As festividades natalinas
são realizadas numa época do ano onde tudo parece mais bonito e iluminado: a
criatividade das decorações e a engenhosidade dos enfeites encantam as crianças
e levam os adultos à loucura, especialmente aqueles que tem uma mania por
colecionar itens de decoração para o Natal.
Eu, particularmente, sou de
uma época onde os enfeites feitos no fino vidro eram de uma elegância
indiscutível, coisa rara na atualidade. Lembro de ter quebrado muitos desses
enfeites de vidro simplesmente por um ligeiro descuido... hoje em dia, com a modernidade
dos materiais de fabricação e o avanço tecnológico, os enfeites de Natal
mudaram muito, ganhando certa durabilidade, mas a grande maioria caiu no
quesito qualidade: embora sejam feitos
com materiais de algum tipo plástico, não são bem detalhados, trazem pinturas
feias e imagens deformadas... e isso pode deixar um Natal assustador!
Até a bem poucos anos, eu colecionava imagens de enfeites natalinos de vários lugares que eu colecionava e postava imagens na minha página pessoal do Instagram (como vocês podem ver alguns dos exemplos que eu postei, nas imagens abaixo).
Mas a dificuldade de
encontrá-los e os preços altos me fizeram
parar... esse meu fascínio pelo Natal, entretanto, continua, e eu me permito
sempre sair pelos shoppings e lugares mais enfeitados das cidades, nessa época
do ano, simplesmente para admirar as decorações. E é aqui, que a história de
hoje começa...
Viagens de fim de ano são
excelentes para admirar a criatividade natalina das pessoas. O comércio fica
altamente aquecido e as lojas decoradas ao gosto dos donos: umas, investem
quantias altas nas decorações de Natal, enquanto outro, penduram os velhos festões
desbotados dos anos anteriores...
Se você, por acaso, estiver
passeando pelos Estados Unidos nessa época natalina, olhe atentamente para uma
árvore de Natal decorada e você poderá encontrar um enfeite em forma de picles
escondido bem no fundo dos galhos verdes.
A verdade é que o enfeite de
picles tem até nome: chama-se saure gurke, ou Weihnachtsgurke, e existe desde
longa data.
O enfeite tem o formato de
um pequeno pepino, um dos ingredientes mais tradicionais usados em picles.
Neste caso, o enfeite é geralmente feito de vidro, mas encontrei em plásticos e
outros materiais.
Nos Estados Unidos, em
particular, há o costume natalino de esconder o "Picles de Natal", na
árvore de Natal, entre os galhos verde dos pinheiros. Como o pepino é tão verde
quanto os galhos da árvore o que torna-se tarefa difícil encontrá-lo. Assim,
dizem que, segundo o folclore alemão, quem encontrar o picles da árvore na
manhã de Natal terá sorte no ano seguinte.
Todos os convidados das
festas devem procurar o pepino na véspera de Natal. Quem descobrir o pingente
de vidro primeiro recebe uma recompensa. O tipo de recompensa varia de família
para família. Frequentemente, o explorador pode começar a desempacotar os
presentes. Mas às vezes ele também recebe um pequeno presente adicional.
Origens do Pickle de Natal
Estou escrevendo para o blog
sobre um pão/bolo alemão tipicamente natalino e aproveitei para perguntar para
alguns alemães, por meio de grupos sobre estudos da alimentação que eu
participo no Facebook, sobre o costume de Weihnachtsgurke. Acabei descobrindo
que, por lá, essa tradição não era conhecida, em termos. Vamos por partes:
Existem vários mitos em
torno da história do pepino de Natal. Diz uma lenda que a tradição começou no
início do século XX. Naquela época, as famílias não tinham dinheiro para
comprar um presente para cada criança. Então, só a criança que achasse o picles
escondido na árvore de Natal receberia uma ‘’coisinha.
Então, como essa tradição
supostamente "alemã" passou a ser celebrada nos EUA?
Conexões com a Guerra Civil
Americana
Muitas das evidências das
origens históricas do picles de Natal são de natureza anedótica. A explicação
popular liga a tradição a um soldado bávaro chamado John Lower, que foi
capturado na Guerra Civil Americana e encarcerado na famosa prisão Confederada
em Andersonville, Geórgia.
O soldado, com saúde
debilitada e faminto, implorou a seus captores por comida. Um guarda, com pena
do homem, deu-lhe picles como a "refeição do carrasco". Como que por
milagre, depois de comê-lo, John Lower teve sua saúde melhorada e ele pôde continuar
vivendo, sobreviveu ao cativeiro. Depois de alguns anos, ele foi solto e
começou a pendurar um pequeno pepino em picles em sua árvore de Natal ano após
ano.
A versão do Woolworth
A tradição festiva de
decorar uma árvore de Natal não se tornou comum até as últimas décadas do
século XIX. Na verdade, observar o Natal como um feriado não era comum até a
Guerra Civil norte-americana . Antes disso, a comemoração do dia era restrita
aos imigrantes ingleses e alemães mais ricos, que observavam os costumes de
suas terras nativas.
Mas durante e depois da
Guerra Civil, à medida que a nação se expandia e comunidades antes isoladas de
americanos começaram a se misturar com mais frequência, a observação do Natal
como um momento de lembrança, família e fé se tornou mais comum.
Na década de 1880, a F.W.
Woolworth's, uma pioneira em merchandising e a precursora das grandes redes de
drogarias de hoje, começou a vender enfeites de Natal, alguns dos quais
importados da Alemanha. É possível que enfeites em forma de picles estivessem
entre os vendidos, como você verá na história a seguir.
A ligação com a Alemanha
Há uma tênue conexão alemã
com o enfeite de vidro no formato de pepino em conserva. Já em 1597, a pequena
cidade de Lauscha, agora no estado alemão da Turíngia, era conhecida por sua
indústria de sopro de vidro.
A pequena indústria de
sopradores de vidro produzia copos e recipientes de vidro. Em 1847, alguns
artesãos de Lauscha começaram a produzir ornamentos de vidro (Glasschmuck) em
forma de frutas e nozes.
Estes eram feitos em um
processo único de sopro manual combinado com moldes (formgeblasener
Christbaumschmuck), permitindo que os enfeites fossem produzidos em grandes
quantidades. Logo, esses enfeites de Natal exclusivos estavam sendo exportados
para outras partes da Europa, bem como para a Inglaterra e os Estados Unidos da
América. Hoje, vários fabricantes de vidro em Lauscha e em outras partes da
Alemanha vendem enfeites em forma de picles.
Esta tese é sustentada pelo
fato de que existe uma forma antiga de produção de decorações de Natal que o
soprador de vidro Gernot Weigelt possui.
Diz-se que esse tipo de
pepino de Natal foi produzido por volta de 1900 e, em seguida, transmitido de
uma geração à outra. Uma coisa é certa, porém: hoje apenas alguns alemães
conhecem o pepino de Natal como um enfeite de árvore de Natal.
Assim, a popularidade do
picles de Natal também está aumentando também Alemanha. Estão disponíveis em
diversos tamanhos, decorados com glitter ou neve, e nas versões brilhante e
mate.
Até em muitas lojas on line
você encontra os pepinos de Natal para compra ao custo de 6 e 25 euros,
dependendo do tamanho, qualidade e design.
Algumas famílias ainda se
recusam a pendurar um pepino entre as bolas da árvore de Natal, estrelas de
palha e enfeites de Natal. Outros, entretanto, reconheceram que o pepino de
Natal é uma ótima maneira de salvar uma resposta à pergunta anual de quem pode
abrir o primeiro presente.
Um catálogo de Lyra
Fahrrad-Werke de Prenzlau em Brandenburg de 1909 também inclui um pepino de
Natal em suas decorações para árvores de Natal. Mas, ainda não está claro se os
pepinos de Natal apareceram esporadicamente nos países de língua alemã nos últimos
tempos remontam a uma tradição local quase esquecida ou a uma aquisição dos
Estados Unidos.
Picles ainda é o nome
comumente usado para designar as conservas de vegetais em vinagre. Essa técnica
de conservação se produz a fermentação natural do alimento por ação de
bactérias probióticas que preservam o alimento. Os primeiros picles feito com
vinagre se originaram na antiga Mesopotâmia por volta de 2400 a.C. Há
evidências arqueológicas de pepinos sendo transformados em picles no Vale do
rio Tigre em 2030 a.C.
Há quem diga que uma das
personalidades que consumia conservas de vegetais em vinagre era a rainha
Cleópatra, do Egito: ela comia pois acreditava que o resultado fermentado
desses alimentos a rejuvenesciam. Já o imperador de Roma, Júlio César, garantia
que sua tropa tivesse o alimento sempre à mão, por acreditar que a conserva
aumentava a força física dos soldados.
Essa técnica continuou a se desenvolver na
região do Oriente Médio antes de se espalhar para o Magreb, para a Sicília e
para a Espanha. Da Espanha, espalhou-se para as Américas. Por outro lado, a
feitura de picles fermentado no sal supostamente tem suas origens na China.
Picles em conserva é uma
técnica usada como uma forma de conservar alimentos para uso fora de estação e
para viagens longas, especialmente por mar. Carne de porco e carne bovina
salgadas eram alimentos básicos comuns para marinheiros antes dos dias das máquinas
a vapor. Embora o processo tenha sido inventado para conservar alimentos, os
picles também são feitos e comidos porque as pessoas gostam dos sabores
resultantes. Aos que indicam os estudos nessa área, o consumo de picles também
pode melhorar o valor nutricional dos alimentos ao introduzir vitaminas B
produzidas por bactérias.
A palavra picles, deriva do
termo inglês "pickle" aparece pela primeira vez por volta de 1400
d.C. Vindo do inglês médio ‘pikel’, um molho picante servido com carne ou
peixe, termo que foi emprestado do holandês médio ou do baixo alemão médio pekel
("salmoura"), mas mais tarde referido como conservado em salmoura ou
vinagre.
Pensando nisso tudo, e
sabendo que o Natal é uma época especial, deixo abaixo a receita de um picles
incrementado que, de tão bom que fica, você pode até torna-lo em presente de
natal.
Picles de Natal
150g de alho-poró
150g de cebola roxa
150g de abóbora
150g de cenoura
3 colheres de sopa de passas ou
groselhas ou cerejas
1 colher de sopa de sal marinho
1 colher de chá de gengibre em pó
1 colher de chá de sementes de erva-doce
1 colher de chá de canela em pó
½ colher de chá de sementes de mostarda
½ colher de chá de pimenta preta ou
branca moída
1 pitada de açafrão
500ml de cidra (o famoso e baratinho
espumante cidra Cereser serve)
250ml de vinagre de maçã
5 colheres de sopa de mel
Preparo:
Lave sua seleção de potes e tampas; coloque-os em uma bandeja no forno a
160°C por 15 minutos para esterilizar. Coloque os vegetais, frutas, passas, sal
e temperos em uma tigela grande; misture bem. Despeje a cidra em uma panela e
deixe ferver. Reduza o fogo; junte o vinagre e o mel e misture até dissolver
completamente. Adicione a mistura de vegetais; cozinhe por 5 minutos. Remova os
potes e as tampas do forno. Transfira a mistura de vegetais para os potes
quentes, enchendo-os a 2 cm do topo; em seguida, encha até o topo com o
líquido. Use um pano limpo para rosquear as tampas quentes. Deixe esfriar
completamente e guarde em um local escuro e fresco por 4 semanas antes de usar.
Esses picles podem ser conservados por 1 ano, fechado; depois de aberto, leve à
geladeira e coma em até 1 mês.
Dicas ou sugestões de serviço: Você pode
usar qualquer vegetal de inverno (como abóbora, nabo, cenoura, aipo,
aipo-rábano, Pastinaca (ou cherovia, parece uma cenoura branca), alho-poró,
cebola - procure pelo menos 3 variedades, incluindo cebola ou alho-poró),
cortado em pedaços pequenos
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