quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Pelos Campos de estrela se encontra a fé e a Torta de Santiago

Pour mon maître. Que les chemins des étoiles toujours nous guider vers le bien. nous sommes tous d'être béni... 
Então volto para uma tarde, um café, uma água mineral, pessoas conversando e caminhando – só que desta vez o cenário são as planícies de Leon, o idioma é espanhol, meu aniversário se aproxima, já saí de Sant Jean Pied-de-Port faz tempo, e estou pouco além da metade do caminho que conduz a Santiago de Compostela. Olho para adiante, a paisagem monótona, o guia que também toma o seu café num bar que parece ter surgido de lugar nenhum. Olho para trás, a mesma paisagem monótona, com a única diferença que a poeira do chão tem as marcas das solas de meus sapatos – mas isso é temporário, o vento as apagará antes que chegue a noite. Tudo me parece irreal. O que estou fazendo aqui? Esta pergunta continua me acompanhando, embora várias semanas já se tenham passado. Estou procurando uma espada. Estou cumprindo um ritual de RAM, uma pequena ordem dentro da Igreja Católica, sem segredos ou mistérios além da tentativa de compreender a linguagem simbólica do mundo. Estou pensando que fui enganado, que a busca espiritual não passa de uma coisa sem sentido ou lógica, e que seria melhor estar no Brasil, cuidando do que eu sempre cuidava. Estou duvidando de minha sinceridade na busca espiritual – porque dá muito trabalho procurar um Deus que nunca se mostra, rezar nas horas certas, percorrer caminhos estranhos, ter disciplina, aceitar ordens que me parecem absurdas. É isso: duvido da minha sinceridade. Por todos estes dias Petrus tem dito que o caminho é de todos, das pessoas comuns, o que me deixa muito decepcionado. Eu pensava que todo este esforço fosse me dar um lugar de destaque entre os poucos eleitos que se aproximam dos grandes arquétipos do universo. Eu pensava que ia finalmente descobrir que é verdade todas as histórias a respeito de governos secretos de sábios no Tibete, de porções mágicas capazes de provocar amor onde não existe atração, de rituais onde de repente as portas do Paraíso aparecem adiante. Mas é exatamente o contrário que Petrus me diz: não existem eleitos. Todos são escolhidos, se ao invés de se perguntarem “o que estou fazendo aqui”, resolverem fazer qualquer coisa que desperte o entusiasmo no coração. É no trabalho com entusiasmo que está a porta do paraíso, o amor que transforma, a escolha que nos leva até Deus. É esse entusiasmo que nos conecta com O Espírito Santo, e não as centenas, milhares de leituras dos textos clássicos. É a vontade de acreditar que a vida é um milagre que permite que os milagres aconteçam, e não os chamados “rituais secretos” ou “ordens iniciáticas”. Enfim, é a decisão do homem de cumprir o seu destino que o faz ser realmente um homem – e não as teorias que ele desenvolve em torno do mistério da existência. E aqui estou eu. Um pouco além do meio do caminho que me leva a Santiago de Compostela. (...)



Caminho de Santiago de Compostela

É assim que se inicia uma das obras mais famosas pelo mundo sobre os caminhos de Santiago de Compostela. Já ouvi muitos dizerem que mudaram radicalmente suas vidas deposi que por ali passaram e, hoje, me deu uma vontade de estar por estes caminhso desbravando o desconhecido, dialogando com o sobrenatural e me deliciando com uma famosa receita que ja ganhou fama mundial. Misturando apenas farinha de amêndoa e de trigo, açúcar, ovo, casca de limão ralada e uma pitada de canela, os espanhóis fazem um dos doces mais célebres do mundo. Um doce Medieval. Trata-se da torta de Santiago, nascida com inspiração religiosa. 


São Tiago
Segundo a tradição, os restos mortais de São Tiago Maior, pescador profissional, irmão de São João e primeiro apóstolo de Jesus a tombar martirizado, repousariam na Espanha. Decapitado na Palestina, por ordem de Herodes, teve seu corpo resgatado pelos seguidores. A seguir, levaram-no pelo mar à Espanha, onde ele pregara durante seis anos.

Urna com os restos mortais de Santiago - Catedral de Compostela
O povo acredita que a embarcação foi guiada por um anjo. Estaria sepultado no altar-mor da Catedral de Santiago de Compostela, na província da Galícia, ao norte de Portugal. Todos os anos, milhões de visitantes aparecem ali para venerá-lo. Na idade Média, Santiago de Compostela se tornou um dos três mais importantes centros de peregrinação católica no mundo (os outros dois eram e continuam sendo, Jerusalém e Roma).
Catedral de Santiago de Compostela
A torta para o santo, embora seja  preparada o ano inteiro, tem o consumo triplicado nesta época, ou seja, durante a quaresma – os 40 dias que vão da Quarta-Feira de Cinzas até o Domingo de Páscoa. A abstinência alimentar que a Igreja Católica prescreve para o período excluiu os doces. A procura também aumenta em Julho, pois a 25 daquele mês se comemora a Festa do santo. 
Cruz da Ordem de Santiago
 A fina camada de açúcar de confeiteiro polvilhada sobre a torta aparece entrecortada pela cruz da Ordem de Santiago. Ninguém sabe onde e quando a receita nasceu, nem porque recebeu o nome do apóstolo de Jesus. O fato é que os peregrinos que chegam a Santiago de Compostela a consomem há séculos. Alguns fazem isso embriagados pela fé. Nem precisavam de tanto. A Torta de Santiago é um grande doce, independente da relação com a espiritualidade.
Um dos ingredientes – a amêndoa – testemunha sua antiguidade. Fruto ou semente de uma planta de origem incerta, cultivada há milênios na bacia do Mediterrâneo e também na Ásia, figura em velhos textos medievais históricos. Nas receitas mais antigas, era combinada com mel, leite, fruta seca ou fresca.
Torta de Santiago
Não se sabe nada sobre o consumo de amêndoa na Galicia durante a Idade Media, mas sabe-se que a escassez deste alimento converteu-o num luxo reservado a poucos. A primeira notícia que se tem do uso deste "biscoito de amêndoa", que hoje se conhece como Torta de Santiago, data de 1577, durante uma visita de D. Pedro de Portocarreiro á Universidade de Santiago de Compostela(Boe número 69 ), ainda que naquela altura fosse denominada "torta real". A elaboração e a proporção dos ingredientes faz-nos pensar no que denominamos hoje em dia Torta de Santiago. As primeiras receitas fiáveis provêm de notas de Luis Bartolomé de Leybar, datando de 1838, sob a designação de "Tarta de Almendra".
A origem da Cruz de Santiago representada na sua superfice data de 1924, ano em que a pastelaria «Casa Mora» de Santiago de Compostela começa a enfeitar as tortas de amêndoa com aquela que viria a ser a sua silhueta característica, arrecadando grande êxito na Galiza e no resta da Espanha.
Em 3 de março de 2006, a Torta de Santiago passou a ser uma Denominaçao de origem protegida (RESOLUCIÓN de 3 de marzo de 2006, da Dirección Xeral de Industria Agroalimentaria e Alimentación, pola que se dá publicidade á solicitude de rexistro da Indicación Xeográfica Protexida «Torta de Santiago)
Os peregrinos que percorrem o Caminho de Santiago geralmente começam a viagem na França. Há outros pontos de partida, mas um deles é a cidade de Saint Jean-Pied-de-Port, a 22 quilômetros da fronteira com a Espanha. A tradição manda sair e chegar ao destino a pé. Existe quem escolha bicicleta ou cavalo. Também é possível ir de automóvel, embora esse meio talvez não agrade ao céu. A primeira localidade na Espanha é Roncesvalle. Até Santiago de Compostela serão mais de 700 quilômetros, ao longo dos quais se encontram 87 cidades, vilas e povoados. No passado, os fiéis acreditavam que a viagem redimia pecados e assegurava um lugar no paraíso. Hoje, os místicos afirmam que muda a vida das pessoas.
Vem sendo assim desde o ano 813, quando os restos de São Tiago foram reencontrados, após quase oito séculos de sumiço, num lugar onde as estrelas eram mais brilhantes. Daí o nome de Compostela, ou seja, Campo das Estrelas. Deslumbrado com a descoberta, Afonso II, o Casto, rei das Astúrias, mandou construir ali uma igreja para guardar as relíquias. A atual catedral de estilo românico surgiu entre os séculos XI e XII, substituindo o primitivo templo.
Na mesma época apareceu o Guia do peregrino, primeiro manual de viagens da Idade Média, atribuído ao papa Calisto II. Por isso mesmo, passou a ser conhecido como Codex Calixtinus. Descrevia o caminho de Santiago em detalhes, ensinava como percorrê-lo, falava de seus lugares e gentes. Mas, além de indicar os lugares de culto, sugeria onde dormir e comer, incluindo os apetitosos pratos de caça de pêlo e pena de Navarra, província espanhola situada na parte ocidental dos Pirineus. Os peregrinos pobres comiam de graça.
Codex Calixtinus.

Santiago no folio 4 do Codex Calixtinus.

TORTA DE SANTIAGO 
Massa : 1 ovo, 125 gramas de açúcar, cerca de 1 a 2 colheres (sopa) de água quente, 125 gramas de farinha de trigo, manteiga para untar, farinha de trigo para polvilhar, açúcar de confeiteiro para polvilhar.
Recheio : 4 ovos, 250 gramas de açúcar, casca ralada de 1 limão, 250 gramas de amêndoas moídas, uma pitada de canela.

Preparo : Numa tigela grande, bater o ovo com o açúcar e a água quente, até a mistura espumar e os ingredientes ficarem bem incorporado.Colocar a farinha de trigo aos poucos, mexendo sempre, para que a massa fique lisa e homogênea. Abri um pedaço de filme plástico sobre uma superfície de trabalho, polvilhar com farinha de trigo, colocar a massa por cima e cobrir com outro pedaço de filme plástico, também enfarinhado. Com um rolo, abrir a massa dentro do filme, até ficar com cerca de 2mm de espessura. Colocar a massa no fundo de uma forma de abrir, com cerca de 24 cm de diâmetro, já untada com manteiga e polvilhada com farinha de trigo. Com um garfo, furar a massa em vários pontos. Reservar. Preparo do Recheio : Bater os ovos com o açúcar, até crescerem e ficarem bem espumosos. Incorporar a casca de limão ralada, as amêndoas moídas, a canela em pó e misturar muito bem, até obter um composto homogêneo. Derramar o recheio sobre a massa, alisar e assar em forno preaquecido a 180 graus C, por cerca de 30 a 35 minutos. Deixar esfriar a torta dentro da fôrma. Desenformar num prato de service e, antes do primeiro corte, polvilhar com açúcar de confeiteiro.

Nota : A tradição manda recortar numa cartolina o molde da Cruz da Ordem de Santiago e colocar sobre a torta. Depois, polvilhar a torta com açúcar de confeiteiro e retirar o molde. A cruz ficará desenhada na torta.

 


2 comentários:

  1. Mr Le Baron
    Je vous salue!
    Votre post fait moi aller a Santiago. Je pense qu'il temps de planifier a pèlerinage á lá.
    bénisse
    Célia Augusta La Baronne de Cratinho de Açúcar

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  2. Otima postagem amigo... linda.
    Um sonho a ser realizado... vc sabe muito bem com quem.. um dia, superando a tudo, sempre juntos, sendo um e de mãos dadas....
    beijos nocoração e boa sorte com o Blog que ta um escandalo....

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