sexta-feira, 22 de abril de 2011

Maracujá - O Fruto da Paixão de Cristo

Adimpleo ea quae desunt passionum Christi
Eu cumpro em mim o que falta à Paixão de Jesus Cristo

A partir desta frase atribuída ao apóstolo Paulo começarei a tecer as considerações do post a seguir. Aproveito este dia da Páixão para desejar a todos os visitantes desta confraria, uma Boa Páscoa.
Antes, porém, de falar sobre o fruto comestível que se refere a paixão, cabe aqui uma reflexão: Qual deve ser para nós o fruto da Paixão?!
Por ventura a Igreja, exibindo aos nossos olhos essas reproduções plásticas da Divina Tragédia da Paixão, tem o intuito de impressionar-nos apenas; e esses quadros que com tanto afã temos contemplado – a Agonia, a Flagelação, a Coroação de Espinhos, o Caminho do Calvário, a Crucificação – só devem ter o efeito de despertar a nossa sensibilidade e provocar a nossa condolência?! A minha resposta é: NÃO.

A Agonia - de Boticcelli

A Flagelação - de Luca Signorelli

A Coroação de Espinhos

O Caninho do Calvário
A Crucificação
Aprendi que a Paixão vai muito além disso, e nos ensina duas grandes verdades:
1.ª, os mistérios da Paixão não são somente fatos que se consumaram há dezenove séculos; são, como todos os mistérios e obras de Nosso Senhor, fatos permanentes, sempre reproduzidos, como se cada dia eles se realizassem de novo. Pois o Cristo abrange todos os séculos e tempos; o passado, o presente e o futuro: Christus heri et hodie ipse et in secula.
2.ª: Jesus Cristo, sofrendo por todos os homens, sofreu particularmente por cada um de nós, como se cada um de nós fora o único que tivesse pecado e necessitasse da Sua Paixão; de modo que a cada um foi aplicado o sangue de Jesus Cristo tão exclusivamente como se todos os outros não estivessem nas mesmas condições.
Eis em relação à Paixão as duas verdades as quais ninguém pode tirar dela o devido fruto; porque este fruto só provém da aplicação que cada um faz a si próprio dos méritos e satisfações de Jesus Cristo. Eis porque dizia o apóstolo São Paulo: “eu satisfaço em mim o que falta à Paixão de Jesus Cristo.” É preciso que cada um se aproprie dela, torne-a sua, para que então a Paixão de Jesus Cristo seja completa em relação a cada um de nós.
Que cegueira a daquele que não compreende estas palavras!
Que confusão não será a sua na eternidade!
Representa a Paixão de Cristo, o período ocorrido da traição à crucificação, as últimas 12 horas de Jesus. O episódio é relembrado pelos cristãos durante a Sexta-feira Santa, que termina com a celebração da Páscoa no domingo. A morte de Jesus antecedeu o principal evento dos judeus, também chamado Festa dos Pães Ázimos, em memória à libertação do Egito. O período entre a morte e ressurreição de Cristo foi incorporado à comemoração pascal, que remete à esperança, passagem e renovação.

O simbolismo desse evento cristão está representado no maracujazeiro. E a concepção foi definida no Brasil do século XVI, após o Descobrimento. Os missionários europeus que chegaram ao país identificaram na flor do maracujá a imagem da Paixão de Cristo. O fruto brasileiro, marcante no cheiro e paladar, foi eleito para representar a principal história bíblica.
A primeira referencia ao maracujá, no Brasil, foi em 1587 no Tratado Descritivo do Brasil como “erva que dá fruto”. Porém, foi Nic Monardis que, em 1569, descreveu a primeira espécie do gênero Passiflora (a Passiflora incarnata L.), mas sob o nome de Granadilla. Essa planta, considerada extraordinária pela conformação de suas rubras flores, foi mandada de presente para o Papa Paulo V (1605-1621) Ao ver a flor do maracujá o Papa também ficou em extasiado e então a batizou de "Fruta da paixão" fazendo uma alusão direta ao calvário de Jesus Cristo. Ele mandou cultivá-la com grande carinho em Roma e divulgar que ela representava uma relação divina.
Papa Paulo V
A palavra maracujá é de origem tupi e significa alimento em forma de cuia, os índios já a conheciam muito antes dos colonizadores chegarem ao Brasil, os jesuítas foram os responsáveis pelo seu descobrimento e catalogação, bem como a divulgação do seu sabor e propriedades calmantes.
A visão poética e religiosa deu origem ao nome como o maracujá é conhecido no exterior, fruit-de-la-passion em francês; e passion fruit em inglês. No livro “Delícias do Descobrimento – a gastronomia brasileira no século XVI” (Ed. Zahar) a autora Sheila Moura explica a associação:

“A coroa floral representava a coroa de espinhos, os três estigmas da flor simbolizavam os três cravos que prenderam Cristo na cruz; e as cinco anteras florais, as cinco chagas de Cristo; as gavinhas eram os chicotes com que o açoitaram e o fruto redondo representa o mundo que Cristo veio salvar”.

Tratou-se de uma estratégia lúdica e didática para explicar princípios bíblicos por meio da comida para os nativos, alvos da evangelização cristã. Aliás, as mais importantes metáforas da Bíblia remetem à alimentação, como por exemplo, a Última Ceia que antecede a Paixão: “E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo” (Mateus 26:26).
O maracujazeiro era louvado por suas flores, pela sombra fresca e pelos frutos, que abrigavam colonos, viajantes e missionários nas tardes quentes da América Tropical. No século XVI além de ser apreciado pelo sabor e o cheiro, era utilizado pelas propriedades medicinais. As folhas, por exemplo, eram bem pisadas e colocadas em cima de feridas para “tirar o fogo e câncer que tiver”, devido a sua natureza fria.
Além da pré-disposição religiosa, a fruta é rica em vitamina C e potássio, o que a torna um diurético natural. A polpa também é rica em fibras, tem efeito sedativo e hipotensor.

Pudim fruit-de-la-passion

Ingredientes
1 lata de leite condensado
1 lata de leite (use a lata de leite condensado vazia como medida)
1 lata de suco de maracujá concentrado (use a lata de leite condensado vazia como medida)
3 ovos
Calda
1 xícara (chá) de açúcar
6 colheres (sopa) de água
Polpa de 1 maracujá
Modo de preparo: No liquidificador, bata o leite condensado com o leite, o suco e os ovos até ficar homogêneo. Dissolva o açúcar na água e leve ao fogo baixo, sem mexer, por 12 minutos ou até formar um caramelo dourado. Misture a polpa e despeje em uma forma de buraco no meio, girando, para untar a lateral. Despeje o líquido do pudim e leve ao forno médio, pré-aquecido, por 50 minutos. Deixe esfriar completamente e leve à geladeira por 6 horas. Desenforme e sirva.

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