O
evento em questão trata-se de um almoço realizado em 20 de agosto de 1902, a
bordo do Iate Victoria & Albert, em Portsmouth, oferecido por Suas
Majestades o Rei Eduardo VII e a Rainha Alexandra do Reino Unido em homenagem a
Sua Majestade Imperial o Xá da Pérsia, Mozaffar ad-Din Shah Qajar (persa: مظفرالدین
شاه قاجار, Mozaffar Ŝāh-e Qājār, Muẓaffari'd-Dīn Shāh Qājār; 23 de março de
1853 - 3 de janeiro de 1907) o quinto rei Qajar da Pérsia (Irã) até sua morte
em 1907. Muitas vezes é creditado a ele a criação da constituição persa, que
ele aprovou como uma de suas ações finais enquanto Xá.
A história conta que os populares, principalmente as mulheres de todas as classes sociais, ficaram maravilhados com a presença do Xá da Pérsia que desceu do trem real, em Portsmouth, para ser recebido rei Eduardo VII.
Além da curiosidade e do imaginário que acompanhava a figura do Xá, outro motivo para tanta admiração era um item que poderia ser visto a quaisquer olhos naquela ocasião: adornando o chapéu do Xá estava o maior diamante rosa do mundo: o Dari-i-Noor (em persa: دریای نور que significa "Mar de luz"), também escrito Darya-ye Noor, é um dos maiores diamantes lapidados do mundo, pesando cerca de 182 quilates (36 g). Sua cor, rosa pálido, é uma das mais raras que se encontram nos diamantes.
O paradeiro exato do Daria-i-Noor é discutível: diz-se que ele está preservado em um cofre do Banco Sonali em Dhaka, Bangladesh. Mas, um diamante com nome e descrição semelhantes pode ser encontrado nas joias da coroa iraniana do Banco Central do Irã em Teerã, veja a imagem deste último abaixo.
Grande Ordem da Jarreteira
Um aperto de mão entre Suas Majestades foi
visto publicamente antes de eles caminharem ao longo do cais por um tapete
vermelho até o iate real recém-construído, o Yacht Victoria and Albert de Sua
Majestade, onde o almoço estava prestes a ser servido.
O
Menu servido revela que um grande banquete de onze pratos, começando com uma
bisque de lagostim, aconteceu a bordo. Seguiram-se pratos de costelas de
cordeiro com pepino em creme; maionese de peixe; Tetraz assado ( essa ave pertence ao grupo de
aves galiformes da família Phasianidae, que habita exclusivamente o hemisfério
Norte e inclui muitas aves cinegéticas, caçadas por desporto ou para
alimentação, que se alimentam sobretudo
de sementes e bagas, mas também consomem incestos e outros pequenos invertebrados);
e uma sobremesa de bolos de arroz e
compota de greengages (ameixas selvagens iranianas chamadas posteriormente de
Reine Claude, e que deram origem as ameixas comuns europeias).
Recorte do The Times com a circular da corte (Court Circular)de 20 de agosto de 1902.
Embora
o banquete tenha sido bem aproveitado por todos, o Xá partiu muito infeliz: em
vez de receber a Grande Ordem da Jarreteira, ele teve que se contentar com um
retrato do rei adornado com joias que, segundo consta, fez uma careta ao pensar
em dar uma decoração cristã a um muçulmano.
Confira
o menu detalhadamente abaixo, com duas das receitas servidas na ocasião – e ao
final, deixo a música "God Bless the Prince of Wales" (em galês: Ar
Dywysog Gwlad y Bryniau), canção patriótica escrita para marcar a ocasião do
casamento do futuro rei Eduardo VII com Alexandra da Dinamarca.
MENU
Bisque d’Ecrevisses
Bisque de lagostim
aromatizado com conhaque, vinho branco, pimenta caiena e engrossado com crème
fraîche
Mayonnaise de Poisson
Moldes decorados de
peixe cozido vapor misturado com maionese, ovo e farinha para acompanhar a
bisque
Côtelettes d’agneau aux Concombres
Costeletas de cordeiro
que são primeiro foram cobertas com um molho branco antes de serem empanadas e
fritas; e servidas com creme de pepino
Peitos de frango
escalfados com creme de estragão e molho temperado com araruta
Tetraz
assado
Carne da Caranguejos
refogada e servida dentro da casca
Aspic de carnes frias
(sem uso de porco, dado os convidados muçulmanos do rei)
Salade de tomates
Salada de tomate
Purée de choufleurs, gratinée
Puré de couve-flor
gratinado com farinha de rosca e crosta de queijo
Pains de riz à la Cintra
Bolos pequenos feitos
de farinha de arroz, embebidos em creme, empanados e depois fritos
Compota de Greengages
(ameixas verdes silvestres) com o nome da Rainha Claude, esposa do Rei
Francisco I da França
Purée
de choufleurs gratinée
1
grande cabeça de couve-flor quebrada em floretes
3/4
xícaras de queijo parmesão ralado
1/2
xícara de queijo ralado Gruyere
3
colheres de sopa de manteiga sem sal em cubos
1/2
colher de chá de alho em pó (ou dois dentes de alho bem picadinhos)
1/4
colher de chá de pimenta do reino moída
1/4
colher de chá de folhas de tomilho picadas
Sal e
pimenta a gosto
Para a
cobertura
1
xícara de farinha de rosca
1/4
xícara de manteiga sem sal derretida
Preparo: Cozinhes os floretes de couve-flor no vapor até ficar bem macia, cerca de 20 minutos. Pré-aqueça o forno a 350 graus. Transfira a couve-flor para uma tigela grande. Amasse a couve-flor com um espremedor de batatas ou use o processador se preferir. Junte os queijos, a manteiga, o alho, o sal e a pimenta a gosto. Unte uma forma (20 x 20 x 5 cm) com um pouco de manteiga e polvilhe um pouco da farinha de rosca. Acerte o purê com um pouco mais de sal e pimenta a gosto (se achar necessário) coloque o puré na forma pronta, cubra com uma pouco mais de farinha de rosca e manteiga e asse até que a cobertura esteja dourada. Decore a gosto.
Compota de ameixa Reine Claude
800 g
de ameixas Reine Claude (pode ser a ameixa fresca comum)
100 g
de açúcar
3
gotas de extrato de baunilha
Preparo: Lave as ameixas, corte-as ao meio e descarte as cementes. Adicione o açúcar, a baunilha e misture. Cozinhe em fogo baixo por cerca de 20 minutos, retire a panela do fogo e deixe esfriar. Em seguida, mantenha em potes fechados na geladeira.
Sirva
a compota de ameixa fria, com queijo branco ou puro.
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