Existem
muitas comidas típicas do período natalino, mas o panetone pode ser uma das que
é bastante representativa para essa estação.
Esse
pão/bolo italiano é um dos protagonistas absolutos das ceias e almoços
natalinos. E talvez seja uma das sobremesas mais favorecida durante esta época
do ano – embora se saiba que, para alguns brasileiros, a versão com frutas
cristalizadas e passas pode ser algo que deva evitar. Coisas de quem não tem
paladar para essas maravilhas. A mim, me encanta o aroma inconfundível, a
textura macia (se vir um panetone seco, temos problema com ele).
A
verdadeira origem do panetone pode ser encontrada no costume generalizado na
Idade Média de celebrar o Natal com um pão mais rico que o da vida cotidiana.
Um manuscrito do final do século XV de Giorgio Valagussa, tutor da família
Sforza, atesta o costume ducal de celebrar o chamado ritual do ciocco.
O simbolismo desse ritual aqui se descreve: na noite de 24 de dezembro, um grande tronco de madeira era colocado na lareira e, ao mesmo tempo, três grandes pães de trigo eram trazidos à mesa, uma matéria-prima para a época de grande valor. O chefe da família precisava entregar um pedaço do pão para todos os membros da família e para os convidados presentes, mantendo um pedaço para o ano seguinte como um sinal de continuidade.
O simbolismo desse ritual aqui se descreve: na noite de 24 de dezembro, um grande tronco de madeira era colocado na lareira e, ao mesmo tempo, três grandes pães de trigo eram trazidos à mesa, uma matéria-prima para a época de grande valor. O chefe da família precisava entregar um pedaço do pão para todos os membros da família e para os convidados presentes, mantendo um pedaço para o ano seguinte como um sinal de continuidade.
Outra
realidade histórica ainda apoia a derivação do panetone do grande pão de trigo
natalino: até 1395 todas as padarias de Milão (exceto o prestino di Rosti,
fornecedora dos mais ricos) podiam cozinhar pão de trigo somente no Natal,
prestar homenagem aos seus clientes regulares. O hábito de consumir pão de
trigo no Natal, portanto, é muito antigo. Não é de admirar, porque muitas
outras cidades italianas e europeias compartilhavam o costume do pão de festa enriquecido.
No
século XV, no dia de Natal, os padeiros davam pão enriquecido com manteiga, mel
e zibibbo e, sobretudo, trigo, alimento cujo uso era prerrogativa da nobreza
apenas durante o ano. Zibibbo é o nome de uma variedade de uva branca (também
chamada Moscato d'Alessandria ) e do vinho doce obtido. A palavra
"zibibbo" vem da palavra árabe zabīb (زبيب), que significa "
passas " ou "passas". A palavra é usada incorretamente para
indicar um vinho (como Moscatellone) e uvas como Salamonica e Salamanna.
O costume de enriquecer o pão é
comum em toda a Europa, mas em Milão nasceu o panetone, e com ele algumas lendas:
Uma lenda acredita que um frei chamado Antonio, que sempre usava o chapéu meio alto, criou esse doce pão. O chapéu eclesiástico do frei teria dado o formato que mais tarde seria adotado como a forma que deu origem ao Panettone. Esta derivação recebeu credibilidade e aceitabilidade na virada do século XIX. Gianrian Carli em "Il Caffè" faz alusão à esta história sobre o Panettone em 1850, em discussão com Pietro Verri e alude a um chapéu clerical.
A segunda chave etimológica conta que Toni, um humilde empregado de cozinha de Ludovico Sforza,
il Moro, Duque de Milão (nascido em 1452 / morte em 1508) seria o inventor de
uma da sobremesa mais característica da tradição italiana: o panettone. Conta a
história que na véspera do Natal, o chef de cozinha de Ludovico Sforza, queimou
o bolo preparado para o banquete ducal que seria o ponto ápice do evento.
Foi quando Toni, seu ajudante na cozinha decide então sacrificar uma massa de fermentada que ela guardara para o seu próprio Natal em família – ele havia trabalhado muitas horas uma massa com farinha, ovos, açúcar, passas e frutas cristalizadas, até obter uma massa macia e muito fermentada. O resultado dessa preparação foi assado e então servido ao Duque de Milão. Foi um sucesso retumbante, e quando perguntado o nome o chefe de cozinha falou que era o Pan di Toni.
Foi quando Toni, seu ajudante na cozinha decide então sacrificar uma massa de fermentada que ela guardara para o seu próprio Natal em família – ele havia trabalhado muitas horas uma massa com farinha, ovos, açúcar, passas e frutas cristalizadas, até obter uma massa macia e muito fermentada. O resultado dessa preparação foi assado e então servido ao Duque de Milão. Foi um sucesso retumbante, e quando perguntado o nome o chefe de cozinha falou que era o Pan di Toni.
Em
1606, de acordo com o primeiro dicionário milanês-italiano (Varon milanes), o
Panaton de Danedaa era um grande pão (Pan Grosso), geralmente feito no dia de
Natal. Francesco Cherubini nos fornece uma descrição mais rica em seu
vocabulário milanês-italiano (1839-1856): ele descreve o panetone, o Il
Panattón ou o Panatton de Natal como uma espécie de pão de trigo feito com
manteiga, ovos, açúcar e uvas passerina (ughett ou passas escuras) ou sultana
(uva passa branca). Somente no século XVIII o pão branco chamado ‘micca’,
juntamente com outras iguarias, tornou-se legal em Milão para todos.
Mas
foi em meados do século XIX que Giovanni Luraschi, em sua receita de panetone,
incluiu levedura entre os vários ingredientes. Um dos arquitetos do panetone
moderno foi Paolo Biffi, que editou um enorme bolo para Pio IX, para quem ele o
enviou com uma carruagem especial em 1847. Figuras históricas se rederam a essa
deliciosa preparação, de Manzoni ao príncipe austríaco Metternich, que falava
sobre os "cinque giornate", disse ele aos milaneses: "Eles são
tão bons quanto os panatoni".
A
primeira fonte a falar sobre o uso de levedura nessa preparação, por outro
lado, remonta a 1853, em ‘Nuovo cuoco milanese economico, ricettario di
Giovanni Felice Luraschi’ (Novo cozinheiro econômico milanês, o receituário de
Giovanni Felice Luraschi). O uso de cubos cristalizados (de cidra) aparecem na
obra Trattato di cucina, pasticceria moderna (1854), de Giovanni Vialardi,
cozinheiro dos governantes da Sabóia. A presença de panetone em um livro
piemontês do século XIX prova a antiguidade da propagação desse bolo na região
escolhida por Flamigni como a localização de suas instalações de produção.
A
receita do panetone, tal como foi preparada desde 1800, foi adotada pela
primeira vez em 1944 por Angelo Vergani, que fundou a indústria que ainda
produz panetone. A lenda vê duas histórias diferentes como protagonistas. Dizem
que Messer Ughetti degli Atellani estava apaixonado pela filha de um padeiro,
Algisa, e que ele foi contratado por seu pai. Ele inventou um bolo feito com
manteiga, ovos, mel e sultanas. Tal foi o sucesso que todos quiseram provar
este novo pão.
O
processo de produção do panetone é complexo e envolve etapas precisas de
processamento: levedura natural, preparação de massa fermentada com a adição de
vários ingredientes e outras 2 boas fases de fermentação e amassamento. As
fases seguintes são a "pirlatura" (divisão e arredondamento da massa)
e a "pirottini", a colocação da na massa dos moldes para a
fermentação final, e a "scarpatura", que consiste em cortar a
superfície superior da massa com corte em forma de cruz.
O cozimento dura 50
minutos a 190 ° e o resfriamento é a fase em que o produto é virado de cabeça
para baixo, para manter sua altura. Os milaneses costumam comprar seus
panetones em padarias ou supermercados por acreditar que um bom panetone leva
tempo pra ser feito como se deve.
Mas
o verdadeiro auge do panetone ocorreu em 1919, imediatamente depois da Primeira
Guerra Mundial. O mérito foi de um jovem confeiteiro milanês, Angelo Motta,
cujo nome batizou uma das marcas mais conhecidas do país.Pirlatura do Panetone. |
Pirottini do Panetone. |
Scarpatura do panetone |
Motta
revolucionou o panetone tradicional, dando-lhe a forma atual de cúpula alta.
Para isso, alterou a receita da massa, fazendo-a crescer três vezes mais, um
processo que dura 20 horas, antes de levá-la ao forno, a fim de obter um pão
leve e esponjoso.
Pouco
depois, outro confeiteiro, Gioacchino Alemagna, que também deu seu nome a uma
marca tradicional, adotou a receita e os dois entraram numa disputa que levou à
produção industrial do panetone.
Hoje
em dia é fácil se encontrar panetones em todos os lugares do mundo. E sua
origem ficará sempre nos devaneios das pessoas. E pra falar a verdade, que cada
um acredite na explicação que melhor lhe convier. Pois o resultado da
imaginação será sempre um pão/bolo de festa que alegra os olhos e o paladar de
quem come.
Desde
2005, o panetone tradicional é protegido por uma especificação que especifica
os ingredientes e as porcentagens de sua composição. A Câmara de Comércio de
Milão registrou a "Marca Panetone", que certifica a produção
artesanal e a disciplina é regulamentada pelos chefs de pastelaria de Milão,
estando os panetones hoje disponíveis em dois formatos: baixo e alto. O segundo
nasceu do primeiro, mas o segundo evoluiu indiretamente o primeiro.
A menor quantidade de gordura no "pão grande" significava que sua forma, embora não bem definida, não exigisse um molde real, mas, posteriormente, a quantidade de manteiga por quilo de farinha (quase uma por uma) foi imposta.
A menor quantidade de gordura no "pão grande" significava que sua forma, embora não bem definida, não exigisse um molde real, mas, posteriormente, a quantidade de manteiga por quilo de farinha (quase uma por uma) foi imposta.
Abaixo
segue algumas receitas práticas para que você se inspire em fazer seu panetone, e outras para utilizar com ele depois de pronto. Aproveitem!
Panetone
1 Kg de farinha de trigo
100 g de fermento biológico
200 g de manteiga
200 g de açúcar
15 g de mel
8 gemas
10 g de sal
250 g de frutas cristalizadas
150 g de uvas passas embebidas no rum
raspas de 1 vagem de vanilina ou essência de baunilha à gosto
raspas e suco de uma laranja
água até dar o ponto
Modo de preparo: Numa vasilha, misture 100 g de farinha, o fermento e um pouco de água. Fica com aparência de esponja. Deixe descansar por 15 minutos e depois adicione o restante dos ingredientes, colocando as frutas cristalizadas e as uvas sempre por último e faça uma massa bem macia. Deixe descansar, coberta por um pano, durante 20 minutos e em seguida, faça os modelos, coloque nas formas e deixe descansar novamente até quase atingir o dobro.
Leve para assar numa assadeira ou em forma de papel, colocando num forno aquecido a uma temperatura média de 180 graus.
200 g de panetone de frutas
120 g de açúcar mascavo
250 g de leite
250 g de creme de leite
200 g de ovos
60 g de vinho do Porto
120 g de frutas secas picadas (figos, tâmaras, damascos, passas, amêndoas) e manteiga para untar
Modo de Preparo: Corte o panetone em pedaços pequenos e leve ao forno para torrar. Assim que dourarem, coloque-os em uma forma ou refratário untados com manteiga e reserve. Numa panela, misture o açúcar com o leite e o creme de leite e leve ao fogo. Não deixe ferver. À parte, bata ligeiramente os ovos com o vinho do Porto e reserve. Assim que o açúcar estiver dissolvido, tempere a mistura de ovos e vinho do Porto e regue o panetone, tomando o cuidado de embeber todos os pedaços. Deixe descansar por 30 minutos para que o panetone absorva todo o líquido. A seguir, leve ao forno a 180ºC, em banho-maria, por aproximadamente 45 minutos.
250 g de panetone tradicional com frutas
½ xícara (chá) de mel
1 colheres (sopa) de jerez
2 colheres (chá) de suco de limão
1 xícara de azeite (para fritar)
30 g de amêndoas em lascas finas
Modo de Preparo: Desenforme o panetone e corte em oito rodelas (1 ½ cm de largura). Corte cada rodela em três tiras e reserve Coloque em uma panela o mel, o jerez, o suco de limão e quatro colheres (sopa) de água. Leve ao fogo e cozinhe, mexendo de vez em quando até obter uma calda levemente encorpada. Retire do fogo e reserve. Aqueça bem em uma panela o azeite de oliva e junte, aos poucos, os pedaços de panetone e frite por dois minutos ou até dourar levemente. Retire com uma escumadeira e coloque sobre uma toalha de papel. Passe os pedaços de panetone, um a um, na calda, disponha sobre papel manteiga e as amêndoas. Deixe secar. Montagem: arrume os pedaços de panetone nos pratos e sirva com vinho doce de sobremesa.
Massa
60 g de fermento para pão
3 ovos inteiros
2 colheres de sopa de açúcar
1 colher de sobremesa de sal
2 copos de leite
1 copo de água
1 xícara de chá de queijo ralado
1/2 cícara de chá de óleo
900 de farinha de trigo
1 colher de essência de panetone
Recheio
200 g de queijo prato ralado
200 g de queijo provolone ralado
2 xícaras de chá de queijo parmesão ralado
1 colher de sopa de orégano
1 colher de sopa de salsinha picada
1 colher de sopa de cebolinha picada
Azeitonas picadas a gosto
Modo de Preparo Bata no liquidificador o leite, os ovos, o óleo, o fermento esfarelado, a essência de panetone e o queijo ralado. Reserve. Em uma vasilha grande, coloque a farinha, despeje sobre ela o líquido do liquidificador, sal e o açúcar. Misture até se agregarem todos os ingredientes. Para o recheio, misture numa vasilha o queijo prato, o provolone e o parmesão ralados. Junte o orégano, a salsinha e a cebolinha. Reserve. Divida a massa em quatro partes para panetones de 500 gramas. Recheie com a mistura de queijos. Coloque-o em formas de papel próprias para panetone e deixe dobrar de volume. Leve ao forno a 150 graus por 30 minutos
Modo de Preparo Bata no liquidificador o leite, os ovos, o óleo, o fermento esfarelado, a essência de panetone e o queijo ralado. Reserve. Em uma vasilha grande, coloque a farinha, despeje sobre ela o líquido do liquidificador, sal e o açúcar. Misture até se agregarem todos os ingredientes. Para o recheio, misture numa vasilha o queijo prato, o provolone e o parmesão ralados. Junte o orégano, a salsinha e a cebolinha. Reserve. Divida a massa em quatro partes para panetones de 500 gramas. Recheie com a mistura de queijos. Coloque-o em formas de papel próprias para panetone e deixe dobrar de volume. Leve ao forno a 150 graus por 30 minutos
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