo dos séculos, decorados com camafeus e grandemente apreciados por nobres e pessoas abastadas, entre os séculos XV e XIX. Neste último século, com a predileção demonstrada pela rainha inglesa Vitória pelos camafeus, estes se tornaram moda entre as mulheres.
Os camafeus feitos a partir de conchas foram os responsáveis pela popularização desta arte da gravação em gemas, e a cidade italiana de Torre Del Greco, situada na Baía de Nápoles, aos pés do monte Vesúvio, tornou-se referência mundial na arte da produção de camafeus, posição que mantém até os dias de hoje. Mais de duas dezenas de diferentes tipos de conchas-do-mar são utilizadas nesta pequena cidade italiana na produção de camafeus, e também corais. A maioria das conchas se origina das ilhas de Madagascar e das Bahamas. Em Torre Del Greco, a produção de camafeus é tradicional (intaglio) e o método produtivo conta com mais de mil anos. Ferramentas de gravação feitas em aço são utilizadas manualmente pelos mestres gravadores, que selecionam as conchas a serem utilizadas, calculam o número de camafeus a serem obtidos de cada uma e supervisionam todo o processo de confecção. O resultado final é, em geral, maravilhosamente rico em intrincados detalhes.
Outro grande centro mundial da produção de camafeus fica em Idar-Oberstein, Alemanha. Mas nesta cidade alemã a produção dos camafeus se dá a partir de gemas como a ágata branca (largamente encontrada na região), a cornalina e o ônix. Ao contrário da cidade italiana, aqui as gemas são gravadas e esculpidas ultrasônicamente, com a ajuda de computadores, devido a sua dureza. As gemas são primeiramente coloridas em cores previamente escolhidas e depois gravadas e/ou entalhadas através de computadores que utilizam como padrão uma peça original feita manualmente. Depois, a cor é quimicamente retirada da superfície da gema, deixando-a na sua cor branca original.


CAMAFEU

Ingredientes:
250g de nozes trituradas;
2 latas de leite condensado;
1 colher (sopa) de chocolate em pó;
1 colher (sopa) de manteiga;
3 ovos
3 gemas;
fondant para banhar o doce
Nozes cortadas ao meio para decorar.  
Modo de fazer:
    Em uma tigela, misture as nozes trituradas, o leite condensado, o chocolate em pó, a manteiga, os ovos, as gemas e leve ao fogo baixo, mexendo bem, sem parar, até que a mistura se solte do fundo da panela. Deixe a massa esfriar e enrole no formato de um croquete. Banhe cada docinho no fondant e retire o excesso. Decore com as nozes partidas ao meio e deixe secar. Sirva quando o fondant estiver firme. 

 Ingredientes para fondant caseiro:
1/2 kg de açúcar de confeiteiro
1 colher (chá) de manteiga
1/2 xícara (chá) de leite

Modo de Preparação:
Peneire numa tigela refratária o açúcar de confeiteiro e junte a manteiga e o leite. Leve ao fogo em banho-maria e cozinhe, sem parar de mexer, por 10 minutos, ou até ficar líquido. Retire do fogo e despeje no bolo.

3 comentários:

  1. amei o post,realmente eu tinha algumas dúvidas ,pq eutenho alguns camafeus e as damas são anônimas(creio eu ),fiquei com medo de ser alguma representação de algum Deus,se fosse teria de me livrar dele XD
    beijos e lindo blog,pretendo seguir

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  2. achei tudo extraordinário,bonito,o sonho de quem goste de cozinhar,de degustarde quem ama a gastronomia.

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