A
moda de bebidas retrô está atuante nos mais badalados bares e restaurantes de
Fortaleza – não sei se é apenas uma percepção localizado ou se esse fato vem
ocorrendo em outros lugares. O bom disso é que se pode encontrar os ‘velhos coquetéis’
de bebedeiras do passado como o aperol spritz, gin tônica, cuba libre, hi-fi e
blood Mary – e relembrar tempos passados.... e o Negroni não poderia estar de
fora dessa lista retrô.
A
bebida de aroma inebriante de cor escura, alaranjada que equilibra o doce e o a
margo é um drinque italiano. Foi criado na capital da Toscana, a cidade de
Florença, a mais de cem anos. A receita é simples: 1/3 de gin, 1/3 de Campari,
1/3 de vermute tinto, 1 fatia de laranja, 1 tira de casca de laranja e cubos de
gelo. Montado em copo old-fashioned – aquele baixo e largo, com a borda mais
larga do que a base – descende do Americano, drinque igualmente italiano, do
qual difere por ter gin no lugar de club soda, a água carbonada de invenção
inglesa.
Sabe-se
que o Negroni surgiu, oficialmente, em 1919 pelas mãos do bartender Fosco
Scarselli, para atender a um pedido do Conde Camillo Negroni, nascido em 1868,
um aristocrata apaixonado por viagens, jogos de azar e cliente peso-pesado:
quando inspirado, era capaz de beber 40 coquetéis por dia. Frequentava o
elegante Caffè Casoni, em Florença, que depois trocou o nome para Caffè
Pasticceria Giacosa e funciona até hoje na Via de’ Tornabuoni, 83/R.
Considerando
que o bartender era um profissional que se inspirava no momento vivido pelo
cliente para oferecer-lhe ‘uma panacéia contra os infortúnios sentimentais,
financeiros ou qualquer outro que o afete”; certa vez, em um final de tarde, o
Conde Negroni se encontrava no Caffè Casoni e contou ao bartender, de quem se
tornou amigo, que havia ido a Londres e lá, se apaixonou pelo gin. Ao fim da
história, pediu que o amigo bartender lhe preparasse uma bebida ‘mais forte’ do
que o seu habitual Americano. Scarselli, então, preparou o Negroni – também colocou
no copo uma tira de laranja, em vez do limão usado no coquetel que o inspirou,
indicando tratar-se de um trago diferente.
O
conde sorveu a bebida suspirando. Outros clientes chegaram a experimentar a
bebida e a aprovaram. Mas, antes o de ser batizada com o nome original, os
clientes pediam “o do conde”.
Scarselli
trabalhou no Caffè Casoni presumivelmente até 1932 ou 1933. A família do conde
fundou em Treviso, também na Itália, a Industria Liquori Negroni, hoje
denominada Distillerie Negroni, onde começou a engarrafar, entre outros
produtos, o homônimo Antico Negroni 1919.
Atualmente,
há no mínimo oito derivações do drinque original, nas quais o gin é trocado por
outra bebida. Chamam-se Bencini (rum branco), Boulevardier (whisky), Dutch
Negroni (jenever), Negroni sbagliato (espumante brut), Negroni Pivetta
(grappa), Negroski (vodka), Old Pal (rye whiskey) e Japanese Negroni (sake).
Mbora
essa seja a história oficial, sabe-se da existência de outra versão paralela.
Mesmo havendo o documento de identidade do conde italiano, alguns negam até a
sua existência. O pai do drinque teria sido outro Negroni. O mesmo acontece com
o local de nascimento do coquetel.
Segundo
Héctor Andrés Negroni, coronel e historiador porto-riquenho, o inventor foi na
verdade Pascal Olivier, Conde de Negroni, nascido em 1829, um general francês
que lutou na Guerra Franco-Prussiana de 1870-71 e morreu em 1923, portanto seis
anos antes da versão italiana do Caffè Casoni. Teria desenvolvido o coquetel
“como digestivo para sua futura mulher”, quando servia em Saint-Louis, no
Senegal, África Ocidental. Apresentou-o supostamente aos colegas do clube
militar que frequentava.
É
claro que os italianos contestam essa história. Afinal, envolve a origem do seu
coquetel nacional. Lembram também que o primeiro a difundir internacionalmente
o Negroni foi o norte-americano Orson Welles, no “Coshocton Tribune”, de Ohio,
Estados Unidos, em 1947.
O
grande cineasta, ator, roteirista e produtor, autor do genial “Cidadão Kane”,
de 1941, conheceu-o em Roma e o descreveu assim: “Os bitters (referia-se ao
Campari) são excelentes para o seu fígado, o gin é ruim para você, mas um
equilibra o outro”. Os alucinados por negroni assinam embaixo, e vão logo
pedindo, ou preparando, o seu. Talvez por isso, em São Paulo, Benny Novak teve
em 2016 a ideia de produzir e engarrafar negroni - inicialmente para consumo
próprio. Mas a cosia deu tão certo que atualmente é possível comprar a
garrafinha numerada de 160 ml à venda no ICI Bistrô, em Higienópolis.
O
Le Negroni 36 leva a clássica receita com uma parte de gim, uma de vermute e
claro, uma do clássico Campari, e é envelhecido por oito semanas até atingir o
sabor ideal. Os barris usados são de carvalho nacional e virgens. Após estas
oito semanas, ele ganha suavidade e personalidade no sabor pelo fato da madeira
respirar e evaporar parte do álcool e claro, o inconfundível sabor do carvalho.
O Le Negroni 36 estava sendo vendido por
R$72,00. Mas se você não está em São Paulo, faça o seu, a receita está abaixo.
Gelo
30ml
de vermut russo
30ml
de campari
30ml
de gim
1 fatia rodela de laranja
Preparo: Prepare o copo com
gelo e uma rodela de laranja. Como o drinque não leva nenhuma bebida turva, não
é necessário o uso da coqueteleira. Basta juntar os ingredientes e misturar com
uma colher. Leve para o copo . decore a gosto.
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