terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Gallete des Rois: Tradição Francesa para o Dia de Reis

Todos os países têm receitas típicas para celebrar cada festa do calendário cristão. Desta vez A Confraria do Barão de Gourmandise  apresenta a deliciosa Galette des Rois (França).

Desde a Idade Média a festa de Epifanía é celebrada nos países cristãos com um bolo especial. A Epifanía comemora a visita dos 3 Reis Magos que vieram trazer presentes para o menino Jesus: O Ouro de Melchior representa a realeza, o Incenso de Balthazar a divindade, a Mirra de Gaspar anuncia o sofrimento redentor. Na Espanha, ainda hoje, os presentes para as crianças são oferecidas no Dia dos Reis (6 de Janeiro) e não no Natal.



Os bolos contem uma "fava", originalmente um feijão: símbolo de fertilidade e de fartura. Quem encontrasse a "fava" na sua fatia de bolo se tornava o Rei ou Rainha da noite e escolhia seu parceiro ou parceira. Desde o final do século XIX, as "favas" foram trocadas por figuras feitas de porcelana e que fazem as delicias de colecionadores.
Pela França surge ainda uma história para o aparecimento da Gallete des Rois:  lá, alguns acreditam que tudo começou um dia da Epifania quando o cozinheiro da Corte de Louis XV, rei de França, quis entregar um esplêndido tributo ao seu monarca. Para isso, quis inventar algo que o surpreenderia, por conseguinte introduziu numa tarte a jóia que pretendia oferecer-lhe e assim entregou-se. Ao rei francês ficou encantado com a ideia e pôs-lha em prática junto da aristocracia da sua época, e não somente entre os franceses mas também ajudou que se estendesse ao resto da Europa
A tradição de compartilhar a Galette des Rois é acima de tudo um momento de confraternização em família, pois há um divertido ritual a ser seguido, no qual é sorteado o rei da Épiphanie através de uma fava  escondida na galette. A pessoa que receber a fatia com a fava se torna o rei do dia, e tem direito de ficar com a coroa dourada de papelão que acompanha a galette. Ao rei do dia cabe a tarefa de providenciar a galette do ano seguinte.


A coroa dourada de papelão sempre acompanha a Galette des Rois.

O ritual é mais ou menos o seguinte: uma galette deve ser cortada em quantidade de pedaços igual ao número de pessoas presentes. Para a distribuição dos pedaços, o mais jovem da família senta-se debaixo da mesa e vai escolhendo aleatoriamente a ordem das pessoas que vão receber cada fatia - e assim segue a distribuição da galette. A criança (ou jovem) sob a mesa representa Phébé (o deus Apollo), que usa sua inocência para distribuir com justiça os pedaços da galette e escolher o rei de forma imparcial. Algumas famílias costumam cortar uma fatia a mais da galette, a qual é chamada de la part du pauvre (a parte do pobre) ou celle du Bon Dieu (a do Bom Deus) a qual é reservada aos visitantes imprevistos.

Antigamente a galette com a fava escondida não era reservada apenas ao Dia de Reis. Os franceses do século XIII a compartilhavam também para celebrar os casamentos e nascimentos do ano nos pequenos vilarejos. Apesar disso a origem da galette com a fava escondida remonta a Roma Antiga.

Uma fava dentro de um bolo remonta à época dos romanos. Era uma fava branca ou preta que era depositada nas urnas de votações. No inicio de Janeiro nas Saturnais de Roma se elegia o rei da festa por meio de uma fava colocada dentro de um bolo.
È interessante notar que durante a revolução francesa a Galette de Rois mudou de nome e virou Galette de l’Égalité - bolo da igualdade - devido ao fato de os reis não serem muito populares à época.
Hoje o costume dos bolos de reis se tornou na Europa uma tradição onde depois do Natal e durante todo o mês de Janeiro, a família se reúne os domingos para se deliciar com uma Galette des Rois, e quem encontrar a "fava" será coroado Rei ou Rainha do dia.

Alguns exemplares das figurinhas (até hoje chamadas de 'favas') que ficam escondidas dentro da Galette des Rois - o sortudo que encontrar a fava é literalmente 'o rei do pedaço'.

Em 1870 as favas foram substituídas na França por bonequinhos de porcelana e mais recentemente de plástico. Como a escolha do rei da Épiphanie é uma tradição anual, muitos franceses têm verdadeiras coleções desses bonequinhos, que são guardados como símbolos da boa sorte.
O Musée de Blain guarda a mais importante coleção de favas da França, com mais de 20.000 peças - algumas datando do período gallo-romano.

Musée de Blain

Exemplares de favas do Musée de Blain


Na França a expressão trouver la fève au gâteau (achar a fava no bolo) significa ter recebido um lance de sorte.

Gallete dês Rois

200g de manteiga
200g de açúcar
200g de farinha de amêndoas
4 ovos
75g de farinha de trigo
2 discos de massa folhada de 3mm de espessura, para uma forma de aproximadamente 22cm de diâmetro
2 ovos ligeiramente batidos, para pincelar a massa
1 fava se quiser fazer o doce à moda antiga (hoje em dia usa-se uma pequena estatueta de porcelana chamada fève (fava) ou bonequinhos- antigamente era colocada uma fava dentro do bolo, que depois foi substituída pela estatueta)

Modo de preparo:
Creme: Bata juntos, em batedeira, a manteiga com o açúcar e a farinha de amêndoas. Depois da mistura clarear e crescer, junte aos poucos os ovos, sempre batendo. Incorpore por último a farinha de trigo e bata mais um minuto só para misturar. Reserve na geladeira
Montagem:
Coloque um disco de massa folhada na forma e espalhe por cima o creme de amêndoas. Coloque a estatueta e cubra com o segundo disco de massa folhada. Pincele com ovo batido e, com a ponta de uma faca, desenhe folhas na torta. Asse em forno pré-aquecido a 200°C durante aproximadamente 25 minutos.
Deixe esfriar, desenforme e sirva.

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