quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Aula básica sobre Champagne – para não errar no Réveillon

"Ano Velho,
Nunca mais veremos.
Ano novo,
Logo receberemos.
[...]
Vê, vê o que nos
fez o bondoso Deus."
Virgília Peixoto

Os trechos desta canção são conhecidos por algumas pessoas. Mas é nesta época do ano que eles mais se propagam, quando as sociedades se reúnem para celebrar o Ano Novo - simbolicamente representado por uma criança recém-nascida – e se despedir do Ano Velho – representado por um velho.


Eu poderia ficar horas escrevendo sobre as riquezas das manifestações culturais referentes à passagem do Ano Novo. Porque elas variam de uma cultura para outra – porém, é uma comemoração universal.
É evidente que o tempo é o grande homenageado nesta ocasião. O velho deus CHRONOS surge para mostrar todo o seu poder de transformar as vidas. Isso me deixa feliz!
Fico feliz, mesmo, sempre que encontro uma raiz das religiões antigas para fundamentar (ou simplesmente para ilustrar alegoricamente – assim deve escrever os mais cultos e mais práticos) celebrações da atualidade. Eu, particularmente, acredito em muita coisa e, por isso, vejo mais simbolismo nesta época ligada ao deus grego Chronos (Saturno, para os romanos) onde podemos nos referir às imagens do tempo, derivadas dos Orientais, tão freqüentes, no Baixo Império Romano.

Estátua de Chronos
Chronos em algumas representações aparece com quatro asas, duas estendidas como se estivessem a voar e duas presas como se permanecessem quietas, aludindo, assim, ao dualismo do tempo como transcurso e como êxtase. Também se lhe atribuem quatro olhos, dois na frente e dois atrás, símbolo de simultaneidade e do presente entre o passado e o futuro, sentido que possuem também os rostos de Jano.
Mais característico é o CHRONOS mitraico, deificação do tempo infinito, que deriva do Zurvan Akarana dos persas. Sua figura é humana e rígida, às vezes bisómata (cabeça de leão). 
Zurvan
Quando tem cabeça humana, a testa de leão aparece situada sobre o peito. O corpo da efígie aparece envolto nas cinco voltas de uma enorme serpente (de novo o sentimento dual do tempo: o transcurso enroscado à eternidade), que, segundo Macróbio, representa o curso do Deus na elíptica do tempo. 


O leão, em geral, é associado aos cultos solares e o emblema do tempo enquanto representa sua destruição e a devoração (CIRLOT, 1971). Fonte: Cirlot, Juan Eduardo (1971) [1962]. A Dictionary of Symbols. translated by Jack Sage, forward by Herbert Read (2nd ed.). New York: Philosophical Library.
Depois de todo este simbolismo, não é difícil de compreender porque os rituais do Ano Novo se revestem, na época atual, de um período cheio magia e encanto para celebrar a chegada de um tempo novo.
Magia e ritual sempre estiveram presentes na história da humanidade e envolvem aspectos culturais que vão desde a mesa, com suas comidas especiais, às vestimentas, à casa, ao espírito de paz e alegria, à situação financeira, etc.


O réveillon é um destes períodos onde o tempo tem fundamental importância. É uma noite das mais esperadas em todo mundo (mesmo para aqueles que comemoram numa época diferente). É um período em que todas as pessoas parecem renovar suas esperanças e desejar coisas boas. Geralmente é uma noite de alegria onde as pessoas fazem festa e os excessos são permitidos, principalmente quando se trata de comida e bebida. É tempo de estar ao lado das pessoas que mais se tem afinidade para curtir e celebrar o tempo passado e o futuro da vida.
O Réveillon é o tipo de festividade que reúne todo o lado bacana da gastronomia. Talvez porque as pessoas querem apresentar as melhores idéias, os melhores pratos, as melhores bebidas – e ainda fazem simpatias e as comidinhas tradicionais para atrair sorte, saúde, amor, dinheiro, etc.


Um elemento em particular não pode faltar nesta celebração: o Champagne. Ele é o rei da festa, envolve as pessoas em suas borbulhas, anima os mais tímidos, aguça os paladares e derruba os menos preparados. Sem o Champagne, réveillon não tem a mesma graça. O champanhe é utilizado em todo o mundo como uma maneira de comemoração, ele simboliza harmonia, elegância e alegria em nossas vidas.
Só pode ser chamado de Champagne o espumante produzido na região de Champagne na França. É uma denominação de origem protegida, uma artimanha criada pelos franceses para proteger a origem e a qualidade desta bebida, por isso o preço às vezes exorbitante. Porém, no Brasil, pra quem não quer gastar muito, existem ótimas opções de espumantes.
 Um bom champanhe ou um vinho espumante é caracterizado por umas fiadas consistentes de correntes de bolinhas ascendendo do fundo do copo até ao topo. Este gênero de vinho - ao contrário do que se julga - não deve ser colocado na geladeira para ser arrefecido; deve sim ser colocado, antes de ser bebido, cerca de 20 minutos num balde de gelo até metade da garrafa.  



Um Champagne vintage – denominado millésime na garrafa – significa que as uvas são de uma colheita de um ano específico. Um vinho que não seja vintage – NV no rótulo – significa que é uma mistura de vários anos, normalmente mais barato que o vintage.


Todo o Champagne é espumante, mas nem tecnicamente nem todo o vinho espumante é champanhe; só se este for oriundo da região do norte de França, e adicionalmente mencionar método Champenoise, ou seja, méthode tradicionnelle (fermentação dentro da própria garrafa). Tudo o resto não importa o quanto delicioso ou caro possa ser, é simplesmente espumante.
Um Champagne bruto é seco e combina com hors d’oeuvres e comidas muito condimentadas (Hors d’Oeuvres é um termo francês para aqueles aperitivos servidos antes das refeições. Por exemplo, os salgadinhos servidos num coquetel são hors d’oeuvres). Com os hors d’oeuvres e as entradas podem experimentar um vinho espumante Murganheira Millesimé bruto ou um Champagne bruto Nicolas Feuillatte. 


Com a sobremesa considerem um Piper- Heidsieck Red Label extra-seco, ou um Champagne Néctar Imperial Moet Chandon.



Champagne rotulado de extra-seco é um Champagne mais doce que o bruto e funciona muito bem como aperitivo, ou a acompanhar sobremesas. Um semi-seco é um ótimo a acompanhar uma sobremesa.

Guardando
Muito Champagne pode ser conservado por períodos de 3 a 4 anos, mas pode deteriorar-se se for conservado por mais tempo. O Champagne vintage (datado com o ano no rótulo) poderá conservar-se por mais tempo, mas não deve exceder os 10 anos.
Logo que uma garrafa de Champagne seja aberta, necessita que lhe coloquem uma rolha especial de metal. Contudo, existe um truque que mantém as bolhinhas do Champagne vivas; colocar uma colher de prata no gargalo com o cabo introduzido na garrafa, manterá o Champagne vivo na geladeira, durante cerca de um dia ou dois.

Estiloso – morangos com champagne
Se pretendem rodear-se de alguns morangos, o champanhe rose Dom Pérignon Rosé de 1995 ou 1998 - uma séria demonstração do estilo e delicadeza desta marca - é o ideal, para não dizer o melhor e o mais exclusivo.


Futilidade - Champagne das estrelas
Uma das marcas mais exclusivas e procuradas no momento é a marca de champagne Cristal Louis Roederer; um vintage com uma qualidade aliada à edição limitada das garrafas disponíveis no mercado. Se desejar celebrar com esta champagne prepare o bolso (risos).


E para deixar sua comemoração com champagne mais saborosa, aprenda a fazer coktails deliciosos.

O cocktail clássico de champagne é uma das bebidas mais apreciadas na festa de fim de ano e vai tornar o seu réveillon ainda mais inesquecível. Surpreenda os seus convidados com uma bebida exclusiva, que irá certamente marcar a festa.

3 gotas de sumo de limão
1 cubo de açúcar
30 ml de conhaque
12 cl de champanhe gelado

Modo de preparação
O cocktail clássico de champagne é uma bebida de fácil preparação. É preciso espremer três gotas de limão para um cubo de açúcar e colocá-lo num copo de champagne. Depois, basta adicionar o conhaque e o espumante bem gelado e servir nesse mesmo momento. Se pretender, pode colocar raspas de limão ou de laranja a enfeitar o copo. Trata-se de um cocktail simplesmente delicioso!

O cocktail italiano Sgroppino é uma bebida alcoólica muito refrescante que poderá fazer um enorme sucesso no seu réveillon. Trata-se de um cocktail com sabores únicos e demora menos de 5 minutos a ser preparado.

2 colheres de sopa de vodka
1/3 de xícara de sorbet de limão
1/4 de colher de chá de folhas de menta picadas
Champagne ou vinho Prosecco gelado

Modo de preparação
Coloque o champagne ou o vinho Prosecco e a vodka num copo de champagne. Em seguida, coloque o sorvete de limão e, por último, adicione as folhas de menta picadas. Sirva este cocktail bem fresco e surpreenda o palato dos seus familiares e amigos mais próximos.

O cocktail de champanhe e framboesa com sumo de pêra é uma bebida muito leve e doce que deverá constar em qualquer festa ao longo do ano, especialmente no réveillon. Trata-se de uma bebida que também pode utilizar vinho em vez do tradicional champagne.

2 colheres de framboesas
1/2 chávena de sumo de pera
Champagne ou vinho gelado
Ramos pequenos de alecrim fresco

Modo de preparação
Para incorporar a fruta nos cocktails é necessário saber combinar todos os ingredientes. Assim sendo, deverá colocar as framboesas numa tigela pequena e adicionar duas colheres de sopa de água quente. Mantenha as framboesas na água quente durante um período máximo de 15 minutos, depois retire-as e leve-as a geladeira durante aproximadamente duas horas. Quando chegar o momento de servir o cocktail, deve colocar o sumo de pera no copo de champagne e adicionar lentamente o vinho ou o espumante. Depois, enfeite com os ramos de alecrim e com as framboesas que estavam no frigorífico.

O cocktail de champanhe de sorvete de framboesa é uma bebida fantástica que pode ser utilizada em qualquer festa ou comemoração especial. O sorvete tem um sabor doce que, ao ser misturado com o champagne, resulta numa bebida excepcional.

1 colher de chá de sorvete (framboesa ou maracujá)
Champagne ou vinho Prosecco gelado

Modo de preparação
Para preparar o cocktail de champagne de sorvete de framboesa é preciso colocar o sorvete numa taça de champagne ou num copo alto e enchê-lo com espumante ou vinho Prosecco gelado. Em seguida, deve agitar o cocktail com consistência e servi-lo de imediato.


O ponche de champagne e romã é uma bebida excelente para ir bebendo ao longo da noite de réveillon. No entanto, deve bebê-la com moderação, uma vez que se trata de uma bebida alcoólica.

1/2 xícara de água
1/2 xícara de açúcar
2 garrafas de 750 ml de champagne bruto
1 1/2 xícara de rum
1 1/4 de sumo de romã
Um limão fatiado
Sementes de romã
Folhas de menta fresca
Gelo

Modo de preparação
Em primeiro lugar, dissolva o açúcar na água e ferva-o em fogo brando dentro de uma panela pequena. Depois, aguarde que o preparado arrefeça e coloque-o com o champagne, o rum e o sumo de romã numa tigela grande. Adicione as rodelas de limão, sementes de romã e as folhas de menta e o gelo e sirva bem fresco aos seus convidados.


Depois destas deliciosas opções para servir Champagne na sua festa, não posso deixar de fazer um brinde a todos vocês por prestigiarem este blog por mais um ano. Desejo a todos vocês um 2012 repleto de felicidade, saúde, realizações, amor e, acima de tudo, que no ano vindouro muitas delícias gastronômicas venham surpreender seu  paladar. Feliz Ano Novo!

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