terça-feira, 11 de outubro de 2011

Bolos de São Benedito

Era para eu ter  postado este escrito alguns dias atrás... No entanto acho justo tê-lo aqui  neste mês... No dia 05 de outubro  comemora-se o dia de São Benedito.
Particularmente tenho alguma devoção por este santo, pelos seguintes motivos: nasci numa cidade chamada São Benedito; o santo é conhecido como o Santo dos alimentos e protetor dos cozinheiros; e, meu pai, até hoje, todos os dias, quando ele faz o café, o primeiro "gole" a ser tirado do coador é o que ele dedica ao santo em questão. A imagem do  santo, que fica no comercio do meu pai, tem sempre do lado o seu copinho americano com café - que é trocado todo santo dia desde sei  lá quando ehehehhehe - tipo muito tempo atrás, antes de eu nascer meu pai ja devia fazer isso, que  deve ter vindo de tradições herdadas pelos meus avós - Pedro e Tereza.

Igreja Matriz de São Benedito - Ce
São Benedito, cultuado inicialmente pelos escravos negros, por causa da cor de sua pele e de sua origem - era africano e negro -, passou a ser amado por toda a população como exemplo da humildade e da pobreza. Esse fato também lhe valeu o apelido que tinha em vida, "o Mouro". Tal adjetivo, em italiano, é usado para todas as pessoas de pele escura e não apenas para os procedentes do Oriente. Já entre nós ele é chamado de são Benedito, o Negro, ou apenas "o santo Negro".
Há tanta identificação com a cristandade brasileira que até sua comemoração tem uma data só nossa. Embora em todo o mundo sua festa seja celebrada em 4 de abril, data de sua morte, no Brasil ela é celebrada, desde 1983, em 5 de outubro, por uma especial deferência canônica concedida à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB.
Benedito Manasseri nasceu em 1526, na pequena aldeia de São Fratelo, em Messina, na ilha da Sicília, Itália. Era filho de africanos escravos vendidos na ilha. O seu pai, Cristóforo, herdou o nome do seu patrão, e tinha se casado com sua mãe, Diana Lancari. O casamento foi um sacramento cristão, pois eram católicos fervorosos. Considerados pela família à qual pertenciam, quando o primogênito Benedito nasceu foram alforriados junto com a criança, que recebeu o sobrenome dos Manasseri, seus padrinhos de batismo.



Cresceu pastoreando rebanhos nas montanhas da ilha e, desde pequeno, demonstrava tanto apego a Deus e à religião que os amigos, brincando, profetizavam: "Nosso santo mouro". Aos vinte e um anos de idade, ingressou entre os eremitas da Irmandade de São Francisco de Assis, fundada por Jerônimo Lanza sob a Regra franciscana, em Palermo, capital da Sicília. E tornou-se um religioso exemplar, primando pelo espírito de oração, pela humildade, pela obediência e pela alegria numa vida de extrema penitência.
Na Irmandade, exercia a função de simples cozinheiro, era apenas um irmão leigo e analfabeto, mas a sabedoria e o discernimento que demonstrava fizeram com que os superiores o nomeassem mestre de noviços e, mais tarde, foi eleito o superior daquele convento. Mas quando o fundador faleceu, em 1562, o papa Paulo IV extinguiu a Irmandade, ordenando que todos os integrantes se juntassem à verdadeira Ordem de São Francisco de Assis, pois não queria os eremitas pulverizados em irmandades sob o mesmo nome.
Todos obedeceram, até Benedito, que sem pestanejar escolheu o Convento de Santa Maria de Jesus, também em Palermo, onde viveu o restante de sua vida. Ali exerceu, igualmente, as funções mais humildes, como faxineiro e depois cozinheiro, ganhando fama de santidade pelos milagres que se sucediam por intercessão de suas orações.
Eram muitos príncipes, nobres, sacerdotes, teólogos e leigos, enfim, ricos e pobres, todos se dirigiam a ele em busca de conselhos e de orientação espiritual segura. Também foi eleito superior e, quando seu período na direção da comunidade terminou, voltou a reassumir, com alegria, a sua simples função de cozinheiro. E foi na cozinha do convento que ele morreu, no dia 4 de abril de 1589, como um simples frade franciscano, em total desapego às coisas terrenas e à sua própria pessoa, apenas um irmão leigo gozando de grande fama de santidade, que o envolve até os nossos dias.
Foi canonizado em 1807, pelo papa Pio VII. Seu culto se espalhou pelos quatro cantos do planeta. Em 1652, já era o santo padroeiro de Palermo, mais tarde foi aclamado santo padroeiro de toda a população afro-americana, mas especialmente dos cozinheiros e profissionais da nutrição. E mais: na igreja do Convento de Santa Maria de Jesus, na capital siciliana, venera-se uma relíquia de valor incalculável: o corpo do "santo Mouro", profetizado na infância e ainda milagrosamente intacto. Assim foi toda a vida terrena de são Benedito, repleta de virtudes e especiais dons celestiais provindos do Espírito Santo.

Corpo Intacto de São Benedito - Igreja de Santa Maria de Jesus - Palermo/Itália
LENDAS DE SÃO BENEDITO
Quando criança, encontrei lá em casa um livreto religioso, que acho ser do meu pai, tratando da história de São Benedito. Nele, além da biografia do santo, encontravam-se os milagres que ele operou pelo mundo e algumas histórias interessantíssimas. Dentre ela separei uma que mais gostei de ter lido:

SÃO BENEDITO E O BANQUETE DOS ANJOS
O convento de Santa Maria de Jesus era um recanto silencioso e apropriado para retiros e acolhimentos. Era o lugar preferido por Dom Diogo D'Abedo,arcebispo de Palermo,para seus retiros espirituais.Como Dom Diogo sabia que os frades viviam em extrema pobreza,ele levava os mantimentos para suas refeições,que Benedito preparava com todo carinho.Uma dessas visitas foi feita durante as festas de Natal.
Durante a Missa do Galo, Benedito recebeu, emocionado, a Santa Comunhão.Voltando para seu lugar,ao lado do altar-mor,pôs-se a rezar,diante de um belíssimo quadro do Menino Jesus.Com Jesus no coração e os olhos fixos no Menino Deus,Benedito sentia-se presépio. Caiu em êxtase e assim permaneceu até quase meio-dia, hora do almoço festivo de Natal.
Pouco antes do meio-dia o superior da casa foi até a cozinha para conferir se tudo estava conforme a importância do hóspede. Ficou assustado com o que viu:
-Santo Deus! Quase meio-dia e o fogo ainda está apagado! Por onde andará Benedito?
Os Irmãos foram chamados às pressas. Notificados, saíram, cada um para seu lado, à procura de Benedito. Na cela onde o frade rezador dormia, nada; na despensa, ninguém.Na horta, nem viva alma. Depois de muita procura, alguém se lembrou da capela. Só podia estar lá. E estava.
-Benedito, rezar tem hora! Esqueceste que temos visita para o almoço?
-Meu Deus! O almoço de Dom Diogo! Ai de  mim se Deus não me ajudar!
-Pensas que Deus é teu criado?
-Não! Deus não é meu criado. Mas é meu Pai e sei que não vai me faltar. Tu preparas a mesa que faremos o resto.
-Faremos? Tu e quem mais?
Benedito não teve tempo para responder. Saiu correndo na direção da cozinha. Os frades, curiosos, foram espiar pela fechadura. E o que viram? Dois anjos e Benedito dando os últimos retoques em apetitosas travessas.
Naquele dia Dom Diogo pôde fartar-se de manjares celestiais.

Já a próxima lenda, eu li  em Estórias e lendas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro (Afonso Schmidt, baseado em Alcibíades Delamare, em Vila Rica. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1935. p. 31-38 in APOCALIPSE, Mary (org.). Estórias e lendas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro):

SÃO BENEDITO DAS ROSAS


O humilde frade era despenseiro do convento. Mas, como bom franciscano, confundia a despensa dos seus irmãos com a sacola dos esfomeados que vinham pedinchar diante da porta da casa de Deus. Não sabia dizer não. Ficava aflito sempre que ouvia um pobrezinho de Cristo dizer que ainda não tinha comido um bocado de pão. Por isso, costumava desencaminhar o melhor da despensa para acudir à fome dos deserdados da terra. Mas à hora das refeições, os frades, coitados, só encontravam à mesa o caldinho ralo, as folhas de hortaliça e os bocados de pão de rala. Passaram a reprovar a conduta do ecônomo. E o superior, zeloso da boa ordem conventual, teve de chamar à sua presença o negro, aconselhando-o a moderar um pouco os excessos da sua caridade, sob pena de matar de fraqueza os santos religiosos…
Ele, porém, por mais que se esforçasse, não conseguia mudar de conduta. Sempre que podia, apanhava alguns comestíveis, metia-os nas dobras do burel e lá ia, disfarçadamente, levá-los aos infelizes. Mas aconteceu que numa dessas escapulidas, no comprido e umbroso corredor do convento, encontrou-se com o superior. Sentiu-se surpreendido em pecado e não soube o que fazer.

- Que levas aí, na dobra do teu manto, irmão Benedito?

- Rosas, meu senhor.

– Ah! Mostra-mas… Quero ver de que qualidade são!

Benedito, confuso, trêmulo, desdobrou o burel franciscano. E, em lugar dos alimentos suspeitados, apresentou aos olhos pasmos do superior uma braçada de rosas.

É comum nas tradicionais quermesses que celebram os santos pelo Brasil, a gente encontrar bolos que levam o nome do santo. Abaixo segue duas receitas que eu encontrei durante as Festas de São Benedito.

Bolo São Benedito
(Esta é uma receita tradicional de MG)
5 ovos
4 xícaras de chá de açúcar cristal
2 xícaras de chá de manteiga de leite
2 xícaras de chá de queijo de minas ralado
5 xícaras de farinha de trigo
2 xícaras de leite
2 colheres de fermento em pó rasa

Bata os ovos bem batidos (não é necessário separar clara e gema) Depois de bem batidos acrescente os outros ingredientes na ordem acima. Não mude a ordem dos ingredientes, bata bem até ficar uma massa bem homogênea. Unte 2 formas de buraco no meio e leve ao forno a 150º, pré-aquecido, em torno de 40 minutos
Obs.: Este bolo no dia seguinte fica mais saboroso. Não substitua a manteiga de leite por margarina, pois o bolo não ficará saboroso. Deixe os ingredientes em temperatura ambiente.

Bolo de São Benedito II
Bolo de São Benedito/ São Benedito-Ceará
Fonte; http://lucioalc.blogspot.com/2010_07_25_archive.html 

3 xícaras de farinha.de trigo
2 xícaras de açúcar
1.xícara de ameixa
1. lata de coca cola
4. ovos
3.colheres de manteiga
1.colher de fermento em pó
Cobertura
1/2 xícara de leite
1.colher de manteiga
4colheres de chocolate em pó
1 xícara de açúcar
3. colheres de mel karo

 Preparo: bata as gemas com o açúcar, a margarina, e ameixa depois acrescente o trigo junto com coca cola e o fermento, misture tudo. Para a cobertura coloque tudo para ferver, quando  engrossar retire do fogo e jogue sobre o  bolo.

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