sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Negroni - a bebida do Conde

A moda de bebidas retrô está atuante nos mais badalados bares e restaurantes de Fortaleza – não sei se é apenas uma percepção localizado ou se esse fato vem ocorrendo em outros lugares. O bom disso é que se pode encontrar os ‘velhos coquetéis’ de bebedeiras do passado como o aperol spritz, gin tônica, cuba libre, hi-fi e blood Mary – e relembrar tempos passados.... e o Negroni não poderia estar de fora dessa lista retrô.


A bebida de aroma inebriante de cor escura, alaranjada que equilibra o doce e o a margo é um drinque italiano. Foi criado na capital da Toscana, a cidade de Florença, a mais de cem anos. A receita é simples: 1/3 de gin, 1/3 de Campari, 1/3 de vermute tinto, 1 fatia de laranja, 1 tira de casca de laranja e cubos de gelo. Montado em copo old-fashioned – aquele baixo e largo, com a borda mais larga do que a base – descende do Americano, drinque igualmente italiano, do qual difere por ter gin no lugar de club soda, a água carbonada de invenção inglesa.


Sabe-se que o Negroni surgiu, oficialmente, em 1919 pelas mãos do bartender Fosco Scarselli, para atender a um pedido do Conde Camillo Negroni, nascido em 1868, um aristocrata apaixonado por viagens, jogos de azar e cliente peso-pesado: quando inspirado, era capaz de beber 40 coquetéis por dia. Frequentava o elegante Caffè Casoni, em Florença, que depois trocou o nome para Caffè Pasticceria Giacosa e funciona até hoje na Via de’ Tornabuoni, 83/R.


Considerando que o bartender era um profissional que se inspirava no momento vivido pelo cliente para oferecer-lhe ‘uma panacéia contra os infortúnios sentimentais, financeiros ou qualquer outro que o afete”; certa vez, em um final de tarde, o Conde Negroni se encontrava no Caffè Casoni e contou ao bartender, de quem se tornou amigo, que havia ido a Londres e lá, se apaixonou pelo gin. Ao fim da história, pediu que o amigo bartender lhe preparasse uma bebida ‘mais forte’ do que o seu habitual Americano. Scarselli, então, preparou o Negroni – também colocou no copo uma tira de laranja, em vez do limão usado no coquetel que o inspirou, indicando tratar-se de um trago diferente.
O conde sorveu a bebida suspirando. Outros clientes chegaram a experimentar a bebida e a aprovaram. Mas, antes o de ser batizada com o nome original, os clientes pediam “o do conde”.


Scarselli trabalhou no Caffè Casoni presumivelmente até 1932 ou 1933. A família do conde fundou em Treviso, também na Itália, a Industria Liquori Negroni, hoje denominada Distillerie Negroni, onde começou a engarrafar, entre outros produtos, o homônimo Antico Negroni 1919.
Atualmente, há no mínimo oito derivações do drinque original, nas quais o gin é trocado por outra bebida. Chamam-se Bencini (rum branco), Boulevardier (whisky), Dutch Negroni (jenever), Negroni sbagliato (espumante brut), Negroni Pivetta (grappa), Negroski (vodka), Old Pal (rye whiskey) e Japanese Negroni (sake).
Mbora essa seja a história oficial, sabe-se da existência de outra versão paralela. Mesmo havendo o documento de identidade do conde italiano, alguns negam até a sua existência. O pai do drinque teria sido outro Negroni. O mesmo acontece com o local de nascimento do coquetel.


Segundo Héctor Andrés Negroni, coronel e historiador porto-riquenho, o inventor foi na verdade Pascal Olivier, Conde de Negroni, nascido em 1829, um general francês que lutou na Guerra Franco-Prussiana de 1870-71 e morreu em 1923, portanto seis anos antes da versão italiana do Caffè Casoni. Teria desenvolvido o coquetel “como digestivo para sua futura mulher”, quando servia em Saint-Louis, no Senegal, África Ocidental. Apresentou-o supostamente aos colegas do clube militar que frequentava.


É claro que os italianos contestam essa história. Afinal, envolve a origem do seu coquetel nacional. Lembram também que o primeiro a difundir internacionalmente o Negroni foi o norte-americano Orson Welles, no “Coshocton Tribune”, de Ohio, Estados Unidos, em 1947.
O grande cineasta, ator, roteirista e produtor, autor do genial “Cidadão Kane”, de 1941, conheceu-o em Roma e o descreveu assim: “Os bitters (referia-se ao Campari) são excelentes para o seu fígado, o gin é ruim para você, mas um equilibra o outro”. Os alucinados por negroni assinam embaixo, e vão logo pedindo, ou preparando, o seu. Talvez por isso, em São Paulo, Benny Novak teve em 2016 a ideia de produzir e engarrafar negroni - inicialmente para consumo próprio. Mas a cosia deu tão certo que atualmente é possível comprar a garrafinha numerada de 160 ml à venda no ICI Bistrô, em Higienópolis.
O Le Negroni 36 leva a clássica receita com uma parte de gim, uma de vermute e claro, uma do clássico Campari, e é envelhecido por oito semanas até atingir o sabor ideal. Os barris usados são de carvalho nacional e virgens. Após estas oito semanas, ele ganha suavidade e personalidade no sabor pelo fato da madeira respirar e evaporar parte do álcool e claro, o inconfundível sabor do carvalho. O Le Negroni 36  estava sendo vendido por R$72,00. Mas se você não está em São Paulo, faça o seu, a receita está abaixo.



NEGRONI


Gelo
30ml de vermut russo
30ml de campari
30ml de gim
1 fatia rodela de laranja

Preparo: Prepare o copo com gelo e uma rodela de laranja. Como o drinque não leva nenhuma bebida turva, não é necessário o uso da coqueteleira. Basta juntar os ingredientes e misturar com uma colher. Leve para o copo . decore a gosto. 


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